quinta-feira, agosto 31, 2006

Mobilização cresce para a Serra

Afinam-se agulhas para a Etapa da Serra da Estrela. A mobilização é inequívoca e crescente, tanto daqueles que desde o início confirmaram a sua presença, empenhando-se em apurar a forma física para enfrentar as agruras do terreno, como dos que o fizeram muito recentemente, casos do ZT, Fantasma e Daniel – também eles não resistiram ao desafio da montanha e a mais um garantido momento de convívio, como os que se repetem nas clássicas de Évora ou Fátima.
O facto de haver a possibilidade de opção entre dois percursos, com índices de dificuldades distintos mas em cujos está presente o áspero fascínio de subir à Torre, permite a abertura a um leque mais abrangente de participantes. Por isso, o pelotão engrossa a cada dia, reunindo-se, assim, condições óptimas para que o próximo dia 10 seja uma enorme jornada de ciclismo.

Quanto ao alojamento e logística, o ideal seria que o quartel-general ficasse instalado no Hotel Alambique (telf. 275.774145 ou 96.977.7146), no Fundão, onde será a partida para os dois percursos. Os preços oscilam entre 27 euros (single) e pouco mais de 55 € (duplo). Todavia, a oferta hoteleira na região é vasta, principalmente na Covilhã, onde se pode obter preços mais variados e qualidade bastante aceitável (ex. Hotel Sta. Eufémia).
Quanto à logística, não deverá ser muito diferente da habitual (Évora e Fátima), ultimando-se esforços para garantir, pelo menos, um carro de apoio neutro, embora seja provável (e bom) que os acompanhantes (familiares/amigos) possam prestar, em algum ponto do percurso, apoio ao seu «respectivo».

Em relação à hora de partida (sugestão): para o percurso A (8h00) – o motivo de não ser mais cedo deve-se ao facto do pequeno almoço no hotel começar a ser servido apenas a partir das 7h30; e para o percurso B, quando o grupo A voltar a passar pelo local (frente ao hotel), estima-se que entre 1h45 e 2h00 depois de iniciar a etapa em direcção à Gardunha.

terça-feira, agosto 29, 2006

Enfim, as tertúlias!

Primeiro que tudo, apraz-me registar com satisfação o facto da tertúlia ter regressado, em força, a este blog, embora crendo que a partir de certo nível de conversação é desleal o(s) verdadeiro(s) autor(es) dos comentários não se identificar(em), quiçá uma atitude cobarde de esconder fraquezas.
Mais do que isso: algumas das afirmações, como a primeira, que refere que o Carlos terá sido «queimado», estão totalmente desprovidas de sentido, reflectindo uma análise ignorante do que realmente aconteceu. Por isso, não as considero merecedoras de reparo.
Surpreende-me apenas o gigantismo dos efeitos do que se passou no domingo. As críticas feitas por alguém que se esconde sob a capa de «Canibal» são, no mínimo, ridículas, de tão inversamente proporcionais ao que, de facto, é o ciclismo. Por isso, só poderão vir de alguém completamente equivocado, a quem sugiro que saia de cima dos rolos no fundo da garagem, procurando ultrapassar os traumas que o mantêm alheado do mundo real. No mínimo, que acompanhe mais de perto o ciclismo, nem que seja pela televisão.
Mas serei peremptório na resposta ao último comentário. Pois bem, alguém acredita que pode deixar de haver competitividade no grupo – que tem como consequência as «malditas» corridas? Mas se, porventura, acabar, com ela também o próprio grupo!

domingo, agosto 27, 2006

Enorme Montejunto!

