domingo, janeiro 30, 2005

A gripe... e o domingo!

Uma semana praticamente para esquecer. Até nem começou mal, mas na sexta-feira a gripe... pegou-me, inviabilizando dois dias de treino sempre importantes. No domingo, já me sentia melhor, mas não há pior dia para voltar depois de uma interrupção mais ou menos longa, ainda por cima, com o corpo massacrado pela doença. Domingo é, pois, dia de saída de grupo e, invariavelmente, de grandes correrias. O pelotão estava bem recheado, com algumas «figuras ilustres». A volta não era fácil, «metia» a subida do Sobral e, para piorar, fazia muito vento. As hostilidades começaram cedo. O ritmo foi quase sempre forte, mesmo que suportável, mas quando o Hélder acelerou, desfez-se a aparente tranquilidade. Resultado: fui sempre a «tope» até ao alto do Forte de Alqueidão, onde me senti como se tivesse engolido um cacto, tal era a sensibilidade dos meus bronquios. A partir daí, rumo a Alenquer raramente se rolou leve, com um grupo de cinco à cabeça sempre bem animado, e depois com toda a gente até Vila Franca. Acabei com 104 km no odómetro e sem sem grande sensação de fadiga (reparo positivo!), embora com os músculos «pisados» - o que é natural depois de uma gripalhada e de tanta intensidade. Oxalá, corra melhor a próxima semana...

domingo, janeiro 23, 2005

Os primeiros progressos

Após a terceira semana de treino, os progressos, embora ligeiros, já são evidentes. Mesmo não conseguindo repetir o volume do fim-de-semana anterior (o cansaço fez-me ficar em casa na sexta-feita), foi possível melhorar ligeiramente o programa ao longo da semana (apesar de impedimentos de ordem profissional terem «custado» a terça-feira). Sábado e domingo voltaram a ser dedicados à quantidade, e também à qualidade. No primeiro, foram 113 km, em constante sobe e desce, proporcionando boas sensações (principalmente de resistência - sem dúvida o mais importante agora!). Relevante foi a excelente média, considerando o percurso e a altura da época: 28 km/h. No domingo, a tradicional saída de grupo. Uma volta velha conhecida (e dura!) com subidas como a Venda do Pinheiro, Cheleiros, Sabugo, Caneças e Montemor; pelo meio, diversos pequenos topos, num autêntico quebra-pernas. Como calculava, mais de metade do grupo ficou em dificuldades em Pero Pinheiro, preferindo voltar para Negrais/Loures, levando a que apenas seis tenham completado o inicialmente previsto. Impossível evitar vários picos de intensidade em subida, com reacções previsíveis: notória falta de capacidade para impor ritmo elevado ou mudanças de velocidade. Mas também não houve sinais fraqueza graves. Saúdo o reencontro com o Hélder e o Miguel M., dois homens fortes. O lamento: os últimos kms não devem ter sido nada fáceis para o Luís. Coragem!

quinta-feira, janeiro 20, 2005

Fazer uma aula de cycling indoor (spinning) é uma experiência motivante que já não tinha há alguns anos. Longe vão os tempos de frequência praticamente diária, de uma modalidade das mais exigentes que se praticam em ginásio, mas extremanente entusiasmante e com excelentes resultados ao nível da condição física. Mais: através do spinning, muitas pessoas tomam o gosto e ganham o saudável vício do ciclismo. Conheci tantos «dependentes»... Que saudades sessões no antigo ginásio Super Craque, lideradas pelo principal mentor do spinning em Portugal, o prof. Nuno Barradas! A ele, o meu reconhecimento do seu imenso conhecimento e competência da matéria, sem dúvida, o melhor instrutor que já alguma vez tive, que fazia da fantástica capacidade de motivação, através de ensinamentos colectivos com impressionante facilidade de assimilação individual, a principal mais-valia. Ainda tenho alguns gravados na memória, que serviram para criar e/ou estimular o meu gosto pelo ciclismo.
Grande abraço do Ricardo Costa

