segunda-feira, março 30, 2009

Clássica de Évora: «Maçã» no topo do bolo

Antes de mais, considero imperioso congratular a todos os participantes da Clássica de Évora 2009 pelo contagiante entusiasmo e excelente desempenho, principalmente quem, por razões várias, de escassez de treino ao «peso» da idade – salvé «Grandes» Abel e Zé! – não deixou de marcar presença. Todos eles, sem excepção, contribuíram para que a «Classíssima» registasse mais um estrondoso êxito, prova de vitalidade da prática do ciclismo totalmente amador na nossa região. Como, aliás, demonstra a adesão recorde, de cerca de 60 ciclistas.
Antes da crónica habitual, não resisto a anunciar a impressionantes média horária realizada: 35,6 km/h – que baixou em 19 minutos o tempo do ano passado.

Mas entre heróis houve os que se destacaram mais do ponto de vista, digamos, meramente desportivo, e que fizeram a história da edição deste ano da clássica alentejana. Entre estes, nomeio três, cuja prestação merece rasgados elogios: 1º, o «chamado» vencedor, primeiro a cruzar a famigerada passadeira da meta, em frente ao Feira Nova que agora é Pingo Doce: o Hugo Lopes «Maça», da Ciclomix, que se destacou, ao sprint, aos cinco companheiros do grupo que se isolou à passagem por Montemor-o-Novo, momento decisivo da prova. A ele, os louros do triunfo – por ter demonstrado ser o mais forte no final.
O segundo eleito conquistou, muito justamente, o prémio da combatividade: o João Rodrigues, do grupo GNP, do camarada Paulo Pais, que foi o fugitivo do dia, pedalando cerca de 65 km isolado, enfrentando o terreno, o vento e a perseguição do recheado pelotão – e só claudicando a 12 km do final, apenas às mãos do sexteto da vanguarda. Reconheço desde já que a sua vantagem, a determinada altura, fez-me «temer» pela impossibilidade de anulação. O facto de ter vindo a não ter acontecido não lhe belisca os méritos de grande rolador.
O terceiro escolhido é cada vez mais a confirmação de uma qualidade atlética excepcional – embora, provavelmente, apenas para quem, como eu, há algumas semanas nem sequer ouvira falar do seu nome. Refiro-me ao Capela, que depois de ter convencido nas recentes saídas de montanha, Roteiro do Muros e Super Trepadores, impressionou também na planície. Enorme classe e disponibilidade, marcando presença quase constante na frente do pelotão, liderando-o em perseguição a todas as iniciativas de fuga e a que foi concretizada. Mas não só. Além disso, ainda teve (muitas) reservas para integrar o grupo da dianteira depois de Montemor – onde continuou a ser incansável trabalhador. Faltou-lhe rematar a exibição, mas talvez seja o sprint a sua única pecha! - mesmo claramente mais desgastado que os demais. Sem contributo à altura do seu, certamente que a perseguição à fuga do dia chegaria a bom termo.

Mas façamos a resenha da jornada. Assim, como facilmente se afere pela média horária «profissional», o andamento teve de ser elevado praticamente desde o início. O frio matinal (8 ºC e vento cortante) ajudou... Mas só começou a «contar» para a média a partir da descida dos Caniços, quando um grupo com cerca de cinco unidades, incluindo o Pina Bike Freitas, obrigou a equipa da GNP a organizar-se na perseguição. Refira-se, a propósito, que foi esta a formação mais organizada e forte em prova, que em muito se deve à liderança do Paulo Pais (aliás, a sua ausência na fase decisiva terá feito muita...falta!).
A primeira fuga da tirada terminou à saída de Alverca. Mas não demorou muito a haver novas iniciativas. Desta vez, a GNP a contra-atacar com o Marco, em Alhandra, obrigando-me a iniciar a defesa dos interesses da Pina Bike muitíssimo mais cedo do que pensava. Não dei muito espaço e rapidamente terminou a aventura. Mas o plano da GNP já estava em marcha.
O empedrado de Vila Franca fez-se em pelotão compacto, sem a habitual correria, mas a passagem pela ponte voltou a causar cissões. Novamente um grupo com cerca de meia dezena, integrando o André (que cedo demonstrou fazer o «jogo» da GNP). Chegou a ter algumas centenas de metros de avanço na recta do Cabo, mas por acção voluntariosa de dois ou três «outsiders», ainda com as ganas de sensação de força do início da tirada, também esta fuga foi rapidamente controlada, sendo anulada alguns quilómetros após o Porto Alto, quando o Capela já trabalhava na frente.
O pelotão voltou a rolar compacto, mas os homens da GNP voltaram à carga, iniciando uma série de acelerações que, embora sem surpreender os líderes à cabeça do grande grupo, terão preparado o terreno para a fuga que acabou por vingar: do João Rodrigues. Entretanto, o regressado Runa, em excelente forma, também chegou a pedalar alguns minutos adiantado.
Então, dá-se a escapada, eficaz e de consolidação rápida. O pelotão não reagiu e passou apenas a (tentar) controlar. Mas o importante contacto visual durou pouco – dando a sensação que o fugitivo... ia de moto!
A partir desta altura, a GNP recolheu ao conforto do grande grupo e a Pina Bike assumiu definitivamente as despesas, à falta de colaboração da Ciclomix. Também nunca lhe foi solicitada, diga-se. Apenas o Hugo Silveira ajudou, a espaços. E entre os nossos, somente eu e o Manso «Cancellara» demonstrámos disponibilidade para assumir maior desgaste. Exclui-se o Freitas, que deveria ser poupado por ser o chefe-de-fila eleito para aposta em final ao sprint. No entanto, valeu-nos (e a todos... excepção feita aos GNP) nova entrada ao serviço do Capela, que a partir daí raramente deixou de marcar presença à frente do pelotão.
Começava uma longa e fatigante perseguição, agravada depois de Vendas Novas com a entrada em terreno mais acidentado, sob acção mais forte do vento que soprava lateralmente. Por isso, à medida em que os massacrantes topos se iam sucedendo, devido à presença constante nos primeiros postos do pelotão, o meu cansaço ia-se acumulando. Pior: sem compensação evidente – a aproximação visível ao fugitivo.
O trabalho continuou restrito praticamente a três – o Capela, o Cancellara e eu – até às proximidades de Montemor, altura em que no pelotão se sentiu chegar a hora das decisões: a subida da cidade (2 km a 4%). Nos derradeiros dois quilómetros, tanto eu como o Capela abandonámos, pela primeira vez desde há muitos, os postos da dianteira. E como senti a diferença, que conforto!
Mas seria de pouca dura. A entrada na subida foi rápida, com o Runa a tentar a sua sorte, mas a voltar a não ganhar muita distância. A cerca de 500 metros da rotunda que dá acesso à avenida central (onde culmina a parte mais inclinada) endureci mais o ritmo (já não tinha força para mudanças acentuadas de velocidade) até que o Freitas faz uma movimentação determinante, acelerando fortemente durante 100/200 metros, com isso seleccionando (definitivamente) o grupo. Muito bem jogado! Na frente, restavam, além dele, o Hugo (Ciclomix), Marco (GNP), André (GNP «mal disfarçado»), o Capela (por ele próprio, e bastou!) e eu (Pina Bike) – que sofri bem para não descolar...
Mas sofri mais ainda nos quilómetros seguintes a Montemor, onde o objectivo foi consolidar a vantagem, para não permitir reentradas. Durante esta fase, principalmente em contínuo falso plano ascendente, na roda do Hugo, tive a clara sensação que não iria aguentar-me no grupo. Naturalmente, o Marco e o André não trabalharam, principalmente este, visto terem um homem (ainda) em fuga.
No entanto, depois de cerca de 5 km de suplício, a chegada de encadeamento de topos permitiu-me... respirar! E após o primeiro mais longo (km 120) percebi que entre os meus companheiros de fuga as forças também as forças iam curtas para fazer a diferença. Bom sinal, para o nosso objectivo. Nessa altura, o João Rodrigues estava em nítida perda e seria alcançado, e ultrapassado, no final do topo mais comprido (km 125). Ao cabo de cerca de 65 km isolado, é obra!
Após a rápida descida, nas inclinações seguintes, uma réstia de energias fez-me sentir poder ajudar o Freitas, tentando deixar perceber eventuais debilidades dos restantes elementos. Mas eis que recebo sinal contrário! O meu companheiro mandou-me «parar» – ao invés do que eu pensava, não estava a passar bem.
De qualquer modo, em teoria, ainda levaria vantagem no sprint final – mesmo que o Hugo fosse, previsivelmente, (o seu mais) forte opositor. Mas o Freitas estava mesmo.... no limite. E quando eu conduzia o grupo até à recta final, o ciclista da Ciclomix adiantou-se sem grande dificuldade à entrada dos últimos 150 metros, abrindo cerca de 10 metros sem a reacção prevista do Freitas (ou de outros...), progredindo imparável para a meta – onde foi justamente primeiro a cruzá-la. O Maçã, como é carinhosamente apelidado pelos seus companheiros de equipa, teve um desempenho sereno, sem se desgastar à frente (a Ciclomix demitiu-se de perseguir o fugitivo e nós, Pina Bike, deveríamos tê-los chamado ao serviço, para o qual tinham igual responsabilidade), trabalhou bem após Montemor e arriscou no final... e teve êxito!
Para quem assistiu «de cadeira» (nomeadamente eu) à chegada foi indiscutível que, em condições normais, o Freitas, depois de protegido durante toda a etapa, seria favorito chegando em grupo seleccionado, conforme planeado – a estratégia custara, mas resultara! Nem sequer houve alteração brusca de velocidade no final – onde teria vantagem para aplicar a sua capacidade de explosão.
Todavia, foi traído pela fadiga – o que chega a ser surpreendente depois da excelente cartada que jogou em Montemor, e de seguir com aparente facilidade as movimentações no grupo da frente nos 30 quilómetros finais. Acontece as forças nos traírem mesmo quando menos se espera... E após o final da tirada eram evidentes as suas dificuldades físicas. Mas como se apraz dizer, «quem tudo dá, a mais não é obrigado!»

