quarta-feira, março 31, 2010

Ota-Fátima-Ota: desafio para sexta-feira... santa!


Na próxima sexta-feira, feriado, realiza-se mais uma edição do Ota-Fátima-Ota, organizada pela RBikes, da Ota, na distância de 168 km.Experiência altamente recomendável, pela grande adesão e bom nível de participantes, e competente organização, liderada pelo Miguel, da Ota.
Não se pense que é uma romaria a Fátima, mas uma prova exigente, sem fins competitivos, em terreno difícil (quase 2000 metros de desnível acumulado) e andamento respeitável - no ano passado, a média foi superior a 32 km/h; em 2008 superou 33 km/h.
Nas últimas edições, os ciclistas da casa (RBikes) lideraram o pelotão durante a primeira fase do percurso, assumindo as despesas em prol do melhor desenrolar da tirada. Fazem-no em andamento selectivo para muitos participantes, com o mero objectivo de evitar aglomeração de ciclistas na estrada, e partilham essa condução com quem queira contribuir, sem esticões. Em 2008, chegou-se a Rio Maior com 35 km/h de média!
No entanto, ainda na primeira parte do trajecto, a partir de Minde, com a chegada das subidas mais duras (principalmente Covão do Coelho) é óbvio que não se pode esperar a mesma capacidade de controlo aos «trabalhadores» da RBikes. E no regresso ainda menos, já que a distância e o relevo do tipo parte-pernas não perdoam, destacando os que estiverem mais fortes, e que não se coibirão de acelerar o andamento.
Principais pontos de passagem do percurso (que tem o regresso igual): Ota-Abrigada (estrada nacional)-Espinheira-Alcoentre (rotunda)-Rio Maior-Alcanede-Alcanena (por fora)-Minde-Covão do Coelho-Boleiros-Fátima

segunda-feira, março 29, 2010

Crónica da Lagoa Azul

Volta dura, grau de dificuldade elevado, como é tradição na Lagoa Azul (Sintra). Para mais, quando se junta um grupo restrito de «venenosos» ciclistas, como caracterizou o Jony, um dos azarados da jornada.
Questão prévia: o que foi feito do numeroso pelotão que tem marcado presença esta temporada? Ontem, nem sinal. Parece-me que tresmalhou, no rescaldo da Clássica de Évora, quiçá na expectativa de uma refrega das altas velocidades na planície transposta para as vertentes da Serra de Sintra.
Por essa falta de comparência, foi um mini-pelotão que saiu de Loures. Pequeno, mas respeitável. De tal modo, que houve quem prognosticasse, à partida, a não necessidade de neutralizações. À saída das bombas, uma brigada de alverquenses que me incluía (sem beliscar a defesa das cores da Pina Bike), e também ao Capela, Jorge e Carlos Cunha. Daquelas bandas, também o Jony e o Duarte, ao que se juntaram, provenientes de outras paragens, o Freitas, o Rui Torpes e o Filipe Arraiolos. Para completar o triunvirato, o André juntou-se em Guerreiros e celebrou-se a visita do Pedro Aleixo, Master do CC Évora e velho companheiro de clássicas internacionais.
Por isso, não estranhou que o andamento fosse a condizer logo desde as primeiras pendentes de Guerreiros, aquecendo motores para o desnivelado circuito sintrense que se deparava. Em seguida, a subida do Bocal para Sta. Eulália serviu para testar a resistência das mecânicas a regimes mais elevados. A intensidade subiu de patamar, nada de selectivo, mas ao contrário do se esperava o grupo não mostrou a homogeneidade que se previa. O Filipe rapidamente revelou fraquezas devido ao esforço dispendido em treino na véspera, em Montejunto, e fez questão de «libertar» os restantes a partir de Sta. Eulália. Continuaria em solitário, a um ritmo que pudesse controlar. Mas não foi o único. O Torpes parecia ressentir-se de um problema físico num joelho, mas, felizmente, foi apenas algum receio inicial, que não afectou o seu desempenho na tirada.
Durante este impasse criado em torno destes acontecimentos, o Freitas adiantou-se. Mas cá atrás não se perdeu tempo a (re)acelerar. E a fundo, depois de Negrais, com diversos esticões que me surpreenderam mas tiveram o condão de abrir o «caixote», o grupo voltou a reunir-se. Rolava-se a alta velocidade, de forma inconstante e sem permitir distracções.
Todavia, à chegada a Pêro Pinheiro surgiu mais um percalço: o Jony «cai» num buraco e parte um raio. Por isso, vê-se forçado a abdicar – com pena própria, pois afirmava boas sensações. Como parei para me certificar do incidente, quando retomei, do pelotão nem sombras. Parti no seu encalço, com a esperança de que... desse pela nossa falta.
Não foi preciso. À saída de Pêro Pinheiro, terceiro contratempo: furo do Jorge. O grupo parou. O Freitas (não se deve ter apercebido e...) seguiu. Com mais de 10 minutos perdido na substituição da câmara-de-ar, dificilmente o veríamos tão cedo. A não ser que a demorada solidão lhe causasse estranheza e decidisse regressar à formação. Não foi o caso.
O grupo, cada vez mais restrito, retomava a marcha e não demorou a aproximar-se de mais uma dificuldade do percurso: a subida do Lourel para Sintra e S. Pedro Sintra. Meti o passo desde a base, e à passagem pelo quartel de bombeiros o Pedro Aleixo rendeu-me, ainda sem alterações significativas de ritmo.
Em Sintra, depois de se atravessar cuidadosamente a via pedonal, o André pegou no andamento e tornou-o vivo até ao alto. Fê-lo progressivamente até ao limite, já muito perto do final. Ao seu estilo. Os restantes resistiram. De tal modo que não houve necessidade de neutralização, «picando-se» de imediato para a Lagoa Azul.
Aqui, a coisa piou mais fininho. O André entrou a fundo e apenas teve a reacção imediata do Aleixo. Os dois partiram definitivamente. Eu «agarrava-me» às pernas, ainda sem recuperarem de Évora. Foi só a confirmação dos sintomas dos últimos dias. Por isso, tive de meter o passo de gestão, deixando a matilha passar. O Jorge a abrir caminho ao Capela, depois o Torpes a reagir, seguido do Cunha. Apenas o Duarte se manteve na minha roda.
De qualquer modo, com o decorrer da subida fui entrando no ritmo (mediano...) e até ao alto cheguei ao Cunha e ao Jorge e praticamente à roda do Torpes e do Capela. A provar as minhas dificuldades, o tempo de subida foi 45 s mais lento que o que realizei em Setembro de 2009, nesta mesma volta – o meu melhor (6m35s).
Os dois franzinos trepadores (André e Aleixo) mantiveram-se juntos e em ganho e só na descida para a Malveira, aliviaram. O Aleixo mais que o André. Por isso, a junção geral só se deu no início da subida para o Cabo da Roca.
Aqui, o andamento não abrandou. Subiu-se à média de 24 km/h com o grupo compacto, apesar de algumas picardias. Creio que estas (picardias), que aconteceram amiúde, foram o único aspecto negativo da volta, em vez de se promover a colaboração. Seria uma boa oportunidade considerando o equilíbrio de forças: e assim aumentava-se a velocidade média e atenuavam-se mais os desgastes.
Na longa descida para Colares, passei para a frente e depois no falso plano ascendente até Galamares continuei a fazer as despesas, com os restantes na retaguarda. O Cunha assumiu a cerca de 1 km do início da subida para Sintra, antes de deixar o serviço ao André. Mais uma vez ele...
Nova abordagem como gosta: começar «piano» e terminar «no grito». E sem abdicar da dianteira. Desta vez, o grupo não resistiu coeso. Até cerca de 500 metros do alto, só eu, o Torpes e o Aleixo. O Capela entretanto descaiu ligeiramente e agarrou a minha roda quando, também eu, não suportei o desconforto muscular e abri para o trio. No topo, chegámos com cerca de 50 metros de atraso. Os restantes não demoraram muito mais – mas sem evitar a neutralização.
O meu caso, foi melhor desempenho comparativamente ao da Lagoa Azul. O tempo de subida apenas 11 segundos mais lento (7m19s, a 25,6 km/h) que o meu melhor tempo – efectuando igualmente na já referida data.
No trajecto de regresso a Loures, de costas virada à serra, notas de destaque para o confirmado ascendente de forma do Jorge – que tão bem trabalhou para o Capela, faltando, na minha opinião, melhor correspondência. Mas a concorrência era muito séria...
À chegada a Negrais/Sta. Eulália, ainda o André a impor o ritmo, tal como no topo de Guerreiros para não variar. Neste, por curiosidade, passámos pelo (solitário) Freitas. Não deu tempo para... comunicar!
Em Loures, a média, descontando as «piscinas» em esperas, rondava os 31,5 km/h: 90 km com quase 1600 metros de desnível acumulado, o que reflecte o bom andamento.
Na ligação, em descompressão, a Alverca (o grupo que restou era, na maioria, de lá ou perto), o André ainda me convenceu a subir o Cabeço da Rosa. Na conversa, prometeu. Foi mesmo! Ainda desci/subi a Romeira antes de fechar a loja com 4h50m.
Agora o objectivo é recuperar completamente para a próxima sexta-feira, dia do Ota-Fátima-Ota (168 km). Mas a ver pelo culminar da semana que passou, e o «tratamento» neste domingo, não vai ser tarefa fácil...

