quinta-feira, outubro 31, 2013

Crónica do «Livramento-Óbidos»


O evento Livramento-Óbidos-Livramento (chamemos-lhe apenas Óbidos para simplificar), organizado pelo meu amigo e camarada destas andanças, Paulo Pais, desde a sua primeira edição (e como me recordo de a ver ainda com uma ideia na incubadora!) tem a particularidade, quase exclusiva entre iniciativas do género, de resumir em pouco mais de 100 km e de 3 horas na estrada toda uma temporada de ciclismo. Nele, confluem todos os anos, correspondendo à convocatória/convite do popular anfitrião, dezenas de praticantes entusiastas do ciclismo, numa amostra do que é, atualmente, esta atividade na nossa região, arrisco dizer, no país. Alinham «gentes» de diversas proveniências, distintos historiais na modalidade e níveis de competitividade díspares. De antigos profissionais como o impagável Carlos Marta a discretos «domingueiros»; a alguns dos mais reputados corredores amadores destas bandas (inclusive ao nível nacional, como a Taça de BTT, Masters, Sub-23) e a muitos que fazem da paixão pelo ciclismo uma extensão importante do seu quotidiano, treinando afincadamente (diariamente, como profissionais), só porque sim...; ou para participar (e querer fazer boa figura) nas já célebres Clássicas promovidas por diversos grupos (Pina Bike, Duros do Pedal, R-Bikes, Passarada) e nos entretanto (finalmente!) criados e emergentes Granfondo (Gerês, Lousã, Évora). Fazem-nos num espírito de são convívio e com uma predisposição sem condicionalismo para uma refrega competitiva final, como que a celebrar o encerramento de uma época longa e recheada. O Óbidos tem tudo isso, e muito mais...

E a edição deste ano não fugiu à regra! Pelotão com cerca de 30 unidades e a aumentar na primeira fase do percurso até à «mui formosa» vila de Óbidos, em que, de acordo com o «regulamento da «prova», que vigora deste sempre, respeita-se um «acordo de cavalheiros-ciclistas» para manter andamento moderado a fim de manter o grupo compacto e promover a (tal) convivialidade que torna este evento tão especial.

No regresso, a partir do Bombarral (os derradeiros 40 km), então sim, abrem-se as hostilidades e acrescenta-se à parte lúdica a (tal) componente competitiva que muitos dos participantes experienciaram ao longo da temporada. E não há contemplações, faz-se (ou reproduz-se o efeito de) uma autêntica corrida, sem efetivamente o ser... Disse-se, no final, que fora menos exigente do que em anteriores edições. Houve quem a considerasse demasiado tática. Mas ninguém deve discordar que teve todos os condimentos que se reconhece à (saudável) competição. A velocidade média elevada, os ataques, até a referida estratégia, a adrenalina, a vertigem e... a noção de chegada/meta.

Como habitualmente, soltaram-se as feras logo a seguir ao Bombarral a caminho do Outeiro da Cabeça. É verdade que não foi uma abordagem desenfreada como já sucedeu noutro anos, mas os 37 km/h de média à passagem pelo topo final, após o falso plano ascendente que se conhece (7 km a 1%), desmente a «tese» da facilidade. Talvez o andamento certo, sem grandes oscilações ou ataques, terá contribuído para acentuá-la (a «tese»). Mas, como sempre, serviu para se ficar a saber (os que não sabiam...) que, a partir daí, a cavalgada estava lançada e pararia... só no final!

