quinta-feira, dezembro 28, 2006

Volta de Consoada

Na véspera de Natal, para abrir o apetite para a ceia da Consoada, a volta domingueira teve percurso inédito. Na primeira parte, por trajecto já muito batido, até Cruz do Campo, mas a partir daí, em carrossel constante por Pontével e Aveiras, seguindo-se a ligação a Ota por Vale do Brejo e regresso tradicional por Alenquer. Para calmeirões roladores, está claro!
A primeira metade da etapa foi marcada por uma longa escapada, protagonizada por dois combativos do nosso pelotão: Salvador e Daniel. Surpreendeu mais o segundo, que alertara no início da tirada que vinha de uma paragem de um mês… Mas há coisas que nem o espírito natalício altera!
A aventura foi, como se disse, duradoura e começou a desenhar-se no selectivo empedrado de Vila Franca, onde há sempre quem se preocupe pouco (ou mesmo nada) com a maldita tremedeira. Aqui, a referida dupla carregou nos crenques, enquanto, atrás, o pelotão optou por aliviar.
Não demorou, assim, a que a distância abrisse até se perder o contacto visual. Este só foi retomado na ampla depressão da estrada junto ao cruzamento de Aveiras, muito tempo depois da perseguição se ter iniciado – precisamente em Vila Nova da Rainha. Por alto, a vantagem máxima dos fugitivos deve ter ascendido a 3 minutos, uma vez que, na primeira medição (a olho), rondava os 2 minutos.
No entanto, o trabalho do Durão a partir do momento em que teve as «presas» em mira foi demolidor e logo a seguir ao cruzamento de Cruz do Campo (3 km depois) já as tinha «caçado». De resto, nesta altura eram visíveis as dificuldades do Daniel em acompanhar o seu parceiro de aventura.
A partir daqui, respeitou-se o espírito da quadra e não voltou a haver hostilidades relevantes, assistindo-se a uma enorme disponibilidade para atenuar as diferenças que se foram produzindo com o acumular da fadiga – e que, além do desmedido Daniel, também afectou o João Santos.
Deste modo, o regresso fez-se com pouco mais que o «peso dos sapatos» — um desperdício, uma vez que o vento soprava a favor. Aliás, quanto a isso, às tantas, o Duarte fez um comentário muito certeiro, em jeito de crítica à iniciativa madrugadora do Daniel e do Salvador. «Vão contra o vento a 35 por hora e depois a favor… apenas a 25».

Nota de observador

Sintomática a forma como o Duarte se negou a manter o andamento do pelotão a quase 40 km/h, quando o Durão lhe cedeu a liderança do pelotão no topo de Vila Nova da Rainha, no início da perseguição, a sério, aos dois fugitivos. Não estava para entrar em correrias, revelando muito pouca habituação a este grupo. Ou será que não estava para se expor?…

Chegou-me aos ouvidos que o empertigamento do Salvador se deveu a uma espécie de resposta aos maus tratos que lhe infligiram no domingo anterior, durante a volta da Abrigada. Penso que os seus intentos foram alcançados. Afinal, a fuga durou mais tempo que é habitual – prova do bom trabalho dos fugitivos – e obrigou a um trabalho de choque do Durão, a partir do cruzamento de Aveiras, para a anular rapidamente (e pergunto porquê, já que foi nesse preciso momento que estava restabelecido o contacto visual depois de longos quilómetros «às escuras»?). Mas aqui também me pareceu que as forças lá à frente já iam justas. Por isso: valeu, camaradas, porque a coragem do Daniel também merece elogio…

Para mim, foram proveitosos 147 km, nova melhor marca pessoal na pré-temporada.

Bom Ano!

segunda-feira, dezembro 18, 2006

Voltas duras e outras especialmente duras

Há voltas naturalmente duras e há voltas especialmente duras. A diferença entre ambas pode ser, por exemplo, quando ciclistas especialmente fortes por qualquer razão se destacam do pelotão e o «obrigam» a perseguir intensamente durante muitos quilómetros. Foi isso que sucedeu, na aproximação à Ota, quando o Miguel e o Nuno Garcia se isolaram do grupo, ganhando rapidamente uma distância considerável (chegou a ser quase um minuto), que forçou o pelotão (ou que restava dele após ter perdido metade dos elementos no Carregado) a cerrar fileiras na perseguição, que durou desde o início do topo da Ota (EN1) até ao cruzamento da Labrugeira, mais de 15 km.
Resultado: a volta endureceu… especialmente, ganhando um nível bastante elevado de exigência, que a tornou altamente selectiva. Assim, dos elementos que compunham o grupo perseguidor original apenas eu, o Durão e o João Santos conseguimos fazer a junção.
Felizmente, o Pedro estava em «dia não» e começou a sentir dificuldades ainda antes do andamento aumentar, optando, muito bem, por ficar por sua conta. Todavia, o Salvador, o ZT e o Roubaix não resistiram ao ritmo da perseguição. Muito cedo, o Salvador, logo no topo da Ota, e mais tarde também os restantes, no troço Abrigada-Labrugeira. O pior caso foi o ZT, que acabou por pagar pela insistência (e foi muita!), cuja factura foi um final penoso.
Os responsáveis já foram aqui denunciados – Miguel e o Nuno –, mas, por aquilo que deu para ver cá detrás, terá sido muito mais o primeiro. Assim sendo: grande classe, sr. Louco Imprevisível! Óptimo andamento, sempre muito regular, denotando bom apuro de forma nesta fase inicial da temporada, sem que constitua prenúncio de uma precocidade negativa, mas, pelo contrário, uma base já muito sólida para todo o trabalho que aí virá.
Aliás, o «grand finale» estava reservado para o Alqueidão, onde, com ele, recriei o interessante mano-a-mano de A-dos-Loucos, há cerca de dois meses. Fez-me recordar, igualmente, uma célebre subida da Mata, em que também impus o ritmo (naquela altura muito constante, ao contrário deste, muito irregular) e que, como agora, ele soube resistir e obrigar-me, no final, a estrebuchar para recuperar a sua roda – que, cheguei a ver à distância de 2/3 metros. Assim vale a pena sofrer! Por isso, deixo desde já o repto para um reencontro em breve. Creio que concordas que momentos destes valem o esforço de te levantares da cama um bocadinho mais cedo para estar à partida de Loures. , É certamente unânime, no grupo, a opinião de que deveria ser mais assídua a tua presença. Para benefício mútuo…

P.S. O mesmo se estende ao Nuno Garcia, que ontem deu mais uma demonstração cabal do seu calculismo no treino invernal, ao reservar-se a ajudar efectivamente o seu companheiro de fuga, que, aliás, nunca pareceu reinvidicá-la, facto que só abona a favor da inabalável confiança (amizade) existente entre ambos.

Notas de observador

Elogio ao desempenho do Durão e do João Santos, que, na véspera tinham roçado os 150 km. O Carlos do Barro fez-lhes companhia nessa longa tirada, mas ontem optou por fazer um treininho mais higiénico, encurtando o trajecto no Carregado, com mais alguns. Foi o melhor que fez, porque seria muito difícil limpar o ácido!

O Durão é um atleta acima da média, uma força da natureza, mas, por vezes, a ânsia tolhe-lhe o discernimento. A perseguição de ontem foi um bom exemplo. Creio que teria mais a ganhar e a dar, se não fosse tão impaciente, tendo querido «liquidar» a fuga o mais rapidamente possível, quando a categoria dos fugitivos desaconselhava precipitações sob pena de infringir dura tareia, em si e nos demais do grupo perseguidor. Bastava ter lido mais ponderadamente a situação (à frente, só o Miguel trabalhava, e havia que saber rentabilizar a nossa vantagem numérica) e também confiado mais nas suas próprias capacidades (mesmo com os músculos pisados do esforço da véspera) e nas dos seus parceiros também! E a volta não acabava na Atalaia!

terça-feira, dezembro 12, 2006

Voltas planas, mais fáceis? Puro engano!

As voltas esmagadoramente planas são, de facto, um engano. Pode ser que as diferenças sejam menos evidentes, a malta vá toda junta, converse, dê para comer à vontade, parar para encher os pneus e haja furos sem que fiquemos fora do horário previsto.
Mas quando se tem de fazer 120 km sem deixar de pedalar (pelo menos quando há subidas, também há descidas!), grande parte deles contra o vento, a situação muda de figura. Mal ficam os «levezinhos» abaixo dos 70 kg (ainda bem que, por enquanto, tenho mais 3!) quando, a espaços, têm de seguir os ritmos dos roladores possantes.
Pois, há ocasiões em que uma pessoa está no local errado, à hora errada, e o Hélder foi uma delas. Regressado ao convívio do grupo após longa ausência, certamente terá saudades do tempo em que chegava e «massacrava». Eu que o diga! Agora quando vem, começa a ser hábito sair «massacrado». E se até algum tempo era porque, de certo modo, subavaliava as potencialidades do grupo ou sobreavaliava as suas, pagando pelos excessos que cometia, agora começa a vergar-se às dificuldades inerentes ao esforço de uma tirada com este grupo e determinadas «exposições ao perigo», como foi ter ficado com o João Santos, quando este furou pouco depois do cruzamento de Alcochete/Porto Alto – além dele, também eu e o Freitas.
Os cerca de 8 minutos perdidos para o pelotão foram recuperados em menos de 15 km! Como? A 38-40 km/h contra o vento ao estilo de contra-relógio por equipas, inicialmente por revezamento contínuo (sempre a passar pela frente) e depois dos primeiros sinais de fraqueza, a cada 20 segundos. É um exercício difícil, muito duro. Digo-o eu que gosto pouco (ou dou-me mal) de rolar a alta velocidade e muito pior contra o vento. E o percurso até era um falso plano descendente – como seria se tivesse sido entre Porto Alto/Infantado e Alcochete, que é precisamente inverso? Assim dá para ver que contra-relógio por equipas é mesmo «aço»! Ainda mais só com quatro ciclistas. Descansar? Qual quê!
Bem… e não foi mais exigente porque a partir de metade do troço aliviou-se os pedais para não perdermos homens pelo caminho. Há locais e horas erradas!…
P.S. Apesar do esforço, foi um momento muito interessante, até pelo próprio exercício em si. Mas tenho de reconhecer que houve uma parte da volta muito mais dura, que me deu cabo do resto… aos 120 e tal km (num total de 143 km). Talvez tenha passado «despercebida», mas, para mim, a ligação Vila Franca-Alverca foi uma loucura. Talvez o Durão possa esclarecer melhor!

sábado, dezembro 09, 2006

Todos p'á paragem!