quinta-feira, março 25, 2010

Domingo: Lagoa Azul

No próximo domingo teremos uma volta muito tradicional: Sintra, por Lagoa Azul. Se as condições meteorológicas ajudarem, já que são sempre incertas na serra, estarão reunidos todos os argumentos para mais uma interessante jornada de ciclismo, como são pródigas as incursões pela região sintrense.
O percurso, já se sabe, é acidentado desde a saída de Loures. A subida de Guerreiros «entra» de imediato e antecipa o aquecimento, encadeando com a de Sta. Eulália, do Bocal. Mas não só, antes do principal obstáculo da tirada, Lagoa Azul (2 km a 8%) haverá a subida do Lourel, com passagem por Sintra (pela via pedonal, por isso com a devida precaução!), até S. Pedro.
Depois da Lagoa Azul (onde, devido à inclinação média da subida, inevitavelmente as diferenças de andamento serão mais acentuadas), desce-se para a Malveira da Serra e volta a subir-se para o Cabo da Roca (cruzamento).
Em seguida, para não variar, desce-se (e bem!) do Pé da Serra para Colares, e desde Galamares, de novo a subir (Várzea) para Sintra. O regresso a Loures, muito mais suave que este sobe e desce, faz-se pelo trajecto inverso ao de ida.

Pontos de neutralização para reagrupamento
Sta. Eulália (cruzamento do chafariz, após subida do Bocal)
S. Pedro de Sintra (rotunda do Café do Preto)
Cruzamento do Cabo da Roca
Sintra (rotunda do empedrado, depois da subida da Várzea)
Sta. Eulália (cruzamento do chafariz, depois de Negrais)

Notas de percurso:
Ao contrário de outros anos, não está prevista neutralização na Malveira da Serra, após a subida da Lagoa Azul. Por dois motivos:
Primeiro: são muito raros os ciclistas que a respeitam (normalmente, a maioria dos que se atrasam passa directo para a subida para o Cabo da Roca).
Segundo: tem como objectivo aumentar o interesse do encadeamento Lagoa Azul/Malveira/Cabo da Roca (então, sim, com paragem programada).
Pede-se, também, que a neutralização no cruzamento do Cabo da Roca seja escrupulosa respeitada, já que habitualmente não sucede, levando a que a partir desde ponto só volte a haver pelotão... à saída de Sintra.
E ATENÇÃO redobrada às descida da Lagoa Azul (para a Malveira) e do Pé da Serra (para Colares): são ambas muito técnicas e a segunda acresce o muito trânsito.

ATENÇÃO: DOMINGO A HORA (AVANÇA UMA HORA: ex: antes 7h30, agora 8h30)