Após isto, sim, começaram os ataques, embora, naquele terreno (tão rápido), todos condenados à partida. Por volta desta altura, assumiram-se os que traziam mais pretensões ou... força. Entre todos, destacou-se o Tiago Silva, que foi, sem dúvida, o homem do dia, pela constância à frente do grupo e o contributo para o ritmo elevado. Mas, acima de tudo, porque apesar deste desgaste, teve capacidade para ser manter entre o muito selecionado grupo da dianteira no final, e de o discutir com os mais fortes e (claramente!) mais poupados/frescos. Entre estes, o André, que, ao seu estilo, carimbou no alto do Livramento, à chegada, sem antes ter passado um milímetro sequer pela frente do pelotão/grupo. De qualquer modo, não o «condeno», pois considero (opinião pessoal) que traz um fator adicional a estas iniciativas, o da pura competitividade, e que obriga os restantes - que tiverem interessados -  a procurar formas de o contrariar. O que não é fácil. Ou melhor, é extremamente difícil, dada a sua enorme capacidade. Contudo, (novamente opinião pessoal) valorizo muito mais (neste caso) o desempenho do Tiago Silva.

Mas este dois não foram os únicos a mostrar serviço nesta jornada. Ficou na retina, desde logo, a disponibilidade do anfitrião PP, em crescendo de forma desde a mini preparação para o maxi desafio do Grandfondo da Lousã. Esteve sempre a espreitar os primeiros lugares e, quando pôde, deu um ar da sua graça – como muito gosta de fazer... Também o João Aldeano, embora ainda em recuperação da forma física após a longa paragem devido a queda grave, não perdendo o ensejo de, a espaços, emprestar mais vivacidade ao andamento. O Marquinhos (após uma «falta» imperdoável na Lousã), que liderou as operações na complicada e exigente passagem pela variante de Torres até Catefica. Interrompido, na subida para o nó da A8, pelo ataque forte do Tiago Silva, que foi rapidamente anulado após uma perseguição consistente que fez a seleção definitiva no grupo. A primeira, embora ainda ténue, fi-la no topo do Ameal – não sei porquê, mas nas minhas participações tem sido frequente sentir-me bem nesse local -, onde meti um «Tempo» de intensidade alta (para mim). No resto, para mim, foi só! Tanto mais, que não houve mais descanso e já foi uma tarefa suficientemente difícil permanecer entre o cada vez mais espremido grupo da frente.

Outra das figuras do dia foi o Filipe Arraiolos, a dar continuidade ao seu excelente momento no Skyroad. Esteve sempre entre os primeiros e deu claramente a ideia (arrisco, a certeza) de estar a trabalhar para o André. E melhor não poderia fazê-lo – a não ser levá-lo ao colo até à chegada. Fundamental a manter carga no andamento, a fechar espaços e, cereja no topo do bolo, a desferir um magnífico ataque na Freixofeira que deixou autenticamente o seu «chefe-de-fila» num sofá... Motivo: entre os 7-8 elementos do grupo da frente já estavam todos muito justos, e o esforço que se requeria ao Tiago Silva para a perseguição deixava-o automaticamente fora da discussão final. Mas, «eis senão quando», surge o João Rodrigues (Ciclismo 2640) a dar o peito ao vento e, num esforço louvável (e impressionante de força) acabou por deixar à mercê, à passagem pelo cruzamento da Azueira, o fugitivo que já parecia inalcançável.

Depois, na rampa final gastaram-se as últimas balas (quem a tinha, porque eu...), com o jovem promissor do ciclismo nacional, João Silva (outro bem resguardado), pronto a apresentar os seus argumentos, mas, tal como sucedeu numa célebre edição anterior ao Marco Almeida, enganou-se e seguiu em frente junto ao jardim da igreja, abrindo caminho ao André, o mais explosivo dos restantes. Mas o Tiago (ainda ele) ficou com o mesmo tempo do «vencedor». Lá está...

P.S. No elitista grupo da frente à chegada, não poderia deixar de mencionar a presença (em destaque) do Pina Bike Nuno Mendes, em extraordinário final de temporada.                                 
 

Domingo: Alenquer-Camarnal-Arruda

Domingo, planura... Mas não só, para não entrar demasiado cedo na monotonia. Por isso, se não contarmos o «carolo» inicial de Frielas para Unhos, depois de uma longa planície até Alenquer  (EN10/EN1), com passagem inédita na «pró-desportiva» vila do Camarnal, segue-se uma incursão por terreno ondulado (Carregado-Arruda-Alverca), antes de um final novamente rolante.
Não só planura, mas sim só, intensidade moderada (no meu caso pessoal) para cumprir, a preceito, a primeira saída de grupo do defeso da  temporada.