Próxima Clássica: Santa Cruz, no dia 19 de Abril.
No domingo: À Volta da Serra... de Montejunto

quinta-feira, março 26, 2009

Em contagem decrescente...

Na contagem decrescente para a Clássica de Évora, no próximo domingo, aqui fica o lançamento da prova com a resenha das duas últimas edições.
Do ponto de vista dos participantes, este ano há a referir – e a lamentar... - a ausência do ciclista que foi o primeiro a chegar nas últimas duas edições deste evento: o Jony. Em 2007, no seu primeiro ano completo de regresso às lides velocipédicas, surpreendeu ao sprint (mas só quem ainda não conhecia as suas capacidades) os seus dois companheiros de fuga: eu e o Freitas – naquela que foi a sua primeira demonstração cabal de força neste tipo de especialidade, o sprint, e passou a ter nova hierarquia no grupo. Recorde-se que, ainda em 2007, o Farinha esteve a um passo de integrar o trio da frente, mas acabou por claudicar, ingloriamente, no último topo. E perdendo um merecido prémio para o seu esforço.
Considerando o aumento do número e do nível dos participantes, a edição do ano passado da Clássica de Évora foi bastante táctica e, como consequência, a menos selectiva das últimas edições, mesmo estabelecendo média recorde: 33 km/h (a bater este ano!). Deste modo, não surpreendeu que, à chegada a Évora, o grupo principal fosse mais numeroso que noutros anos, contando com mais de 20 unidades, praticamente metade das que saíram de Loures.
Depois de dois anos, 2006 e 2007, em que a vantagem final se decidiu ao sprint, por lote muito restrito de ciclistas – não mais de três, o ano passado um ciclista chegou isolado, o Jony, que rubricava o seu segundo êxito na prova, com mérito acrescido devido ao nível superior do pelotão de 2008. Neste caso, acabou por recolher os louros da sua iniciativa certeira e de inegável categoria, beneficiando do jogo táctico que se estabeleceu entre as duas pseudo-formações do Pina Bike e do Ciclomix.
O ataque que desferiu no derradeiro topo selectivo do percurso, a 12 km da chegada, permitiu-lhe ganhar rapidamente algumas centenas de metros, perante a passividade do grupo principal, tardio a reagir, resistindo estoicamente à perseguição quando finalmente lhe foi movida pelos homens da Ciclomix – e só por eles. Sobre a meta, instalada em frente ao hipermercado Feira Nova, a sua vantagem foi tangencial sobre dois companheiros de equipa, Freitas e eu, que se adiantaram ligeiramente ao pelotão na aceleração final.
No próximo domingo, prevê-se que a concorrência seja ainda mais apertada, aumentando sobremaneira a competitividade da prova. Bons ou maus, serão efeitos inevitáveis do crescente sucesso de adesão da nossa Classíssima.

Por iniciativa do Edgar Felizardo, do grupo «do» Carlos, aqui fica o link com o trajecto completo da prova, no Google Earth:
http://maps.google.pt/maps?f=d&source=s_d&saddr=R.+do+Funchal&daddr=N115%2FR.+Alfredo+Dinis+to:Estrada+desconhecida+to:38.565579,-7.941957&geocode=FZ6gUAIdaCR0_w%3BFfbsUAIdr5N0_w%3BFZkjUQIdXpt1_w%3B&hl=pt-PT&mra=dme&mrcr=0&mrsp=3&sz=18&via=1,2&dirflg=h&sll=38.565067,-7.94274&sspn=0.002005,0.004603&ie=UTF8&t=h&ll=38.788345,-8.55423&spn=0.622991,1.455688&z=10

quarta-feira, março 25, 2009

Tudo a postos para Évora!


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Tudo a postos para a Clássica de Évora, do próximo domingo: a «Classíssima» da época. Depois do recorde de adesão o ano passado, com cerca de 40 participantes, premiados com impecável organização, a edição de 2009 está prestes a superar todas as expectativas, prevendo-se que reúna mais de 60 ciclistas.
Os preparativos estão em marcha e as inscrições na loja Pina Bike aumentam a cada dia. À semelhança de 2008, vai ser disponibilizado autocarro para transporte de regresso a Loures, logo após o almoço de convívio. Os interessados devem inscrever-se o quanto antes.
Para que se mantenha o crescente sucesso de anos transactos, e devido ao numerosa lista de participantes, deverão cumprir-se regras elementares de trânsito, como o respeito pela circulação mais próxima da berma possível, de preferência em formação a dois, para facilitar a ultrapassagem de outros veículos. Assim, fazendo contas a 60 ciclistas, a extensão da fila não excederá os 50/60 metros, ou seja, não será muito mais longa que nas saídas domingueiras mais concorridas.
Grande vantagem desta prova, em termos de segurança, é a (quase ou mesmo total) inexistência de cruzamentos durante o percurso. De qualquer modo, deve impor-se, sempre, a máxima precaução em rotundas ou noutros locais em que o convívio com os demais agentes rodoviários se afigure mais complicada.
É igualmente tradição deste evento, não haver paragens ou neutralizações obrigatórias previstas. Todavia, não querer dizer que não se pare, como, aliás, sucede quase sempre, em casos de força maior: furo, avaria ou para satisfazer necessidades fisiológicas – em que o pelotão pára em bloco, tal como volta a partir. Em todas as situações, pede-se, uma vez mais, para não se promoverem saídas antecipadas, à socapa, ou desrespeitar eventuais paragens colectivas.
A chegada será, como habitualmente, em frente ao hipermercado Feira Nova (km 137,5), a cerca de 2 quilómetros da entrada na cidade de Évora. Desta vez, para precaver alegações de desconhecimento do local exacto onde está instalada a dita «meta» (que o ano passado foram inteiramente justificadas por alguns elementos do Ciclomix, é bom que se reconheça!), anuncia-se, desde já, que será a SEGUNDA TRAVESSIA DE PEÕES (PASSADEIRA), já na parte final da fachada do parque de estacionamento do referido centro comercial, antes de um «refúgio» para paragens de emergência na berma da estrada. ATENÇÃO: existe uma primeira passadeira antes daquela, que neste caso funcionará como «placa» dos últimos 150 metros...
Para visualização do local, por exemplo, no Google Earth, as coordenadas precisas são as seguintes: 38º33'56.29'' N; 7º56'30.96'' W.
Mais claro é impossível!

A saída de Loures (bombas da BP) será às 8h00 em «ponto». ATENÇÃO: NESSE DIA HAVERÁ MUDANÇA DE HORA, ADIANTANDO-SE UMA HORA. ASSIM, À 1H00 DA MANHÃ DE DOMINGO, PASSARÃO A SER 2H00.