Um ataque do Carlos, à saída da Atalaia, surpreendeu o grupo e marcou definitivamente a subida de hoje a Montejunto, colocando em causa, inclusive, a lei dos «internacionais».
A volta já se sabia difícil e foi ainda mais devido à forte nortada que soprava, por isso não se previa que o andamento fosse tão rijo logo a partir de Bucelas até ao Forte do Alqueidão. O Nuno Garcia deu o mote a seguir à Bemposta e o Freitas rendeu-o mais adiante, fazendo as despesas de quase toda a subida, fortemente castigado pelo vento. Ficava desde logo evidente que a etapa iria ser ainda mais selectiva. Todavia, ao contrário do habitual, não houve acelerações nesta fase, tendo o grupo chegado compacto ao Alqueidão.
À saída do Sobral, a caminho da Freiria, o Nuno volta a tomar as rédeas, obrigando o grupo a cerrar fileiras na descida. A calmaria só regressou à entrada da Merceana, antes das rampas de Freixial de Cima e Cortegana começarem a dar um cheirinho da serra. Então, à saída da Atalaia o pelotão retraiu-se e o Carlos sobressaiu, causando surpresa pela coragem de querer enfrentar sozinho o terreno que começa a empinar e o vento contrário. Imediatamente, houve quem não lhe augurasse grande sucesso. Erro crasso, como depois se viu…
Uma iniciativa perfeita, no melhor local e na melhor altura – quando toda a gente começava a fazer contas de cabeça para Montejunto. Nem precisou de acelerar muito, só de manter a velocidade durante a subida (difícil) e no falso plano ascendente que se segue, também muito exposto ao vento. O pelotão manteve-se na expectativa, aparentemente tranquilo, mas não demorou muito a que as vozes se calassem e se passasse à perseguição. Tomou as rédeas quem mais tinha trabalhado até ali: Freitas e Nuno. Mas rapidamente se verificou que a tarefa exigia mais colaboradores. E não havia! Por isso, a fuga começou a ganhar contornos mais vincados. Preocupantes. Antes de começar a descer para Vila Verde dos Francos já havia a certeza que não seria anulada antes de entrar na subida de Montejunto e ficou ainda mais sólida quando os dois lideres desamparados do grupo perseguidor mostraram a revolta e abdicaram. Nesta altura, o Zé-Tó parecia com dificuldade em acreditar no que estava realmente a suceder.
Mas ainda estava para vir o segundo capítulo: a subida. A entrada, muito dura, deu mais do mesmo! Ou seja, entre os «internacionais» a desorganização acentuou-se, de tal modo que o Salvador, o Samuel e o João chegaram a adiantar-se. O Carlos, à frente, beneficiava da apatia. O Freitas teve de assumir a perseguição, com o Nuno em tímida colaboração. Eu sempre na roda. Na primeira contagem de tempo, a olho, antes da ligeira descida, a vantagem do Carlos rondava 1 minuto. Veredicto: para já, uma distância confortável e embora ainda restasse muito e o mais difícil para subir, a missão de anular a fuga começava a complicar-se sem uma inter-ajuda efectiva.
Então o Freitas quis testar a reacção dos seus dois parceiros. Sentir o pulso ou talvez espicaçar! Talvez saber se a razão da minha inércia seria… incapacidade? A resposta terá sido esclarecedora, mas sem contra-ataque.
Estávamos a entrar no segundo maciço da serra, na zona de floresta, e apesar de se ter recuperado cerca de 10 segundos para o fugitivo, a perseguição dava sinais de fraqueza. As esperanças de entendimento tinham acabado definitivamente. Prova disso foi o Nuno ter recuado para a minha roda, deixando ao Freitas as despesas da perseguição. No topo antes da segunda descida (para o cruzamento do quartel), este voltou a tentar livrar-se da (má) companhia. Mais uma vez, sem êxito.
Na fase final da subida, a mais dura, a partir do quartel, o Nuno começou a dar sinais de estar em dificuldades, passando para a ponta do elástico. À frente do trio perseguidor ainda e sempre o Freitas. O Carlos lutava para preservar uma vantagem que lhe permitisse chegar isolado ao alto – nesta altura pouco mais de 20 segundos. Então, a cerca de 700 metros do alto, o Nuno cede e libertou-me das amarras (coisas da táctica!). Passei para a ilharga do Freitas e forcei, depois dei uma sacudidela forte com resposta, descanso, e logo a seguir outra, decisiva. Logo fiquei em cima do Carlos. A 300 metros do cume, acabava a louca aventura do fugitivo. Ainda o convidei a seguir-me nos metros finais (merecia-o, sem imodéstia) mas ele preferiu não forçar, a pensar no… regresso, disse-me! Quem pensaria assim, à beira de fechar com chave de ouro uma grande prova?! Mas, afinal, estamos a falar do senhor «Reservado». De qualquer modo, não precisou de se defender do Freitas – que estava em perda depois de um excelente trabalho durante toda a subida. Também ele com motivos para estar satisfeito com a sua prestação. De resto, tal como o Nuno – a Etapa da Serra está aí!
Referência ainda para as extraordinárias subidas do Salvador e do João – que completaram o lote de notáveis que chegou ao alto de Montejunto.

Notas de observador

O Carlos apostou e ficou a um pequeníssimo passo de ganhar! Todavia, tem o mérito inteiro. Pela coragem, determinação e enorme qualidade demonstradas. A sua prestação tem, no entanto, contrapartidas futuras: a partir de agora, não pode deixar de assumir, em próximas ocasiões, a responsabilidade que advém desta proeza, e que, de certo modo, o colocará perante uma dura batalha pessoal, já que é uma pessoa bastante reservada. Além disso, tão cedo seguramente não irá beneficiar do factor-surpresa que lhe permitiu angariar uma vantagem substancial antes do início da subida para Montejunto, a que inegavelmente não esteve alheia uma certa dose de permissividade, quiçá de menosprezo, dos mais fortes do pelotão – e também de alguma confusão motivada por algumas situações pouco comuns na perseguição.
A diferença abismal que «cavou» para os «não internacionais» é outra conclusão a retirar do seu magnífico desempenho. E não foi só em Montejunto que o Carlos mostrou estar em grande forma. Na subida para o Sobral resistiu, sem vacilar, a um andamento médio de 30 km/h e aos 100 km subiu para o Alqueidão com a mesma frescura com que atacou na Atalaia. Pena que não possa estar na Etapa da Serra da Estrela.

A propósito da Etapa da Serra da Estrela, para dar uma ideia da dureza do percurso A (124 km), basta dizer que o desnível acumulado da volta de hoje (para mim, 133 km) foi de cerca de 1800 metros. No próximo dia 10, vai ser de 2600 metros. Promete!

quinta-feira, agosto 24, 2006

Definição muscular

O ZT teve uma observação curiosa: na volta do último domingo avaliou o bom estado de forma do grupo através da definição muscular. A verdade é que o efeito dos quilómetros (muitos!) está aí bem explícito e até os não-depilados exibem, nesta altura da temporada, uma estampa invejável, que não engana sobre o nível bastante selectivo que o nosso pelotão atingiu.
Nem mais a propósito: há dias em conversa, o proprietário da loja de bicicletas em Alverca dizia-me que o nosso grupo era visto, na região, como altamente competitivo, a um nível muito superior aos dos passeios de fim-de-semana. Contou que, há algum tempo, o grupo a que pertence deparou-se connosco algures na subida do Freixial e quando passámos mal teve tempo de identificar as camisolas! «Sic».
Outra: o Carlos, da Póvoa, dizia-me que, no seu grupo domingueiro, havia alguns elementos com capacidade para integrar o nosso, mas que não o faziam por um motivo muito simples: a «fama terrível» do Pina Bike.
E eu acrescento: há momentos das nossas voltas realmente muito difíceis de explicar a quem não os «vive» por dentro…

quarta-feira, agosto 23, 2006

Miguel Marcelino

Nas conversas, quase diárias, que vou mantendo com o nosso amigo Freitas, é frequente perguntar-lhe pelo paradeiro do Miguel Marcelino, cuja ausência prolongada nas voltas domingueiras - ele que se tornou um «habitué» e uma referência de companheirismo, boa disposição e combatividade – é a cada semana que passa ainda mais notada. A última vez que estivemos os dois na estrada já foi em meados de Maio, na Clássica dos Lagos de Covadonga, e agora, se não for antes, devemos, com toda a certeza, reencontrar-nos na Etapa da Serra da Estrela. Sei que depois da «Pedro Delgado» continua a treinar com o empenho que lhe é peculiar, por isso deverá estar ao seu melhor nível no próximo dia 10 de Setembro. Recorde-se que, no ano passado, deu um verdadeiro recital nas terríveis rampas do Sanatório, mas acabou por pagar por um erro quase infantil na descida de Piornos. Este ano, com as novas características da prova, a «coisa» pôe-se ainda mais dura - como dizem os loucos espanhóis que tão bem conhece.
Um abraço e bons treinos, camarada!