O percurso é o seguinte

segunda-feira, outubro 28, 2013

Final de temporada (a minha)

Livramento-Óbidos-Livramento - 2013: o ambiente especial que caracteriza os eventos organizados pelo camarada Paulo Pais. Grande manhã de ciclismo, com um pelotão numeroso e bastante animado. Como mandam as «regras», no regresso, desde o Bombarral, andou-se «à séria», com diversos momentos de bastante animação e ainda maior intensidade. Para final de época, o empenho foi apreciável O PP merece-o! No próximo ano lá estaremos. Desde logo, na volta do Arroz Doce.
A crónica surgirá logo que a minha disponibilidade permita...

Entretanto, desde ontem, após o Óbidos-Livramento-Óbidos, está «oficializado» o defeso da minha temporada. Depois de 15.500 km e quase 600 horas de «pedal», o merecido descanso. Mas este ano resistirei afincadamente à atração da paragem total... Para 2014, o objetivo é subir um degrauzinho mais que seja, e à falta de mais tempo/disponibilidade/capacidade há que dar mais atenção aos pormenores, melhorando o que poderá ser possível melhorar face aos condicionalismos do quotidiano. Entre aqueles, a pretensão, a cada ano repetida mas nunca concretizada, de aliviar o pé aos domingos com o grupo e/ou fazer algumas «folgas». Este «pormaior» é, sem dúvida, um dos que refiro, e um dos mais importantes. Todavia, para quem não tem objetivos competitivos (oficiais) é difícil ceder ao «pragmatismo programático», mas com a entrada (finalmente) dos Granfondo em Portugal (em 2014 já serão três) pode ser que encontre a motivação que tem faltado para resistir às cavalgadas ineterruptas, domingo após domingo. E que dão tanto gozo ao fim de uma semana de trabalho e de treinos solitários...

sábado, outubro 26, 2013

Programa para este domingo

Para os que não forem ao Óbidos-Livramento-Óbidos, organizado pelo camarada Paulo Pais (no Livramento, junto ao pavilhão gimnodesportivo; concentração a partir das 8h30; partida às 9h00; cerca de 100 km), a volta deste domingo é a de Runa. Eis o percurso:

quarta-feira, outubro 23, 2013

Crónica da Clássica dos Campeões


Clássica dos Campeões, a última da temporada, foi de bom nível mas acusou as limitações da sua posição tardia na época. Alguns concluem-na (a época) em excelente forma, entre estes a maioria que participou no Skyroad ainda há uma semana; outros já em declínio, natural, devido ao «peso» dos muitos quilómetros. Todavia, comum a todos, o desejo do merecido período de defeso - que, para mim, virá logo após o Livramento-Óbidos, do camarada Paulo Pais, no próximo domingo.

Por isso, os participantes não foram em número tão elevado como é habitual nas Clássicas. De qualquer modo, foram entre as 15 e 20 unidades, e com «pedal» suficiente para se ter cumprido uma média muitíssimo interessante e para diversos momentos de enorme animação.

A saída de Loures foi tranquila e só a partir de Alverca a velocidade média ultrapassou mais largamente os 31 km/h que se registavam à passagem pela cidade. Entre esta e Alenquer, média de 35,5 km/h, com o pelotão compacto e a rolar em ritmo certo.

A entrada no sobe e desce, que culminou com o carrossel da Espinheira só aqui trouxe novidades. Após a Abrigada, adiantou-se um quarteto de respeito (Nuno Mendes, os Brunos, Felizardo e de Alverca, e o Carlos Santos) – que rapidamente se reduziu a trio com a saída deste último -, que não demorou a ganhar vantagem nas vertentes da Espinheira, perante a «autorização» do pelotão comandado pelo Ricardo Gonçalves, o «puto» André, o Filipe Arraiolos, eu e o Jony.