O percurso é praticamente plano, atravessando o baixo Ribatejo até ao alto Alentejo, talhado à medida de roladores fortes e possantes, e a distância longa não permite contemplações aos menos bem preparados. O perfil altimétrico é curioso: vai subindo gradualmente de Vila Franca a Évora, com alguns picos mais acentuados antes e depois de Montemor-o-Novo, nos últimos 30 km, tornando o final da tirada bem mais selectivo. Tanto mais que, nessa altura, o cansaço se vai acumulando. E depois, como diz a velha máxima ciclista, «as dificuldades também se ditam pelo andamento», além que tradicionalmente há que contar com um adversário adicional: o vento lateral após Vendas Novas.Amanhã, a projecção da prova...

terça-feira, março 24, 2009

Super-Trepadores: a crónica

A Super-Trepadores, realizada no sábado passado, cumpriu as melhores expectativas, uma jornada de grande ciclismo, exigente e dura, e também proveitoso treino para apuro de forma para o Verão «quente» que se aguarda. Depois das encostas íngremes e curtas do Roteiro dos Muros, mais suaves e mais extensas pendentes se impunham, num percurso com cerca de 120 km. Já se sabia que não iria ser fácil... mas a minha abordagem, de véspera, às primeiras cinco subidas, dissipou as poucas dúvidas que poderiam subsistir.
Às oito da manhã, um grupo bem composto saiu de Loures para enfrentar o desafio. O duo de Alverca, Mota e Capela, não faltou à chamada, depois de tomar o gosto na presença inesperada nos Muros. Os Ciclomix também, com representação reforçada: os dois Hugos (Garfield e Lopes Marsan?), o Filipe e o Salu; os Pina Bikes, Freitas, eu e o Filipe (que, pelos vistos, não se atemorizou com os meus conselhos e cumpriu o percurso na íntegra, com inseparável companhia: grande exemplo!). E a completar o grupo, o André.
As brandas inclinações da subida de A-dos-Melros, a partir de Alverca, a ligação em descida a Alhandra e o regresso a Alverca foram meros aquecimentos para o primeiro pitéu da tirada: o Cabeço da Rosa. Logo aos seus primeiros metros, bastante duros, o grupo partiu-se. O Capela, a grande revelação dos Muros, meteu passo forte e só foi com ele quem pôde... Entre estes, houve quem tivesse cometido o «pecado» do exagero, que acabou por pagar, ao longo da manhã, com a enorme acumulação de desnível. Firmes no topo do Cabeço, só o Capela, o Mota, o André, o Hugo Lopes, todos em ritmo abaixo dos 8 minutos, que significa ter sido excelente subida! A cerca de 50 metros, eu (em forçada gestão de esforço) e o Filipe (na minha roda, talvez já a transcender-se ligeiramente) e depois o Salu, que descaiu do primeiro grupo. Em ritmo muito mais moderado, os chegaram os restantes, entre eles o Freitas, em atitude bastante reservada, quiçá a pensar na glória futura em terras alentejanas.
A subida para o Forte de Alqueidão fez-se com adversário suplementar: o vento. Eu e o Capela repartimos as despesas, em toada que ele aumentou paulatinamente, acabando por atingir nível de selectividade depois dos ferros-velhos de Arranhó. Mas pouco antes do cruzamento de A-dos-Arcos, um furo forçou a paragem de alguns minutos.
Quarta subida: Feliteira. Desta vez, foi o André a assumir o comando. Surpresa! Só que fê-lo ao seu estilo: para fazer mossa! Por isso, tal como no Cabeço da Rosa impôs-se recomendável adequação do andamento à dureza do percurso. Foram praticamente os mesmos a corresponder ao ritmo da frente – mas só o Capela sem aparente dificuldade. Os demais, entre eles, o Filipe, tiveram de aliviar a carga no duro último quilómetro. De qualquer modo, como no Cabeço, foram poucas dezenas de metros a separarem os elementos da primeira metade do pelotão. Também os mesmos optaram pela moderação, e tardaram mais a chegar.
Quinta subida: Mata. A partir desta, o meu objectivo para este treino era chegar-me mais à frente. Por isso, à falta de voluntários, meti o meu ritmo à frente do grupo, mantendo-o até praticamente à última fase de descanso da subida, quando o Capela e o André aceleraram, ganhando cerca de 20/30 metros até ao alto. Aí, o Freitas marcou presença entre os mais destacados - pela primeira vez no dia. O Hugo Lopes Marsan continuou em excelente desempenho.
Nesta altura, como referi em comentário, neste blog, ao meu reconhecimento na véspera, a fadiga e a falta de gestão que a acentua começaram a causar as primeiras baixas. Entre estas, a do Filipe foi a que mais despontou. Mas a chegada a conta-gotas dos restantes eram mau augúrio para (muito!) que restava. Para mim, o tempo de subida, dentro do minuto 12, foi muito bom, tendo em conta as dificuldades da volta.
E a seguir, Ribas. A abordagem à subida foi bastante condicionada por mais um furo, para mais a cerca de 300 metros da sua picante entrada. Nova paragem, e mais prolongada que a primeira, quebrou o ritmo. No reatamento, voltei a meter o meu passo à frente, embora muito mais ponderado por ter sido a frio. Mantive-me sempre nessa posição até ao circuito de manutenção, quando o André acelerou, destacando-se alguns metros até ao alto. O Freitas voltou a pontificar, forçando também na rampa final. Eu, logo a seguir, e pouco depois o Capela, que fez toda a subida atrás – creio que entrando com atraso e sendo-lhe impossível recuperar... o suficiente. O Hugo Marsan idem. O tempo de subida foi fraco, mas sem ter em conta o que já tinha sido percorrido. E o que ainda faltava.
No Alto do Andrade, a «tal» acumulação de esforço fez a selecção definitiva. Definitiva mesmo! Ao ponto de os mais «tocados» se apresentarem «acabados», ou quase. O Filipe deu mesmo por concluída a sua prestação do dia e rumou a casa e a alguns outros elementos bastou entrarem em Montemuro para que seus andamentos fossem também... outros. O André esticou logo à saída de Lousa e partiu o elástico. Eu e o Capela seguimo-lo como pudemos, mas depois tirou tudo. E nós agradecemos. À falta de vontade do trio em pegar a condução, o Capela chegou-se à frente. Mas por pouco tempo. O André voltou a acelerar e desta vez ninguém lhe resistiu. De qualquer modo, não foi longe e no final da primeira fase da subida reentrámos. Então meti o passo até à derradeira rampa, onde vi os meus dois parceiros passarem directos, picando pela descida que nos leva rapidamente à subida da Asseiceira Pequena (Alto da Urzeira). Ligeiramente atrasado, só a meio da ascensão reentrei. O Capela mantinha-se à frente; o André na roda, obviamente a preparar a golpada final. Quando a deu, mais uma vez ninguém foi capaz de o acompanhar, embora, como sempre, por escassa margem: não mais de 20/30 metros. Lá no alto, só nós três, mas quando entrávamos na Venda do Pinheiro entrou o Hugo Marsan, que, assim, revelava não se ter atrasado muito.
Dos restantes, nem sinal... até desviar-me da rota de Loures, para a subida final, de Malha Pão, suprimida devido ao adiantado da hora: os cerca de 30 minutos perdidos com os furos colocavam-nos (ou pelo menos, colocava-me) fora do horário. E rumei ao Tojal (onde tinha o carro) com a companhia do André até Montachique. Creio que ninguém completou o percurso na íntegra, mas este bastou!...

Notas a reter:

O Capela confirmou as credenciais de trepador e foi o mais consistente. Ou seja, o que mais tempo imprimiu o ritmo em subida e mais vezes esteve entre o grupo que chegou à frente aos topos. Todas!

O André foi, sem dúvida, o mais rápido, sempre com uma estratégia muito de «corrida», resguardando-se nas transições e em grande parte das fases de subida, e aplicando as suas mudanças de velocidade para chegar ligeiramente destacado nas ascensões finais – quando o Capela começou a acusar desgaste natural.

O Hugo Lopes «Marsan» esteve muitíssimo bem: temos homem na montanha! Ele já tinha revelado que gosta deste tipo de subidas, não muito longas. E esteve em destaque quase em todas. Nunca passando à frente, mas demonstrando grande capacidade em seguir os mais rápidos.

O Filipe... esteve em dia mau! Muito mau, mesmo! E parecia prometer, quando decidiu seguir o meu andamento no Cabeço da Rosa, mostrando até entusiasmo. Mas terá pago o esforço precoce, não apenas dispendido nessa subida difícil, como também na Feliteira, em que tentou seguir as mudanças de ritmo do Capela e do André. Pagou a factura de tal modo que após ter passado por Ribas em claro sofrimento, abdicou das restantes subidas. Felipão, os treinos duros são mesmo para isso: para forçar e quiçá pagar facturas, mas também para tirar ilações importantes para não errar (devido a excessos de entusiasmo) nos grandes objectivos das clássicas espanholas.