segunda-feira, agosto 21, 2006

Oeste: a «Bela Clássica»

A Clássica do Oeste confirmou as melhores expectativas. Teve um pelotão bem disposto e empenhado em enfrentar as exigências do percurso. O resultado foi excelente! Felizmente sem a oposição do calor excessivo, a irregularidade do terreno impôs aos participantes as maiores dificuldades da tirada, através de trajecto interessantíssimo que serpenteou por paragens lindíssimas da região Oeste.
O andamento moderado, factor determinante para o bom desenrolar da etapa, também permitiu atenuar os desgastes do acumular dos quilómetros e do desnível. Foi o que se viu desde Loures até à Malveira, ligação particularmente delicada, onde o ritmo foi moderado, não descansado. Permitindo enfrentar a subida da Freixeira – primeiro obstáculo sério –, com os depósitos ainda cheios.
À passagem pela Malveira, já o grupo engrossara, com a integração do Nuno Garcia (retido à saída de casa devido a um furo) e o Zé-Tó «Ullrich», que aguardava no início da descida de Vila Franca do Rosário. A partir daqui o cariz da volta mudou. O «Falcão» Freitas tomou o comando e precipitou-se encosta abaixo, mantendo um andamento rijo até ao cruzamento do Livramento, altura em que deixou a condução do grupo entregue ao Hélder. Que não deixou o ritmo baixar, claro está! Por isso, com os topos do Turcifal a meterem parte do pelotão no «red line», a entrada na subida de Catefica provocou imediatamente cortes previsíveis. A maioria não conseguiu seguir o ritmo do duo Hélder/Garcia e outros, como o Freitas, preferiram permanecer na retaguarda, junto do Abel. Inicialmente mantive-me em posição intermédia, com o Carlos e o Salvador, mas quando acelerei para fazer a junção ao duo da frente, não tive companhia.
De novo reagrupados, fizemos uma excelente ligação entre Torres e a Encarnação, primeiro a rolar a favor do vento (O Zé-Tó e o Freitas meteram o andamento ideal) e depois na subida, onde foi louvável o trabalho do Carlos e do Salvador.
De seguida, a Picanceira – o «hot spot» da jornada. Ao contrário do que sucedera na última vez (e até então a única) que se realizou esta volta, a entrada foi moderada e quando passei para a frente, o ritmo foi aumentando gradualmente até à passagem pela localidade. A partir daqui, a parada tornou-se mais selectiva, ainda assim sem mudanças bruscas de velocidade, assim se mantendo até à descida.
Todavia, na abordagem à fase final da subida, na Barreiralva, o Carlos decidiu atacar, desencadeando uma reacção pronta e forte e a quebra definitiva da harmonia. As consequências foram imediatas, como o Pintainho e o próprio Carlos a descolarem no falso plano até à Murgueira, onde continuei a meter o ritmo, experimentando algumas variações, sempre com resposta eficaz do Freitas e do Nuno Garcia, companheiros «inseparáveis» até ao alto do Gradil (Murgueira), onde o nosso «sprintoso» Durão – indiscutivelmente o classicómano mais forte do grupo – impôs mais uma vez a sua lei.

Notas de observador

O momento alto da volta, na minha opinião, foi o ataque do Carlos no topo da Barreiralva. Embora sem o resultado que ele supostamente pretendia, teve todo o mérito ao quebrar a cadência constante elevada que eu vinha a marcar desde a Picanceira, e que não era propícia a aventuras. Ao agitar-se as águas, acabou a coesão do grupo restrito que seguia na frente. O próprio foi vítima de ter ousado mexer no vespeiro, mas pela sua demonstração de coragem e também de força (de facto!), merece inteiramente este destaque. Para mais, ele que, por natureza, é demasiado comedido… Por isso, é uma enorme baixa para a Etapa da Serra da Estrela – que continua em contagem decrescente.

Ao invés, o Hélder «desapareceu» inesperadamente a partir de Torres Vedras. Depois de se ter mostrado na Freixeira e especialmente em Catefica, mergulhou numa discrição muito pouco habitual nele, eclipsando-se na subida da Encarnação e abdicando totalmente de tentar seguir na frente na Picanceira. Aliás, foi com espanto que o vimos chegar com o Abel e o Salvador, os últimos na Murgueira. Terá sido um acto voluntarioso ou o disfarce de um momento mau?! Seja o que for, considero sempre bastante curiosa a forma de se gerirem as fraquezas sem as expor. Ou melhor, tirar a carne do grelhador quando pode sair chamuscada…

O regressado Zé-Tó demonstrou, uma vez mais, que apesar das ausências pontuais mantém um nível de forma satisfatório muito regular. O segredo, segundo diz, é a forma como gere as limitações físicas devido ao escasso treino através de uma abordagem cautelosa às voltas. É um facto, todavia também não é alheia uma dose importante do que se pode chamar factor-genético, ou seja, a sua condição física inata de desportista. E também é atenuante não serem raras as vezes que faz apenas uma parte do percurso. Como o caso de ontem. À parte: já lhe fiz o repto da Serra e ele aceitou ponderar. Bom sinal!