terça-feira, março 23, 2010

Clássica de Évora: a crónica

(m.t.) Ninguém que esteja familiarizado com o ciclismo desconhece esta pequena sigla, abreviatura de «mesmo tempo», que é atribuído a todos os elementos de um pelotão que cortou a meta sem cortes. Se a Clássica de Évora de 2010 – evento a partir de agora integrado no calendário do Desafio Audax, da FPCUB – tivesse classificação por tempo, os 30 a 40 elementos do primeiro grupo a cruzar a linha de chegada, naquela cidade alentejana, teriam o mesmo registo cronométrico. Um grande grupo, liderado pelo André Costa, o puto da Ciclomix que bateu a concorrência ao sprint.
A chegada de um pelotão tão número à frente foi desfecho inédito no historial da prova, correspondendo à vertiginosa projecção que teve com o Desafio Audax, que mobilizou cerca de centena e meia de ciclistas e catapultou o seu nível global. A propósito desta fortíssima dinamização, o camarada Manso «Cancellara», membro destacado da equipa Ciclismo2640, de Mafra, desportista empenhado e apreciador deste tipo de iniciativas, expressava assim, logo aos primeiros quilómetros de prova, o seu reconhecimento com a espantosa evolução da Clássica eborense. «Esta prova atingiu a maturidade e deixou de ser vossa! Parabéns pelo vosso trabalho e deixem-na crescer». Convido à leitura do comentário na íntegra no blog de que é autor.
Este é o melhor elogio que os responsáveis pela organização deste evento (Pina Bike e acima de tudo, a Comissão Audax, da FPCUB) poderiam receber. Eu, como elemento Pina Bike, em nome do grupo/empresa, reforço o louvor à referida comissão federativa, na pessoa do camarada Leonel Mendonça, homem que em poucos meses ergueu este empreendimento, fazendo votos para que o Desafio Audax, na sua primeira prova em ano de estreia, evolua como se impõe e se solidifique no espectro nacional do ciclismo amador ou cicloturismo, como se quiser chamar...
Cumpridos os merecidos agradecimentos, vamos à crónica!
O tempo correspondente à sigla (m.t) que serviu de dissertação na abertura desta prosa é o seguinte: 3h45m41s – «crono» para 133,8 km, ao que equivale a média de 35,6 km/h. Com isso, foi batido o recorde da prova e desde logo não surpreende pelo aumento do cartel de participantes em número e nível qualitativo. Em 2009, a média foi de 35,3 km/h, mas a distância de 136,2 km, percorrida em 3h51m41s.
Embora ligeiramente mais rápida, a prova foi, na minha opinião, menos interessante que a do último ano. E houve razões de fundo para que tal sucedesse – a primeira, e talvez mais significativa: o receio recíproco e o excesso de zelo na estratégia. As principais equipas que costumam alinhar nas nossas Clássicas temeram-se, creio que demasiado, e as mais recentes ou estreantes, casos dos Duros do Pedal e dos Passarinhos, na sua condição de «outsiders», ficaram convenientemente na expectativa.
No primeiro caso, refiro-me às formações Pina Bike, Ciclomix e Carb Boom e menos ao Ciclismo 2640 que conta com elementos habituais nas nossas lides, mas está ainda estão dar os primeiros passos em colectivo. As suas estratégias muito vincadas fizeram guardar os principais trunfos para os supostos momentos decisivos da jornada, a partir de Montemor, e acabaram por retirar algum condimento à Clássica. Basta dizer que o pelotão rolou sempre agrupado até à subida de Montemor (100 km), até lá não existindo, sequer, tentativas de fuga dignas de registo. As equipas de quem mais se esperava procuraram controlar as incidências à cabeça do grande grupo, não tanto na sua condução, mas na prevenção de ataques protagonizados por elementos «importantes». A tarefa da Carb Boom ficou mais facilitada com a disponibilidade do Capela, que é a que se sabe; o Ciclomix colocou lá os seus incansáveis trabalhadores, Hugo Silveira, «Salameca» e Dário; e o Pina Bike, posicionou o Evaristo, Salvador e Capitão apenas em missão de vigilância.
No entanto, o início até foi prometedor, muito rápido. Até Vila Franca cumpriu-se uma média de 35 km/h, claramente superior aos 30 km/h de 2009. Mas ficou-se por aí... Com a entrada na recta do Cabo, estabeleceu-se ritmo de cruzeiro, que, apesar de elevado (37 km/h de média até Vendas Novas), não chegou ao do ano passado (37,3 km/h) que, então, não foi suficiente para desencorajar a inúmeros ataques e tentativas de fugas que resultaram na grande aventura do dia, do João Rodrigues (ex-GNP, agora Carb Boom). Este foi uma das ausências mais notadas desta edição. Aliás, nas imediações do Infantado veio-me memória o momento em que aquele forte rolador partiu em solitário, na sequências de um trabalho fantástico da sua equipa, assim se mantendo até 15 km do final.
Com o acumular da distância, a inércia generalizada e a condução do pelotão entregue quase exclusivamente ao incansável Capela, as equipas «outsiders», como a dos Duros, perderam eventuais receios iniciais e começaram a aparecer mais amiúde na frente e a participar activamente nas despesas de liderança do grupo. De Vendas Novas até ao início da subida de Montemor fez-se 35 km/h (contra 35,4 de 2009), ou seja, quem pensou que o andamento foi globalmente muito mais alto que no ano transacto, desengane-se. E com o aproximar de Montemor, ponto nevrálgico desta Clássica, seriam cada vez mais improváveis movimentações significativas. O único ponto de intensidade foi a passagem por Vendas Novas, com o aumento do ritmo à saída das rotundas, tão peogoso quanto o atravessamento da zona urbana a alta velocidade. Apesar disso, o pelotão manteve-se compacto.
Finalmente, a subida. Que nas suas primeiras inclinações, ainda muito suaves, gerou demasiado nervosismo no pelotão. Demasiado mesmo! E também uma disposição atípica do grupo, sem haver que se assumisse. O Paulo Pais, ao seu estilo, abriu as hostilidades e teve o mérito de colocar a «questão» na devida a ordem, estabelecendo uma primeira hierarquia.
No entanto, partiu do André o maior ataque. Disparou na parte mais inclinada e abriu cerca de 100 metros rapidamente. Os mais fortes do pelotão lançaram desde logo a perseguição, e à entrada da avenida principal o fugitivo estava controlado. O ritmo estabilizou e não houve contra-respostas. Assim, quem passou menos bem na subida... agradeceu. E uma vez ultrapassada Montemor, foi uma questão de (pouco) tempo para liquidar a fuga.
Vamos a números: a subida foi mais rápida que em 2009. Mas pouco: 4m45s contra 4h55s, mas a intensidade curiosamente bem superior (para mim). Fiz 183 pulsações médias este ano contra 173 em 2009, embora tenha passado mais confortavelmente agora. Por isso, é estranha a disparidade «cardíaca», que só se explica por diferenças respeitantes ao que se passara antes, até à subida. No ano passado cheguei muito mais cansado devido ao trabalho na perseguição à fuga, e este ano, mais folgado, a pulsação disparou! Terá sido isso?
Voltando à estrada. O decurso do restante trajecto (26 km) até Évora foi diferente da edição do ano passado. As condições eram igualmente diferentes. Então, destacou-se um grupo de apenas seis elementos; agora manteve-se um pelotão com várias dezenas de unidades. Por isso, não surpreendeu que finalmente se sucedessem ataques para tentar causar fracturas. Houve, mas todos sem êxito.
Nesse sector, a Ciclomix lançou um segundo ataque, pelo Filipe Arraiolos, mas apesar do seu mérito não poderia ir longe sem ajuda. O pelotão moveu-lhe a perseguição e reabsorveu-o. Eu próprio procurei, em algumas ocasiões, acelerar o ritmo nos topos, porém, foram esforços sem correspondência, apenas provocando desgaste. E houve mais uns tantos, com o mesmo destino. As principais figuras limitavam-se a deixar «queimar», colocando os seus «co-equipiers» imediatamente na perseguição. O pelotão parecia um harmónio, mas manteve-se coeso. O terreno, como se sabe, também não é favorável a cissões, por ser demasiado rápido. Ainda assim, em 2009 andou-se muito mais depressa neste último sector do percurso: 38,5 km/h contra 35,4 km/h.
Deste modo, ultrapassados todos os topos possíveis de fazerem a alguma diferença, percebeu-se que o final seria discutido ao sprint. O André Costa, como se disse, surpreendeu toda a concorrência, batendo os «naturalmente» sprinters, e revelando-se um ciclista completo! De resto, o homem da Ciclomix originalmente apontado a um final deste tipo deveria ser o Hugo Maçã, vide o êxito do ano passado, mas algumas passagens em trabalho após Montemor já deixavam antever que aquela formação teria outros trunfos.
De qualquer modo, considero que o André, sem lhe retirar mérito (que o teve indiscutivelmente, demonstrando desde logo com o ataque em Montemor, ser o favorito desta Clássica e tão forte como o Capela, pelo trabalho referido), aproveitou momento de menor fulgor dos principais sprinters, inclusive do próprio «companheiro» Maçã. Também é o caso do velocista da Pina Bike, o Freitas, que obteve um honroso segundo lugar, embora continue convicto que naquele tipo de chegadas (em sprint puro, numa longa recta plana) seja mais rápido e explosivo que o puto. Mas contra factos...
A fechar o pódio, o Paulo Pais (Carb Boom), cujas capacidades de sprinter estão longe ser indiscutíveis, mas vale-se muito da sua categoria e experiência.

Próxima Clássica será à de Santa Cruz, no dia 11 de Abril. Refira-se que foi antecipada em uma semana, para não coincidir com prova dos Masters, no seguimento de pedido expresso de alguns desses atletas, como o Duarte Azenha e o João Santos (Jony), que muito nos honra.Sobre esta prova, daremos todas as informações em breve para que os interessados possam preparar atempadamente a participação. Adianta-se desde já que tem características totalmente diferentes de Évora e até mesmo de Santarém. É bem mais dura!

sexta-feira, março 19, 2010

Correcção de início de percurso por corte da via

Correcção da saída do pelotão, devido a estrada cortada

Devido ao elevado número de participantes, o local de partida da Clássica de Évora foi alterado - do posto de abastecimento da BP, em Loures (Rua do Funchal, junto ao nó da A8) para o PARQUE DE ESTACIONAMENTO marginal à AV. DAS DESCOBERTAS, NO INFANTADO (LOURES). Este novo local, dista apenas 500 metros do original.
A SAÍDA DOS CICLISTAS FAR-SE-Á PELA AV. DAS DESCOBERTAS PARA A RUA VASCO DA GAMA (sentido descendente) PARA A ROTUNDAS NORTE DO INFANTADO (DIRECÇÃO S. ROQUE/TOJAL/VIALONGA), ONDE COINCIDIRÁ COM O PERCURSO ORIGINAL.