segunda-feira, janeiro 17, 2005

Treinos deste fim-de-semana

Os treinos do último fim-de-semana foram bastante produtivos. Tiveram de tudo: quantidade e qualidade. Quantidade, porque nem sempre é possível cumprir três treinos consecutivos com cerca de 100 km cada; e qualidade, porque permitiu incluir trabalho específico e aferir algumas sensações importantes. Único defeito: a intensidade foi, geralmente, demasiado alta para esta fase da preparação. Mas o terreno não foi propício a controlar o batimento cardíaco.
Sexta-feira foi dedicada a trabalho de musculação, em subidas curtas com desmultiplicações pesadas. É um treino duro, aborrecido, mas que se justifica pelos bons resultados que apresenta. De qualquer maneira, senti sempre que estava a obrigar-me mais a fazer kms.
Sábado saí acompanhado. O N. não é, neste momento, uma boa referência. Está claramente em fase de preparação mais adiantada, fruto de um trabalho sem interrupções desde o último Verão. Prova: a diferença de cerca de 25 pulsações em subida pouco inclinada e constante, entre Bucelas e Sobral Mte. Agraço. Até ele ficou surpreendido! Como temos objectivos semelhantes este ano, convém mantê-lo, digamos, debaixo de olho... :)
Domingo é dia de saída de grupo. Imprevisível como sempre. Aparentemente, tranquila e, de repente, frenética. Ponto alto: descida infernal de A-dos-Melros para Alverca, e depois, sem baixar, em terreno plano, até Sacavém. Velocidade: 40-45 km/h. Satisfez-me a capacidade de manter o ritmo à cabeça durante tanto tempo. As pernas ressentiram-se naturalmente no regresso a Alverca, por Apelação e Loures, mas o «mal» estava feito. Além disso, a satisfação impede o arrependimento.

quarta-feira, janeiro 05, 2005

Mudem as mentalidades!

Não sei quantos de vós são cicloturistas? Eu sou! Por isso, estou aqui para reclamar mais consideração, porque faço mais de 10.000 km por ano para estar em forma... e não apenas para passear. Primeiro esclarecimento: não gosto de competir, não tenho pretensões a ganhar nada, caso contrário, sabia bem onde me dirigir, e logicamente, também esta conversa esvaziada de sentido. Segundo esclerecimento: o cicloturismo não tem de ser levado à letra. Não precisa confundir-se com turismo de bicicleta - embora também possa sê-lo. O cicloturismo que me refiro é mais abrangente e muito mais... exigente. A todos os níveis. Poderá traduzir-se na prática de ciclismo por todos os seus entusiastas, numa versão ciclista em cada um de nós, verdadeiros amadores. Pelos que encaram o facto de andar de bicicleta como a projecção do ciclista que há dentro de cada um, muito além do quão saudável pode ser apenas o facto de realizar uma actividade física. Por isso, os ciclistas de trazer por casa, os melhores da nossa rua, querem acabar com o marasmo que é a organização do cicloturismo em Portugal. Refiro-me aos denominados passeios promovidos por grupos de carolas, empresas, clubes, autarquias, etc, a maioria sob a égide da respectiva federação - sem desprimor para esta -, que, de modo algum, correspondem às expectativas dos que gostam verdadeiramente da bicicleta, e muito menos do que praticam ciclismo sub-subamador. A maior parte desses passeios - e digo-o por experiência própria - são realmente um passeio e não um desafio, estímulo ou forma de sentir o ciclismo em toda a sua dimensão. Enorme. O ciclismo, mesmo o que pratiquemos apenas aos fins-de-semana ou uma vez por mês, não se compadece com a natureza de tais passeios, que muitos servem apenas para justificar almoçaradas e bebezaimas (sem qualquer depreciação para os participantes, provavelmente, também desejosos de melhor). Os exemplos espanhóis e franceses - que conheço bem - deveriam ser seguidos pelos nossos organizadores - os actuais ou os que pretendem candidatar-se. Chega de carros à frente dos ciclistas, a limitar a velocidade a 20 km/h... nas descidas! Isso não é cicloturismo. E como se não bastasse, quantas vezes lhes dão música...pimba em estridentes altifalantes! Não somos nenhum corso alegórico! Certamente vou ao encontro dos anseios de muitos milhares de cicloturistas, que tal como eu, encaram a prática do ciclismo, digamos, um pouco mais a sério. Com algum sentido. Porque este não tem nenhum. Aqueles exemplos que apontei mostram a realidade por detrás da tacanhez da mentalidade portuguesa, que não revela qualquer ambição de mudança. Porque não há quem se atreva a ser pioneiro. Aquelas são referências a seguir em termos organizativos, de adesão massiva de cicloturistas, verdadeira propaganda à modalidade e à própria bicicleta. Seguramente, este pensamente é partilhado por muitos companheiros de pedalada, muitos deles já tiveram de «imigrar» para poder sentir o verdadeiro prazer de participar numa clássica de cicloturismo em Espanha ou França - como os Lagos de Covadonga, a Pedro Delgado ou a Quebrantahuesos: só para referir algumas que se realizam todos os anos aqui ao lado, nos nossos vizinhos, onde o fenómeno do cicloturismo mobiliza muitos milhares de aficionados, de todas as idades e dos dois sexos. Ninguém se importa chegar em último ou o tempo que demora da partida até cruzar a meta - o mais importante é participar, dar o melhor e, quiçá, superar-se fisica e mentalmente. Ou seja, ser um verdadeiro ciclista. As subidas e as montanhas - na verdade, onde reside a génese do ciclismo -, quantas mais melhor! Foi para ultrapassá-las com distinção que se perderam tantas e tantas horas de treino, muitas vezes à custa de algumas incompatibilidades familiares, de muitas dores nas pernas. No final, estará a melhor recompensa. Ter terminado a prova - ter sido um verdadeiro campeão de si mesmo! Quem não gostará de se sentir como um ciclista profissional, passar onde eles passam, e o que eles passam! Sentir um pouco que seja do que eles sentem - por só assim é possível saber o que é, realmente, o ciclismo.E por que vicia tanto!
Hoje fico por aqui. Mas certamente voltarei ao assunto, porque é uma das minhas batalhas pessoais e... por agora, uma das minhas frustrações de cicloturista. Temos em Portugal tantas montanhas boas para subir, tantas estradas magníficas para percorrer e conhecer. Senhores, metam mãos à obra! Ousem mudar as mentalidades! A adesão iria ser total. E o êxito, garantido...