Para a semana, sobe-se Montejunto. A vertente escolhida é a de Vila Verde dos Francos. O percurso de ida e volta é pelo Sobral, Merceana e Atalaia. Bom teste para a Serra da Estrela.

Já agora, no seguimento da conversa mantida com o Pintainho (que continua em evidente crescendo de forma e cada vez melhor adaptado aos «rigores» da roda fina, sendo outra ausência confirmada na Serra, a lamentar), sobre o desafio por ele proposto das Quatro Subidas de Montejunto sugiro-lhe (e aos demais interessados) a data de 5 de Outubro (feriado, quinta-feira). Vamos começar desde já a preparar a aliciante aventura, que serviria para terminar a época em beleza?

quinta-feira, agosto 17, 2006

Oeste no domingo: belíssima!

A volta do próximo domingo é, em minha opinião, uma das mais belas e interessantes do nosso calendário. A Clássica do Oeste é, como o próprio nome indica, uma incursão ao Oeste profundo e as suas paisagens rurais, com paragem obrigatória na sua cidade-baluarte: Torres Vedras.
A partir de Loures dirigimo-nos a Lousa e e Malveira, um troço complicado, que começa logo a subir aos primeiros quilómetros para Guerreiros e termina com a dura encosta da Freixeira. Depois da Malveira, a longa descida para Vila Franca do Rosário e a ligação a Torres, com passagem por nova dificuldade: a subida de Catefica.
Após atravessarmos Torres tomamos a estrada de Sta. Cruz em direcção a Ponte do Rol e depois à esquerda para S. Pedro da Cadeira. A partir daqui regressa o sobe e desce, que depois só acaba... em Loures. A saber: Encarnação (subida), Picanceira (subida... dura!), Murgueira, Mafra/Carapinheira (subida), Alcaínça, Malveira (subida), Venda do Pinheiro e sempre a descer (finalmente!) até Loures.

terça-feira, agosto 15, 2006

A-dos-Arcos agradou

Dia feriado e de regresso às pedaladas. Mais uma volta maioritariamente a rolar – mais do que a de domingo transacto, de Runa – e disputada com igual empenho por um grupo ainda reduzido. Desta vez, apenas quatro elementos: eu, João, Salvador e Freitas, este acabadinho de chegar de terras de Espanha, onde foi representar uma vez mais galhardamente as nossas cores na «Pedro Delgado», na companhia do Miguel e do Jerónimo. Percorreu-se a planície da Nacional 10 até ao Carregado e depois em direcção a Azambuja, onde fizemos inversão de marcha. Terreno de roladores, com o vento a fazer-se sentir. Hoje, tal como no domingo, o ritmo foi muito bom, embora não tão constante, notando-se o forte aumento de vivacidade quando o Freitas entrou ao serviço, a partir de Alverca, como é seu hábito. No entanto, o João teve remédio santo: deixou-se atrasar nos topos à saída daquela cidade e o Durão teve de refrear definitivamente o ímpeto – sinal inequívoco que é necessário reformular a filosofia das Clássicas domingueiras: prevalecendo a moderação nivelada por cima!
Sobre o assunto, o João fez um comentário muito válido. Disse que mantendo um ritmo constante elevado mas suportável a todo o pelotão, tendo em conta que nem todos aguentam andamentos muito fortes durante muito tempo, ou sofrem as suas consequências mais tarde, é possível ter períodos em que se pode até conversas. Foi o que sucedeu entre Azambuja e Carregado, sem penalizar o normal decurso da volta (a média rondava os 31 km/h à chegada ao cruzamento.
Aliás, nem quando abandonámos o terreno plano para enfrentar o ascendente até Arruda, aumentaram as dificuldades. Num ápice estávamos em Pontes de Monfalim, onde se inicia a estreante subida de A-dos-Arcos, com inclinação suave (3,3%) e 5 km de extensão. Abordagem fez-se a dois tempos. Ou seja, aos pares: primeiro eu e o Salvador, depois o Freitas e o João, que tinham parado à saída de Arruda para «mudar a água às azeitonas». Pior para eles! Nós que ficámos fomos subindo devagar, facilitando a tarefa de junção aos voluntariamente retardatários. E que vinham cheios de garra, passando imediatamente para a dianteira.
Como a subida é extensa dá para moer, permitindo causando algum desgaste com a aparoximação ao alto. O Freitas antecipou o seu sprint final e atacou a cerca de 400 metros de atravessar A-dos-Arcos (a cerca de 1 km do cume), mas apenas conseguiu distanciar o Salvador. No interior da aldeia, mal se formou o trio, o João passou imediatamente ao ataque, decisão que me pareceu precipitada, e que tive oportunidade de lhe dizer «in loco», pois não teve a «potência» que se exigia naquele local tão próximo do alto, em que é difícil surpreender uma concorrência forte. Pior: rapidamente se percebeu que ele ficou «vazio» para responder à aceleração final. O Freitas abriu as hostilidades ao seu estilo, arrancando fortíssimo e eu só tive possibilidade de fechar o espaço à chegada ao alto.
A descer calmamente para Bucelas, o João fez o retrato fiel do que acabara de se passar: «É uma subidinha mesmo à medida do Freitas. Se soubesses a força com que entrou para recuperar o nosso atraso. E ele nem precisava de ter atacado tão cedo». Digo mais: neste tipo de subidas suaves, só impondo um andamento muitíssimo forte desde o início se pode fazer frente ao poder explosivo final do camarada Durão. Mesmo assim…

Entretanto, realce-se que o João e o Salvador confirmaram praticamente a sua presença na Etapa da Serra da Estrela. E que o Rui, o qual agradeço o seu simpático comentário na crónica da volta de Runa, também se mostrou interessado. Seria um valorosíssimo reforço.

domingo, agosto 13, 2006

Runa exemplar!