HORÁRIOS:
A partir das 7h15: concentração dos participantes
8h00: Partida para a Clássica de Évora 2010/Desafio Audax

quarta-feira, março 17, 2010

Tudo a postos para a Clássica de Évora!

Tudo a postos para a Clássica de Évora, do próximo domingo: a «Classíssima» da Primavera. Depois do recorde de participação no ano passado, a edição de 2010 deverá superar todas as marcas, agora que está inserida na 1ª Edição do Desafio Audax, da Federação Portuguesa de Cicloturismo e Utilizadores de Bicicleta, e que poderá ser embrião para a pretendida e tão aguardada dinamização do ciclismo amador (eventos de cicloturismo e ciclodesportivos) em Portugal.
Os preparativos estão em marcha e as inscrições na loja Pina Bike aumentam a cada dia. À semelhança dos últimos anos, vai ser disponibilizado autocarro para transporte dos participantes (não inscritos no Desafio Audax) de regresso a Loures (local de partida), e para as respectivas bicicletas, logo após o almoço de convívio (organização e inscrições na loja Pina Bike). No final, serão disponibilizados banhos no complexo desportivo do clube Lusitano de Évora (2 euros para não-Audax). Os interessados devem inscrever-se o quanto antes.
Devido à integração no Desafio Audax, a Clássica estará devidamente autorizada e será fiscalizada pelas forças de autoridade, o que constitui um inegável reforço da segurança para os participantes. Para que se assegure o sucesso crescente de anos transactos, e devido à numerosa lista de participantes que se prevê (entre Audax e não-Audax), pede-se a todos os ciclistas que cumprem escrupulosamente as regras de trânsito, como o respeito pela circulação mais próxima da berma possível, para facilitar a ultrapassagem dos veículos. E nunca ultrapassar o eixo central da faixa de rodagem.
ATENÇÃO: EM NENHUM PONTO DO PERCURSO A CIRCULAÇÃO ESTARÁ CORTADA.
Grande vantagem desta prova, em termos de segurança, é a (quase ou mesmo total) inexistência de cruzamentos durante o percurso. De qualquer modo, deve impor-se, sempre, a máxima precaução em rotundas ou noutros locais em que o convívio com os demais agentes rodoviários se afigure mais complicada.
É igualmente tradição deste evento, não haver paragens ou neutralizações obrigatórias previstas. Todavia, não querer dizer que não se pare, como, aliás, sucede quase sempre, em casos de força maior: furo, avaria ou para satisfazer necessidades fisiológicas – em que o pelotão pára em bloco, tal como volta a partir. Em todas as situações, pede-se, uma vez mais, para não se promoverem saídas antecipadas, à socapa, ou desrespeitar eventuais paragens colectivas.
RECORDE-SE: NÃO É COMPETIÇÃO!


ATENÇÃO! ALTERAÇÃO DO LOCAL DE PARTIDA
Devido ao elevado número de participantes, o local de partida da Clássica de Évora foi alterado - do posto de abastecimento da BP, em Loures (Rua do Funchal, junto ao nó da A8) para o PARQUE DE ESTACIONAMENTO marginal à AV. DAS DESCOBERTAS, NO INFANTADO (LOURES). Este novo local, dista apenas 500 metros do original.
A SAÍDA DOS CICLISTAS FAR-SE-Á PELA ESTRADA DE SERVIÇO QUE SE DIRIGE AO REFERIDO POSTO DE ABASTECIMENTO (PASSA POR BAIXO DA A8) E A PARTIR DAÍ COINCIDIRÁ COM O PERCURSO ORIGINAL.

HORÁRIOS:
A partir das 7h15: concentração dos participantes
8h00: Partida para a Clássica de Évora 2010/Desafio Audax

A chegada será, como habitualmente, em frente ao hipermercado Feira Nova (km 135,6), a cerca de 2 quilómetros da entrada na cidade de Évora. A linha de chegada (para contabilização do tempo no caso do Audax) é a SEGUNDA TRAVESSIA DE PEÕES (PASSADEIRA), no final da fachada do referido centro comercial (em frente ao parque de estacionamento), antes de um «refúgio» para paragens de emergência na berma da estrada.

O percurso
O percurso tem a distância de 135,6 km e é praticamente plano, atravessando o baixo Ribatejo até ao alto Alentejo. Talhado à medida de roladores fortes e possantes, e a sua distância longa não permite contemplações aos menos bem preparados. O perfil altimétrico é curioso: vai subindo gradualmente de Vila Franca a Évora, com alguns picos mais acentuados antes e depois de Montemor-o-Novo, nos últimos 30 km, tornando o final da tirada bem mais selectivo. Tanto mais que, nessa altura, o cansaço se vai acumulando. E depois, como diz a velha máxima ciclista, «as dificuldades também se ditam pelo andamento», além que tradicionalmente há que contar com um adversário adicional: o vento lateral após Vendas Novas.

Para visualizar o percurso na íntegra, clicar aqui
Para visualizar trajecto entre a meta e o local dos banhos, clicar aqui