A velha máxima, a atirar para o «filosófica», que diz mais coisa ou menos coisa que «a cada dia se aprende algo novo», não fica mal aplicada às nossas voltas domingueiras, dignas de compêndio. A tirada que se realizou esta sexta-feira, então, foi uma autêntica lição prática de ciclismo à chuva, de uma utilidade extrema, principalmente para os mais leigos como eu. Desde já, fica a saber-se que as regras de bem andar bicicleta ditam que, na iminência de uma violenta bátega de água – ou seja, quando céu se torna naquele cinzento ameaçador que não engana -, deve abandonar-se a estrada o mais rapidamente possível e tentar encontrar um local que sirva de abrigo. Dizem também as regras que à falta de melhor resguardo da intempérie, não fica nada mal recorrer à primeira paragem de autocarro que se avistar.
Nestas coisas os nossos dão os melhores exemplos, por isso seguiram à risca as directrizes para fazer face este tipo de condições meteorológicas adversas. Como as que ocorreram esta manhã, à chegada ao Forte de Alqueidão, onde tive o privilégio de assistir aos procedimentos que se deve ter nestas situações, e que não são mais que debandada geral às primeiras gotas em direcção ao improvisado aconchego: no caso, uma bela paragem. De cimento e mal caiada, por sinal.
Também foi um enorme ensinamento observar a capacidade de gestão de tão exíguo espaço, onde couberam, sem acotovelamentos, cinco ciclistas e respectivas bicicletas. Momento inolvidável que ficará conhecido como a «fuga-para-a-paragem-e-lá-ficar-enquanto-esteve-a-chover».
Cinco donzelas com medo de estragarem o penteado! Tinha mesmo de cá andar neste grupo há alguns anos para assistir a uma situação destas! Resta dizer que o «aprendiz» aqui, ficou às voltas, para a frente e para trás, à chuva, até S. Pedro se envergonhar daquelas figuras.
Já agora apresento as candidatas a Miss Paragem. A saber: Durão, Pintainho, João Silva, Carlos e o Roubaix.
Além desta, houve mais uma «lição» a retirar desta volta. O Pintainho ficou a saber, na pele, que não são precisas inclinações acima dos 15% para arriscar a ficar apeado – mas sim a fadiga de uma forma geral. Esta advém do esforço, e este não se quantifica apenas através do factor-desnível, mas também da distância, velocidade e outros ainda mais importantes: a alimentação e a forma física. E é este último que parece faltar actualmente ao nosso camarada da roda cardada – que começou a sentir grandes dificuldades curiosamente quando o relevo lhe era mais propício, depois de muitos quilómetros planos. De qualquer modo, o vento que fazia na subida do Sobral favorecia, de facto, os calmeirões e nada quem tem tão pouco peso e pedala tão leve. Depois foi a Louriceira, as caimbras e o penoso regresso. Rapaz, é melhor adiares as quatro subidas de Montejunto que querias para hoje.
Ah, e que grande subida fez o Carlos para o Alqueidão! Impressionante o momento e a forma como atacou. E só não deu para chegar isolado ao alto porque o Durão fez uma perseguição homérica!

terça-feira, dezembro 05, 2006

Torres: provar o alcatrão e surpresa «Roubaix»

Provar a consistência do alcatrão não é coisa que dê muita saúde, mas quando a perícia não é muita e o piso parece manteiga, o melhor que se pode pedir é cair muito devagar, de preferência quase parado. Tombar, porque não! Foi o que me sucedeu ao «facilitar» ao atravessar a passagem de nível de Runa. Resultado: corpinho ao chão, pequenas escoriações no braço direito, que está apenas dorido. Mais importante (quando nada se passa connosco), a máquina passou incólume – e nem é preciso pedir à mãe, eterna, para dar um «pontinho» na camisola.
Tudo isto por culpa da chuva, que nos pregou uma partida de manhãzinha. Depois parou, felizmente, mas de sol nem pinga para secar o raio do asfalto. Assim, foi com precauções redobradas que o grupo (pequeno) se fez à estrada, a caminho de Torres Vedras, pela Malveira. Andamento moderado até à Venda do Pinheiro, com a subida da Freixeira praticamente desprezada. Aqui juntou-se o grande Abel, de regresso às lides após prolongado afastamento. Ainda está meio enferrujado, naturalmente!
A descida de Vila Franca do Rosário foi lidada com pinças, embora o Carlos estivesse muito activo na frente (pouco habitual naquele terreno), não deixando o ritmo cair. Mesmo assim, deu para a pulsação baixar das 100 bpm – o que mesmo aí é raro! Por isso, para não arrefecermos, o Freitas meteu o seu passo de cruzeiro em direcção ao Turcifal e eu na subida para Catefica. Os demais não perderam a compostura e mantiveram-se à margem, negociando a ascensão com relativa tranquilidade.
Seguiu-se para Torres, calmamente, mas à saída do parque de merendas dos Cucos a forte inclinação levou aos primeiros queixumes. «Dói aqui, dói ali, fico já aqui, devia ter ficado ali…» Nada que destoe de uma manhã de Inverno em que andar de bicicleta era pouco menos que uma actividade contra-natura.
Os «ais» subiram de tom à entrada de Runa, eu, porque fui ao chão, e à saída, os mais impressionáveis com a visão terrorífica da rampa do campo de futebol. Pois bem, o Fantasma, ontem campeão das lamúrias, tirou bilhete, convencendo facilmente o João Santos a acompanhá-lo no desfile do arrasto. Os restantes empenharam-se em ultrapassar, com estoicismo, a dificuldade. Bom exemplo.
Logo a seguir, a subida de Dois Portos (ai, ai mais uma passagem de nível!) para o Sobral foi muito interessante, com o novo recruta (Specialized Roubaix) que saiu connosco de Loures, a impor um ritmo para malta de barba rija, seleccionando desde logo o grupo. Além dele, Carlos, o Durão eu e o Salvador – este a perder o contacto à entrada do último km. O trabalho foi excelente, digno de trepador. Cadência elevada e pedalada fácil. Naturalmente desgastado nas últimas rampas, não conseguiu resistir à mudança de velocidade final, embora não sem lutar com elogiável bravura. Estava carimbado o visto para a entrada no nosso grupo - logo queira. O Carlos acabou também por beneficiar do trabalho do Roubaix, efectuando também uma excelente subida.
Foi então tempo de aguardar pelos dois retardatários. Esperar não, desesperar! O Fantasma encontrou finalmente maneira de se ver livre do Salvador.
O Roubaix voltou mostrar virtudes na subida Sobral-Forte de Alqueidão, «agarrando-se» até aos últimos metros depois de aguentar(mos) a «talega» do Durão desde a Seramena.

sábado, dezembro 02, 2006

Daniel, Fonotel... e muita garra!

A primeira etapa da jornada dupla deste fim-de-semana ficou marcada pelo regresso em grande do Daniel. Senhor de uma silhueta mais esguia, esteve em superactividade durante quase toda a tirada, e não, como antes, apenas nas partes planas, o seu terreno predilecto. Uma prova de força que serviu para demonstrar que o trabalho de «casa» durante a longa ausência das lides domingueiras - que inclui «evoluída» dieta alimentar - está a dar bons frutos, e foi resposta cabal a dúvidas que subsistiam em relação ao «método».
Sempre com andamentos pesados (a sua imagem de marca), foi presença constante nas posições cimeiras do pelotão, e não menos frequentes foram as ocasiões em que o andamento que impôs causou fraccionamentos no grupo, além de forçar, com isso, a múltiplas perseguições.
Aliás, nem o revelo não foi grande obstáculo. Nas sempre selectivas ligações Bucelas-Alqueidão e Cadafais-Arruda relevou-se em evidência, principalmente nesta última, onde teve ensejo de escapar, na companhia do Salvador, no seguimento de uma iniciativa que acabou por ser marcante na volta.
O motivo: «companhia especial» de três jovens da equipa Fonotel que se tinham juntado a nós em Cadafais e que se mostraram (ainda) mais excitados que os «indomáveis» Pina Bike. Primeiro, pouco depois do duo se ter adiantado, um deles «saltou» rapidamente na perseguição - enquanto justificava a sua decisão com o facto de a Fonotel não ter ninguém na fuga…». Ok, tínhamos corrida!
E ainda não satisfeito, após de ter alcançado os nossos rapazes, passou imediatamente a impor o ritmo, por sinal forte para ambos, já que os colocou em dificuldades. O Daniel não demorou a tirar bilhete e o Salvador também ficou na ponta do elástico.
Lá atrás, e eu o Durão liderávamos o pelotão, em andamento moderado, com aparente despreocupação. Até que… saiu mais um elemento «hostil», numa manobra que me pareceu desproporcionada, passível de acção em legítima defesa. A ousadia merecia resposta. Acelerei, então, o passo à frente do pelotão, o que levou à selecção dos que eram capazes de tentar fazer a recolagem (Durão, João Santos e… o terceiro Fonotel), que veio a concretizar-se no último topo.
Além desta «cena quente», que o 3º Fonotel fez questão de «condenar» em nome dos seus colegas (miúdos!), a tirada voltou a ter mais animação de Sacavém para Apelação. O ritmo que impus foi médio/alto e só o Salvador (além obviamente do Durão, que, todavia, virou à esquerda para Camarate à entrada de Apelação) correspondeu, com impressionante garra. Mesmo cedendo algumas dezenas de metros antes da Apelação, não baixou os braços e juntou-se a mim no alto de Frielas. No entanto, o ZT e o Carlos, que pareciam definitivamente para trás, estavam realmente no nosso encalço e em Frielas já formávamos um quarteto. E em Ponte de Frielas chegou também o Vidigueira - e «partiu» imediatamente, pois virou para Sto. António dos Cavaleiros).
Mas a «coisa» não iria ficar por aí. Os meus companheiros estavam determinados - percebi-o no olhar desafiante do ZT (assim é que é rapaz!) e nos topos da nova variante do Loures Shopping quis livrar-me deles, embora sem êxito, perante as respostas muito efectivas do Carlos e principalmente (porque menos habitual) do ZT (que apesar de muito resguardado durante a volta está a subir cada vez mais de forma). De resto, só o Salvador descaiu ligeiramente, mas, de todos, era o mais desgastado. E no Infantado, lá estava ele! Já agora onde esteve o seu inseparável Fantasma para não dar as caras!?

terça-feira, novembro 28, 2006

Alcoentre... e ninguém escapou!

Muito bom percurso, este de Alcoentre. Relevo maioritariamente plano, mas com alguns pontos-chave que lhe conferem nível mínimo de selectividade, indispensável ao interesse de qualquer volta domingueira. Desde logo, a distância. Toda a que ultrapasse os 120 km pesa nas pernas, ainda mais se na fase final tiver um ou outro «pico» manhoso. Os pontos-chave desta volta são, basicamente, o carrossel entre Ota e Espinheira, cuja exigência foi acentuada pelo ritmo «castigador» aí imposto pelo Durão e e o João Santos, sempre bem coadjuvados pelo inseparável duo Fantasma e Salvador. Depois desta sucessão de topo, sempre a subir em altitude, é a entrada de Azambuja que mais mói – claro está, se o andamento for forte. E é sempre!
Só assim se explica que uma subida como a da Cervejeira, em Vialonga, curta e suave, fizesse a única capaz de fazer a selecção do pelotão que até aí, durante 110 km, se mantivera sempre compacto. Nessa altura do percurso, em que as forças já estavam mais débeis, as diferenças evidenciaram-se, embora pequenas. E só andamento forte desfez o equilíbrio que tem imperado no grupo, principalmente quando os percursos têm pouco desnível, e que estes tão bem promovem, contribuindo assim para dar às tiradas «rolantes» o interesse que as mais montanhosas, pelos motivos referidos, muitas vezes não têm…
Notas de observador
Estamos em plena pré-temporada e o nível médio do grupo continua a evoluir. Ou pelo menos, o nível do grupo que participou nesta volta é bastante satisfatório. A prova está na boa capacidade de resposta, no geral, às dificuldades do terreno (embora escassas) e às mudanças de ritmo eventualmente selectivas. Só na subida da Cervejeira se fizeram algumas diferenças, e como também já se disse, foram escassas.