Num domingo coincidente com fim-de-semana prolongado, não surpreendeu que apenas quatro tenham saído de Loures para os cerca de 100 km da interessante Clássica de Runa. Mesmo que à entrada de Alverca se tenham juntado mais dois, ainda eram poucos para se considerar mini-pelotão. Todavia, «mini» só em número, porque foi «maxi» em abnegação. A saber: eu, João, Steven, Rui, Pina e Salvador – poucos mas bons para repartir o trabalho que nos esperava na planície ribatejana e no carrossel do Oeste. O resultado superou todas as expectativas. Um único adjectivo para classificar a prestação do grupo: excelente!
De Loures a Alverca, ainda a quatro, aqueceu-se progressivamente e a bom ritmo, mas depois dos reforços rolou-se em andamento mais vivo, sempre sem forçar e sem quebras, mesmo no incómodo pavé de Vila Franca. Velocidade de cruzeiro de 30-35 km/h até Alenquer, onde se chegou com mais de 31 km/h de média. E sem dor!
Quando acabou a planície pensou-se que o sobe-e-desce trouxesse alguma retracção. Puro engano. Apesar das habituais reservas nos topos à saída de Alenquer, o grupo cerrou fileiras, toda a gente colaborou à frente e facilmente se chegou à Merceana. Depressa e acima de tudo, sem desgaste acentuado. A esta altura já se comentava a média surpreendente (32 km/h). «Eu estava a aperceber-me que se estava a andar depressa, mas não pensava que era tanto», exclamou o Steven.
Mas o melhor (ou o pior) estava a chegar: a ligação «rompe pernas» entre Merceana e Runa. Moderação e mais moderação. Mas nem tanto. Um trabalho notável do João (como ele tanto gosta!) impôs um andamento suficientemente rijo para não encorajar a acelerações, fazendo-nos «devorar» os topos num ápice e manteve o grupo compacto até muito perto do final do último topo, quando o Rui forçou ligeiramente o ritmo. De qualquer modo, sem aliviar muito na rápida descida, o sexteto estava novamente formado antes do cruzamento para Runa.
A dura rampa do campo de futebol, à saída desta localidade, foi controladíssima e depois de descer para Dois Portos a média teimava em não baixar dos 32 km/h. Apreciável num percurso tão acidentado, provando que, desta maneira de fazer a volta, sobressai mais o elevado nível do grupo Pina Bike.
A partir daqui, o grupo entrou em descompressão. O João parou para reabastecer em Dois Portos e subiu-se para o Sobral bastante devagar – e só uma aceleração forte que fiz nos últimos 300 metros, com o Rui, deu para levar o coração às 187. Ainda assim, a «léguas» das 200 dos domingos anteriores, na Carnota e no Gradil. Depois chegou-se levezinho ao Forte de Alqueidão e ainda mais a Bucelas.
Mas houve um motivo especial para tanta calmaria. À passagem por Seramena, o Pina e o Steven decidiram parar numa taberna para se refrescarem. Os restantes resolveram continuar a subir para o Alqueidão a ritmo de amena cavaqueira. Lá em cima, nem sinais dos retardatários sequiosos. Todavia, decidimos descer sem pedalar… Mesmo assim, nem sombras. Uma vez em Bucelas, esperámos 5, 10 minutos e nada. Preocupados com o atraso, resolvemos entrar em contacto. Do outro lado da linha: «Estamos mesmo a chegar». Enfim, ficámos mais descansados, mas impunha-se uma justificação. Simples: Na taberna não vendiam latas de Coca-Cola, só garrafas de 1,5 litros. Então venha de lá uma… a preço de duas: 1,5 euros. O pior foi para os rapazes beberem aquela quantidade de refrigerante tão depressa! Ainda esperaram que voltássemos para trás, mas como não… foi a garrafa inteira. «Eis a razão do nosso atraso». Pudera!
Um último reparo: mesmo sem cafeína na descida do Sobral, a média total foi de 29,3 km/h – a mesma que era no Forte do Alqueidão.

A volta da próxima terça-feira (dia 15, feriado nacional) é a seguinte: Loures, Alverca, Vila Franca, Carregado, Azambuja (dar a volta), Carregado, Cadafais, Arruda, Pontes de Monfalim, A-dos-Arcos (subida), Estrada do Sobral (descida), Bucelas, Loures (aprox. 105 km). O percurso é sempre a rolar até Cadafais e depois torna-se mais ondulado até Arruda e depois de Pontes de Monfalim, uma subida suave mas selectiva de 5 km (A-dos-Arcos) antes de descer para Bucelas. Interessante!

quinta-feira, agosto 10, 2006

Clássica de Runa no domingo

A Clássica do próximo domingo é a de Runa. O percurso tem 104 km, é geralmente plano durante os primeiros 40 km, guardando as principais dificuldades para a segunda metade. Estas começam, verdadeiramente, a partir da Merceana em direcção à Carvoeira, num «rompe piernas» que há uns meses provocou grande animação.
Antes porém, a ligação a partir de Loures oferece a possibilidade de rolar a boa velocidade, passando por Alverca, Vila Franca, Carregado e Alenquer – onde os homens forte podem testar as forças à frente do pelotão.
Depois de Alenquer, a primeira voltinha de carrossel, por Porto de Luz, Cotovelo, Aldeia Gavinha e finalmente Merceana. A partir daqui acentua-se o sobe-e-desce, terreno favorável aos todo-o-terreno, e onde o acumular dos quilómetros poderá começar a fazer uma selecção natural no grupo. A chegada ao cruzamento para Runa (à esquerda) faz-se em rápida descida e num ápice estamos a atravessar a localidade. À saída, depara-se-nos uma rampa bastante inclinada, com cerca de 1 km a mais de 8%, em que qualquer alteração de ritmo poderá acabar com a já delicada coesão do grupo nesta altura. Todavia, se esta se mantiver (como aconteceu na primeira e única vez que se disputou esta volta*) certamente não resistirá a partir de Dois Portos, pois será sempre a trepar até ao Sobral, através de um troço (4,2 km) que se faz muito poucas vezes… a subir. Após o Sobral ainda resta ascender ao Forte de Alqueidão, seguindo-se a longa descida para Bucelas e finalmente o regresso a Loures.