Ultrapassado este parte-pernas, na descida final, o Arraiolos embala o grupo, desencadeando a perseguição, a que correspondeu, numa primeira fase, o Jony, que fez a subida até à rotunda do Cercal (muito bom ritmo, sempre acima dos 30 km/h), e após esta, o primeiro momento de grande intensidade: o André mete um passo fortíssimo na subida do Cercal (5 minutos com o coração à média de 170 ppm!). Resultado: no alto, pelotão altamente selecionado. Na frente, apenas eu, o André, o Ricky, o Arraiolos e o... Ricardo Afonso (excelente forma!). Creio que o Carlos Santos não demorou a reentrar. Todos os restantes ficaram «cortados». Tal como não demoraram os fugitivos a serem alcançados.

Durante alguns quilómetros, houve dois grupos, mas à passagem pelo Vilar o pelotão estava novamente compacto – momento que coincidiu com a chegada (ao nosso encontro) do Paulo Pais e do Runa. Após isso, rolou-se moderadamente até à Ermigideira, início da subida do Sarge. Na aproximação, porém, o Nuno Mendes elevou o andamento, estimulando para uma transposição muito mais do que «ligeirinha» - embora não «terminal» -, e com o Paulo Pais e o Runa já a mostrarem serviço. Contudo, foram o Ricky e o Arraiolos os mais fortes na aceleração final, embora sem forçar a fuga. O pelotão voltou a formar-se logo à saída de Torres para Runa, ligação tranquila, sob o meu comando.

Deixaram a meu cargo a abordagem à rampa (íngreme) que se segue a Runa, e foi o seu homónimo (o Runa...) a «mexer» - e de que maneira! Passou direto, ganhou cerca de 50 metros – e ninguém parecia responder. Decidi forçar e mantive-o a uma distância recuperável, até que o Ricardo Gonçalves passou à perseguição, alcançando-o e ultrapassando-o pouco antes do topo, com o escapado em perda. Franqueámos (os três) o cume praticamente juntos e destacados do pelotão, onde o Ricardo Afonso voltava a sobressair. Todavia, os restantes não demoraram a reunir-se a nós, antes de Dois Portos e da abordagem à subida que se esperava decisiva para o Sobral.

E assim foi. No entanto, os primeiros dois quilómetros foram, estranhamente, tranquilos, com o Ricky e o André a liderarem em andamento lento, perante a expectativa dos demais. Foi então que decidi meter o ritmo, e fi-lo até cerca de 700-500 metros do alto, já com o grupo reduzido à expressão mínima. Nessa altura, o André acelerou com o Ricky na sua roda, e ganharam alguns metros, inevitavelmente. Tardou a resposta, que veio o Carlos Santos e do Arraiolos, aos quais me agarrei, num final de grande sofrimento. Após o alto, os dois da frente estavam a cerca de 100 metros. Mas no centro do Sobral decidiram virar à direita para a descida da Feliteira para apanhar o cruzamento mais à frente, para nova subida em direção à rotunda da praça de touros. Que ideia? Era suposto seguir-se em frente (pela rua em empedrado). Com esta baralhação, perdi as rodas dos meus dois parceiros... e não mais as apanhei, entrando em claríssima perda, que apenas consegui atenuar na ascensão final, para o Forte de Alqueidão, onde os dois perseguidores alcançaram o duo de fugitivos, lançando-se para a longa descida para Bucelas.

A mim, restava deixar-me ir , e em breve tive companhia. Primeiro do surpreendente Ricardo Afonso, depois do Nuno Mendes e do um dos (apenas dois presentes) Duros (o outro foi o Vaqueirinho, que esteve em elogiosa representação do seu grupo, um dia depois de ter vencido a sua categoria na maratona de Santarém), e um pouco mais tarde, também o Bruno de Alverca. Até ao Tojal, apenas se ressalva a ligeira saída de estrada do Mendes, numa das curvas da descida do Alqueidão, felizmente sem queda.

