domingo, setembro 30, 2007

Identifiquem-se!

Identifiquem-se os temerários que enfrentaram a forte intempérie da manhã de domingo! Segundo fonte, houve realmente quem saísse de Loures à hora marcada. Para onde terão ido? E por quanto tempo? E terão regressado? Certamente não secos!
Outros dedicaram-se a vertente do ciclismo mais condizente com o clima: o BTT. Diz que «trilharam» por Monsanto no meio do lamaçal, mas voltaram com a satisfação do dever cumprido.
Quem mais se acusa?! Eu, cá, permaneci no vale dos lençóis.
Pena o tempo, porque a volta prevista para a Ericeira parecia reunir todos os aliciantes. Inclusive, havia a presença de um elemento que deixou muito bom cartel na única vez (quase sem memória) que alinhou no nosso grupo. Curiosamente, numa volta também pela Ericieira. Pode ser que dê para a semana... ou quem sabe, já no feriado de sexta-feira!

segunda-feira, setembro 24, 2007

Ota à média de 34 km/h

A natural quebra de forma de fim de temporada ainda vem longe para muita gente no nosso pelotão. Alguns elementos rentabilizam o trabalho sem paragens acumulado neste final de Verão para apresentar níveis de forma bastante elevados para a época. Tal, porém, não constitui novidade. O calendário preenchido e aumento exponencial da competitividade estimulam a essa continuidade e o resultado é a média recorde realizada na volta deste domingo, da Ota, a rondar os 34 km/h. A fórmula é demais sabida: terreno plano e grupo homogéneo e de alto nível.
O pelotão foi quase sempre conduzido pelos homens mais fortes do momento e logo as tentativas de fuga ficaram condenadas ao malogro. Restou o ponto quente de Vale do Brejo. Até Alenquer, estas nem seriam previsíveis, mas o ritmo proibitivo imposto à cabeça do grupo, principalmente pelo Freitas, e a espaços pelo Renato, o Fantasma o Jony, o Salvador e o Nuno Garcia, aconselhava mais a manter o abrigo do que a aventuras. No entanto, só a primeira passagem do Renato pela frente, entre Alverca e Alhandra, cortou mais o fôlego.
Muito activo desde os primeiros quilómetros, o Freitas cedo deu a perceber que estava bem... e com ideias. A subida do Vale do Brejo foi dele e com muito mérito bateu toda a gente, inclusive o Jony ao sprint. A já clássica subida – a única dificuldade do revelo, ainda assim leve (2 km a 3%) - foi, contudo, mais táctica que o habitual. Depois da Ota, constantes abrandamentos permitiram que alguns elementos -, por exemplo, o Nuno Garcia - tentassem isolar-se, sem êxito, mas criando nervoso miudinho no pelotão. Fez bem, digo eu!
Foram essas «paragens» que possibilitaram que eu fosse até tão longe na discussão da subida – e ainda tivesse lançado o derradeiro ataque já nos últimos 300 metros – só superado pelo Freitas e o Jony. Muito satisfatório para quem está nitidamente em patamar de forma inferior aos das principais referências do grupo de ontem (não cometo injustiça se disser: Jony, Freitas, Renato e Nuno Garcia). Aliás, nem o treino da véspera (125 km e «específico») pareceu pesar no muito que faltou percorrer, dando para algumas «brincadeiras» que pensava, honestamente, não estar apto, entre elas, contribuir para os 41 km/h de média entre Carregado e Vila Franca, em parceria perfeita com os «homens do remo». Grande nível!
No tradicional sprint à chegada à cidade de «touros e toureiros», o Freitas completou a faena, à frente do Fantasma e do Salvador, num dia em que demonstrou, sem dúvida, estar em muito bom momento... e sem rival nos sprints. Há quanto tempo isso não acontecia!
À chegada a Alverca estive em nova aceleração e o sprint teve os mesmos protagonistas. E já depois da «minha» cidade, para meter o glicogénio na reserva, com o Renato ainda travei um imprevisto despique final na subida da Cervejeira, onde ele se impôs.
Mais que tudo, parabéns ao grupo. E realce muito positivo para o regresso do Luís em crescendo de forma, tal como o Samuel, no seu melhor momento da temporada.