terça-feira, março 16, 2010

Gradil: a crónica

Ora aí está uma situação invulgar, por ser bastante raro em mim facilitar na garantia do correcto funcionamento do medidor de frequência cardíaca, depois de tanto anos de fidelidade à máquina. Principalmente nas voltas domingueiras, em que além da importância do registo instantâneo, acrescenta-se a sua análise informática, à posteriori. Pois, foi o que não sucedeu no passado domingo: o Polar deixou de colaborar algures no trajecto preliminar, entre Alverca e Loures, e ao contrário do que por vezes acontece: não voltou a dar sinais de vida. Ou melhor, manteve-se em estado de coma, oscilando entre mentirosas 90 e 110 pulsações durante toda a manhã.
Como se costuma dizer, foi um treino por sensações. E que sensações! Tais, que lamento o desconhecimento de alguns dos registos mais intensos da jornada. Que foram vários, num género muito parecido ao da semana transacta, na volta da Carnota.
Mas houve mais «anomalias», coisas fora do comum, nesta volta. O André decidiu expor-se ao desgaste, acredite-se! O mais correcto será dizer que surpreendeu mais por ter abandonado a sua atitude parasita habitual, do que pela entrega a um trabalho árduo e prolongado, que a ele nem a ninguém se poderá exigir. Ou seja, foi de um extremo ao outro. Porém, é muito mais meritória esta «nova» faceta do jovem de Montachique (espero que perdure), bastante mais de acordo com as suas inegáveis qualidades de ciclista. Pela mudança de comportamento, acima de tudo, e pelo desempenho acima da média, vai para ele o meu primeiro elogio.
Mas o que fez, realmente, de tão... diferente? Levou o pelotão praticamente a subida inteira do Forte de Alqueidão à velocidade média de 27,1 km/h, num tempo que ficou a pouco mais um minuto (24m35s) do recorde, realizado em Outubro de 2009, na Clássica dos Campeões (23m27s), na altura com responsabilidade maioritária do Dario. Quem esteve nesse dia, recorda-se certamente da frenética subida, com múltiplos ataques do Jony e do Runa? E de tudo o que se passou durante a tirada: uma verdadeira Clássica de Campeões, que por isso ficou assim baptizada, e que se repetirá este ano.
No domingo, o puto imitou a façanha no Alqueidão e trabalhou a grande nível, apenas «permitindo» a outros breves substituições na condução do pelotão, como foi o meu caso e o do Duarte. Ao chegarmos ao cume, o próprio Duarte fez referência ao tipo de acção (competitiva) do André, com um elogio. «É assim que se faz, na parte final acelera-se ainda um pouco mais para não permitir que ninguém ataque, mesmo que isso custe a quem já vai na frente durante tanto tempo e meter um andamento daqueles». Nada a apontar. Resta apenas acrescentar que, para fazer isso é preciso... ser-se capaz!
Depois deste começo prometedor – o pelotão correspondeu, e apesar do ritmo, foram poucos os que cederam e apenas com ligeiro atraso - seguiu-se o sector novo do percurso, que colheu elogios pela paisagem e críticas pelo estado do piso. São os condicionalismos do Google Earth: vamos aos sítios sem lá... ir! No entanto, passou-se sem incidentes e a velocidade moderada, como se pediu. Caso para dizer: como anda disciplinado este pelotão!
Novamente no trajecto original, rumou-se de Dois Porto a Pêro Negro, onde o Freitas realizou várias passagens pela frente, uma delas, no falso plano ascendente de Perna de Pau, a meter o grupo em fila indiana. Este tipo de mudanças de velocidade, progressivas mas fortes durante dois ou três minutos (não é preciso mais), tem o condão de provocar instabilidade no pelotão, por vezes acabando por originar pequenos cortes. São óptimas para acentuar desgastes e preparar o terreno para uma fuga.
Por isso, não surpreendeu que na variante de Pêro Negro até ao cruzamento de Casal de Barbas, fossem vários os grupos que se formaram, espaçados não mais de 15-20 metros, mas a forçar a constantes acelerações para reagrupamento. Aí está o desgaste! De qualquer modo, no referido cruzamento, o pelotão estava, de novo, compacto. Sem fugas que vingassem, portanto. E assim se manteve no irregular sector que ladeia a Serra do Socorro em ligação ao Turcifal – onde, apesar disso, se cumpriu a neutralização estabelecida. Aguardou-se por alguns elementos em paradeiro desconhecido, que após 10 minutos ainda não tinham chegado e logo se retomou o andamento, tranquilamente, a caminho do Gradil.
E terá sido essa tranquilidade que facilitou o «momento do dia». Classificou-o desta forma, porque marcou decisivamente as incidências no principal ponto quente da tirada, aquele por que todos aguardavam e que dá o nome à volta: a subida do Gradil.
Esse momento foi a fuga da dupla Freitas e Carlos Gomes, que se destacou do pelotão sem atacar, perante a passividade deste – e quando este se deu conta... já era tarde! O Salvador acompanhou-os durante pouco tempo, rapidamente se deixando descair para o conforto do grande grupo, que movia finalmente a perseguição, liderada pelo Luís (BH). Muito bom trabalho o que desenvolveu, sem beneficiar de colaboração e levando-o até muito além das primeiras inclinações da subida inicial do Gradil.
Todavia, este esforço (como disse, meritório) não serviu para encurtar distâncias para os fugitivos – apenas manteve-as. E a «culpa» deve-se à retracção dos restantes elementos do pelotão. Excepção foi o Paulo Pais que, nos últimos 500 metros da primeira subida, deu um sinal de inquietude, espevitando o andamento na frente do grupo perseguidor. Foi a experiência a determinar a sua acção, numa iniciativa que todos os interessados na subida poderiam (ou deveriam) ter tomado... muito antes. E o PP não se ficou só por aí, lançou-se na descida a toda a velocidade e, nesse troço, certamente os fugitivos não ganharam mais tempo. Arrisco que perderam. Além disso, quem acusou dificuldades no derradeiro sector da primeira ascensão, também deverá ter ficado definitivamente para trás.
Tanto mais, que a entrada na subida final (a principal, para a Murgueira) foi bem mais intensa que a primeira. Numa altura que o grupo perseguidor principal avista o Freitas já descolado do Carlos Gomes, decidi tomar a rédeas e acelerar o passo. Comigo, vislumbro apenas (não quer dizer que não estivessem mais elementos, porque deveriam...), o André, Duarte, Rui Torpes e o Jorge. Assim, rapidamente alcançamos o Freitas, que me «deu» a sua roda num esforço adicional para me ajudar na recuperação. Isto é trabalho de equipa!
No entanto, havia quem não estivesse pelos ajustes. Talvez pelo facto de a subida ser curta e a vantagem do Gomes não autorizar momentos de relaxe como o que Freitas estava a proporcionar. Surpreendeu quem deu o mote: o Jorge. Saiu de trás de mim, mudou de velocidade e todos seguiram a sua roda, abandonando a do ex-fugitivo. O alverquense meteu um ritmo muito bom – mas por isso surpreendeu menos, tratando-se de um claríssimo trepador (abaixo dos 55 kg).
Contudo, parecia cada vez mais certo que alcançar o Gomes era tarefa impossível. Ou quase. Desse modo, depois de «esgotar» a excelente boleia do meu conterrâneo, fiz-me à última parte da subida com a pretensão de fazê-la à mais alta intensidade possível. O Gomes, esse, em fantástica «performance», estava agora definitivamente fora de alcance.
Nos últimos 300 metros, o Rui Torpes saiu em pedaleira grande (tudo metido!) e foi-me impossível segui-lo mais de 50 metros. O André ainda ficou na minha roda uns instantes, mas rapidamente lhe dei guia de marcha, juntando-se ao Torpes no pouco que restava percorrer até ao alto da Murgueira. Mas sem concretizar o objectivo de anular a fuga – por meros (mas decisivos) 100-120 metros.
Por isso, para o Carlos Gomes, merecidamente, vai o segundo grande elogio. Fica o ensinamento: já se sabia, mas fica mais uma prova que, como diz o «outro», há certos elementos a quem não se pode dar um metro.
O pelotão chegou espaçado, correspondendo ao elevado ritmo se imprimiu à frente, e que permitiu superar, por 21 segundos (7m06s; 23,5 km/h), o anterior recorde da subida que já durava há três anos. Note-se que aquele tempo refere-se ao meu registo, já que o do Torpes/André foi cerca de 10 segundos inferior – portanto abaixo dos 7 minutos.
Na ligação final, de regresso a Loures, ainda houve mais alguns «picos» de intensidade, como os que sucederam no topo da Carapinheira (rotunda). O Freitas voltou a meter o passo na variante e três saíram para o sprint: eu, o Ricardo (grande estreia com a cores da Pina Bike!) e o André – que carimbou no alto.
O último «pico», e que acabou por durar até Loures, foi na aproximação à Malveira e destacou um grupo composto por mim, pelo Duarte, Jorge, André, Carlos Cunha, Ricardo, Gomes e o Freitas – este último a recuperar na recta da Venda do Pinheiro o atraso na subida para a Malveira. O octeto manteve-se a ritmo vivo e colaborante na longa descida para Loures, resistindo a confrontação no topo de Guerreiros, onde as forças já escasseavam a alguns. Foi bonito, pá!

Ainda sobre o Polar: no final da volta, quando regressávamos em descompressão a Alverca (um grupo de malta daquelas bandas: Duarte, Jony, Carlos Cunha e o Pedro Fernandes, que ainda de «chegar» ao Carregado), às tantas, em fase de recuperação da passagem no topo para a rotunda da Costa e Baleia, pareceu-me ver o Duarte fisgar-me o monitor. (Perdoa-me, camarada, se não foi o caso, mas errada impressão). A confirmar-se, não sei com que ideia terá ficado do meu estado de forma, considerando que os dígitos no visor indicavam uma impressionante recuperação para 90 pulsações (considerando a fase da volta, após tanta intensidade). Impressionante, mas falsa, meu caro, se foi esse o motivo da tua curiosidade. Naquela altura, mesmo sem esforço, o meu coração... upa, upa!