Do que se passou no quarteto da frente não sei. De qualquer modo, os seus elementos demonstraram que foram os mais fortes nesta Clássica que encerrou, com chave de ouro, a temporada de 2013. Para o ano voltarão a pontificar no nosso calendário, consagrando estes eventos de ciclismo com o mesmo elevado nível que se lhes reconhece!
 
Nota: no próximo domingo, o camarada Paulo Pais reúne as tropas para mais um Livramento-Óbidos-Livramento (cerca de 100 km). Concentração no Livramento (junto ao pavilhão gimnodesportivo, pelas 8h30), e partida às 9h00.         

terça-feira, outubro 15, 2013

Domingo: Clássica dos Campeões

No rescaldo do memorável Skyroad Grandfondo da Lousã, e para os que nele participaram, ainda com o motor quente, no próximo domingo a última Clássica do ano, a dos Campeões.
Percurso com cerca de 130 km, à medida de um «happy-ending», com relevo para (quase) todos os gostos. Primeira fase, longa, de planura, seguido de um carrossel chamado Espinheira e uma ligação novamente rápida (e longa) a Torres. A partir daí, mais «parte-pernas» até Dois Portos, onde se inicia a fase mais seletiva do traçado, com a subida para o Sobral e, logo a seguir, para o Forte de Alqueidão. Antes da ligação a Loures, pelo Tojal, a longa descida, com muito pedal, para Bucelas.    

Partida às 8h00, das bombas da BP, em Loures. 
 
Nota: em breve a crónica do Skyroad  

quarta-feira, outubro 09, 2013

Crónica do Infantado


No dia seguinte ao último treino duro, de preparação para o Skyroad da Lousã, a volta domingueira com o grupo, num percurso totalmente plano, para as intermináveis retas da lezíria ribatejana, o famoso «Triângulo das Bermudas» do Infantado (como alguém o apelidou...), não surpreendeu quem, contrariando a lógica que as facilidades do terreno pudessem ser sinónimo de facilidades na intensidade imprimida ao andamento, já está acostumado a que aconteça precisamente o contrário - que planura rime com tortura!

Enfim, sem exageros. A saída que, no (meu) total, ultrapassou os 140 km, não foi bem ao encontro das minhas pretensões, mas, à exceção da ligação Alverca-Vila Franca, a uma média de 42 km/h, imposta pelo Hugo Ferro – que acabou por terminar aí a sua presença nesse dia -, e de, logo a seguir, na reta do Cabo até Porto Alto, a 40 km/h sob vento lateral, o resto da jornada não foi mais aziaga. Bom, se não contarmos que também dispensaria – e estava longe de prever – ter feito cerca de 60 km a puxar, ainda que em ritmo moderado, apenas na companhia do camarada Paulo Pais. Mas já lá vamos...

Antes, destaque para a extraordinária ligação entre o Porto Alto e o cruzamento do Campo de Tiro de Alcochete, a uma louca média de 43 km/h durante 17 km. Embora auxiliados pelo vento, foram apenas três os responsáveis «maiores» pela proeza: Os Brunos Felizardo e de Alverca, e o Carlos Santos. Num coordenado revezamento, levaram o pelotão nas suas rodas, sem momento de descanso. De qualquer modo, para os elementos protegidos, a intensidade foi moderada. Apenas a velocidade – algumas ocasiões a roçar os 50 km/h, foi causa de algumas vertigens...

Então, logo após o cruzamento, quando o vento voltou a bater de lado e o ritmo parecia não baixar, surpreendentemente o Paulo Pais abdicou. Eu tinha feito os últimos quilómetros na sua roda e felizmente apercebi-me da sua decisão. Esta deveu-se, certamente, ao treino de véspera também duro, em Montejunto, e a sentir que o esforço além do recomendado. No entanto, «largar» naquele ponto do percurso, talvez o mais distante – constatei pouco depois que ele não conhecia a localização -, não seria nada agradável fazer todo o restante «a solo». Por isso, não hesitei em ficar na sua companhia, imprimindo um andamento muito mais moderado que nos permitiu completar a volta sem estragos. Ainda assim, daí até Vialonga, 32 km/h de média. De qualquer modo, as retas infindáveis daquela planície não são propriamente a melhor motivação para um esforço individual e já algo condicionado – e ainda menos para mim, que «convivo» mal com este tipo de relevo...