A dupla Fantasma-Salvador teve mais um curioso despique. O Salvador continua a jogar as suas cartas no terreno acidentado, onde o seu parceiro/rival se defende cada vez melhor. O pior é que a forte exposição ao desgaste a que ele próprio se submete começa a virar-se contra si. O Fantasma, sempre muito protegido nas alturas de maior «calor», poupa energia preciosa para os momentos certos e está a saber aplicá-la melhor que nunca. Fantástico sprint em Vila Franca, ó Fantasma, chegar na roda do Durão não é para todos!

Quanto ao Salvador, na aproximação ao Carregado cometeu um lapso grave ao «facilitar» após uma rendição, em que terá passado por um «momento mau», perdendo o comboio do pelotão que ia a pleno vapor. Eu que ía atrás dele depois de Vila Nova da Rainha, estranhei que tivesse baixado tanto o ritmo na recta antes do topo de Casal do Ouro, e quando eu passei para a frente forcei o andamento e ele deve ter tido dificuldades em apanmhar a roda do último homem. Estes sintomas de debilidade resultaram em previsível KO, já com o peso de mais algumas dezenas de quilómetros, em Vialonga, no apertão final da Cervejeira. O Salvador passou, já na variante, a fechar o grupo. Pois é, caro ZT, como eu disse na crónica da semana passada, a energia não é inesgotável. Mesmo para quem tem para dar e vender… De qualquer modo, nada retira mérito ao poderoso Salvador, enormíssimo exemplo de gosto pela prática de ciclismo – com que me identifico bastante. E bom camarada, sempre de língua afiada!

O ZT teve mais um dia de maratona, desta vez deve ter ultrapassado os 150 km. Espero que tenha chegado bem a Alcainça. Elogio-lhe a coragem e o empenho em progredir. O seu esforço não será em vão, pois os resultados vão certamente aparecer. Desta vez, devido à elevada quilometragem da volta, não se mostrou como na semana passada. Opção sensata.

Quanto a mim: passei bem mal no carrossel da Espinheira, quando o João Santos decidiu, segundo ele, «manter o ritmo» numa das subidas. Para mais, estava a fazer a ponte entre os quatro da frente (João, Freitas e os inseparáveis Fantasma e Salvador) e quando deixava o elástico esticar para aliviar um pouco esforço, ninguém atrás de mim apareceu para dar um jeitinho. Felizmente recuperei bem na descida e na altura em que o Rui (Scott) e o Salvador meteram o comboio a 45 km/h. Há coisas que não se explicam…

Finalmente, destaque para o regresso do Samuel, que «aguentou» muito bem o ritmo até atalhar para a Ota. Fez muito bem, e na hora certa, pois foi logo a seguir que o andamento acelerou. No regresso, após Vila Franca, voltou a juntar-se ao grupo. Estás a fazer as coisas bem, rapaz!

segunda-feira, novembro 20, 2006

Azambuja e triatletas

Terá sido o nevoeiro cerradíssimo que encobriu o sol e não deixou o asfalto secar dos aguaceiros nocturnos a demover muita boa gente arriscar fazer-se à estrada quase totalmente plana, com ida e volta a Azambuja e final ligeiramente mais «picante» na subida da Granja da Azóia. Foram poucos, mas como sói dizer-se, bons… Apresentaram-se os que estão em estado de graça (ou a caminho dele) e não querem perder terreno para a concorrência directa, os que não estão prescindem de ganhar a rodagem que dá cada domingo de «esfrega» e os que ainda estão a fundar os alicerces para a próxima temporada.
Entre os primeiros, já se sabe, está a dupla de momento, ainda e sempre inseparável: Salvador-Fantasma. Desta vez, este ainda deu alguma rédea, mas soube sempre controlar, mesmo à distância, o ímpeto (que é muito!) do seu parceiro. Para isso, contou com o terreno, que não era propício para aventuras em solitário. A vantagem de o pelotão ter sido escasso (que tornaria as perseguições mais esforçadas) apenas durou até Alverca, quando a nós se juntou um grupo numeroso que incluía alguns triatletas (estavam assim identificados), que foi companhia durante quase todo o percurso.
Todavia, antes desta situação (tão inesperada quanto bem-vinda dada a poupança de energia que permitiu) foi o Zé-Tó a dar o mote, ainda o mini-pelotão procurava sair da densa bruma em que estava mergulhada a variante de Vialonga, antecipando o final do tradicional período de aquecimento (ou de tréguas) até Alverca. Com surpreendente disponibilidade física, comandou as operações, abrindo, por vezes, espaços de alguns metros para os restantes, mas que invariavelmente o Salvador tratou de fechar.
A partir de Alverca, já com o pelotão engrossado, foi este a marcar o andamento, sempre vivo, a que o Steven deu rapidamente mostras de não conseguir acompanhar. Por isso, à saída de Vila Franca preferiu continuar no seu passo.
Curiosamente, o ritmo tornou-se mais moderado até ao Carregado, só animando verdadeiramente após Vila Nova da Rainha, quando o Salvador aproveitou a embalagem de me ter rebocado alguns metros, ajudando-me a reentrar no pelotão (depois de ter ficado à espera do Steven à saída de Carregado). Passou directo pelo adormecido pelotão e levou na roda o empertigado ZT. Desta vez, agitaram-se as hostes, levando os triatletas a arregaçarem finalmente as mangas – embora me tenha parecido que só após o Fantasma ter tocado a rebate ao ficar desagradado com a situação. Então ficou a saber-se que os nossos companheiros de ocasião também não estavam para dormir na forma e empenharam-se na perseguição, terminando rapidamente a aventura dos nossos «boys» praticamente a chegar a Azambuja.
A partir daqui, o vento ficou de cara e os peitos para o enfrentar foram menos. O ZT deu por encerrada a sua (excelente) exibição, recolhendo-se no conforto do seio do grupo, deixando-me só na condução, em toada calma que os triatletas pareciam estar dispostos a interromper à segunda passagem por Vila Nova da Rainha. Todavia, o Salvador mostrou que as nossas cores estavam bem representadas. No seu estilo peculiar, por diversas vezes deixou a ideia que não enjeitaria uma possibilidade para se «mostrar» a sério, logo o permitissem, mas a marcação da maioria dos triatletas e, claro, do Fantasma tiraram-lhe as ideias. O momento de «frisson» seguinte foi o sprint disputadíssimo entre o Fantasma e o Pina à chegada a Vila Franca, que aproveitaram para brilhar na ausência do «rei» Durão. De longe, ficou a ideia que primeiro meteu meia roda à frente…
O final da tirada reservava a subida da Granja da Azóia, a partir de Sta. Iria (EN10). Então já com o grupo restringido aos nossos, a liderança foi partilhada entre Salvador e Fantasma (quem mais!?), sempre na suas lides privadas, com os restantes na expectativa. Ao longo da subida, curta mas selectiva devido aos muitos quilómetros já acumulados nas pernas, ficou bem patente o equilíbrio de forças. Os dois parceiros-rivais continuam de braço dado, sem que consigam fazer diferenças entre si. Mas para os demais, sim! Nos últimos 150 metros, o Salvador acelerou e o Fantasma respondeu sem ceder (os papéis inverteram-se em relação à semana passada, no Forte de Alqueidão), enquanto os perseguidores (eu, ZT, Pina e o Pedro) limitaram-se a atenuar o prejuízo – ainda assim escasso, pois a meio da rápida descida para o MARL o grupo voltou a ficar compacto.

Notas de observador

O ZT surgiu inesperadamente activo e desde muito cedo que não poupou forças a quebrar a tranquilidade do pelotão. Todavia, o Salvador, principalmente, nunca lhe deu muita liberdade. O ímpeto com que se apresentou neste domingo húmido continuou até Vila Franca e atingiu o auge a caminho de Azambuja, quando agarrou muito bem a roda do Salvador na única tentativa de fuga a sério em toda a volta – que todavia não durou muito mais logo que o Fantasma encontrou parceiros entre as tropas «hostis». No regresso, a sua prestação foi menos vistosa, porque as forças não são inesgotáveis. Mas com todas as limitações que diz ter em relação ao volume de treino, foi um excelente exemplo de combatividade!

Quem vende (e desbarata) energia é naturalmente o Salvador, que esteve muito «solto» e disponível, impondo muito respeitinho à legião de triatletas que nos acompanhou ao apresentar-se quase sempre nas primeiras posições e atento a todas as movimentações. Como já disse, esteve num dia daqueles em que «só se não pudesse!». Mas não pôde, pois não era percurso ideal para essas cavalgadas. O percurso era pouco selectivo e a concorrência de fora também não estava pelos ajustes. Muito menos o Fantasma, que invalidou a única tentativa do seu rival/colega de se adiantar ao pelotão – e na companhia do ZT, com quem divide os louros desta volta. Mas quem duvida que voltará a tentar na primeira oportunidade? O Fantasma que se cuide, pois não poderá ter um momento de fraqueza ou desatenção – mas também todos os outros!

O Pedro esteve irrepreensível e os efeitos foram evidentes!

Para mim, foi o amanhecer de uma nova temporada…

O Durão, o Miguel e o João Santos tiveram falta de presença... mas devidamente justificada! Juntaram-se ao Carlos da Póvoa e ao seu grupo, e foram a Fátima, por Santarém e Minde. Nas primeiras horas da manhã fez-lhes companhia o nevoeiro, mas à parte do susto que o grupo apanhou à partida de Alverca, quando viu chegar os «nossos», a jornada decorreu na perfeição. Mas não sem que, na parte final do percurso, mais acidentado, o Miguel «derretesse» o pelotão com a sua força transbordante. De qualquer modo, a coisa não deve ter sido muito bem feita, pois, segundo contam, um elemento «estranho» resistiu, na frente, à chegada a Fátima – ;)

segunda-feira, novembro 13, 2006

Sobral em pleno...