O Freitas esteve em clara gestão de esforço. O terreno também não era o dele, mas já tinha objectivos mais ambiciosos em mente (Évora), e não pretendia correr o risco de os comprometer com intensidades demasiadas. Ainda assim forçou na Mata e em Ribas, onde se meteu entre os primeiros. Mas só...

Quanto a mim, tive boas sensações, mas ainda não tenho «pernas» para cavalgadas de exigência máxima. Para mais, estou condicionado pela acumulação de fadiga das últimas semanas. Mas foi um proveitoso treino de conjunto (com parceiros de nível), mais um específico de montanha, incluído num programa que seguirá, nos próximos tempos, com a passagem para subidas realmente... de montanha, tipo Montejunto. Em princípio, sábado dia 4, pretendo fazer saída longa, com 3 subidas a partir de Vila Verde dos Francos, com partida de Alenquer e descidas por Pragança com volta pelo Vilar. Obviamente, fica o convite geral.

Amanhã, neste blog, a apresentação da escaldante «Classíssima» de Évora, do próximo domingo. Já está a fervilhar!

sexta-feira, março 20, 2009

Para abrir o apetite para amanhã...


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O perfil acima refere-se à primeira parte da Super-Trepadores, de amanhã. Compreende o troço entre Alverca e Bucelas, com a passagem pelas cinco primeiras subidas: A-dos-Melros, Cabeço da Rosa, Forte de Alqueidão, Feliteira e Mata - a partir de onde, segundo me apercebi..., as perninhas vão começar a vacilar. E ainda falta, com cerca de 90 km, a terrível sequência Ribas-Montemuro-Asseiceira Pequena e Malha Pão.
Quanto a dificuldade da volta, nenhuma dúvida: não vai ser fácil

Recorde-se a hora da partida... sem atrasos: 8h00 das bombas da BP, Loures.

quarta-feira, março 18, 2009

Oeste: a crónica

A volta do passado domingo, do Oeste, foi uma das mais intensas da temporada, com fases de elevada competitividade que levaram a ser batidos alguns recordes de subidas duradouros. De qualquer modo, a tirada teve dois figurinos distintos: o primeiro, até Torres, onde o pelotão se manteve fraccionado devido a saídas espaçadas de Loures (no caso, o Freitas); o segundo, porque não se deu o encontro habitual na Venda do Pinheiro quando as voltas passam na «picante» Freixeira, e por último; devido à integração tardia do grupo do Paulo Pais, em plena descida de Vila Franca do Rosário.
Resultado: o grande pelotão só se reuniu completamente após a subida de Catefica, praticamente a meio do percurso, e não sem que os elementos que partiram de Loures se esforçassem (em especial eu e o Jony) para que a junção não fosse ainda mais tardia... De qualquer modo, a partir dessa altura, e com muito e bom caminho a percorrer, reuniam-se mais de uma vintena de elementos a caminho da disputa previsível dos pontos quentes da Picanceira e de Vila Franca do Rosário.
No entanto, houve mexidas antes, logo à entrada de S. Pedro da Cadeira, onde desconhecido com «jersey» de campeão do mundo se destacou, levando na roda o sempre irrequieto André. O duo rolou algum tempo com cerca de 100 metros de vantagem sobre o pelotão comandado pelo Freitas, e sempre controlado por este, que acabou com a aventura no final da subida da Encarnação.
Daqui, rapidamente se entrou na Picanceira, onde as picardias não se fizeram esperar. Acelerações madrugadoras causaram, desde logo, a selecção do pelotão. E na parte mais íngreme da subida, entre as casas, só restava uma elite muito restrita na frente. No meu caso, a opção voluntária por entrar cautelosamente na subida, protegendo-me de eventuais golpes rudes nos músculos massacrados nas últimas semanas, fez-me perder alguns metros à entrada, que acabei por recuperar mais facilmente graças ao auxílio do Freitas.
Uma vez integrado no grupo da dianteira, logo que o momento foi propício (à falta de quem assumisse a liderança) meti o meu passo, causando a triagem definitiva. Comigo restavam o Paulo Pais, o André e o Filipe, este em estóica resistência. O primeiro rendeu-me muito bem quando abrandei o ritmo para «respirar», passando pela frente em pedaleira grande durante cerca de 1 km, em andamento certo e sem nunca o deixar... cair. Impecável! Após esta demonstração de boa cooperação do Paulo (que está em boa forma!), voltei ao comando, levando o quarteto até ao início da descida.
Aí, apenas e só, o André assumiu a dianteira, oferecendo-ma logo que a estrada voltou a empinar, em direcção à nova rotunda da Barreiralva, onde chegámos em tempo recorde – menos 15 segundos que o anterior melhor registo.
Depois das agruras, rolou-se em falso plano ascendente até à Murgueira, onde chegámos com ligeira vantagem sobre o duo Freitas/Jony, em grande recuperação após a primeira fase da subida. O Carlos do Barro e João (o mais corpulento do grupo do Paulo Pais) também não demoraram a chegar, embora quando o fizeram não deram pela nossa presença, enquanto descomprimia-mos em redor das casas, levando a que seguissem directos pelo Gradil abaixo pensando que não tivessemos parado. Coincidência azarada que os levou mais cedo à Malveira, sem a retemperadora paragem no café do costume, na Murgueira.
De goela refrescada, partiu-se em direcção ao Gradil e daí para a subida de Vila Franca do Rosário, onde se esperavam mais achaques. Nesta fase, as minhas sensações eram muito melhores que na abordagem à Picanceira, e com a ajuda do vento impus desde cedo o ritmo na frente do que restava do pelotão (a saída da Murgueira voltou a ser... à desgarrada). Mas desta vez o André apresentou-se ao serviço, forçando o passo até ao gancho em que a estrada aumenta de inclinação. Com isso, fez imediata selecção!
Voltei à frente, e dentro da vila o Chico atacou, forte e bem, ganhando alguns metros com rapidez. Na minha roda ficou o André, o Paulo Pais e por mais alguns instantes o «outro» João (que andou muito bem em Santarém) e o Filipe - desta vez, a não resistir ao andamento. O ligeiro fugitivo foi alcançado à entrada para a rampa de Vale da Guarda. Então, pouco mais adiante, o André lança um golpe certeiro, acelerando de trás e mantendo muito bem a pedalada até (e após...) a passagem pelo topo.
No seu encalço, apenas eu e o Paulo Pais, que em tudo colaborámos para anular a desvantagem (cerca de 100 metros) até à Malveira, mas em vão. Aqui, o recorde da subida, que já datava de 2006, também foi batido: 15 segundos – e seguramente em mais de 30 pelo André!

Na rotunda, aguardámos alguns «bons» minutos que chegasse toda a gente. E o meu regresso a Alverca voltou, como nas semanas transactas, a ser algo penoso, com as pernas a acusarem os maus-tratos da volta... e a sua acumulação nos últimos tempos. Valeu-me a companhia, sempre fiel, do Pina e do Jony – claramente mais viçosos, em parte, também, por se terem escusado a entrar nas cavalgadas finais!