Muito mais à frente, antes de chegar, de novo, ao Porto Alto, alcançámos o Zé Correia – igualmente deixado, por sua conta e risco, pelos seus parceiros (outro grupo que seguia desde o início adiantado ao nosso), e pouco depois o seu filho, Zé-Tó, que, o aguardava. Dos restantes sabe-se que mantiveram o ímpeto que traziam até à nossa despedida...

Este domingo, a volta continua «a rolar»... Agora desde Sacavém (com início por Frielas e Unhos) até Azambuja, e regresso pelo caminho inverso (volta na 1.º rotunda) até Alverca, onde depois se seguirá por Vialonga e Tojal, de regresso a Loures.

 Recorde-se: no domingo, dia 20, realiza-se a Clássica dos Campeões, de encerramento da temporada. Todos as informações durante a próxima semana.        

quinta-feira, outubro 03, 2013

Crónica da Clássica Pina Bike


A Clássica Pina Bike, do último domingo, foi sem dúvida a melhor do ano. Percurso interessante e seletivo, pelotão numeroso e bem recheado, e uma «atitude» extremamente positiva dos participantes que prestigia este tipo de eventos. Fica a faltar a Clássica dos Campeões, no encerramento da temporada, dia 20 de outubro – que se espera de celebração de mais uma temporada cheia de atividade, em que voltou a eleva a fasquia do nível qualitativo e de participação!

À partida de Loures, o pelotão estava bem composto, com cerca de 20-25 unidades, para o que contribuiu a integração de diversos camaradas dos Duros do Pedal – sempre assíduos - e dos Roda28 – também a tornarem-se «habitués» nas nossas lides -, que se juntaram a uma representação forte e numerosa do Pina Bike – o que se saúda!

Saída em direção ao Tojal e Bucelas, desde logo a bom ritmo, com diversos elementos a passarem pela frente do grande grupo, prevalecendo a formação Pina Bike, mantendo uma toada «certinha» que se prolongou aos primeiros quilómetros da subida para o Forte de Alqueidão. Nesta fase o andamento foi relativamente moderado, só se «inflacionando» cerca da Quinta do Paço, quando começou a haver pequenas movimentações, sem grande expressão, mas animadoras. Uma das últimas, sob iniciativa de um Roda28, a que se juntou o «nosso» Bruno Felizardo, foi a mais consistente e durava há alguns minutos com cerca de 100 metros de vantagem sobre o pelotão comandado mais amiúde pelo Ricardo Gonçalves – que parecia agir em «coordenação» com o Renato Ferreira. Mas, não foi preciso esforço para anular a fuga, uma vez que o Roda28 furou no último km da subida, levando a que a maioria dos seus companheiros parasse em seu auxílio (não é a primeira vez que esta equipa da zona de Sintra demonstra forte coletivismo, num excelente exemplo de camaradagem). Perante isso, todo o pelotão reduziu substancialmente o andamento, o que não invalidou que o tempo de subida se tenha ficado por muito apreciáveis 24.15 m.

A «espera» continuou nos quilómetros seguintes, na descida para Seramena e Cabêda, e prolongou-se, inclusive, na ligação a Sapataria, na subida subsequente e até início do troço Milharado-Roussada. No entanto, sem que os Roda28 voltassem a reentrar. A ligação Milharado-Venda do Pinheiro já foi mais rápida (principalmente a subida final), e após esta, até à Malveira, voltou-se ao andamento de cruzeiro de Clássica – e ainda sem sinal dos retardatários acidentados. Com o ritmo imposto na longa descida para Vila Franca do Rosário seria agora difícil que voltassem a reintegrar-se.

