domingo, julho 03, 2005

De volta, com a Etapa do Tour à porta

Após longo interregno, e a pedido de «várias famílias», decidi voltar a «alimentar» este blog. Desde o início de Abril (já lá vão três meses!), tantas coisas aconteceram no nosso pequeno universo velocipédico. Fomos a Fátima, à Clássica dos Lagos de Covadonga, a Évora e à Quebrantahuesos (embora nestas últimas duas não estive presente), e estamos a apenas uma semana do grande objectivo da temporada 2005: a Etapa do Tour. De premeio, aos domingos, praticamente sem excepção, lá estivamos para a habitual saída de grupo.
No meu caso particular, a Primavera arrancou com o passeio a Fátima, divertido e agradável e muito bom do ponto de vista do «rendimento desportivo». Feliz ou infelizmente, ainda tenho na memória a manira excepcional (para mim!) como fiz os últimos 15 km, da Batalha a Fátima (os mais duros de todo o percurso, que tem cerca de 140 km). É-me difícil descrever a minha performance sem parecer pretensioso, mas o Salvador, que subia, a espaços, agarrado à carrinha, é testemunha de como naquele dia estava mesmo com «tudo em cima».
Também disse infelizmente, porque essa data (24 Abril) acabou por marcar o final de um ciclo de preparação, em que a melhor forma chegou demasiado cedo quando deveria ter chegado cerca de um mês depois, nos Picos da Europa, Astúrias, onde cumpri a minha terceira participação na duríssima mas fantástica Clássica «Lagos de Covadonga» (dia 21 Maio).
Lá, na companhia do Nuno Garcia e do Miguel Marcelino, correu tudo às mil maravilhas. Tudo, até à Huesera (parte mais dura da subida final, com cerca de 1 km que não baixa de 15-16% de inclinação). Da participação, fica para contar o ritmo altíssimo a que se rolou no nosso pelotão – basta dizer que chegámos com média de 32 km/h à subida dos Lagos, depois do Mirador del Fito (10 km a 6%) e a Robelada (5 km a 5%) –, os ataques suicidas do Miguel e, como já disse, a confirmação de que os Lagos são uma das subidas mais duras (se não a mais dura) e belas que já fiz. Além disso, as cores de Portugal ficaram, por nós, bem representadas, com classificações meritórias entre os 300 primeiros entre mais de 1500 participantes.
Do ponto de vista pessoal, tenho de queixar-me apenas de mim próprio, por ter deixado passar o meu melhor momento de forma, por, além disso, me terem faltado andamentos mais leves nos Lagos (levei 39x25 mas precisava de muito mais pequeno) e que, por isso, sofri a bem sofrer…
Por falar em sofrer, ainda não perdoo o Nuno Garcia por ter feito menos 15 pulsações de média em todo a etapa – tendo terminado a prova imediatamente atrás de mim, a apenas 4 segundos. Brinco, porque na verdade o Nuno estava a entrar no seu auge da temporada, de resto, confirmado um mês mais tarde, nos 200 km da Quebrantahuesos (onde fez média de 27 km/h – é obra!). Do Miguel já conhecia o seu espírito combativo, mas estava longe de esperar que seria louco ao ponto de atacar um pelotão numa prova tão dura como esta… Os devaneios custaram-lhe 3 minutos nos dois últimos kms da subida. Dele fiquei a saber que nada de bom poderei alguma vez esperar. Sem dúvida, é a pior roda do mundo…
Depois dos Lagos entrei num período de abaixamento de forma abrupto que se tem prolongado muito mais tempo do que o recomendável, uma vez que, amiúde, me impediu de fazer treinos intensos, principalmente de subida, para preparar como pretendia a Etapa do Tour (11 de Julho). Por isso, tive de fazer um «tratamento de choque», gerindo criteriosamente a condição física e a programação do esquema de treinos para não entrar em «colapso» físico – isto porque não valeria a pena encarar uma prova tão difícil como a Etapa do Tour em más condições físicas. Seria sofrer por querer…
O Nuno viu-o em excelente forma até há uma semana e certamente vai chegar bem ao Tour, e o Miguel, que embora tenha passado menos bem na Quebrantahuesos (ficou a 30 minutos do Nuno), tem vindo a progredir, dando boas indicações que a época foi bem planeada – o que é perfeitamente natural, uma vez que este a Etapa do Tour é, para os três, o grande repto da temporada. À imagem de Lance Armstrong!
Por fim, uma palavra de apreço para o grupo de domingo, cujo nível, não me canso de referir, tem vindo sempre, sempre a subir. Como são competitivos os treinos em terreno mais plano! Será que é este ano que fazemos pelotão a subir a Serra da Estrela?!
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