O objectivo ao longo desta semana tem sido recuperar para a Super-Trepadores do próximo sábado (apresentada com mais pormenor num dos últimos comentários), cuja a partida está prevista para as 8h00, em Loures.

sexta-feira, março 13, 2009

Super-Trepadores, no sábado, dia 21


* clicar na imagem para aumentá-la

Aí está o grande desafio-treino, a realizar no próximo dia 21 (sábado) – a Super-Trepadores.
Como o próprio nome sugere, trata-se de um percurso em sobe-e-desce constante, com muitas subidas clássicas da nossa região. Uma tirada com características diferentes do Roteiro dos Muros, do último fim-de-semana: as subidas não serão tão íngremes (como os muros...) mas mais longas e igualmente difíceis, principalmente pelo encadeamento e distância. No total são nove, perfazendo 43 km de ascensão em 125 km de prova, que, certamente, ultrapassarão largamente os 2000 metros de desnível acumulado.
Trata-se, assim, de um traçado inédito que nunca efectuei. Mas quase todas as passagens em subida são sobejamente conhecidas dos que «palmilham» esta região. De qualquer modo, subsistirá a incógnita sobre as suas verdadeiras dificuldades, embora sendo certo que serão, naturalmente, muito elevadas.
Prevê-se que mesmo cumprindo a melhor média (27 km/h), a duração da prova supere as 4h30, logo o horário de partida será antecipado para as 8h00, no local do costume: as bombas da BP, em Loures.
Até lá, todas e quaisquer informações ou dúvidas serão divulgadas durante a próxima semana neste blog.
Bons treinos

quinta-feira, março 12, 2009

Próximo domingo: Clássica do Oeste


Percurso:

Loures (posto BP):
Pinheiro de Loures: 1,8 km
Alto de Guerreiros: 6,0 km
Ponte de Lousa: 7,4 km
Lousa: 10,3 km
Venda Pinheiro: 14,2 km
Malveira (rot. em frent): 17,4 km
Malveira (rot. Esq. p/ Torres): 18,6 km
Vila Franca do Rosário: 23 km
Turcifal: 34,1 km
Catefica: 36 km
Torres (esq, p/ S. Cruz): 38 km
4ª rotunda à esq p/ S. Cruz: 39,7 km
Ponte do Rol: 47,2 km
S. Pedro da Cadeira: 51,7 km
Encarnação: 55,2 km
Picanceira: 62,7 km
Murgueira (esq. p/ Gradil): 67,6 km
Tapada de Mafra: 70,3 km
Gradil: 73,6 km
Vila Franca do Rosário: 77,6 km
Vale da Guarda: 79,4 km
Malveira: 82 km
Venda do Pinheiro: 86,5 km
Lousa: 90,5 km
Alto de Guerreiros: 94,8 km
Loures (posto BP): 100,8 km
AMANHÃ, APRESENTAÇÃO DA «SUPER-TREPADORES», DE DIA 21

quarta-feira, março 11, 2009

Gradil: a crónica possível

No domingo, no rescaldo do tortuoso Roteiro dos Muros, a (minha) frescura era mínima... ou inexistente. Mas a voltinha higiénica, que viria tão bem a calhar, nos tempos que correm não se poderia esperar.
No entanto, surpreendeu que tivesse sido um dos «massacrados» de sábado passado a meter andamento castigador, para mais logo de início: o Freitas! Saiu das bombas parecendo decidido, ligeiramente à frente dos demais (eu estava a chegar quando nos cruzámos...) e assim se manteve até já «dentro» da subida para o Forte de Alqueidão, enfrentando o vento de cara. Mesmo quando o grupo finalmente o integrou, não se coibiu de continuar o seu «trabalho», demonstrando, acima de tudo, que recuperara melhor do exigente esforço da véspera que qualquer outro que enfrentou os Muros.
De qualquer modo, o facto de ter deixado de «carregar» depois do Alqueidão, preferindo aguardar pelos últimos retardatários, acabou por indiciar que o dia não era para abusos... continuados. Decisão a que aderi, sem reservas... e mais: com oportuno interesse.
O compasso de espera, demorado, e o retorno ao caminho em toada muito ligeira invalidou, desde logo, todas as perspectivas de reagrupamento com o pelotão, que não se deteve no Sobral – desta vez sem «crime» a apontar!
Resultado: o Gradil (principal ponto quente desta volta), cá atrás, não teve história. Passou-se quase ao ritmo de treino leve até à Murgueira, e daí por Mafra em direcção à Abrunheira.
Aí, acabámos por, inesperadamente, reencontrar o grande grupo, na rotunda do topo, onde aguardava, com certeza, há longos minutos.
Pela primeira vez em formação compacta, arrancou-se em direcção a Igreja Nova e Alcainça, atalho forçado devido ao corte da estrada nacional Malveira-Mafra, por abatimento de terra.
Então, porque a tranquilidade já era demasiado duradoura, o parte-pernas entre Igreja Nova e Alcainça foi «atacado» desde o início, deixando-me imediatamente em desvantagem por ter entrado na cauda do muito alongado grupo. Acelerei a fundo (como as pernas podiam) e consegui atenuar os «prejuízos», embora tudo acabando em escaldante perseguição, quando o Freitas, o Rocha e Salvador aproveitaram ligeiro avanço à chegada ao cruzamento de Alcainça para se lançarem na tentativa de não serem alcançados, pelo menos, até à Malveira. Fiz mal, porque facilitei, quando os tinha em mira à chegada ao referido cruzamento, obrigando-me a continuar no seu encalço durante a descida.
Logo aí, o Salvador descolou do trio da frente e o Rocha não demorou muito mais a deixar o Freitas entregue a si próprio. Mas bem! Entretanto, cá atrás, eu era «abalroado» pela entrada de rompante do Manso e do Evaristo, os únicos do pelotão a sairem de Alcainça em condições de entrar na contenda. Fizeram mal, pois passaram directos, deixando-me a... patinar. Quando os apanhei, em subida, já estavam em perda e assim voltou a não haver condições para cooperarmos na perseguição. De resto, esta ficou definitivamente perdida, quando o Freitas se juntou a um pequeno grupo destacado, que incluia, entre outros, o Runa, contando com decisiva ajuda para o «levar» até ao objectivo da Malveira.
Quando aos perseguidores, apenas ressalvo a minha incapacidade, entrando em perda ainda antes da rampa do cemitério, situação que deixou o Evaristo (que seguia a minha roda) algo intrigado. Camarada, quando não há, não há! Culpem-se os Muros; e a meia-hora de anaeróbio acumulada (175-195 pulsações) e quase 1h20 entre 156 e 174 puls. Para mim, demasiado para grandes cavalgadas no dia seguinte... e no seguinte, e no seguinte, e seguinte. Não há milagres!
Para castigo e para acentuar a impressão que dava de empeno, a chegar a Loures partiu-se o selim numa das calhas, obrigando-me a ir todo «torto» até Alverca, exposto à chacota (contida) do Pina e do Salvador. Miséria, e pior: despesa!

Amanhã, o percurso da volta do próximo domingo: Oeste

E na sexta-feira, a apresentação da Super-Trepadores, de dia 21.