Amanhã, todos os pormenores sobre a Clássica de Évora, do próximo domingo.

quinta-feira, março 11, 2010

Domingo: Gradil

A volta do próximo domingo é uma das que tem mais tradições no nosso calendário: Gradil. Ao longo dos anos, o percurso tem vindo sofrer algumas alterações, a maioria para aumentar a quilometragem - que era significativamente baixa no original -, mas mantém como ex-libris a famosa dupla ascensão Gradil/Murgeira, a partir da EN8.
Este ano, o traçado volta a modificar-se ligeiramente pelos motivos referenciados, para adequar a distância ao nível que o nosso pelotão já atingiu, mas sem adicionar mais dificuldades de relevo.
Assim, a novidade é um sector após Sobral. Do centro desta locidade (jardim) segue-se em direcção à estrada da Merceana, mas imediatamente a seguir à Escola Básica (do lado esquerdo) corta-se no cruzamento (também à esquerda) que diz Folgorosa/Via Galega/Murteira. Daqui, é sempre em frente em ligação (em descida) à estrada de Carmões, cortando à esquerda para Dois Portos. O ideal é após a neutralização do Sobral, o pelotão manter-se agrupado nesse curto sector, para evitar enganos.
Uma vez aqui, segue-se em direcção a Pêro Negro (pela chamada estrada da Sapataria). A partir deste ponto, o traçado é o habitual (com a passagem por Casal de Barbas e Turcifal, após Enxara dos Cavaleiros.
Mas nada melhor que observar o percurso interactivo aqui.

Os pontos de neutralização previstos são os seguintes
- Sobral (rotunda da Praça de Touros)
- Turcifal (junto ao cruzamento da EN8)
- Murgueira (alto da subida do Gradil)
- Carapinheira (rotunda)
-Venda do Pinheiro (cruzamento)

segunda-feira, março 08, 2010

Santiago dos Velhos: a crónica

Foram precisamente 53 os minutos contabilizados em subida, na volta de Santiago do Velhos, este domingo. Quase todos foram intensos, a valerem a quebra de alguns recordes (pessoais) de subida e a reflectirem o bom nível do andamento nas ascensões, que fizeram deste percurso o mais exigente desde o início da temporada.
Para bom ritmo em subida, bons executantes neste tipo de terreno. Mas não foram só estes, que têm qualidades de trepadores, os únicos protagonistas da jornada que teve 1500 metros de desnível (positivo) acumulado – alguns roladores não se intimidaram e exibiram-se na sua «praia».
O traçado empinou logo desde os primeiros quilómetros, a seguir a Loures, onde nos aguardava a primeira dificuldade do dia: o alto de Guerreiros. Como se recomendava, foi subida que se ultrapassou com maior moderação. Do Barro ao topo, o Freitas e o Vítor Pirilo comandaram um pelotão com cerca de uma dezenas de unidades – que viria a duplicar na Venda do Pinheiro com a entrada dos mafrenses do Ciclismo2640, integrando respeitáveis figuras, como o Paulo Pais, o Dário (reencontro aplaudido), o Manso «Cancellara», o Rocha e as revelações Marco Silva e Jonas, e talvez mais um ou outro elemento.
Estes não chegaram a tempo de integrar o grupo proveniente de Loures na subida da Freixeira (Venda), que foi transposta já «em cima» do limiar anaeróbio, mas numa toada certa, sem repelões e num tempo bastante satisfatório (4m07s). Ainda assim cerca de 30 segundos superior ao melhor.
No alto, o primeiro furo – Capitão – a obrigar a demorada paragem.
No reatamento, desceu-se a caminho de Bucelas, com o pelotão a reagrupar-se só na Chamboeira. À entrada de Bucelas, com a subida de Santiago dos Velhos em ponto de mira, eis novo furo: o Hugo Maçã. Resultado: mais um impasse, e nem por isso mais breve que o primeiro.
A maioria aguardou pela reparação, e foi em pelotão compacto que se abordou a longa ascensão ao Lameiro das Antas, a mais difícil da jornada. O andamento vivo marcou logo os primeiros metros, com o Manso impô-lo ante uma coluna que se enfileirou. De qualquer modo, não foi suficiente para que à cabeça do grupo se gerasse alguma desordem, deixando a sensação de haver desconhecedores da subida, principalmente da sua extensão. Foi o que se confirmou após o primeiro quilómetro mais inclinado. No entanto, o esclarecimento dos conhecedores não refreou os ímpetos aos mais afoitos – principalmente ao estreante com o equipamento da RBikes, que ensaiou algumas acelerações, que desencadearam prontas reacções. Nesta altura, a dureza já estabelecia a primeira selecção no grupo.
Com o acumular dos quilómetros, destacou-se na frente um pequeno grupo, que integrava (salvo erro por omissão involuntária), eu, Dario, Carlos Cunha, Jorge (Alverca), Carlos Gomes, Hugo Maçã, Filipe Arraiolos e o Gil. Com destaque para o trabalho partilhado entre o Dario, Cunha, Gomes e o Arraiolos, o grupo manteve-se reunido até ao cume, realizando a subida em tempo recorde: 21m57s (30 segundos mais rápido que o anterior, datado de 4/2/2008). Mas os demais não demoraram a chegar – inclusive os que adoptaram um passo mais económico.
Após tranquila transição para Arranhó, deparou-se a fase final da subida ao Forte do Alqueidão. O Cancellara voltou a marcar o andamento – muito bom, diga-se! Coadjuvado pelo seu amigo Rocha, prepararam terreno para a aceleração do Dario no último quilómetro, mas com resposta eficaz, grosso modo, da maioria dos elementos que passaram na frente no Lameiro das Antas.
Mas agora o Paulo Pais não se deixou atrasar e contra-atacou no início da descida para o Sobral. Destacou-se cerca de 200 metros, sempre controlado pelo pelotão, que o reabsorveu antes da neutralização junto à Praça de Touros.
Do Sobral desceu-se calmamente para Arruda, e nesta mesma toada daí para os Cadafais, onde se iniciou a que seria, pela posição no percurso, a principal a subida do dia: Santana da Carnota. Na ligação Sobral-Cadafais voltaram a assumir-se os roladores: Cancellara e Capitão com as rédeas do pelotão.
Mas logo que se entrou na subida - um longo plano ascendente de 8 km que leva à fase fina, com 3 km a cerca de 5% - «mexi» para aumentar a intensidade. No que fui correspondido pelo Filipe Arraiolos e, numa segunda vaga, pelo Cancellara, que procurou, sem êxito, que o grupo serenasse para reassumir o controlo. Por isso, deixou precocemente o serviço, reservando-se para momento mais propício, qual rolador por excelência. E subiu tranquilamente na companhia de um «igual», o Capitão.
À frente o andamento não abrandava. Nem um segundo de descanso! Principalmente, após a intromissão do Marco Silva na frente. Foi ele que nos lançou na parte final da subida, após Santana da Carnota, onde os níveis cardíacos galgaram mais um patamar. E foi, então, que começou a haver movimentações: Carlos Cunha, Carlos Gomes, Hugo Maçã... Mas parecia estar toda a gente muito agarrada, quais peças de Lego. Mesmo à entrada dos derradeiros 500 metros e quando era visível que as forças começavam a escassear. Resistiram, no alto: eu, o Maçã, o Arraiolos e o Carlos Cunha, com o Gomes a ceder apenas alguns metros, e o Dario e o tenaz Marco mais alguns.
Culminou-se, assim, 11 km de intensa subida, com os oito primeiros a serem cumpridos à média de 32 km/h, e últimos três (a subida propriamente dita) a 27,5 km/h, a estes correspondendo novo tempo recorde: 6m37s (contra 7m40s em 5/10/2006). Ritmo cardíaco médio: 170 no primeiro sector; 179 no segundo. Pois... cerca de 7 minutos a rondar os 180 não deixa propriamente saudades! Eis o custo de ter imposto o andamento nos últimos 300/400 metros, e só assim sendo possível que algumas peças do Lego se desmontassem...
Na ligação ao Sobral, ainda mais um furo (do Salvador) a fazer mais um compasso de espera, antes de abordar a subida final, para o Alqueidão (vertente norte). Aqui, uma vez mais, o ritmo foi intenso. O Cancellara pautou a entrada ao seu estilo. A sua atitude e a disponibilidade são esmagadoras. Para mim, tem uma das melhores rodas, subidas pouco acentuadas incluídas, se lhe permitirem meter o passo, ideal para «levar» mas que não poucas vezes é mal aproveitado, mesmos pelos «seus mais chegados».
Agora estendeu a passadeira vermelha ao Dário, que, todavia, não tardou a dispensá-la, imprimindo um passo bem mais forte e aumentando-o progressivamente. Desde logo, selectivo! Mas houve quem estivesse com capacidade de meter ainda mais alto, como o imparável Marco Silva, que apenas não contou com os efeitos retardadores do tradicional vento de cara e do piso rugoso do quilómetro final. Assim, expôs-se à ofensiva do furtivo Carlos Cunha, que o rendeu, parecia que definitivamente, mas acabou por ter a minha parceria para concluir a ascensão.
Além destes que nomeei, ainda o Filipe Arraiolos e o Maçã concluíram a subida no grupo da frente, ambos rubricando excelentes desempenhos nesta volta – a demonstrar bom estado de forma. E o primeiro com o «must» de ter sido mais abnegado trabalhador. Tempo de subida: 6m06s, muito perto do melhor tempo continua: 5m45s.
Na descida para Bucelas, rápida mas sem «stress», a terminar o rol de furos, o meu, devido a uma pedra. A retardar o final desta proveitosa manhã de ciclismo, que superou as 5 horas e os 140 km.