O último domingo foi «pleno» para todos ou quase todos os participantes na volta do Sobral (por Arruda, Alenquer e Merceana), que têm justificados motivos para estarem satisfeitos com o seu desempenho individual e do grupo em geral. Principalmente os que, nalguns momentos que assisti, se bateram com fantástica galhardia. Refiro-me ao Fantasma e ao Salvador, que merecem, entre os demais, os maiores elogios. Dupla muito competitiva, em especial evidência na jornada de ontem, principalmente no mano-a-mano que disputaram na parte final do percurso, onde o relevo era mais selectivo, e onde se deveriam guardar todas as forças que restavam.
Mas se algum deles tinha a pretensão de sair por cima de hipotético despique, viu-a defraudada. Em minha opinião, houve empate técnico! – embora o Fantasma tenha marcado «pontos» importantes por feito a subida do Sobral com o pelotão (o Salvador fê-lo na companhia do Pina, pois ambos saíram adiantados de Bucelas), a que há a juntar os créditos adicionais por ter integrado o grupo, muito restrito, que chegou à frente ao Forte de Alqueidão (com o Freitas, Nuno Garcia e o «Scott»), resultante de uma aceleração após os ferro-velhos, a que tanto eu, o Pedro e o Steven não conseguimos responder. E a que o Carlos e o João Santos também não resistiram nos últimos dois quilómetros. Embora à distância, que se foi acentuando bastante até ao PM do Alqueidão, mesmo com a pulsação [controlada] a 160 bpm, pareceu-me que a condução do grupo de vanguarda se dividiu entre Freitas e o Garcia.
Ao descer do Sobral para Arruda, o pelotão voltou a fraccionar-se, agora devido ao meu «forcing» em alguns topos. Mas já nesta altura o Salvador e o Fantasma já não cediam um milímetro… nem um ao outro. O reagrupamento fez-se a caminho de Cadafais, mas foi sol de pouca dura. Isolou-se rapidamente mais um grupo, então formado pelo Carlos, Nuno, Fantasma e Salvador (pois claro!), que rolou acima dos 40 km/h em direcção ao Carregado, (pareceu-me com grande mérito do Nuno), abrindo uma distância superior a toda a longa recta que antecede o cruzamento da EN1. Atrás, a uma média de 35-38 km/h vinha um quarteto formado por mim, o Steven, Pedro e o Scott, que perdera muito cedo o comboio da frente ao aguardar pelo Freitas (que tinha parado no início da descida) e o João – que só recolariam a caminho de Alenquer.
Entre Alenquer e a Aldeia Gavinha, o Freitas desenvolveu um excelente trabalho, «puxando» o pelotão durante todo este sector, dispensando colaboração… O andamento não foi fracturante, mas esteve muito longe de ser tranquilo. Todavia, na Aldeia Galega surpreendeu quando meteu um passo muito rijo nas primeiras rampas difíceis, no início da subida para o Sobral – aqui sim, causando desde logo a primeira vítima: o Pedro. Com ele ficou o Pina, também distante de estar apto a seguir ritmos tão selectivos.
Os demais cerraram fileiras e não cederam, correspondendo de forma muito positiva – principalmente o Fantasma, em terreno que não é o dele. Todavia, ao chegarmos ao ligeiro descanso do cruzamento de Ribafria, o Freitas tirou tudo e procurou que o grupo fizesse o mesmo. Não teve correspondência! O Fantasma, principalmente, não estava pelos ajustes, e a sua sombra, o Salvador, também. Mas foi o Carlos que fez a aceleração crucial, ainda que levando o duo maravilha na sua roda, logo se cavando um fosso que se foi alargando ao longo da subida. Atrás, eu, o Nuno, o João e o «Scott» oscilávamos entre a perseguição e a… manutenção. A primeira acabou por se impor naturalmente, embora já parecendo demasiado tardia…
Na Freiria, quando o terreno voltou a empinar, o Carlos libertou-se dos seus companheiros de fuga, que se mantiveram, obviamente, juntos, mas foram absorvidos pelos perseguidores a pouca distância da entrada no Sobral. Restava o Carlos, mas estava definitivamente fora de alcance. O Nuno ainda apertou a «caçada», a que eu e o «Scott» correspondemos, acabando nós os dois (eu e o Scott) por ficarmos isolados, chegando praticamente na roda do Carlos depois de um bom revezamento no derradeiro quilómetro – mas só possível porque ele não se defendeu!!!
Os restantes chegaram logo, mas enquanto o Nuno e o João aguardaram pelos retardatários, os outros seguiram em direcção ao Forte de Alqueidão. Lá, foi uma vez mais o Carlos a meter um passo respeitável, rendido pelo Scott. Os demais não desarmaram enquanto o Carlos não meteu a pedaleira grande e foi à sua vida… Apenas o Scott conseguiu fechar o espaço e chegaram a par ao alto. Não muito mais atrás, eu, o Fantasma e o Salvador procurávamos atenuar as perdas, apesar das dificuldades. Foi bom de ver este duo, que mais do que tentar chegar aos dois homens da frente, lutaram bravamente para não cederem… na sua «batalha» pessoal. E não cederam! Empate técnico!
O grupo voltou a reunir-se rapidamente, mas o Carlos voltou a animar o andamento no início da longa descida para Bucelas, que se fez a muito bom ritmo (passagem acima dos 50 km/h), e a rendermo-nos à vez a partir do cruzamento da Tesoureira, com direito a sprint final, onde o Fantasma, jogando em antecipação, parecia levar ligeira vantagem, mas acabou por ser ultrapassado pelo «Scott» - o homem mais forte naquele momento - e também pelo Salvador, embora por poucos centímetros. Para não destoarem!
O segundo grupo chegou bastante tempo depois, penalizado pelos condicionalismos do andamento do Pedro, em dificuldades desde a Aldeia Galega. Segundo fontes oficiais, a subida para o Alqueidão foi realmente penosa para este jovem bravo do nosso pelotão, que, a cada domingo, ainda sofre bem na pele as consequências da sua inexperiência!

Notas de observador

Para alguns, podem não ser consensuais estes saudáveis picanços, entre dois ou mais guerreiros, mas a verdade é que condimentam estas voltas domingueiras, em pleno «defeso». Para mais, tendo malta tão valente como protagonista, que não poupa esforços para «meter» ferro e não perder o comboio da frente, defrontando-se e enfrentando os demais de peito aberto, sem constrangimentos, desculpas, queixas ou desvios de última hora. Ontem, foi o Salvador que esteve ao seu melhor nível e o Fantasma que se superou em terreno em que habitualmente se encolhe: a montanha. Para eles, os maiores louros da jornada. Foi corajoso, de ambos, seguir o andamento do Carlos a caminho do Sobral (quando nem os «poderosos» arriscaram) e a tenacidade demonstrada a chegar ao Alqueidão, onde apesar da fadiga nenhum quis ceder um palmo ao outro. Mantenham a chama, rapazes!

Por falar em Carlos, companheiro de um treino muito profícuo na última sexta-feira, a sua boa forma nesta altura é indiscutível, apesar de ser ainda muito cedo (ou tarde, depende da perspectiva) na temporada. Com isso, reafirma o seu enorme potencial, reforçando argumentos para explodir finalmente em 2007, apto a dar água pela barba aos «internacionais» nos momentos cruciais da temporada. Por vezes, o que falta para progredir mais rapidamente são objectivos ambiciosos. Eu já sugeri… será que ele aceitará. Entretanto, o ideal é deixar rolar…

Surpreendeu o andamento extremamente «rijo» que o Freitas impôs na primeira parte da subida Merceana/Sobral, depois de ter puxado o grupo desde Alenquer, num trabalho que foi excelente. Mas ainda mais estranho foi ter «tirado» tudo no ligeiro descanso junto ao cruzamento de Ribafria e depois sugerido que os restantes fizessem o mesmo. Também espantou que perante a lógica «nega» geral se tenha deixado descair do grupo… Impressionou também o comportamento homogéneo do pelotão face ao andamento extremamente selectivo naquela zona inclinada da subida e já com muitos km a pesarem nas pernas. Apenas o Pedro e o Pina cederam imediatamente.

quinta-feira, novembro 09, 2006

Descrição da volta de domingo

Descrição da volta do próximo domingo:

Percurso: Loures-Tojal-Bucelas-Arranhó-Forte de Alqueidão-Sobral-Arruda (esq. p/ Carregado)-Cadafais-Carregado (esq. p/ Cadafais)-Alenquer (p/ Torres)-Aldeia Gavinha-Merceana (à esq. p/ Sobral)-Freiria-Sobral-Forte de Alqueidão-Bucelas-Loures
Distância: 102 km

segunda-feira, novembro 06, 2006

Ota cumpriu a tradição

Faça chuva ou sol, a curta subida do Vale do Brejo (Ota) é de todos os «pontos quentes» das voltas domingueiras, o único que, de antemão, não passa sem uma empolgante escaramuça. Voltou sê-lo, ontem, no decurso de mais uma edição da sempre espectacular volta da Ota – a segunda ou terceira realizada «extra» calendário este ano, desta vez para variar, com o asfalto seco!
De facto, não deixa de ser curioso que 2 km a pouco mais de 3% de inclinação média sejam tão «picantes», apetecíveis e que despertem tanto a gula de… tantos comilões. As respostas podem até ser óbvias. Desde logo, o facto de ser uma subida acessível, curta e pouco íngreme, embora sempre selectiva («dói» mas passa depressa), e de se encaixar bem no «miolo» de uma etapa com relevo fácil (o esforço ali dispendido não é assim tão penalizador para a fase final do percurso). A verdade é que, invariavelmente, proporciona grandes momentos de competitividade. E ontem houve mais um, e foi ponto alto da jornada, pois claro!
O pelotão, espicaçado como sempre a partir da vila da Ota, entrou na subida compacto e em andamento moderado, propenso a iniciativas madrugadoras. Foi o que o Carlos fez ao arriscar na antecipação, abrindo um fosso apreciável, pois não teve resposta convincente durante a primeira metade da ascensão (até ao ligeiro descanso intercalar).
Todavia, perante a aparente parcimónia do pelotão, o ZT tomou surpreendentemente o comando, acelerando o suficiente para abrir dois ou três metros. No entanto, apesar de voluntarioso, cometeu um erro estratégico crasso, pois gastou forças preciosas que viriam a fazer-lhe falta quando chegasse a hora das «feras» entrarem em acção. E essa hora viria concerteza… («disse-lhe isso mais tarde»).
Este momento previsível não tardou: o Durão sentiu que tinha de assumir a perseguição e depois de forçar o andamento para encurtar significativamente a distância para o fugitivo – desde logo fazendo a selecção decisiva do grupo (eu entre os ficaram fora de combate) –, seguidamente atacou em força, com o Miguel a ser o único a acompanhar o seu andamento até ao alto do Vale do Brejo.
O Carlos, em perda, acabou por ser alcançado à entrada da recta final, entrando depois dos dois primeiros, à frente do ZT e do Fantasma; o primeiro confirmando a ideia que poderia ter ido mais longe se não se tivesse precipitado; e o segundo demonstrando boa forma que evidencia há algumas semanas.
Como é hábito no Vale do Brejo, os demais não se atrasaram muito, tando assim foi que os primeiros quase não precisaram de esperar na rotunda seguinte, provando que o grupo estava bastante nivelado, por cima.
O segundo momento relevante da etapa (que eu tivesse assistido, pois no Carregado fiquei parado com o Pedro, onde celebrámos o seu terceiro furo do dia) foi a ligação entre Azambuja e o Carregado, percorrida a muito bom ritmo, contra o vento, graças a revezamento excelente à cabeça do pelotão, com fantástico contributo colectivo. Alto nível em pleno «defeso», a abrir boas perspectivas para os próximos fins-de-semana.

Notas de observador

Outro bom desempenho nesta volta teve-o o Salvador, sempre muito activo à frente do pelotão, sobressaindo na ligação entre Vale do Brejo e Azambuja. Trabalhos daqueles não são para todos, ainda mais porque continuou até ao Carregado (pelo menos até onde fui com o pelotão). Obviamente, o esforço paga-se. A energia não é inesgotável mas quando é bem aplicada, compensa sempre!

Como é tradição, não há Ota sem incidentes. Desta vez, felizmente foram insignificantes furos. O Pedro encheu o «papinho» com três, o primeiro deles em simultâneo com o Fantasma, à saída de Vila Franca, quando caíram numa cratera em pleno meio-fundo na protecção de um autocarro. Castigo! O Salvador também lá estava, mas escapou «ileso». Logo a seguir foi o Pina, ainda nem tínhamos chegado à rotunda da AE. O Pedro fechou a contagem, com dose dupla no Carregado – ida e regresso. Devido às demoras consequentes, a volta teve de ser encurtada pela Azambuja.