terça-feira, março 10, 2009

Roteiro do Muros: a crónica do martírio

O último fim-de-semana velocipédico foi bastante preenchido. Ou melhor, totalmente preenchido! Ficou marcado pela realização, no sábado, de uma volta inédita (em grupo) com elevado nível de exigência, denominada Roteiro dos Muros. A esta darei primazia nos comentários, já que, como referi, a saída domingueira foi fortemente condicionada pelos efeitos da epopeia da véspera... e não teve grande história.
O Roteiro dos Muros era desconhecido para a maioria dos participantes, à partida de Loures. Eu e o Carlos do Barro éramos excepções, ele que não quis deixar de marcar presença numa tirada que sempre disse apreciar, desde que, como eu, a cumpriu a solo, em meados de 2007!
Desta vez, formou-se um bando de aventureiros, que desafiou o desnível acumulado (quase 2000 metros em 95 km) e, principalmente, as passagens a percentagens elevadas em algumas das 14 subidas que figuram no cardápio. Foram sete conhecidos (a saber: além de mim, Freitas, Filipe, Hugo Garfield, Rocha, Carlos e André), a que se juntaram, de forma imprevista, mais dois anónimos – por sinal, meus conterrâneos, entrando na volta completamente...às cegas, mas agradáveis surpresas, pela qualidade e simpatia demonstradas.
Além dos duros obstáculos a vencer na jornada, juntou-se mais um: o vento forte, que aumentou bastante o índice de dificuldade. Esse «adversário» esteve sempre presente e reflectiu-se na média final, 24 km/h – quando eu, sozinho, tinha feito 25 km/h em 2007. O Roteiro do Muros é uma prova para se ir fazendo... com cautela e moderação. E quando o grupo abordou a primeira subida – o quilómetro a 9% da Serra da Alrota – notou-se, de imediato, que (quase) todos a encaravam com devido respeito. Disse quase, porque os dois alverquenses, na altura, estavam longe de saber o que os esperavam – mas, de qualquer maneira, fizeram questão de adequar sempre o seu passo ao ritmo dos companheiros de ocasião. Logo aí marcaram pontos!
Além desta entrada exigente, a primeira grande dificuldade chegou apenas aos 30 km: a dura rampa da Nossa Sra. da Ajuda. Aí, face ao vento forte, só se passa não poupando energias. E eis a primeira grande injecção de ácido láctico nos músculos. E também primeira situação em que foi prudente, cada ciclista, controlar bem o desempenho e as sensações. Muito havia ainda a percorrer...
Deste «muro» não se demora muito a saltar para outro, de onde não se sai incólume: S. Quintino, para a Seramena. Mais uma vez, com a oposição do vento - e depois de uma interrupção forçada, devido a furo do Hugo, que sem «boyaux» para substituir lamentavelmente teve de abdicar de continuar - a transposição desta subida, em particular, a sua fase mais inclinada, obrigou a castigar demasiado as pernas, deixando-lhes marcas que mais tarde iriam certamente... pesar – afinal, esse é o maior desafio desta tirada.
A toada de contenção (possível...) manteve-se em Casais de S. Quintino (para a pista de autocross), em Galegos e na Charneca; até que chegou.... a Choutaria! Nas suas passagens mais íngremes, os famigerados 200 metros a cerca de 20%, ficou muito sangue, suor... e talvez algumas lágrimas. Nunca sofrera tanto naquele local como desta vez – confesso que sou muito pouco visto por aquelas bandas –, e a partir daí, não só para mim, o Roteiro não foi mais o mesmo! Até porque se aproximavam as últimas subidas – e com elas perdiam-se as preocupações que impunham moderação. Também já era hora de começar a corresponder ao empertigamento do mais trepador dos «outsiders», que naquela altura já tinha esclarecido a todos sobre as suas reais capacidades, pelo menos.
Ultrapassado Montemuro, a lindíssima subida da Asseiceira Pequena foi a primeira a ser «atacada» desde o início, e mais uma vez o forasteiro demonstrou estar no seu terreno, causando indiscutíveis desgastes aos que o conseguiram seguir: eu, Freitas, André, sempre seguidos perto pelo segundo elemento «exterior» (Mota, é o seu sugestivo nome).
Contudo, se esta subida serviu para sentir quão amarga era a roda do Trepador, nas Salemas tornou-se verdadeiramente picante continuar a mordê-la! Procurei, de início, meter o meu ritmo à frente do grupo (entenda-se, o andamento mais confortável), mas quando, o dito, encontrou o seu próprio equilíbrio, não se coibiu de assumir o comando, elevando a marcha até ao alto. Mais uma vez, entrei alguns minutos no «vermelho».
E foi indiscutivelmente «tocados» que enfrentámos a última subida do dia, afinal o «happy ending» que todos já desejavam: Ribas, pelo Picadeiro de Vale de S. Gião. A primeira fase da ascensão foi tranquila, mas imediatamente selectiva com todo o cansaço já acumulado, mas no derradeiro quilómetro, para o Alto do Andrade, o ponteiro voltou a entrar no «red line», ainda e sempre por acção de quem se revelou mais à-vontade nos muros deste espectacular roteiro: o surpreendente trepador da minha terra.
Aos que participaram, pela superior abnegação e coragem revelada, rendo sincera homenagem. Principalmente aos homens do «Quebra», para os quais terá sido a primeira etapa de um exigente (e indispensável) programa que deverão cumprir até 21 de Junho – nos próximos 3 meses decisivos. O Freitas está bem, já se sabia; e o Filipe destacou-se bastante pela positiva – não só pelo desempenho em subida, mas também na abordagem às dificuldades do percurso. Boa leitura Felipão! Atenta que o facto de teres chegado com o Freitas nas Salemas e em Ribas (as duas subidas finais) não foi mais que resultado da tua eficiente gestão de esforço ao longo da prova. Daí, nesta altura em que a preparação para a rainha das clássicas espanholas entra numa fase determinante, deves retirar as proveitosas ilações, ou seja, que é esse o caminho correcto para um grande Quebraossos!

Foi uma manhã em cheio, um treino duro e produtivo, pelo que, desde já, fica marcado para próximo dia 21 (sábado) mais um desafio aliciante (mais uma daqueles etapas que ficam na memória... no corpo e no espírito), que sugestivamente designei de Super-Trepadores! Antecipo que é dura, muito dura, mas com características diferentes do Roteiro dos Muros.
Nos próximos dias, apresentarei o percurso, mas o convite fica desde já endereçado. A todos!

Brevemente, também o comentário (curto...) à volta de domingo, do Gradil. E o lançamento da do próximo fim-de-semana: Oeste.

sexta-feira, março 06, 2009

Domingo: Gradil





Nota: atenção, no gráfico da altimetria, o último «pico» não faz parte do percurso previsto - é a subida de Montachique, que eu fiz o ano passado, quando me separei do grupo na Venda do Pinheiro. É sempre uma sugestão para aumentar a quilometragem e a... dificuldade! Aliás, nem o 3º «pico» da volta (cerca do km 90 no gráfico), que foi uma ida Gradil abaixo ao encontro da malta que subiu mais devagar.

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quarta-feira, março 04, 2009

Roteiro dos Muros no sábado


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Como tenho vindo a anunciar, no próximo sábado tenho prevista uma saída, de treino, que é, acima de tudo, um desafio bastante interessante. Fi-la apenas uma vez sozinho, em Maio de 2007, e foi uma óptima experiência, consistindo num produtivo treino de subida (curtas, duras e encadeadas, em 100 km) e um repto à persistência psicológica.
Asseguro que a ideia que se pode fazer da volta antes de a iniciar é diferente do que efectivamente... será: tanto a meio, em que a sensações vão ser díspares, ora boas, ora más, como quando se aproximar o final, em que virá ao de cima a resistência anímica. Uma vez concluída a tirada, a sensação será muitíssimo positiva, de satisfação pela superação.

Percurso:
Loures
Tojal
Bucelas
Bemposta
Serra da Alrota (1,1 km a 9,4%)
Bucelas
Alto de Bucelas (antenas) (1 km a 6,2%)
S. Tiago dos Velhos (1 km a 6,4%)
N. Sra. Ajuda (0,9 km a 9%)
Louriceira de Cima (1,2 km a 3,6 km)
Pontes de Monfalim
Santo Quintino (1,4 km a 9,2 km)
Seramena
Casais de S. Quintino (1 km a 7,8%)
Sapataria
Galegos (0,8 km a 7,7%)Milharado
Póvoa da Galega
Charneca (0,6 km a 7,5% e 0,4 km a 8,7%)
Venda do Pinheiro
Lousa
Ponte de Lousa
Bocal
Choutaria (1,5 km a 8,5%)
Montemuro (1,5 km a 2,8%)
Rogel
Alto da Urzeira (1,4 km a 6,7%)
Venda do Pinheiro
Lousa
Salemas (1,4 km a 8,5%)
Alto do Andrade
Montachique
Vale de S. Gião
Ribas, Alto do Andrade (do Picadeiro) (2,5 km a 4,3%; último km a 9%)