Para a semana, a volta é a do Gradil, já uma clássica e este ano com ligeiro prolongamento inédito no percurso – e com tradicional ponto alto na fantástica dupla ascensão Gradil/Murgeira.

quinta-feira, março 04, 2010

Domingo: Santiago dos Velhos

No rescaldo de Santarém, a primeira Clássica da temporada, no próximo domingo realiza-se a volta de Santiago dos Velhos. O «enquadramento» do percurso é em quase tudo diferente do da ronda escalabitana: os desníveis vão impor-se! A demonstrá-lo, os 1600 metros de desnível acumulado em 109 km – Santarém teve menos de metade (720 metros) em muito maior distância 152 km.
Portanto, conte-se com dificuldades. O terreno é de trepadores, embora as subidas não sejam «duras», em termos de distância/percentagem de inclinação. De qualquer modo, o sobe e desce é constante – e não em topos. Senão vejamos: logo à saída de Loures, subida de Guerreiros, seguida de falso plano ascendente para a Freixeira, onde se inicia a curta mas exigente subida da Venda do Pinheiro (1,2 km a 7%).
Após esta, descida longa para Bucelas e... eis o pitéu da jornada: a subida de Santiago dos Velhos (Lameiro das Antas), com mais de 6 km e algumas passagens complicadas. E aí estaremos apenas ao km 35!
Segue-se a descida para N. Sra. da Ajuda e o encadeamento rápido com o derradeiro trecho da subida do Forte de Alqueidão (a partir de Arranhó, junto às bombas da BP). As dificuldades do relevo só regressam a seguir aos Cadafais (km 62) para Santana da Carnota, em mais uma longa ascensão (11 km), suave e rápida durante a maior parte, mas terminando com 3 km bem mais exigentes (km 73).
Mas não é só: resta a segunda passagem pelo Alqueidão (km 84), agora na vertente norte, a partir de Seramena, com piso rugoso e habitualmente com vento desfavorável. Faltará descer (muiiito...) para Bucelas (km 96) e regressar a Loures.

Estão previstas as seguintes neutralizações (se necessárias) para reagrupamento:
Venda do Pinheiro (cruzamento com estrada para Bucelas, km 13,7)
Lameiro das Antas (alto de Santiago dos Velhos, km 34,7)
Sobral (rotunda da Praça de Touros, km 46)
Alto da Carnota/Casais da Cruz do Vento (km 73)Forte de Alqueidão (facultativa, km 84)