Início de mais uma temporada

Bem... estamos no início de mais uma época velocipédica. Ou seja, mesmo enfrentando o frio e a chuva (felizmente, nem há sinais dela), chegou a altura de dar as primeiras pedaladas no novo ano, que se pretende repleto de passeios/provas e de experiências enriquecedoras. Para isso, para os que encaram o desporto, e particularmente a prática do ciclismo, como uma forma de estar na vida, é altura de resistir à preguiça e ao enfado que a quadra natalícia sempre proporciona, e começar a preparação física para a longa temporada que avizinha. É o meu caso, que este ano tenho objectivos, digamos, ambiciosos. Desde já esclareço já que compito apenas comigo próprio e - porque não ?- com os meus companheiros de fim-de-semana. Como o cicloturismo em Portugal está pelas ruas da amargura (mas isso é tema para longas dissertações, por isso remetido para futura ocasião), sou obrigado a imigrar para fazer aquilo que mais gosto. Pretendo participar na famosa Clássica Cicloturista Lagos de Covadonga (21/05/2005), nas Astúrias - será a minha terceira participação depois das edições de 1998 e 2000 - com a subida aos míticos Lagos de Covadonga; e planeio ir a França, fazer a Etapa do Tour (11/07), evento que recria uma etapa completa do Tour desse ano, disputada no dia de descanso dos profissionais, e que em 2005 será disputada nos Pirinéus, com subida ao Col de Marie Blanque, Col de Aubisque e do Soulor, num total de 177 km. É considerado o zénite do cicloturismo mundial, juntando mais de 7000 participantes do Mundo inteiro. Ou seja, é fundamental muito boa preparação física para enfrentar, sem sofrimento desnecessário, tão duras provas.
Por isso, no último dia 2 de Janeiro fiz-me à estrada, bem protegido por vestuário quente, para o primeiro treino do ano - embora tivesse mantido alguma actividade de ginásio (musculação) e passeios de fim-de-semana com o meu grupo de indefectíveis amantes do ciclismo, ajudado por um tempo que tem sido clemente nestas primeiras semanas de Inverno. O objectivo é começar com treinos longos a baixa intensidade. Com eles, actualmente, só dá para garantir o primeiro, porque o ritmo é geralmente elevado, demasiado elevado para início de época, o que acaba por se revelar pouco indicado para mim. A partir de agora, terei também os outros dias da semana para cumprir sozinho (como quase sempre) e excrupulosamente os meus planos de treino, sem sobressaltos. O caminho é longo e certamente fatigante em muitas ocasiões. Mas como se diz, quem corre por gosto... não cansa. E a definição de objectivos também ajuda muito a manter a motivação.