Encontro: Loures (BP)
Hora partida: 8h30

terça-feira, março 03, 2009

Santarém 2009: a crónica

Santarém, a primeira grande clássica da temporada 2009, superou fortemente as expectativas, demonstrando, desde já, inesperada adesão, de dentro e de fora do grupo Pina Bike, a esta nova série de voltas domingueiras com características especiais, mais exigentes, que nos propusemos a cumprir ao longo deste ano.
Foi um pelotão muito bem composto – com mais de três dezenas de ciclistas – que se fez à estrada, partindo de Loures a caminho da capital escalabitana, por percurso de 155 km quase sempre plano e com as (poucas) dificuldades reservadas para a segunda metade. Pelotão bem composto, não apenas pelo número de unidades, mas também pelo nível qualitativo, integrando estreante conjunto de «outsiders» proveniente de Pêro Pinheiro e outros mais assíduos este ano, defendendo as cores de Negrais, que vieram a revelar categoria apreciável, contribuindo com competitividade e sã camaradagem para o sucesso do evento. Uma agradável surpresa, que deixa antever novas oportunidades de encontro.
O andamento nos primeiros quilómetros foi ligeiramente superior a 30 km/h, sempre em pelotão compacto, cumprindo-se a ligação a Vila Franca de Xira sem sobressaltos. A passagem pelo empedrado também não trouxe mexidas, tal como a travessia da ponte Marechal Carmona e todo o longo trajecto que nos levou a Santarém, por Porto Alto, Samora, Benavente, Muge, Benfica do Ribatejo e Almeirim. Moderação e andamento certo, apesar de, gradualmente, ter aumentado (Benavente-Muge: 35 km/h; Muge-Almeirim: 37 km/h) com a aproximação à primeira dificuldade de relevo do dia: a subida das Portas do Sol (1,5 km a 4,7%).
Na primeira metade da ascensão meti o ritmo, fazendo alongar o pelotão e criando na frente a selecção dos mais fortes. No entanto, foi o Paulo Pais a «mexer» com o alinhamento, acelerando em acção que obrigou os «galos» a cerrar fileiras. O primeiro grande esforço da tirada permitiu, acima de tudo, retirar azimute à capacidade de uns e outros. Conclusão: muitos demonstraram tê-la! Mais do que (eu) esperaria.
Após a neutralização em Santarém, para reagrupamento – perdão, para alguns aproveitarem para (des)reagrupar, antecipando a saída... –, partiu-se para a derradeira fase da jornada, que se previa (e confirmou) ser a mais exigente e rijamente disputada.
Um furo antes de Vale de Santarém refreou o ímpeto, obrigando a um compasso de espera. Mas só durante alguns minutos, ainda a tempo de se atacar a fundo a curta subida que atravessa a localidade. Tomei a iniciativa mais uma vez e o pelotão voltou a estirar-se, embora longe de acusar desgaste, pois, na aproximação ao topo, sucederam-se os golpes e contra-golpes, sempre com resposta eficaz do grosso da coluna.
Por estas alturas, o Jony e o Freitas mostravam-se bastante activos, partilhando uma ou outra situação que colocou a cabeça do grupo em estado de alerta. A movimentação mais vistosa e consistente, fez o Jony na rampa à saída do Cartaxo, tendo, pela primeira vez, deixado, sem capacidade de resposta imediata, todos os restantes. Todavia, não teria seguimento e o figurino manteve-se como até aí: pelotão compacto, algo desgarrado e sem ritmo certo e duradouro. Creio que excesso de ansiedade e alguma desconfiança por desconhecimento no seio do pelotão principal teve influência no normal decurso da tirada, não se justificando tantos temores quando ainda faltavam tantos quilómetros.
Entre esticões e picardias, lamentou-se uma queda aparatosa, felizmente sem consequências graves para o acidentado, embora impedindo-o de continuar em acção, subindo ao carro de apoio. Entre Santarém e o Cartaxo rolou-se à média de 35 km/h – apenas razoável, mesmo considerando o constante sobe-e-desde do terreno e os constantes repelões do andamento. Do Cartaxo a Azambuja, fez-se 36 km/h.
Pouco antes de Vila Nova da Rainha deu-se o ataque que, considero, ter marcado um ponto de viragem na tirada. Mais do que poderá ter parecido. Deu-se, quando o Paulo Pais (após perguntar-me sobre o percurso que faltava...) desferiu um bom golpe que lhe permitiu isolar-se, levando o Freitas na sua roda, a responder prontamente. Estaria o autor da façanha com pretensões que a iniciativa durasse até final? Os dois ganharam metros com rapidez e obrigaram, pela primeira vez, as hostes no pelotão a agruparem-se na perseguição – a mais empenhada e a exigir cooperação até àquele momento.
Só por isso os fugitivos nunca tiveram mais de 200/300 metros de vantagem, sempre controlados, mas exigiram aos homens de Pêro Pinheiro e de Negrais que assumissem as operações, exibindo a sua organização.
O final da aventura do duo chegou à passagem pelo Campera, no Carregado. E foi seguido por novo ataque, agora do André e do Hugo (o baixo), de Negrais, que beneficiaram da desorganização gerada pela barafunda do trânsito e pelo cruzamento com a EN10, dentro do Carregado. Mais: ainda se deu a coincidência de por aí passar o tradicional grupo de jovens triatletas, no qual os dois fugitivos apanharam uma conveniente boleia.
Por esses motivos, cá atrás gerou-se algum nervosismo – desproporcionado para a situação, creio. Mas o Freitas e o Jony não estavam pelos ajustes, tomaram as rédeas e muito antes de Castanheira já tinham fundido (eu disse, fundido...) os dois pelotões. Entre Azambuja e Vila Franca: 35,5 km/h.
Na segunda passagem pelo «pavé» nada sucedeu, mas a chuva que começou a cair à saída da cidade dos «touros e toureiros» não arrefeceu os ímpetos. Pelo contrário, lançou definitivamente a tirada para a fase decisiva, e logo com a movimentação determinante que permitiu isolar o Paulo Pais, o Jony, o Filipe de Negrais e o Ruben. O quarteto ganhou paulatinamente vantagem sobre o já bastante reduzido pelotão, que às tantas pareceu resignado.
Face ao prolongamento deste cenário, chego-me à cabeça do grupo (onde já não estava há longos quilómetros – talvez desde o Cartaxo... protegido de uma toada que me desgasta bastante, principalmente em terreno plano: os esticões) e ouço reprimenda do Freitas pela minha falta de comparência em altura tão decisiva. Dizia-me, que perdera oportunidade única de entrar na fuga....que poderia ser certa! Num primeiro instante tratei de desdramatizar, respondendo-lhe, com convicção, que os fugitivos não iriam longe...
Mas os quilómetros que se seguiram demonstraram que quem estava certo era... ele! De tal modo, que, depois de Alverca vi-me na contingência de ter de assumir a perseguição, sabendo que estaria a expor-me a esforço que certamente pagaria. Até à rotunda de Sta. Iria, ao início da subida dos Caniços, o meu voluntarismo só tinha possibilitado manter a distância (que rondava os 30 segundos) para o quarteto (que ali perdia um elemento: o Ruben).
De qualquer modo, na abordagem à subida já tinha interiorizado que não haveria volta a dar: devia jogar tudo por tudo, tentando anular (ou condenar...) a fuga já naquele troço, correndo o risco (muito provável) de hipotecar possibilidades de disputar a parte final; ou apostar que o meu andamento pudesse também causar desgaste aos demais elementos do grupo. Resultado: aconteceu a primeira hipótese, mas, felizmente, não as consequências físicas tão nefastas que temia.
O Paulo Pais e o Felipe foram absorvidos no final da subida, e o Jony, que se tinha adiantado, foi «apanhado» algumas centenas de metros mais adiante, agora sob perseguição partilhada entre o «chefe-de-fila» de Pêro Pinheiro (bom atleta) e o Hugo (alto) de Negrais (idem) – que assim revelavam as suas ambições.
Novamente em pelotão (já não restavam mais de 10 elementos) compacto, ainda houve alguns ataques ténues, prontamente neutralizados. Até que, na abordagem ao topo do viaduto do nó da CREL (Variante junto ao Tojal) aproveitei a desaceleração do grupo e forcei o andamento pela esquerda, saindo em progressão mas sem sinais de resposta. Passando o «caroço», piquei para a descida que leva ao segundo topo e a nova descida para a Rotunda das Oliveiras (Tojal), ainda apercebendo-me de não haver iniciativa de perseguição.
Todavia, sabia que passar São Roque isolado ainda não garantia chegar isolado a Loures, mas quando me fiz, com réstia de forças, à subida para a rotunda do Infantado, soube que não iria ser apanhado.
Antes de chegar ao final, ainda «cumprimentei» alguns dos resistentes que se tinham despachado mais cedo em Santarém. O grupo chegou logo a seguir, em sprint desenfreado, com o Freitas à cabeça. Quiçá a antever o desfecho da próxima superclássica, a rainha da planície – Évora, no próximo dia 29.
Média final: 34 km/h

No próximo fim-de-semana, no sábado reitero o convite para uma saída bastante interessante, dura, como o próprio nome indica: Roteiro dos Muros.
O grupo do «Quebra-2009» já confirmou presença, que se justifica, para criar rotinas de subida... e sofrimento!
Local de encontro: BP de Loures
Hora: 8h30

No domingo, a volta de grupo é para o Gradil.

Informações detalhadas sobre estas tiradas, a partir de amanhã.