segunda-feira, março 01, 2010

Clássica de Santarém: a crónica

A edição de 2010 da Clássica de Santarém confirmou as expectativas criadas neste início de temporada de grande motivação e empenho da maioria dos ciclistas, tendo reunido várias dezenas, entre habituais e estreantes. A jornada escalabitana ficou marcada pela intempérie – embora longe das previsões e das tempestades dos dias anteriores – e por diversos furos que causaram impasses e contratempos ao seu normal desenrolar. De qualquer modo, confirmou-se o elevado nível do pelotão que arrancou de Loures, bem demonstrado pela média final superior a 35 km/h (excluindo paragens).
Nos quilómetros finais, naturalmente, lutou-se pela melhor posição e os mais fortes do dia fizeram valer os seus méritos. Após a passagem por Alverca, um grupo com menos de 10 unidades digladiou-se sob chuva intensa pelos lugares cimeiros, mas a homenagem vai, em especial, para todos os bravos que cumpriram os 152 km do trajecto.
As contrariedades iniciaram-se logo... ao km zero! Cabo das mudanças partido na bicicleta do Duarte motivou insólita paragem para reparação na oficina do Pina, em S. Roque. Aqui, o Salvador tem o primeiro de dois furos num espaço de... 1 km. O segundo, no Tojal, obrigou a paragem forçada do pelotão, sob o céu negro ameaçador.
Cerca de 10 minutos depois, retoma-se o andamento, embalado a favor do vento pela variante de Vialonga, e já sob chuva intensa. Às tantas passamos pelos Duros do Pedal e reparo no semblante esmorecido do Tó Monteiro, a não augurar nada de bom... Soube-se ele e alguns dos seus homens não encontraram coragem para enfrentar as condições climatéricas que se punham cada vez mais adversas. Mas não foi decisão unânime no grupo de Algueirão – e ainda bem, pois os resistentes participaram com enorme galhardia e companheirismo na prova, cumprindo a sua totalidade. Pelos relatos que já tive oportunidade de ler, com o agrado dos próprios.
O ritmo animava à chegada ao final da Variante, mas logo se gritou por mais um furo: agora o Steven. Nova paragem prolongada, agora em Alverca, debaixo do viaduto, resguardados da chuva. Resolvido mais este percalço, o comboio pôs-se finalmente em cruzeiro, liderado até Vila Franca apenas por três a quatro elementos – em que me incluía. Os outros, foram o Jony e o estreante Fernando Duarte, que iniciava nesta altura um trabalho assíduo e de grande qualidade na frente do grande grupo. Devido à paragem em Alverca, o pelotão fraccionara-se e no grupo mais recuado procurava-se recuperar – desde logo, com esforço acrescido dos seus elementos. Situação que, infelizmente, é recorrente aquando de incidentes como furos ou outros.
Passou-se o empedrado com redobrada precaução e a ligação Ponte Marechal Carmona-Porto Alto, pela extensa recta do Cabo, foi cumprida a boa pedalada. No entanto, só em Samora Correia o pelotão voltou a ficar reagrupado. Ainda com o trabalho restringido aos mencionados. Entre Alverca e Samora Correia rolou-se à média de 35,3 km/h. Até Benavente continuei a partilhar a dianteira com o Jony e o Fernando Duarte, após o que fomos rendidos pelo até aí resguardado Capela. Quando entrou ao serviço, fê-lo ao seu estilo, mantendo-se à frente por largos períodos a velocidades a rondar os 40 km/h. Mas nunca deixou de contar com ajuda. Em Muge, a média desde Samora subiu para 38,3 km/h. De resto, houve um momento, na ligeira subida para Marinhais, que o Duarte fez uma fugaz mas intensa passagem pela cabeça do grupo, elevando a marcha para perto dos 50 km/h. E pela primeira vez ouviram-se dentes a ranger no pelotão!
Rolava-se a bom ritmo e em pelotão compacto – ainda que com escassa participação no esforço da sua condução – algo que caracterizou a primeira metade da tirada. Nas proximidades de Benfica do Ribatejo começaram, com surpresa, as escaramuças. O jovem Rodrigo (Cartaxo) lançou-as, mas sempre com pronta e eficaz reacção do pelotão. Foram duas ou três, sem aparente objectivo. Parecia, porém, estar a preparar-se a abordagem à subida das Portas do Sol, em Santarém.
Até que, mais uma vez, um furo (desta vez do Renato) criou mais uma neutralização. Após uma ligeira paragem em Almeirim, a maioria dos elementos do pelotão decidiu «passar» a subida sem sobressaltos. E lá se foi a «importância» que poderia ter subida mais exigente no contexto da jornada. Entre Muge e Almeirim (37,5 km/h). Mais uma vez resolvido o percalço técnico, os que permaneceram no local (eu, o Renato e o Jony) metemo-nos ao caminho em direcção a Santarém, reunindo na roda deste último um pequeno grupo composto ainda pelo Capela, Gil, Pina, Nuno Garcia, Vítor Pirilo e Ruben, que entrou em feroz perseguição - que se revelaria desnecessária. Motivo: os restantes aguardavam à saída de Santarém – já depois da subida! Não foi tanto pelo ritmo acima de 40 km/h que o Jony impôs desde Almeirim, mas principalmente porque ele atacou a subida com grande intensidade, realizando um trabalho fantástico no primeiro quilómetro da ascensão, abrindo depois para os «resistentes»: Renato, eu, Capela e Gil, que seguimos ao passo elevado do primeiro até ao alto. Foi um momento alto, de grande nível, mas que terá sido despropositado e cujas consequências não são escamoteáveis no rendimento posterior dos referidos cinco elementos que mais se esforçaram. Foi, digamos, um «castigo» vão. Mas que valeu pelas sensações de se ter subido a 5% de inclinação à média de 26 km/h! E de pulso: 176.
De novo em pelotão compacto, desceu-se a caminho do Vale de Santarém, agora com o vento de frente. O Ruben, quase obrigado a ir à frente, «deu as últimas» na curta ligação à subida. Que foi transposta em ritmo certo, partilhado entre mim e o Fernando Duarte. O pelotão passou incólume. Ou foi o que pareceu... Tal como o fez no sobe-e-desce do percurso até Azambuja – então com mais revezamento à frente do que em todo a trajecto que já fora cumprido. Começaram a surgir à cabeça elementos como o Carlos Cunha, o João Rodrigues, o Hugo Maçã, entre outros. Depois do Cartaxo, dos que mais trabalharam na primeira metade, apenas o Fernando Duarte e o Capela se mantiveram no activo. E durante muitos quilómetros, até Vila Franca, não se registaram alterações a esta toada. Média Santarém-Vila Franca: 36 km/h.
A passagem pela cidade de touros e toureiros marcou o final da harmonia no pelotão. Logo à saída do empedrado, sucederam-se os ataques. A maioria de chamados «dois e quinhentos», sempre com resposta fácil do pelotão, mas houve um que perdurou entre Alhandra e Alverca: do Fernando Duarte (FD) e do jovem Rodrigo, que já demonstravam boa cooperação e, acima de tudo, sinais de preponderância sobre os restantes. Em Alverca, o Capela (e creio do Carlos Cunha) abdicaram do troço final até Loures, não participando nos principais picos de intensidade da tirada: que, como se previa, ocorreram a partir da subida da Sagres. E entretanto começara a chover copiosamente!
O ataque mais forte voltou a pertencer ao duo FD/Rodrigo, que ganhou cerca de 50 metros à saída da rotunda do Cabo e se lançou desenfreado para o final. No seu encalço, apenas um quinteto: eu, Duarte, Renato, João Rodrigues e Hugo Maçã, este o único Ciclomix no pelotão principal, mas a dar muito bem conta do recado: ao seu nível! A perseguição afigurava-se difícil, embora o grupo estivesse a entender-se, reduzindo progressivamente a desvantagem para 20 metros... e baixar. Até que... o semáforo do cruzamento Vialonga-Quinta Piedade nos tramou: fechou, obrigando-nos a refrear o ritmo. Perdeu-se o que se recuperara com tanto esforço! Mas ainda havia tempo de voltar à carga. Só que, eis nova partida do trânsito: na rotunda do MARL houve que dar passagem a um carro. Desta vez, obrigando a uma desaceleração maior – no meu caso e no do Renato quase a parar. Este, aliás, furou e ficou logo aí... Má sorte para o jovem de Bucelas, que vestiu meritoriamente as cores do Pina Bike!
Em consequência deste incidente de percurso, a perseguição, já de sim complicada, tornou-se desde então impossível. Sem dúvida! Tanto mais, que o nosso grupo acabou por se desmembrar. O João Rodrigues passou melhor a rotunda e isolou-se em posição intermédia, mas com os fugitivos fora de alcance. O Duarte e o Maçã seguiam cerca de 100 metros atrás; e eu ainda mais alguns metros, forçado a recuperar. Só o concretizei à entrada da primeira rotunda do Tojal (empresa Costa e Baleia), à custa de muita e preciosa energia. Considero que a separação, embora involuntária, foi um erro estratégico. No entanto, àquele nível de adrenalina e com o caos de visibilidade gerado pela chuva torrencial, se compreenda perfeitamente...
Assim, ainda faço o topo do nó da CREL a puxar o trio, onde deixei as minhas últimas forças... aproveitáveis. O Duarte e o Maçã partiram e chegaram a alcançar o João à entrada do «carolo» de S. Roque, comigo distanciado cerca de 100 metros. Reunimo-nos novamente após a rotunda do Infantado quando eles desaceleraram, já o duo da frente cumprira o objectivo de chegar isolado à estação de serviço. A média de Alverca a Loures, sector decisivo: 34,5 km/h. O meu pulso médio: 170!
Poucos minutos depois chegavam os restantes, creio com um dos elementos dos Duros em vantagem. Logo atrás, o «grosso» dos Pinas! O chefe (Pina), o Evaristo e o Capitão. Os «cinzentos» em maioria! Quando regressava, cruzei-me ainda com o Nuno Garcia na rotunda do Infantado e pouco depois, em S. Roque, com um trio que incluía o desafortunado Renato, o Jony (que parou para ajudá-lo a reparar o furo) e, creio, o Vítor Pirilo.
Correndo o risco de «puxar a brasa à nossa sardinha» – e quem levará a mal? -, não restam dúvidas sobre o excelente desempenho colectivo do nosso grupo nesta clássica inaugural. Bastante promissor para a restante temporada!

Não posso deixar de reiterar a homenagem a TODOS os participantes nesta clássica, pelo respeito e dignificação da filosofia que se pretende deste género de eventos «especiais» da temporada. Cumprimento a todos os estreantes e em especial aos Duros do Pedal (Algueirão) pela sua presença que, apesar dos percalços já referidos, foi a todos os níveis elevadíssima!