domingo, setembro 16, 2007

Regresso às lides

Após dez dias de interregno, volto a escrever. Durante a minha ausência, para gozo de merecidas férias - não apenas da actividade profissional mas também da desportiva -, constato, com realce, que o «mundo» não parou.
No passado fim-de-semana houve a tradicional etapa da Serra da Estrela, que, segundo os relatos, foi muito bem disputada apesar de algumas ausências de vulto - incluindo a minha...
Já este final de semana também foi de grande actividade ciclista: no sábado, um grupo de nomeada (Jony, Renato, Nuno Garcia e Fantasma) deixou bom cartel na Maratona de BTT de Penedo Gordo; e no domingo, o Freitas, o Miguel, Salvador e outros cumpriram a longa tirada Alverca-Reguengos de Monsaraz, na distância de mais de 160 km, em contra-relógio por equipas (de momento desconheço as incidências). No mesmo dia, apesar de desfalcado, o grupo juntou-se em Loures para uma tirada de limpeza de ácido. No meu caso, foi de regresso às lides.
Veremos o que reserva a segunda metade de Setembro, tradicionalmente a recta final da minha temporada. Porém, uma coisa é certa, apesar de a época ir longa, ainda há muito boa gente em plena forma.

quarta-feira, setembro 05, 2007

Lagoa Azul: a crónica

A volta do pretérito domingo pode considerar-se já uma clássica do nosso calendário: Sintra, por Lagoa Azul.
Esta edição terá sido a mais competitiva alguma vez realizada, espelho fiel do elevado nível a que chegou o grupo que quase todos os fins-de-semana se reúne em Loures. Já muito se falou do contributo de novos elementos para a ascensão meteórica de uma minoria que actualmente se verifica. Mas não só. Também os veteranos não têm deixado os seus pergaminhos por mãos alheias e reconhecem unanimemente ser fundamental não descurar a preparação física face à vaga de delfins de grande categoria.
Eu posso assumir-me como indicador privilegiado desse «status quo». Para tal, recorro-me do desempenho e indicadores individuais de esforço observados na exigente tirada de domingo para maior exactidão das conclusões que a seguir apresento. Eis alguns pontos que merecem apreciação:
Primeiro: embora eu estando em notória baixa de forma (lá está, por descurar a preparação nas últimas semanas!), tal não impediu que tivesse superado o meu recorde pessoal da subida da Lagoa Azul (24 segundos), do Cabo da Roca (Malveira-Azóia) e da Várzea para Sintra (significativos 47 segundos). As pulsações médias são elucidativas (acima de 180) e as sensações (de sofrimento, na maioria das ocasiões) também. Um fenómeno de superação devido à competitividade, podem dizê-lo. Mas mais relevante para análise é o facto de, à excepção do Cabo da Roca, o esforço não ter sido suficiente para chegar com o primeiro aos ditos pontos quentes! Elucidativo, não?!
Também é verdade que a presença do Rui Scott altera a hierarquia tradicional do pelotão, principalmente em montanha, mas não basta só contar com ele nestes momentos altamente selectivos - outro novato está a fazer abalar o establishment do grupo: o Renato. Impressionante performance na Lagoa Azul, no Cabo da Roca, na Várzea e na fuga encetada, comigo, entre Pêro Pinheiro e Sta. Eulália. Como bem referiu o Nuno Garcia em comentário à volta do Sobral da Abelheira, o peso e a envergadura avantajados não são handicap às suas prestações em subida – até ver, nas mais curtas, mesmo que bastante duras, como são exemplos a Abelheira e a Lagoa Azul. Basta dizer que foi o único que resistiu ao andamento do Rui na Lagoa Azul, perdendo apenas algum (pouco significativo) terreno nos últimos 500 metros.
Nessa subida, fui observador privilegiado do seu desempenho e reconheço ter ficado muitíssimo surpreendido. Surpreendido, de facto, pois não esperava que ele aguentasse o forte ritmo que o Scott impôs desde o início e que não permitiu quaisquer veleidades aos demais. Eu, aliás, limitei-me a atenuar as distâncias (entre 15 a 20 segundos ao longo de toda a subida), sempre em regimes altamente desaconselháveis (cheguei a temer pelo bom desenrolar da volta quando verifiquei que mesmo acima das 185 perdia terreno para o Renato). Pouco mais atrás (sensivelmente a distância igual) o Jony e o Freitas, este a fazer uma ascensão em recuperação depois de uma entrada cautelosa. O Nuno também entrou naqueles 2 km a 7,5% com o grupo da frente, tal como Pintainho, mas rapidamente verificaram que não era andamento que pudessem seguir.