Há muitas semanas que o pelotão não era tão pouco numeroso à saída de Loures. No entanto, ficou mais composto com a entrada do Carlos no Tojal (atrasado, passou na «brasa e nem nos viu, frente ao Café Golo, onde esperávamos que o Pina tomasse a sua dose de cafeína), e mais tarde em Vila Franca, quando se juntaram o Barão e o seu pupilo, aproveitando outro momento da paragem, desta vez o primeiro devido à longa saga de furos.

sexta-feira, novembro 03, 2006

Clássica das Clássicas planas: Ota

No domingo, logo o tempo ajude, está programada mais uma edição da «clássica das clássicas planas»: a Ota. Para os «vets» do pelotão, o percurso é sobejamente conhecido, mas para os novatos aqui fica a descrição: Loures-Alverca-Vila Franca-Carregado-Alenquer-Ota-Vale do Brejo-Aveiras de Cima-Aveiras de Baixo-Azambuja-Carregado-Vila Franca-Alverca-Loures. Total: 113 km.
Há quem diga que a Ota não se faz sem chuva (recorde-se a que caía no dia do acidente do Miguel, em Janeiro) e sem uma boa correria! Assim, ainda à atenção dos novatos e avivando a memória aos «vets», vasculhei os arquivos deste blog e recupero a seguir algumas passagens da crónica desta volta, precisamente há um ano (6/11/2005), ilustrando bem as suas características especiais. Ora atente-se:
«Já se sabia! Ota é sinónimo de velocidade e escaramuças. E embora não seja grande apreciador deste percurso, a verdade é que desta vez (mais uma) a «corrida» foi espectacular. Não só pelo ritmo, como pelas muitas lutas que se travaram, praticamente de início a fim, confirmando também a forma muito boa de alguns elementos». (…) À entrada de Azambuja a normalidade restabeleceu-se, mas rapidamente se partiu para outra correria. O grupo voltou a dividir-se devido à passividade (ou displicência?) de alguns elementos que ficaram para trás, e depois de o mal estar feito houve que fazer nova perseguição. E que perseguição! Os que ficaram no grupo da retaguarda (entre outros, eu, o Miguel, o Freitas, o Pedro e o Steven) levaram uma valente lição, já que os homens que comandavam (destaque para o João, o Farinha, o Carlos e o Luís – perdão se algum faltar) fizeram um excelente trabalho (será que foram a render, e quem?), segurando uma vantagem de 300/400 metros que teimava em não diminuir, mesmo que atrás se rolasse sempre acima dos 40 km/h. À frente o ritmo era tal, que o grupo foi perdendo elementos. A recolagem só aconteceu em Castanheira do Ribatejo, mas a obra estava feita e teve factura elevada».
Assim se vai construindo o prestígio desta volta…

quinta-feira, novembro 02, 2006

Marginal-Sintra: a repetir!

Para o feriado de dia 1 foi desenhada uma volta muitíssimo interessante, sem dúvida, mas que deveria ter sido melhor planeada, dada a sua longa distância e índice de dificuldade. O trajecto original reunia o melhor de dois mundos: a planície, montanha e o campo, acrescentando ainda a diversidade paisagística. De Loures ao Parque das Nações e em toda a zona ribeirinha de Lisboa até Algés prevalece ambiente urbano e as estradas largas e planas, a convidar à velocidade. O terreno de roladores mantém-se na Marginal, com o seu perfil ondulado, ladeado pela lindíssima linha de costa banhada por sol radioso. E assim continua até ao Guincho. Um deleite para calmeirões, como diria o Pintainho.
A partir daqui, embrenhamo-nos na frondosa serra de Sintra, acentuando os desníveis logo à saída do extenso areal do Guincho pela longa subida de Malveira ao Cabo da Roca, seguindo-se a longa descida para Colares e a ascensão final à cidade Património da Humanidade. Aqui, dominam os «todo-o-terreno». Finalmente, a última secção, por Pêro Pinheiro e Negrais, ao género de «parte-pernas», mais ainda quando já acusam alguma fraqueza… A juntar, a distância total, que rondaria certamente os 125/130 km. Resumindo: índice de dificuldade elevado.
Assim, o pelotão, uma vez mais numeroso e motivado saiu de Loures e rolou a velocidade moderada em direcção a Lisboa e Algés, com a vantagem do vento soprar favorável. De resto, os maiores adversários foram as intermináveis tampas de esgoto, o trânsito que não desaparece mesmo em dia de folga, os semáforos quase sempre vermelhos e alguns obstáculos inesperados na via, nomeadamente… pedras! Passar por cima de uma, em Belém, custou-me um furo – rapidamente reparado com o precioso auxílio do João Santos e do Nando – grandes camaradas! De novo na estrada, mas condicionado pelo horário, não fui muito mais longe, invertendo a marcha no cruzamento do Estádio Nacional, infelizmente pouco antes de se iniciar a aguardada Marginal. Fica a próxima! O regresso a Alverca foi higiénico, em amena cavaqueira com o Duarte (treino, provas e afins…) e o Luís (com que nos cruzamos em Sta. Apolónia) – em ritmo ideal para esta altura do ano. 95 km em 3h20: um mimo!
Tal como referi, a exigência do percurso carecia de melhor planeamento desta volta, que deveria ter sido melhor programada, com maior antecedência e, porventura, com horário de saída mais madrugador, etc., etc. Por isso, o grupo teve de encurtar o trajecto, cortando no Estoril para Alcoitão, driblando assim muitos quilómetros e, acima de tudo, os arrepios da Serra de Sintra. De qualquer modo, pela beleza da etapa, penso que a sua realização, em versão integral, deveria ser equacionada – por exemplo, em jeito de Super-Clássica!

segunda-feira, outubro 30, 2006

«Encerrar» em beleza!

É o que se chama encerrar (o calendário) em beleza! Pelotão tão numeroso só nas Super-Clássicas de Fátima ou Évora; clima de Verão de Outono e percurso propício a todo o tipo de «especialidades», ainda que favorecendo os roladores. Estes foram os condimentos da Clássica de Encerramento, a última etapa do Circuito 2006.
Mas a voltinha saloia a Malveira-Mafra, Ericeira, Pêro Pinheiro e Negrais superou todas as expectativas. Terá sido pelos dias de recolhimento forçado devido ao mau tempo ou porque esta fase do ano é tão pródiga em promover a boa forma de uma grande parte dos elementos do grupo, a verdade é que se assistiu ao soltar de algumas «feras».
Os sinais de espevitamento surgiram logos nos primeiros quilómetros, com a ligação Tojal-Bucelas a não ser de habitual «aquecimento». Por isso, não surpreendeu que a primeira rampa, depois de Bucelas, provocasse a divisão do pelotão, com um grupo numeroso a destacar-se, ainda que nunca mais do que 30 segundos durante a longa subida para a Venda do Pinheiro, mas obrigando a não descurar a perseguição. Na Malveira, onde se fez o reagrupamento, só o Nando e o Fantasma se mantinham isolados – indicativo que seriam eles os principais animadores da jornada.
Até Mafra, o figurino manteve-se. Nova e previsível cisão no grupo à passagem por Alcainça, mas o grosso da coluna repunha-se na Carapinheira. A partir de Mafra, a animação foi ao rubro. O Nando estava endiabrado e o Fantasma não fazia por menos, por isso depois de Paz voltaram a isolar-se, evidenciando a disposição de levar a aventura avante nos 12 km de falso plano descendente até à Ericeira. Mas o pelotão, lá atrás, percebendo a gravidade da situação não demorou a reagir e anulou rapidamente a fuga. Todavia, estava lançada a semente para a correria desenfreada – tanto mais que, mesmo com o «comboio» a 50 km/h, o Nando insistiu em manter-se activo na frente, motivando respostas e contra-respostas, com «picos» que chegaram a superar os 60 km/h! Grande ciclismo! Para dar ideia da loucura, refira-se que na secção Carapinheira-Ericeira fez-se uma média de 43 km/h! Por isso foi com algum alívio pessoal que se chegou ao «descanso» programado, na Ericeira.
Mas depois da Foz do Lizandro, o terreno volta a ser convidativo a mais movimentações. Sem causa aparente, houve um primeiro grupo que iniciou a subida para o Pobral destacado e assim «cavou» um fosso importante para o segundo, que, para mais, tinha o andamento condicionado pela presença dos elementos mais desgastados. Durante a subida, foi o Salvador que primeiro assumiu as despesas à cabeça do grupo da frente, contando depois com a colaboração do Fantasma – principalmente este claramente interessado em não deixar cair o andamento quando o terreno voltou a endireitar. Então aí, houve outros a colaborarem no esforço, casos do Carlos, do Nuno Garcia e do Pedro, dividindo a pesada factura que estava a impor o vento frontal. Folgaram: eu, o Pina, o ZT e o Duarte. Ainda assim, a média rondou os 30 km/h entre o Pobral e Terrugem, onde a distância entre os dois grupos foi superior a 5 minutos.
A partir daqui, de novo, com pelotão compacto, seguiu-se em direcção a Pêro Pinheiro, voltando a haver «selecção» na aproximação e passagem por Negrais (Sta. Eulália), onde o Nando e o Carlos «tiraram» à frente do mini-pelotão. E para terminar em beleza, na descida de Sta. Eulália regressou a animação, gerando um ambiente «altamente» selectivo a partir de Ponte de Lousa (o «Scott carbono», eu, o Nuno Garcia e o Durão) culminado com um sprint vigoroso no alto de Guerreiros, onde o Durão e o Nuno demonstraram que são os mais fortes neste final de temporada, que se afigura altamente competitivo.

quinta-feira, outubro 26, 2006

Aí está a Etapa do Tour 2007!

Aí está a ETAPA DO TOUR 2007!
Data: 16 Julho
Etapa: Foix-Loudenvielle - 196 km
4 contagens de montanha de altíssima categoria:
Col de Port (11,4 km a 5,3%)
Col de Portet d'Aspet (5,7 a 6,9%)
Col de Menté (7 km a 8,1%)
Port de Balés (19,2 km a 6,2 km)
Col de Peyresourde (9,7 a 7,8%)

Um percurso duríssimo, extremamente selectivo, certamente mais ainda que o deste ano! (Izoard-Lautaret-Alpe d'Huez; 191 km), a exigir nível de preparação superior. A raínha das ciclodesportivas internacionais é isso mesmo!

quarta-feira, outubro 25, 2006

Clássica de Encerramento: a descrição

No próximo domingo, realiza-se a volta de Encerramento do 1º Circuito Ciclista Pina Bike (2006). A hora (8h30) e o percurso:

Loures-Tojal (4 km)-Bucelas (8)-Freixial (12)-Venda do Pinheiro (20)-Malveira (23)-Alcainça (26)-Mafra (32)-Paz (33)-Ericeira (42)-Foz do Lizandro (47)-Pobral (50)-Odrinhas (56)-Terrugem (61)-Pêro Pinheiro-(68)-Negrais (74)-Sta. Eulália (76)-Ponte de Lousa (81)-Pinheiro de Loures (86)-Loures (88)

Pontos neutralização para reagrupamento: Venda do Pinheiro (20 km); Carapinheira (30 km); Ericeira (42 km) e Terrugem (61 km).
Pontos quentes sugeridos*: Ericeira-Terrugem (19 km) e Terrugem-Sta. Eulália (15 km).

* Devem entender-se as referidas secções como «indicadas a todo o tipo de hostilidades». Todavia, não terão de ser necessariamente… De resto, como sempre o ritmo é livre em todo o percurso. Acima de tudo, o importante é respeitar as neutralizações.

segunda-feira, outubro 23, 2006

O Nando sempre foi...