Chegava, então, o Gradil, com o pelotão compacto e os músculos novamente bem quentinhos. Contudo, quando se esperava uma entrada de leão, foi de... sendeiro. Para as minhas pretensões (de mais uma etapa de preparação para o Skyroad da Lousã), não servia, por isso passei a impor o andamento, em parceria do Nuno Garcia até à entrada da vila e depois sozinho até às últimas centenas de metros da primeira subida, quando alguns saíram de trás, acelerando o ritmo. No topo, o grupo estava «partido», mas a maioria reentrou na descida, mesmo antes da segunda ascensão, a mais longa e complicada.

Nesta, a mesma parcimónia da anterior. À cabeça, o ritmo era deixado à responsabilidade do «Ricky» Gonçalves, que o mantinha em lume brando perante a passividade dos demais, na sua roda. Assim, voltei a assumir as despesas, a uma intensidade que me convinha. Fi-lo uma vez mais até às derradeiras centenas de metros, quando se repetiu o figurino da primeira subida. Só que, agora, com uma mudança de ritmo muito mais forte (do Carlos Cunha), ao que os mais poderosos corresponderam. Perante esta, fiquei a «abanar» na cauda do grupo de elite e cheguei a temer por perdê-lo. Não aconteceu. Na Murgueira, o pelotão estava já bastante selecionado. E definitivamente. Tanto mais, que a caminho da rotunda de Barreiralva, o Ricardo voltou a assumir o comando, mas agora impondo um grande andamento.

Desceu-se, então, para Monte Bom e Santo Isidoro, sempre com precaução redobrada devido ao piso húmido. Antes, integraram-se alguns elementos dos Viveiros de São Lourenço, com um deles a «meter o passo», ao lado do Ricardo, no início da subida de Sto. Isidoro. Aí, mais uma vez ritmo demasiado baixo para os meus intentos. Pelo que voltei a repetir a dose «dupla» do Gradil. O meu trabalho voltou a ser «interrompido» já perto do final da ascensão, agora por uma extraordinária aceleração de um dos «Viveiros» (creio que o ex-profissional Serafim Vieira), que rapidamente ganhou uma centena de metros até final, forçou a uma perseguição «violenta» conduzida pelo Ricardo (creio que demasiado forte para as «necessidades»), mas o fugitivo, ótimo rolador, foi alcançado já perto de Paz (onde se juntaram os Roda28, em sentido contrário, vindos da Murgueira; e com eles, também o Felizardo).

De Mafra a Alcainça, a vivacidade aumentou ainda mais, mercê de um empertigamento entre os Viveiros e os Roda28 (todos muito mais frescos!), deixando os poucos que restavam com o «percurso completo» na expectativa. Eram estes (posso falhar algum): eu, o Ricardo, Arraiolos, Bruno de Alverca, Carlos Cunha, Capela, Carlos Santos, André (que perdeu o comboio antes de chegar a Alcainça).

Na dura subida final, para a Ribeira dos Tostões, o Bruno e um Roda28 entraram destacados, tendo sido alcançados a meio da rampa, na parte mais íngreme. O grupo fracionou-se, com não mais de meia dúzia à cabeça no topo, sem que alguém fizesse a diferença. A partir daqui, os Viveiros e os Roda28 seguiram para Pero Pinheiro, enquanto os resistentes dos «100%» (eu, o Ricardo, Arraiolos, Bruno de Alverca, Carlos Cunha, Capela, Carlos Santos) completaram o trajeto mantendo um bom ritmo até Sta. Eulália.

No final, em Loures: 3h20m para 106,2 km, à média de 32 km/h.

No dia 20 há mais, na Clássica dos Campeões. Recordo: pretende-se que celebre o encerramento da época. Mas dela falaremos a seu tempo.
 
No próximo domingo, rolar, rolar para o Infantado (no sentido inverso)