Na descida, devido às curtas distâncias entre os primeiros, juntou-se um quinteto (Scott, Renato, eu, o Jony e o Freitas) na Malveira da Serra, mas apenas durante breves instantes foi possível recuperar o fôlego. De imediato, o Renato tomou as rédeas e impôs andamento forte, a recomendar abrigo aos demais. A subida para o Cabo da Roca, mais suave, favorecia os mais possantes e aí o Freitas demonstrou sempre muito à-vontade em todas as mudanças de velocidade, inclusive quando o Scott imprimiu andamento verdadeiramente selectivo nos últimos quilómetros, fazendo descolar o Jony e o próprio Renato – embora este tenha conseguido reentrar na descida. No sprint final para o cruzamento do Cabo da Roca, ainda tentei a minha sorte, mas fiquei-me pela consolação de ter resistido no trio da frente – pois o Renato voltou a perder alguns metros na aceleração.
Previsivelmente, os restantes demoraram mais tempo que o habitual a chegar ao cruzamento do Cabo da Roca, a partir do qual deixou-se de contar com o Freitas.
Depois da descida do Pé da Serra e de Colares, eis o Nuno Garcia a surpreender o pelotão, adiantando-se com a determinação de quem pretendia chegar isolado a Sintra. O fosso cavou-se rapidamente e finalmente foi o Renato a tomar a iniciativa de comandar a perseguição, inclusive durante grande parte da subida da Várzea, onde apenas resistiam na frente, ele eu e o Scott. Aqui, mais uma demonstração de grande classe do Renato. Andamento fortíssimo, pedalada redonda sem quebras, muito difícil de acompanhar, a não ser na roda. O Nuno lutou até onde lhe foi possível e esteve em muito bom plano. Estou em crer que, não fosse o excelente trabalho do Renato, sem «pedir» auxílio, o fugitivo teria conseguido os seus intentos. Provavelmente, teria guardado forças na Lagoa Azul e aplicou-as com o rigor da sua experiência naquele troço. A anulação da fuga não foi fácil, mas a cerca de 1 km de Sintra, apercebendo-se que não conseguiria fazer vingar a sua iniciativa, o Nuno abdicou... e viu o comboio passar sem esboçar qualquer reacção. Nessa altura, o Scott desferiu o golpe final, ao seu estilo, arrancando decisivamente para chegar isolado à rotunda do empedrado de Sintra. O Renato, apesar de bastante desgastado, ainda procurou fechar o espaço, mas sem êxito. Ainda assim, fez com que eu perdesse a sua roda e alguns metros até chegar ao alto. Mesmo assim, entre os três a diferença não ultrapassou os 20 segundos. Os restantes voltaram a demorar mais que o habitual a chegar.
O prato final da tirada ainda não estava servido. Afinal, eu não poderia ficar conformado com papel secundário em toda a volta, onde me limitei a atenuar «prejuízos»! Assim, depois do Jony ter acelerado muito bem o pelotão na subida à entrada de Pêro Pinheiro, resolvi atacar na rampa estreita no interior da localidade, que liga à estrada de Negrais. Depois, ainda antes de ter conferido a reacção do pelotão (assim não sucedeu), reparei que tinha companhia. Tinha, o Renato, quem mais?
A partir daí, foi uma corrida de gato e de rato com o objectivo de chegarmos isolados a Sta. Eulália. E só não o conseguimos porque o Scott, neste momento, está uns bons furos acima da «concorrência». Ninguém conseguiu resistir ao seu esforço de recuperação - inclusive o Jony e o Nuno Garcia - e alcançou-nos já na recta do Caneira dos Leitões, passando directo para Sta. Eulália. Impressionou a sua capacidade, mesmo num terreno em que não é tão forte. Quanto a mim e ao Renato: morremos na praia!
Após isto, e numa altura em que irei ausentar-me durante algumas semanas (treinos, incluídos) fica adiada, sem prazo previsto, a ocasião em que voltarei a estar em condições óptimas para aferir mais precisamente do «actual estado de coisas».
Entretanto, fico a aguardar com muita expectativa a etapa da Serra da Estrela, no próximo domingo. Conto com a crónica completa!