Ontem, apesar da intempérie, o Nando cumpriu a preceito o seu objectivo de ir a Fátima de bicicleta, contando com a preciosa colaboração dos «todo-o-clima» Freitas e Carlos, da Póvoa, que o acompanharam até Alcoentre, tal como previsto. Segundo soube, o vento soprou de Sul, de feição a quem rumava a Norte (no caso, o Nando), mas de cara a quem teve de dar a volta de regresso a casa. Para estes, acrescentou-se a chuva torrencial a partir do Carregado. Dantesco! No entanto, de toda a «maluquice» sobressai a demonstração de camaradagem em apoio a um companheiro de estrada. Acções que merecem ser elogiadas…

quinta-feira, outubro 19, 2006

A «missão» de Alcoentre: a descrição

Como ficou previsto, a volta do próximo domingo foi pensada com a missão de acompanhar o Nando durante a primeira fase da sua jornada solitária a Fátima, até Alcoentre. Para tal, antecipou-se a saída de Loures para as 8h00, após o que se parte em direcção a Alverca (16 km), Vila Franca (24), Alenquer, Ota (pela EN1 - 43 km), Abrigada (47), Espinheira (55) e rotunda do Cercal (57) – onde o nosso «passageiro» ficará por sua conta, após o que viramos à direita para Alcoentre (59) em direcção a Aveiras de Cima (68), Azambuja (70) e Carregado (82) e regresso a Loures. Distância total: 125 km.
O percurso é praticamente plano, apenas com alguns topos «doces»: em Alenquer (que termina na rotunda já conhecido da volta da Ota), na Ota (até perto do cruzamento da Abrigada), e mais um ou outro nos 8 km que restam até à rotunda da Espinheira/Cercal. Logo a seguir a Alcoentre ainda se sobe, suavemente, mas depois é sempre a descer, em falso plano, para Aveiras e daqui para a Azambuja (à excepção dos dois «topecos» a chegar a esta vila).
Como tal, devido ao carácter acessível do revelo, sugere-se apenas UMA PARAGEM PARA REAGRUPAMENTO na rotunda da Espinheira/Cercal (a tal onde «libertaremos» o Nando), com aprox. 57 km percorridos. O mesmo será dizer que antes e depois deste ponto há liberdade total para praticar todo o tipo de hostilidades… Esta será, de resto, uma etapa para roladores e própria para longas fugas. Tomara que o tempo ajude!

segunda-feira, outubro 16, 2006

A Ajuda divina

Quando o Durão acelerou na subida de Frielas, fraccionando o pelotão em dois grupos, cheguei a temer pelo bom desenrolar da volta de ontem – a exigente Clássica da Sra. da Ajuda. Felizmente, os meus receios não se confirmaram, e a etapa veio a superar as melhores expectativas, assistindo-se a alguns desempenhos de verdadeiros campeões…
Assim, ainda no rescaldo das chagas provocadas pela fuga «mal-entendida» da Clássica de Torres, a tal escaramuça não augurava nada de bom. A partir do momento em que, no cruzamento de Unhos, tanto o João, o ZT e o Abel descolaram do grupo principal; e eu, o Steven e o Carlos ficámos em posição intermédia, mas ainda a tempo de recuperar, a melhor decisão era reunir as tropas e, acima de tudo, motivá-las para o muito que faltava percorrer – o que nem sempre é fácil! De resto, porque se sabia que o primeiro grupo, além de numeroso e muito forte – a ver: Durão, Nando, João Santos, Fantasma, Salvador, Pedro e o Luís –, não iria «parar»… antes da Mata.
Depois do sexteto estar a postos, metemos a velocidade de cruzeiro a partir de Sacavém, sempre com preocupação para não causar desgastes excessivos e, por outro lado, não perder demasiado tempo para os homens da frente. Por isso, em Alverca, antes de iniciar a subida de A-do-Melros, era geral a sensação que o trabalho tinha sido bem feito. O grupo principal estava a menos de um minuto e sabia-se que lá, mais do que a inclinação (porque é baixa) dos próximos 7 km seria a falta de entendimento e as acelerações, que iriam fazer as primeiras vítimas. Ei-las, inclusive mais cedo que esperava: o Nando (penso que mais voluntariamente) e o Luís. Depois, o Pedro (já na descida para Arruda) e finalmente o Fantasma (só à entrada da subida da Mata porque o grupo «alivou» para deixar o Nando reentrar depois de parar para recuperar do chão uma barra energética). Lá à frente, os mais fortes aceleraram e praticamente só eles resistiram: o Durão, o João Santos e o Salvador – este mais uma vez, a passar a si próprio uma factura que veio a pagar bem.
No início da Mata, os meus companheiros de fuga «libertaram-me» para tentar alcançar os últimos fugitivos. Tarefa complicada, tendo em conta o atraso (cerca de 1 minuto) e, entre eles, estar o Durão. Acelerei e avistei o trio antes do 1º gancho (estavam no andar de cima, nesta altura a não mais de 40 segundos). O Durão viu-me e atacou, deixando o Salvador pregado. A partir daqui iniciava-se a verdadeira perseguição. O João Santos resistiu até já depois da passagem pela Mata e alcancei-o no 2ª gancho, onde já não tinha ilusões quanto a apanhar o Durão, que chegou ao alto com uma vantagem de 20 segundos. Tempo de subida: 12m14s, apenas mais 2 s que o meu melhor de sempre. Média de pulsação: 180!
Os restantes foram chegando, a maioria aos pares, e só se teve de esperar mais tempo pelo Abel e o Steven.
Após a Mata deslizou-se na descida para S. Tiago dos Velhos e rapidamente nos deparámos com o «muro» da Sra. da Ajuda. O Nando abriu as hostilidades, provando a sua subida de forma, mas eu fechei o espaço, levando o Durão na roda. Mais uma vez, o grupo teve uma excelente prestação, voltando a reunir-se a caminho da Tesoureira.
Aqui, já com o peso da distância e acima de tudo das subidas, o fraccionou-se definitivamente, quando o Nando acelerou na descida, ficando na frente o eu, Nando, Fantasma, Durão, João Santos, ZT e o João, que se adiantou em direcção a Casais da Serra, terminando, de vez, com a já fraca vontade do Fantasma e do ZT em subir Ribas. Até o próprio ficou tentado a seguir para Bucelas, mas acabou por completar o percurso.
Chegava então, a último ponto quente da jornada. A uma média de 20 km/h e 177 pulsações/minuto, quebrei (pelos menos 2 segundos que me faltaram na Mata) a minha melhor marca pessoal, que durava há 3 anos: 9m55s. O Durão chegou 35 s depois, também ele a fazer uma óptima subida. Depois o João Santos, e juntos o Nando e o João. O Carlos e o Salvador, que tinham «evitado» a Sra. da Ajuda, também chegaram ao alto de Ribas. Mas o «melhor» também estava a chegar: o Abel. Já não encontro nada de novo para elogiar os exemplos de coragem com que este homem nos esmaga todos os domingos!

Notas de observador:

Elogio a atitude e a excelente prestação de todos os participantes neste difícil percurso. Todavia, destaco, por esta ordem, os que completaram a distância e que, além disso, estiveram no grupo perseguidor – assim (além de mim) refiro-me ao João e ao incontornável Abel. Mas volto a sublinhar que todos, sem excepção, estivemos em GRANDE! Mais: faço uma vénia a todos os que, por motivos vários, não têm o nível de preparação dos chamados «internacionais», pelo desempenho que têm em voltas como esta. Assumo, sem faltas modéstias, que não seria capaz de tanto.

Todavia, a aceleração do Durão em Frielas, que provocou a divisão do grupo merece reparo. Ou seja, mesmo tendo marcado negativamente o desenrolar da tirada – desta vez! –, volto a frisar que não devem os mais fortes participar em iniciativas deste género, tão madrugadoras e em etapas com índice de dificuldade elevado, e muito menos serem estes a promovê-las, como foi o caso.

As despesas da perseguição ao grupo que se destacou em Unhos não foram bem distribuídas, mas nestas situações a gestão é muito mais importante. Ou seja, num grupo heterogéneo como aquele devem ser os mais aptos a tomar as rédeas e a despender o esforço maior, voluntariamente e sem esperar ajudas dos menos fortes. Naquela situação, eu e o Carlos, embora todos tivessem dado, mesmo que apenas as espaços curtos, o seu contributo. Mas sinceramente, não se deviam sentir obrigados. Deviam, sim, motivar-se e motivarem os outros.

Na óptica do comentário anterior, penso que a melhor abordagem a todas às clássicas domingueiras é pensar no percurso como um todo, e não apenas numa parte. Com isto quero dizer que não é recomendável entrar em esforços prolongados de alta intensidade (e são estes que acabam com a resistência) na primeira fase da volta para depois pagar copiosamente essa factura e ter de encurtar caminho ou não completar o percurso previsto. A estratégia faz parte deste e todos os desportos e para se evoluir em cada um é saber utilizá-la em proveito próprio. E para isso é preciso ter cabecinha!

Em relação ao ponto anterior, este domingo vi bons e maus exemplos. Não contando que o pior de todos foi dado pelos mais fortes (Durão), pelos motivos já referidos, destaco entre os «bons», o do Nando e do Luís, que se deixaram descair em A-dos-Melros quando viram que o ritmo não era adequado; entre os «assim-assim», o Fantasma e o Pedro (este com a desculpa da inexperiência), que devem ser insistido em resistir ao ritmo do Durão o mais tempo possível. O primeiro acabou com mais uma «facadinha» ao percurso, passando ao largo de Ribas, e o Pedro, que actualmente deve ter como prioridade poupar toda a energia possível, que é o primeiro ensinamento para evoluir como pretende. E finalmente, entre os «maus», sem dúvida o Salvador, que foi «até dar» com o João Santos e o Durão, na Mata, só cedendo ao previsível ataque do Durão. Então, já o mal estava feito! Depois, como as forças já eram escassas, vieram as fintas ao percurso e ao próprio grupo… O mérito maior não é andar na frente enquanto se puder, mas é chegar ao fim, mesmo que se tenha de andar «incógnito» a volta inteira!

Esta excelente etapa marcou definitivamente o meu final de temporada. Não cessarei a actividade – altamente desaconselhável! – para não deixar cair demasiado a forma, mas acabaram os esforços muito intensos, como os deste domingo na Mata e em Ribas. Estarei sempre pronto para colaborar em qualquer iniciativa do pelotão, mas, nos próximos meses, baixarei a «atitude competitiva» para o nível mínimo. Depois de baixado o volume e as cargas de treino a partir da Etapa da Serra da Estrela, e apesar de ter ganho 2 kg em relação ao peso de forma, concluo a longa e fatigante temporada 2006 curiosamente a sentir-me muitíssimo bem – os tempos naquelas subidas provam-no. Vou continuar a passear durante a semana pelos «picotos» que tenho descoberto por aí, e começar a pensar em 2007.

No próximo domingo, temos uma missão de honra: acompanhar o Nando durante os primeiros quilómetros para Fátima. O objectivo é ajudar o nosso camarada até Alcoentre, após o que daremos meia-volta de regresso, deixando-o entregas às suas forças – ficará bem, sem dúvida! Por isso, a hora de partida de Loures foi antecipada para as 8h00. Com isto, a volta terá cerca de 100 km. Bons treinos!

quarta-feira, outubro 11, 2006

N. Sra. da Ajuda: descrição e dicas

No rescaldo de uma semana agitada pelas repercussões da volta de Torres, no próximo domingo teremos a Clássica da Nossa Sra. da Ajuda, que inclui duas subidas «míticas» da nossa região, Mata e Ribas. Mas não só: pelo meio, o pelotão terá de enfrentar a longa subida desde Alverca para A-do-Barriga por A-dos-Melros (estrada de Arruda), a duríssima rampa de Nossa Sra. da Ajuda e a Tesoureira para Casais da Serra.
No total, o percurso tem 80 km, uma vez que foi acrescentado um sector inicial, de 12 km, entre Loures e Sacavém, o mesmo que foi realizado na recente Clássica de Alenquer, no feriado de 5 de Outubro. Ou seja, Loures-Frielas-Unhos-Sacavém e depois em direcção a Alverca pela EN10.