* Recorde-se que a primeira vez que se efectuou esta volta foi dia 8 de Janeiro, sob frio intenso (5 graus à partida), e depois de uma série de interessantes escaramuças entre Merceana e Runa, à saída de Dois Porto seguiu-se em direcção à Feliteira, Sapataria, Póvoa da Galega e Montachique, em ritmo muito moderado, inclusive na subida final para Montachique. Todo este troço referenciado foi suprimido devido às más condições do piso, subindo-se agora de Dois Portos para o Sobral.

quarta-feira, agosto 09, 2006

Gardunha em dose dupla

Já aqui se falou sobre as características e dificuldades da Etapa da Serra da Estrela. A um mês (e um dia) de distância da prova (10 de Setembro) convém sublinhar, a todos que pretendem participar, a importância de a preparar devidamente, não apenas fisicamente mas também do ponto de vista estratégico. Mais precisamente da gestão do esforço, que mesmo optando pelo percurso mais curto e acidentado, é elevado, considerando ter de subir à Torre.
Todavia, as recomendações dirigem-se aos candidatos ao percurso maior (124 km), que contempla, além de duas passagens pela Serra da Gardunha, a ligação nada fácil a Manteigas e finalmente a longa e dura subida ao ponto mais alto de Portugal Continental.
Partindo do pressuposto que não conheço as subidas em questão (Gardunha Norte, Sul e Manteigas-Piornos) todavia é-me possível concluir, através dos testemunhos de quem já as fez e também pelo reconhecimento teórico, via Google Earth (calculando as distâncias e as percentagens de inclinação), que a primeira passagem pela Gardunha (Norte) terá a condicionante ser logo aos primeiros quilómetros (3 km), embora a subida propriamente dita só comece aos 12 km. Todavia, logo à saída do Fundão, a estrada empina, deparando-nos uma primeira rampa de 600 metros, a 5,3% (aos 6,2 km), e mais tarde (8 km) outra, que embora mais curta, (360 m) é muito mais dura (10,6%). Um sobe e desce que antecede a subida principal, que tem 3,2 km e 4% - praticamente da distância da nossa bem conhecida Ribas, mas muito mais suave (Ribas tem 6%).
Depois de descer a serra e de percorrer 16 km (duas vezes 8 km) em terreno quase plano, com inversão de marcha na rotunda de Soalheira (25 km), aborda-se a segunda passagem pela Gardunha (Sul) – também conhecida por Alpedrinha, pois atravessa esta localidade serrana. Desta tenho uma vaga ideia, por tê-la subido há alguns anos no tradicional passeio de cicloturismo… a 10 km/h. Logo são poucas as referências.
É mais longa (5,4 km) mas tem a vantagem, em relação à primeira, de a inclinação ser mais constante e não muito mais elevada (4,3%). A sua abordagem faz-se aos 33 km, ainda no primeiro terço da etapa. Ou seja, com muito por pedalar. Logo todas as cautelas serão poucas…
Certamente, para alguns participantes é fundamental atentar ao andamento do grupo, pois pode ser proibitivo ou, no mínimo, pouco recomendável segui-lo. Por isso, aconselha-se a cada pessoa que adeque o ritmo às suas capacidades, o que nem sempre é fácil. Neste caso, a auto-avaliação impõe uma grande dose de racionalidade e de humildade…
Contudo, o resultado final de uma gestão cautelosa certamente será recompensador!

terça-feira, agosto 08, 2006

Etapa da Serra da Estrela - apresentação

Este ano, a tradicional subida da Serra da Estrela será uma verdadeira etapa de montanha. O desafio que se propõe aos participantes é realizarem, no próximo dia 10 de Setembro (domingo), a ligação entre Fundão e a Torre, com uma dupla passagem pela Serra da Gardunha, nas suas duas vertentes, e subindo ao ponto mais alto de Portugal Continental por Manteigas e não, como é habitual, pela Covilhã, num total de 124 km e 2600 metros de desnível acumulado.
O objectivo, claro está, é bastante mais exigente, impondo aos participantes condição física apurada e uma abordagem extremamente cautelosa. Mas também neste particular a tirada deste ano pretende ser de diferente cariz, sugerindo-se aos mesmos que a encarem como um repto estritamente individual, preparando-a com toda a aplicação e rigor que recomenda, encarando-a segundo o princípio-mor de a cumprir, independentemente do tempo que demore.
Por esse motivo, foi igualmente definido um percurso alternativo (B), mais curto e acessível, que suprime as duas ascensões da Gardunha, deste modo suprindo cerca de 700 metros de desnível acumulado e 50 km, num total de 74 km. A ideia é que os participantes neste trajecto iniciem a prova na altura em que os que efectuam o percurso completo (A) regressam ao Fundão, junto ao conhecido Hotel do Alambique, na zona industrial à saída da cidade em direcção à Covilhã (Estrada Nacional 18). Mas não é imperativo que o façam.
De acordo com a hora a definir para a partida dos participantes no percurso A, estima-se que a sua passagem no local referido se efectue entre 1h50/2h00 depois (média entre 25-27 km/h).
Com esta proposta pretende-se que maior número de pessoas alinhe nesta fascinante aventura ciclista da Serra que promete ser especial.
Para mais informações (e respectiva actualização) consultar este blog ou através do telefone 96.293.9482 (Ricardo Costa) e ainda no estabelecimento Pina Bike, na Quinta Nova de S. Roque, Loures.
Importante: recomenda-se aos interessados que confirmem a sua presença com devida antecedência.