Santarém 2009: a crónica

Santarém, a primeira grande clássica da temporada 2009, superou fortemente as expectativas, demonstrando, desde já, inesperada adesão, de dentro e de fora do grupo Pina Bike, a esta nova série de voltas domingueiras com características especiais, mais exigentes, que nos propusemos a cumprir ao longo deste ano.
Foi um pelotão muito bem composto – com mais de três dezenas de ciclistas – que se fez à estrada, partindo de Loures a caminho da capital escalabitana, por percurso de 155 km quase sempre plano e com as (poucas) dificuldades reservadas para a segunda metade. Pelotão bem composto, não apenas pelo número de unidades, mas também pelo nível qualitativo, integrando estreante conjunto de «outsiders» proveniente de Pêro Pinheiro e outros mais assíduos este ano, defendendo as cores de Negrais, que vieram a revelar categoria apreciável, contribuindo com competitividade e sã camaradagem para o sucesso do evento. Uma agradável surpresa, que deixa antever novas oportunidades de encontro.
O andamento nos primeiros quilómetros foi ligeiramente superior a 30 km/h, sempre em pelotão compacto, cumprindo-se a ligação a Vila Franca de Xira sem sobressaltos. A passagem pelo empedrado também não trouxe mexidas, tal como a travessia da ponte Marechal Carmona e todo o longo trajecto que nos levou a Santarém, por Porto Alto, Samora, Benavente, Muge, Benfica do Ribatejo e Almeirim. Moderação e andamento certo, apesar de, gradualmente, ter aumentado (Benavente-Muge: 35 km/h; Muge-Almeirim: 37 km/h) com a aproximação à primeira dificuldade de relevo do dia: a subida das Portas do Sol (1,5 km a 4,7%).
Na primeira metade da ascensão meti o ritmo, fazendo alongar o pelotão e criando na frente a selecção dos mais fortes. No entanto, foi o Paulo Pais a «mexer» com o alinhamento, acelerando em acção que obrigou os «galos» a cerrar fileiras. O primeiro grande esforço da tirada permitiu, acima de tudo, retirar azimute à capacidade de uns e outros. Conclusão: muitos demonstraram tê-la! Mais do que (eu) esperaria.
Após a neutralização em Santarém, para reagrupamento – perdão, para alguns aproveitarem para (des)reagrupar, antecipando a saída... –, partiu-se para a derradeira fase da jornada, que se previa (e confirmou) ser a mais exigente e rijamente disputada.
Um furo antes de Vale de Santarém refreou o ímpeto, obrigando a um compasso de espera. Mas só durante alguns minutos, ainda a tempo de se atacar a fundo a curta subida que atravessa a localidade. Tomei a iniciativa mais uma vez e o pelotão voltou a estirar-se, embora longe de acusar desgaste, pois, na aproximação ao topo, sucederam-se os golpes e contra-golpes, sempre com resposta eficaz do grosso da coluna.
Por estas alturas, o Jony e o Freitas mostravam-se bastante activos, partilhando uma ou outra situação que colocou a cabeça do grupo em estado de alerta. A movimentação mais vistosa e consistente, fez o Jony na rampa à saída do Cartaxo, tendo, pela primeira vez, deixado, sem capacidade de resposta imediata, todos os restantes. Todavia, não teria seguimento e o figurino manteve-se como até aí: pelotão compacto, algo desgarrado e sem ritmo certo e duradouro. Creio que excesso de ansiedade e alguma desconfiança por desconhecimento no seio do pelotão principal teve influência no normal decurso da tirada, não se justificando tantos temores quando ainda faltavam tantos quilómetros.
Entre esticões e picardias, lamentou-se uma queda aparatosa, felizmente sem consequências graves para o acidentado, embora impedindo-o de continuar em acção, subindo ao carro de apoio. Entre Santarém e o Cartaxo rolou-se à média de 35 km/h – apenas razoável, mesmo considerando o constante sobe-e-desde do terreno e os constantes repelões do andamento. Do Cartaxo a Azambuja, fez-se 36 km/h.
Pouco antes de Vila Nova da Rainha deu-se o ataque que, considero, ter marcado um ponto de viragem na tirada. Mais do que poderá ter parecido. Deu-se, quando o Paulo Pais (após perguntar-me sobre o percurso que faltava...) desferiu um bom golpe que lhe permitiu isolar-se, levando o Freitas na sua roda, a responder prontamente. Estaria o autor da façanha com pretensões que a iniciativa durasse até final? Os dois ganharam metros com rapidez e obrigaram, pela primeira vez, as hostes no pelotão a agruparem-se na perseguição – a mais empenhada e a exigir cooperação até àquele momento.
Só por isso os fugitivos nunca tiveram mais de 200/300 metros de vantagem, sempre controlados, mas exigiram aos homens de Pêro Pinheiro e de Negrais que assumissem as operações, exibindo a sua organização.
O final da aventura do duo chegou à passagem pelo Campera, no Carregado. E foi seguido por novo ataque, agora do André e do Hugo (o baixo), de Negrais, que beneficiaram da desorganização gerada pela barafunda do trânsito e pelo cruzamento com a EN10, dentro do Carregado. Mais: ainda se deu a coincidência de por aí passar o tradicional grupo de jovens triatletas, no qual os dois fugitivos apanharam uma conveniente boleia.
Por esses motivos, cá atrás gerou-se algum nervosismo – desproporcionado para a situação, creio. Mas o Freitas e o Jony não estavam pelos ajustes, tomaram as rédeas e muito antes de Castanheira já tinham fundido (eu disse, fundido...) os dois pelotões. Entre Azambuja e Vila Franca: 35,5 km/h.
Na segunda passagem pelo «pavé» nada sucedeu, mas a chuva que começou a cair à saída da cidade dos «touros e toureiros» não arrefeceu os ímpetos. Pelo contrário, lançou definitivamente a tirada para a fase decisiva, e logo com a movimentação determinante que permitiu isolar o Paulo Pais, o Jony, o Filipe de Negrais e o Ruben. O quarteto ganhou paulatinamente vantagem sobre o já bastante reduzido pelotão, que às tantas pareceu resignado.
Face ao prolongamento deste cenário, chego-me à cabeça do grupo (onde já não estava há longos quilómetros – talvez desde o Cartaxo... protegido de uma toada que me desgasta bastante, principalmente em terreno plano: os esticões) e ouço reprimenda do Freitas pela minha falta de comparência em altura tão decisiva. Dizia-me, que perdera oportunidade única de entrar na fuga....que poderia ser certa! Num primeiro instante tratei de desdramatizar, respondendo-lhe, com convicção, que os fugitivos não iriam longe...
Mas os quilómetros que se seguiram demonstraram que quem estava certo era... ele! De tal modo, que, depois de Alverca vi-me na contingência de ter de assumir a perseguição, sabendo que estaria a expor-me a esforço que certamente pagaria. Até à rotunda de Sta. Iria, ao início da subida dos Caniços, o meu voluntarismo só tinha possibilitado manter a distância (que rondava os 30 segundos) para o quarteto (que ali perdia um elemento: o Ruben).
De qualquer modo, na abordagem à subida já tinha interiorizado que não haveria volta a dar: devia jogar tudo por tudo, tentando anular (ou condenar...) a fuga já naquele troço, correndo o risco (muito provável) de hipotecar possibilidades de disputar a parte final; ou apostar que o meu andamento pudesse também causar desgaste aos demais elementos do grupo. Resultado: aconteceu a primeira hipótese, mas, felizmente, não as consequências físicas tão nefastas que temia.
O Paulo Pais e o Felipe foram absorvidos no final da subida, e o Jony, que se tinha adiantado, foi «apanhado» algumas centenas de metros mais adiante, agora sob perseguição partilhada entre o «chefe-de-fila» de Pêro Pinheiro (bom atleta) e o Hugo (alto) de Negrais (idem) – que assim revelavam as suas ambições.
Novamente em pelotão (já não restavam mais de 10 elementos) compacto, ainda houve alguns ataques ténues, prontamente neutralizados. Até que, na abordagem ao topo do viaduto do nó da CREL (Variante junto ao Tojal) aproveitei a desaceleração do grupo e forcei o andamento pela esquerda, saindo em progressão mas sem sinais de resposta. Passando o «caroço», piquei para a descida que leva ao segundo topo e a nova descida para a Rotunda das Oliveiras (Tojal), ainda apercebendo-me de não haver iniciativa de perseguição.
Todavia, sabia que passar São Roque isolado ainda não garantia chegar isolado a Loures, mas quando me fiz, com réstia de forças, à subida para a rotunda do Infantado, soube que não iria ser apanhado.
Antes de chegar ao final, ainda «cumprimentei» alguns dos resistentes que se tinham despachado mais cedo em Santarém. O grupo chegou logo a seguir, em sprint desenfreado, com o Freitas à cabeça. Quiçá a antever o desfecho da próxima superclássica, a rainha da planície – Évora, no próximo dia 29.
Média final: 34 km/h

No próximo fim-de-semana, no sábado reitero o convite para uma saída bastante interessante, dura, como o próprio nome indica: Roteiro dos Muros.
O grupo do «Quebra-2009» já confirmou presença, que se justifica, para criar rotinas de subida... e sofrimento!
Local de encontro: BP de Loures
Hora: 8h30

No domingo, a volta de grupo é para o Gradil.

Informações detalhadas sobre estas tiradas, a partir de amanhã.