Eis a descrição resumida do trajecto da volta e principais dificuldades:
0 km - Loures
5 km – Frielas
6 km - Cruz. Unhos
8 km – Unhos
12,5 km – Sacavém
27 km – Alverca
34 km - A-do Barriga (6,8 km a 2,4%)
39 km – Arruda
43,5 km – Mata (4,2 km a 5,3%)
48 km - S. Tiago dos Velhos (dir. p/ Contradinha/N. Sra. Ajuda)
51 km – N. Sra. Ajuda (1,5 km a 5,6%; 500 metros a 12%)
53 km - Quinta do Paço (esq. p/ Bucelas)
54 km – Cruz. Tesoureira
62 km - Casais da Serra (2,6 km a 3,4%)
62,5 km - Cruz. à esq. p/ Freixial
66 km – Freixial
70 km – Ribas (3,2 km a 6%)
71,5 km – Fanhões
76,5 km – Tojal
80 km – Loures

Nota: sugerem-se dois «pontos quentes» (Mata e Ribas), após os quais deverá haver neutralizações para reagrupamento de TODA A GENTE. Assim, evitam-se os mal-entendidos e as fugas serão, digamos, mais legítimas, pois todos estarão nas mesmas condições para decidir a integrá-las ou não. Nos restantes sectores, intermédios e restantes subidas, o andamento, como sempre, será LIVRE.
Por isso, sugere-se que os ciclistas adeqúem o andamento às suas capacidades e abdiquem de forçar para seguir ritmos que as transcendem. Repito que mais importante que tentar acompanhar os mais fortes nos «hot spots» é estar em condições de acompanhar o andamento de cruzeiro do pelotão (considerando sempre o nível médio deste pelotão). E será esse andamento que irá prevalecer na restante extensão do percurso.

domingo, outubro 08, 2006

Clássica de Torres: a crónica

O pelotão recheadíssimo que fez se à estrada a caminho de Torres ficou mais ainda à chegada ao Forte de Alqueidão, com mais quatro aquisições, mas rapidamente se dispersou quando pequenos grupos que se destacaram na descida para o Sobral, enquanto outros ficaram à espera dos que sucumbiram à intensidade do último km. O demasiado tempo perdido no reagrupamento dos retardatários estimulou os que se adiantaram a persistirem.
Entre estes, estava um quarteto com «figuras importantes», como Nando, Carlos, Fantasma e o Salvador, que, perante o impasse na retaguarda, abriram com facilidade uma distância considerável. Mais: provavelmente apercebendo-se que a vantagem se tornara bastante apreciável, empenharam-se no objectivo de a levar o mais longe possível, quiçá até ao final, e conseguiram.
Todavia, convém frisar que lá atrás nunca houve uma perseguição efectiva. Aliás, ainda antes do Sobral –ainda muito a tempo de «reunir as tropas» para tentar a recuperação – já se tinha percebido que não havia condições para que essa se sequer se iniciasse, sem que ficassem imediatamente «apeados» alguns elementos que já vinham muito… curtinhos – o Abel, entre outros!
Perante este cenário, a ligação entre o Sobral e Torres Vedras foi feita com pinças para não «derreter» totalmente os mais debilitados, situação que se manteve até aos topos do Turcifal, onde o João e o Bruno, até aí em posição intermédia, foram absorvidos. Só a partir daqui, perante o arrastar da situação (a subida de Catefica voltou a abrir brechas nos mais frágeis), decidi tomar a dianteira do grupo e acelerar ligeiramente o andamento – embora sem adquirir carácter de perseguição. De resto, nesta altura, esta só se poderia concretizar se, lá à frente, o quarteto «parasse» – que, tendo em conta a sua aguerrida composição, convenhamos que seria pouco provável!
A partir de Vila Franca do Rosário até à Malveira – então sim! –, alterei profundamente o ritmo «dispensando» colaboração, perfazendo, nesta secção, interessante média de 28 km/h. À última rampa só chegaram eu, o Nuno e o Durão, que fez valer os seus créditos no renhido sprint final. Nas bombas da Malveira esperou-se que chegasse toda a gente… durante mais de um quarto de hora!
Antecipei o regresso a Loures, na companhia do Nuno, tendo à chegada às bombas um comité de recepção fervoroso: os quatro fugitivos do dia. Em peso para nos «saudar»! Nos seus semblantes estavam bem vincados o esforço intenso empregue na façanha e a satisfação indisfarçável por tê-la concretizado. Acentuada pelos muitos minutos de vantagem – 17 ao todo, contados com precisão por quem os viu passar com transbordante entusiasmo. Reconheçamos que fomos «tratados» com o devido apreço, mas ficou no ar a sensação que estavam a guardar a principal reverência para outros que, até à hora em que me retirei, ainda não tinham dado a cara. Tê-la-ão feito!?

Notas de observador:

Apesar dos condicionantes da fuga do dia, o quarteto que a encetou e concretizou está de parabéns, pelo esforço dispendido durante tantos quilómetros. Mas não só: também pelo espírito de combatividade que é sempre saudável à prática desportiva, neste caso alimentado pelo facto de se «opor» a elementos reconhecidamente mais treinados. Para mim, é estimulante tentar fazer tanto ou mais que os mais fortes! Por isso, justificava-se o contentamento dos fugitivos à chegada: Nando, Carlos, Fantasma e Salvador (confirma-se que estes dois não podem passar um sem o outro…).
Reitero a homenagem colectiva, destacando pessoalmente o Nando, que, em crescendo de forma, começa a fazer estragos «dos seus» – e se bem o conheço, logo possa não irá parar por aqui! No Forte de Alqueidão, bem se viu que a iniciativa foi sua, mas até final contou certamente com empenhada colaboração dos seus três companheiros de fuga. E olha quais! Resta-me concordar com as palavras (algo crispadas) do Pina, ainda ontem, e aguardar que próximas iniciativas sucedam em situações mais «abertas». A volta da próxima semana é mesmo à medida de tais!

Já o disse há algum tempo e repito-o: o pelotão Pina Bike está com grande dinâmica. Não só pela presença
massiva dos «habitués» (apesar de algumas ausências), mas principalmente porque o número de novos aderentes não pára de aumentar. Ainda que alguns destes possam estar apenas de passagem, como o Luís, o Paulo Matias ou o Bruno, a verdade é que os «delfins» Pedro Fonseca e João Santos pegaram de estaca e é inequívoca a sua boa integração, para o qual contribui, em ambos, a simpatia, empenho e o espírito de grupo. Diz-se, inclusive, que o João Santos, que tem deixado muito boas indicações, recebeu algumas propostas interessantes para integrar já uma equipa (duo) de topo neste final de temporada. O mercado de transferências está em ebulição!

O ZT juntou-se ao pelotão já em Torres – sensivelmente a meio do percurso –, e veio a ser vítima de um problema físico que o obrigou a entrar no carro-vassoura algures na subida de Vila Franca do Rosário. Esperamos que não seja nada de grave, mas apenas maleitas de umas mini-férias andorrenhas. Rápidas melhoras!

segunda-feira, outubro 02, 2006

A-do-Louco Imprevisível

Há muito tempo que se aguardava pelo regresso do Miguel. Salvo erro, foram quatro meses de ausência das tradicionais voltas domingueiras, por motivos que, com alguma insistência, fui tentando perceber, em vão, em conversas várias com o Durão – seu parceiro de longa data e sempre muito bem informado nestas questões. Para ele, a época começou aziaga, com o acidente na Ota, depois a ausência forçada da Etapa do Tour, e tem sido complicada de gerir, com sinais de forma algo periclitante, por motivos que se calhar nem ele próprio consegue identificar com precisão. Ter sido das piores vítimas da loucura colectiva da Serra da Estrela é exemplo cabal.
Este domingo de manhã, porém, para grande surpresa e satisfação, lá estava a Specialized full carbon estacionada nas bombas de Loures. O seu regresso ao seio do grupo não foi apenas um reencontro de companheiros de estrada, revelou-se esfuziante. Verdadeiro recital, como nos seus melhores tempos – não muito longínquos. Exibição de altíssimo nível na dura subida de A-dos-Loucos, principal «hot spot» do percurso deste domingo, corolário de um «pico» de forma que culminaria, no sábado, com as três subidas da Serra da Estrela, que, no entanto, preferiu prescindir. E bem, digo eu!
Esta foi «apenas» a melhor notícia de uma clássica que reuniu todos os predicados para ser merecer o título de espectacular, «nervosa» desde o início devido a um factor de desestabilização inesperado – um elemento estreante que se revelou incrivelmente empertigado durante a primeira metade do percurso, e que acabaria, com lógica, por pagar a factura de tal desbarato de energia. Mas soube sair de cena antes de sofrer males maiores.
Além disso, o pelotão, numeroso e bem recheado, com a presença de consagrados, como o Nuno Garcia e do Carlos, entre os habitués, contribuiu para elevar o nível do grupo. O primeiro exibiu-se em bom plano no Cabeço da Rosa, lançando um forte ataque. Na aceleração que permitiu fazer a junção antes do topo levei o coração às 198 bpm… e o Durão na roda.
Antes da passagem pelo «ponto quente» do Cabeço da Rosa (em versão «soft», a partir de Vila de Rei), o Miguel começou por mostrar serviço na subida da Freixeira, levando apenas o Durão na roda (tiques que não passam!). O tempo inferior a 4 minutos (3.55) indica que o ritmo foi forte. Todavia, as principais figuras controlaram à distância.
A ligação entre a Venda do Pinheiro (agora com o ZT, o Samuel e o Abel já integrados) Milharado, Póvoa da Galega e Bucelas foi tudo menos um passeio, havendo muita chispa, mas sem beliscar a moderação que se recomenda antes das grandes dificuldades.
A história no Cabeço da Rosa já foi descrita, e num ápice estávamos em Alhandra, prestes a enfrentar a subida de A-dos-Loucos – que se revelou fantástica.
Começou pela imprevisibilidade do Miguel (lá está!) ao «negociar» os 400 metros iniciais (a mais de 5%) em pedaleira grande, abrindo, naturalmente, uma distância considerável antes de se entrar na fase mais dura da subida (1 km a 9%, com passagens a 12%). Jogada arriscada, mas que se revelou acertada, pois, rapidamente, deu a perceber que não foi fogo de palha. Já a lidar com as fortes percentagens, passou a gerir o seu avanço face à perseguição que lhe movia, e cujo esforço foi demasiado elevado para o Durão, fazendo-o sucumbir, precisamente na altura em que absorvíamos o fugitivo.
Mas o melhor estava para vir. Ao passar pelo Miguel, este nem esboçou reacção. Estaria a aguardar pelo Durão ou também já estava «descarregado?», questionei-me. A resposta chegou pouco depois, quando o vi passar pela direita, obrigando-me a uma resposta difícil, que me colocou no «red line». O km demolidor estava ultrapassado e confirmava-se que a «coisa» seria discutida a dois. O Durão dificilmente reentraria e o Nuno e o Carlos estavam ainda mais para trás, mas chegaram praticamente em cima do Durão. Muito boa subida também!
Depois de um ligeiro descanso, a passagem pelo empedrado no interior da localidade trouxe mais dificuldades. Seria aqui que se faria mais uma avaliação de forças. Ele, desconhecendo o local, desviou-se do caminho correcto, perante a terrível rampa duríssima em paralelo à nossa frente. Seria sintoma (subconsciente) de fraqueza? Puro engano! Os próximos metros foram de mais esforço para manter ali e demonstraram que, até final, o meu «parceiro» era inatacável. No topo, rendemo-nos mútua homenagem. Bem haja, louco imprevisível, que subida dos diabos! A repetir!
Na última parte do percurso, destaque para a descida de A-dos-Melros a grande velocidade, com empolgantes revezamentos, fechando com chave de ouro uma jornada de altíssimo nível.