segunda-feira, agosto 07, 2006

Gradil ainda mais selectivo

As altas temperaturas marcaram a Clássica do Gradil, realizada ontem. O percurso era exigente, mais do que a distância (80 km), mas o calor tórrido que se fez sentir desde as primeiras pedaladas dificultou ainda mais a tarefa dos ciclistas.
O grupo que saiu de Loures foi o mais numeroso de há muitos domingos a esta parte - o que se salienta pela positiva - e teve um desempenho muito homógeneo, apenas se desagregando definitivamente na aproximação à Malveira, quando já pessavam nas pernas o desgaste provocado pelo calor e as passagens pelo Forte de Alqueidão e no ponto alto da etapa: a dupla subida do Gradil.
A primeira foi feita a ritmo bem moderado até aos ferro-velhos, altura em que o trio Freitas-Hélder-«Ribeiralves» se destacou, forçando a uma perseguição forte do pelotão até ao Forte. Aliás, situação já habitual neste local. Pelo contrário, o Gradil, além de mais exigente foi marcado por um andamento forte quase desde o início, imposto pelo Hélder, seleccionando rapidamente um sexteto composto por Hélder-Ricardo-Freitas-Nuno-Pintainho e «Ribeiralves».
Sinal que a «coisa» seria dura foi o elevado número de «talegas» metidas. E com as pulsações muito perto de regimes máximos dei-me por satisfeito ter chegado ao primeiro topo no grupo da frente. A subida final para a Murgueira teve uma abordagem mais cautelosa, tanto mais que o Hélder demorou a assumir-se, como seria previsível, deixando mesmo o comando para o «Ribeiralves» e o Nuno. O Freitas e eu, ambos na expectativa. Aliás, o aguardado ataque do Hélder terá sido mais retardado também por ter ficado fechado junto à berma durante algumas centenas de metros, mas depois do gancho nada nem ninguém o pôde contar, fazendo uma fortíssima aceleração, que obrigou os restantes a cerrarem fileiras. O espaço abriu-se, mas felizmente ele parou... Mas fez «estragos» - o mais vísivel, no Pintainho, que largou. À entrada para o último km, decidiu experimentar a sorte. Acelerei uma primeira vez, em esticão, para sentir as pernas e aliviei. O grupo esticou e voltou a agregar-se. desta vez, terá ficado o «Ribeiralves». Mas 100 metros depois, voltei a acelerar, desta vez bem à vista de todos, e após as primeiras pedaladas as pernas «pediram» o 50, fraccionando definitivamente o grupo e isolando-me com o Hélder (em grande forma!), que sprintou mais forte para passar à frente no alto. A «temperatura» subiu a valores elevadísimos... mas foi muito divertido!
No regresso, registe-se a providencial e retemperadora paragem do pelotão para abastecimento na estação de serviço à entrada de Mafra e após o acidentado percurso até à Malveira apenas os mais fortes resistiram no grupo da frente. Em relação ao grupo mais forte no Gradil faltou o Pintainho (como é habitual os km já deveriam pesar nas pernas, o que não invalida a sua excelente prestação nas subidas, sem dúvida, a um nível superior à média do grupo), e entraram o João e o Salvador, que não estiveram nos momentos «altos» da tirada porque o andamento foi, de facto, altamente selectivo.

sexta-feira, agosto 04, 2006

Volta a Portugal 2006

Amanhã começa a Volta a Portugal 2006. Apesar de continuar a ser uma competição da terceira divisão do ciclismo mundial, para todos efeitos é a nossa volta. E por isso deve ser acarinhada. Mas sem exageros!
Este ano, parece ter havido um esforço da organização em tornar a dar a Volta a Portugal e não só ao Norte e Centro. Mas numa etapa apenas (1ª) liga-se o Algarve (Portimão) ao Alentejo (Beja) e a coisa está feita! Louva-se também que a caravana faça uma passagem (obrigatória, digo eu!) por Lisboa, afinal ainda é capital.
No entanto, em relação ao percurso, creio que desta vez o Joaquim Gomes deixou-se finalmente convencer pelo eterno choradinho do Cândido Barbosa e da sua trupe e fez a volta à medida do sprinter-trepador da LA. Na minha opinião, até mais que em 2005 - como se fosse possível haver melhor a pensar nas características do menino de Lordelo - mas ninguém esperava que o «Bladimir» (que é grande ciclista) lhes desse a... volta.
Mas há limites para a indecência. Mesmo elogiando alguns finais de etapa pouco habituais nos últimos anos, como a chegada a Felgueiras - que deverá ser interessante -, a longa mas pouco selectiva subida para a Guarda e a clássica Sra. da Graça, que é de longe a etapa mais dura, ao nível das melhores provas internacionais. Nesta última, no entanto, a atentar pelos últimos anos, o pelotão vai voltar a arrastar-se pelo Alvão e o Viso para não moer muito as perninhas, e depois toda a gente vai chegar com força ao Monte Farinha, principalmente o bom do Cândido, prevendo-se mais um sprint de 500 metros no alto, como em 2005.
Mas muito mais escandaloso é a etapa-que-custumava-ser-rainha da Volta: a da Torre. Já se vai tornando um hábito triste que a etapa não termine na única montanha de categoria especial que temos em Portugal, mas creio que este ano estão mesmo a brincar com o povo! Como não ficaram satisfeitos com madorna do ano passado que foi assistir à perseguição do Cândido ao Efemkin e ao Perez pela perigosa descida para a Covilhã e depois sensaborona ligação ao Fundão, mesmo ao jeito dos roladores, agora ainda fizeram pior: sobe-se para a Torre pela vertente mais fácil (Seia) e desce-se para Manteigas para terminar novamente no Fundão. O terreno plano e as descidas são ainda maiores. Quem será o louco trepador que vai atacar nas Penhas Douradas ou em Seia, para depois derreter nos quase 100 km que faltarão?

Bom isto sou eu a falar... mal!

quinta-feira, agosto 03, 2006

Gradil «aqueceu» em Novembro

No próximo domingo, sobe-se o Gradil, local que já ganhou estatuto de clássico de animadas batalhas. A etapa é na sua globalidade interessante, com passagem pelo igualmente referencial Forte de Alqueidão e após a dupla ascenção do Gradil entra no carrossel de Mafra-Malveira.
Em jeito de curiosidade, relembro que no já longuínquo dia 13 de Novembro de 2005, cinzento e frio, a mesma etapa ficou marcada por uma fuga épica de dois corredores iniciada na descida da Feliteira, perigosamente molhada, que supreendeu um pelotão recheado de ilustres figuras como o Freitas, o Miguel e o Nuno Garcia, e durou até à Murgueira, no alto do Gradil.
Quem seriam o dois gloriosos – embora apenas um tenha concretizado essa façanha, derretendo (!) uma legião de perseguidores? Desde já, garante-se que no domingo não se repetirá…

terça-feira, agosto 01, 2006

Regresso com recordes...

O regresso às voltas domingueiras depois de duas semanas completas de inactividade foi como se esperava: sofrido. Durante este período de férias diluiu-se o apuro de forma que culminou no passado dia 10 de Julho, na Etapa do Tour, e por isso o choque com a «realidade» competitiva do grupo Pina Bike teve efeitos previsíveis no desempenho e no corpo.
De qualquer maneira, ao início da manhã do último domingo resolvi fazer o percurso entre Alverca e Loures à moda antiga, de bicicleta, aproveitando para aferir o estado do físico, evitando fazê-lo em plena volta – se optasse, como seria recomendável, por ir de carro até ao local da concentração. Embora não sentisse as pernas muito presas, as pulsações eram incontroláveis, pronuncio de grandes atrocidades nas horas seguintes. Ao ponto de me assolar a ideia de poder ser dia de empeno, e daqueles valentes.
Pelos menos, foi de recordes, mesmo que sem serem propriamente gloriosos. O recorde da pulsação média (158) e de pulsação máxima (200). A barreira psicológica (ou será mais física…) foi quebrada!
Mas apesar destes números alucinantes, a verdade é que passei ao lado de um castigo demasiado severo para os músculos. Os mais puristas podem crer que cientificamente não terá sido a abordagem recomendável ao regresso à actividade, mas digo-lhes que foi, sem dúvida, a que deliberadamente pretendi. Aliás, depois de sete meses «amarrado» a um programa de preparação com vista a objectivos específicos espaçados no tempo, chegou a hora de dar largas…
Para mais, a volta foi muito interessante e bem disputada. Tratou-se da Clássica da Carnota, que, pelos visto, foi a mais suave dos últimos 15 dias, em que os meus camaradas aproveitaram a minha ausência para andar em terreno de trepadores. Não é justo, digo eu!
A saída de Loures em direcção a Alverca, onde se enfrentou a subida de A-do-Barriga, foi bastante moderado. Mais para os outros, certamente, porque eu raramente baixei das 150 bpm. Na subida deixei mesmo de olhar para o pulsómetro para me concentrar nas sensações, que, de resto, foram bastante melhores do que em ocasiões semelhantes – e por isso o andamento não tivesse sido tão difícil de aguentar e o esforço não tido efeitos tão nefastos.
O Durão do Freitas aguentou muito bem o «tranco» no pelotão na subida quando o sempre empertigado Hélder se adiantou, mantendo um passo que permitiu não perder o fugitivo de vista e não causar grandes mossas no grupo perseguidor. O ritmo moderado, aliás, manteve-se na descida para Alhandra e depois em direcção ao Carregado e a Cadafais, onde começou a segunda dificuldade do dia: a subida para Santana da Carnota.
Também aqui, o Durão não se fez rogado a dar o peito ao vento na condução do grupo e assim continuou quando o Hélder voltou a acelerar, desta vez levando na roda o Carlos e o João. Agora, a perseguição tinha de ser mais efectiva do que em A-do-Barriga, sempre com o Freitas a fazer as despesas ao longo do falso plano ascendente antes da subida propriamente dita – os últimos 3 km.
A distância para os três fugitivos manteve-se estabilizada mas, às tantas, afigurava-se difícil de anular antes da subida. Na frente, o Hélder não cedia e parecia dispensar a ajuda dos seus companheiros de fuga.
Então resolvi dar uma mãozinha ao voluntarioso Durão. Um trabalho de gregário, perceba-se. Mesmo com o coração na garganta, as pernas ainda tinham alguma coisa para dar. A cerca de um quilómetro da Carnota disse-lhe para suster um pouco o andamento, permitindo-me colocar-me à frente do pelotão à entrada da subida – numa altura em que, entre os fugitivos, o Carlos fazia a primeira mudança de ritmo e o João cedia.
Lá atrás, meti o passo possível para anular a fuga antes do alto, permitindo ao Durão «encostar». O objectivo foi concretizado ainda a cerca de 1 km do cume, altura em que as minhas forças chegaram ao limite. Ainda tive oportunidade de observar mais uma mudança de velocidade do Carlos, a que não foi fácil responder, mas penso que o trio chegou junto ao alto. O João recuperou muito bem após o momento de fraqueza no início da subida e passou por mim em bom andamento.
A partir da daqui, e com pouco mais de metade do percurso realizado, não voltou a haver grandes correrias, a não ser um sprint vigoroso no Forte do Alqueidão (o Hélder foi adversário duro de roer para o… Durão) e depois, muito mais tarde, na rampa do depósito de rações, à chegada a Bucelas. Também aqui, o betetista apertou o nosso «sprintoso», que está quase ao ponto para a «Pedro Delgado».
Para mim, depois de Bucelas a «solo» no regresso a Alverca, o Cabeço da Rosa não foi tão mau como se antevia. Agora é recuperar para adquirir paulatinamente uma forma…decente!
Tanto mais, que este ano a tradicional etapa da Serra da Estrela, em meados de Setembro, tem muitas novidades e promete ser ainda mais interessante. A revelar em breve!