Notas de observador

A escaldante subida de A-dos-Loucos foi feita em tempo recorde pessoal. Os 2,8 km (6,3% de inclinação média) em 8m50s pulverizaram o meu anterior registo em 57 segundos! Mais: 19 km/h de média e 183 bpm (ritmo cardíaco revelador que a forma já lá vai e que 2 quilinhos já cá cantam!) E como estão em voga os estudos e artigos de opinião sobre as performances dos ciclistas internacionais (a revista francesa «Velo» tem multiplicado os análises sobre a prestação de Floyd Landis no Tour e de Vinokourov/Valverde na Vuelta), decidi, com o recurso a um programa informático, determinar a potência em Watt desenvolvida por mim e o Miguel em A-dos-Loucos. A saber: no meu caso, fiz média de 342 W, que corresponde a 4,7 W/kg (para 72,5 kg) e o Miguel 295 W, equivalente a 4,9 W/kg (para 60 kg, suponho).
Resta dizer que os melhores do Mundo fazem cerca de 1W/kg mais (mais 70 W em média!), em subidas com o triplo da distância e com o triplo dos km nas pernas. Mesmo assim estamos longe de envergonhar!

Na próxima quinta-feira, feriado, a volta que está prevista promete muito, incluindo alguns troços e uma subida inéditos. A partir de Loures, dirigimo-nos a Frielas, cruzamento de Unhos, Unhos e Sacavém. Depois Alverca, Vila Franca e Alenquer (sempre a rolar durante 50 km). Depois de os roladores se terem saciado, chega a vez dos trepadores: a partir de Alenquer está a 1ª subida, principal «hot spot» do dia (inédita com 4,2 km a 5,5%, e algumas passagens duras, a 15 e 16%. Todavia, não é caso para temores, pois a pendente é irregular, contemplando alguns planos e mesmo descidas. O «miolo»: 1,5 km a partir do km 1,7 tem 6% de média). A ascensão é muito interessante, iniciando-se no cruzamento (à esquerda) à entrada de Alenquer (logo a seguir às bombas) em direcção à zona alta da vila e depois sobe em direcção a Santana da Carnota. O «Prémio da Montanha» está a cerca de 4,5 km (descida suave) do centro da Carnota. Aqui inicia-se a 2ª subida (3 km 3,5%), já conhecida da Clássica da Carnota, até aos eucaliptos, e depois o planalto para Freiria. Então vira-se à esquerda em direcção ao Sobral e daqui para o Forte de Alqueidão, descendo-se depois para Bucelas. Total: 95 km.
Provavelmente, amanhã, se não chover, poderei descrever mais pormenorizadamente a subida de Alenquer.

segunda-feira, setembro 25, 2006

Clássica da Abrigada

O percurso inédito foi aliciante adicional da Clássica da Abrigada, realizada no último domingo, pela primeira vez no âmbito do calendário de temporada. O traçado extremamente equilibrado entre o terreno plano e a montanha «suave» conduziu o pelotão de Loures a Abrigada, da Merceana ao Sobral, e de regresso ao ponto de partida, aproveitando a trégua de S. Pedro, mas enfrentando forte vento na segunda metade: a que tem relevo mais difícil.
Mas não foi só por isso que a jornada foi interessante e bem sucedida. Para tal, contribuiu o comportamento exemplar do grupo, uma vez mais demonstrando elevado nível global, a que não alheia a integração de novos elementos bastante válidos, casos do Pedro Fonseca – grande confirmação! – e do Albino, velho conhecido do Durão, que revelou muito boas qualidades. Estas duas integrações recentes revelam igualmente a óptima saúde do nosso grupo, apesar do extenso rol de ausências de figuras de nomeada, a maioria motivada pela participação nos 100 km de Mafra (BTT), que se disputaram na mesma manhã.
As boas notícias não findam aqui. A maior de todas – perdoem-me a preferência – foi a presença do Nando, cujo gosto pela bicicleta e espírito de sacrifício motivou-o a completar a volta, considerando o que custa a quem tem a forma física insuficiente devido à escassez do treino. Digo-o lamentando a sua presença inconstante nas concentrações domingueiras – por imperativos pessoais e profissionais –, dada a mais-valia insubstituível para o grupo que representa o «peso» do seu enorme carisma. Um grande exemplo, como ficou mais uma vez demonstrado.
Outro facto que não deve deixar de ser (sempre) louvado é a coesão do grupo, tanto mais porque esteve em destaque nesta volta. O melhor exemplo este domingo foi o Samuel, cuja atitude exemplar, compatível com a sua boa forma, contribuiu activamente o bom desenrolar da jornada. Além dele, o combativo rebenta-crencos-Salvador, e o eternoAbel, regressado com o lastro próprio de férias com mesa farta.
Contra todos esteve o vento, principalmente, quando, a partir da Abrigada, passou a soprar de cara, obrigado a um esforço suplementar. Até aí, na primeira parte do percurso o andamento foi bastante moderado – como se quer! –, apesar do engodo à velocidade que oferece a planura do relevo. Nada de mata-cavalos, logo os desgastes foram minimizados, preservando energia preciosa para a secção final, mais acidentada e empenhativa. O Durão, sempre incansável, teve muito mérito ao assegurar, à cabeça do grupo, o ritmo de cruzeiro ideal, para o qual deram o seu préstimo todos os que se sentiram com capacidade, sem excepção.
A partir de Marceana em direcção ao Sobral, o passo endureceu. Chegava a altura adequar o ritmo às capacidades próprias. Bastaram as primeiras rampas, feitas a uma intensidade elevada, para se fazer rapidamente a selecção. A subida é longa e inconstante, requerendo uma gestão rigorosa do esforço, protecção do vento, e uma boa roda. A roda, a minha, e os dignos «chupas»: Durão, o estreante Albino e o Salvador. Só este acabou por ceder, sensivelmente a meio da ascensão, mas, mais tarde, já após a passagem pelo Sobral, demonstrou a sua reconhecida tenacidade, alcançando o trio da frente, passou directo ao Forte de Alqueidão. Então o Durão impôs a sua cadência pesada (52x23) entre os perseguidores e anulou a fuga. Assim, também o Albino acabou por ceder à dureza (vento acima de tudo), chegando ao alto na companhia do Salvador.
A partir daqui, por imperativos de horário, antecipei o regresso a casa, atalhando pelo eixo S. Tiago dos Velhos-A do Mourão, mas já tive conhecimento que a conclusão da jornada decorreu normalmente – que, no cômputo geral, volto a frisar, foi excelente!

Notas de observador

Como já referi, a integração de novos elementos é sintoma de vitalidade do grupo, livre dos maus presságios de opiniões cépticas que, por vezes, emergem sem, porém, mostrarem o rosto. O Pedro Fonseca fez a sua segunda aparição, após a estreia e sádica «praxe» em Sintra e, segundo fontes bem colocadas, apesar de o tratamento não ter tido tanto choque, as consequências repetiram-se: valente empeno! É assim, através de aferições de capacidade superação e resistência às fortes exigências de um grupo de nível, além de camaradagem, que se faz o tirocínio no Pina Bike. Para ti, Pedro, a prova foi superada com 20 valores!
E a atentar às indicações prestadas este domingo pelo outro delfim, o Albino, logo em dia de estreia, o relatório será rigorosamente igual. Bem-vindos, companheiros!

Por falar em indicadores – mas referindo os (meus) físicos –, depreende-se que a temporada no limiar do fim. Fazer força nos pedais já custa muito e os resultados não compensam. Assim, mais do que lógico abrandar o volume e a carga nesta altura do ano, é imperioso aliviar significativamente aos domingos, mesmo se até ao final de Outubro ainda restem algumas Clássicas com subidas exigentes, como a Sra. da Ajuda (espectacular mas para ser feita no auge da forma!) e A-dos-Loucos – esta já no próximo domingo. Ai ai, quem é que fez o calendário?!

terça-feira, setembro 19, 2006

Lagoa Azul

A Clássica de Sintra, na sua versão mais «picante», com passagem pela dura subida da Lagoa Azul, foi extremamente conturbada, ao ponto de se inflectir a marcha, precisamente após aquela ascensão. O motivo foi a quebra de uma das manivelas dos pedais da bicicleta do Salvador, em plena subida, que implicou a interrupção da jornada e o regresso directo a Loures, para garantir que o nosso companheiro chegaria «são e salvo».
Pena que tivesse acontecido este incidente, pois a tirada, além de reunir todas as condições para ser bastante interessante, naquela altura estava ao rubro, com o Freitas «Durão» isolado à entrada para os 2 km terríveis da Lagoa Azul e a perseguição em curso – apesar de eu ter furado e assim eliminado as possibilidades de o grupo anular a aventura do Durão antes da passagem pelo prémio da montanha.
Além disso, neste dia tivemos o agrado da companhia do Paulo Pais, que está a ultimar a sua preparação para a Volta a Palma de Maiorca, nunca se devendo enjeitar a possibilidade de obter ensinamentos e referências de quem, como ele, participa em competições federadas. Por isso, também se lamenta que as incidências da volta tenham prejudicado o seu treino, esperando que o reencontro seja para breve. Que tal, já o próximo domingo, agora que estará mais ciente que, com estes meninos do Pina Bike, a correria pode rebentar quando menos se espera, tal a maneira como foi surpreendido no topo de Guerreiros, a caminho de Loures – tradicionalmente local de última explosão! E depois ainda houve sprint final à chegada às bombas. Depois há quem diga que treinar com alguns «Pina Bike» não dá saúde nenhuma...
Apraz-se registar ainda a estreia do Pedro Fonseca, que, além da simpatia, demonstrou enorme força de vontade em acompanhar o grupo, apesar de ter sentido algumas dificuldades quando o andamento endureceu. Todavia, só pela atitude de galhardia, a que não deve ser alheia a enorme motivação em progredir para um nível de forma mais compatível com as exigências, creio que representa uma mais-valia importante para o grupo. Para a semana, revemo-nos nas bombas da BP.
De resto, registe-se também as presenças do Nuno Garcia e do Zé-Tó, num mini-pelotão que estava a demonstrar boa coesão, pelo menos, até ao primeiro hot-spot (ponto quente) do dia, na Lagoa Azul. Ficou, porém, por saber como decorreria o que restava do percurso original, ainda bastante e recheado de dificuldades.

sexta-feira, setembro 15, 2006

Etapa da Serra em imagens -1



Depois das agruras da Serra da Gardunha, quarteto tenta retemperar forças no «rompe pernas» entre o Fundão e a Covilhã. No entanto, o ritmo nunca caiu demasiado e em Belmonte a média fixava-se em apreciáveis 30 km/h. Naturalmente, tudo isto se pagaria bem caro... e uns mais pagaram mais que outros!

Da esquerda para a direita: Miguel, Guedes, Ricardo e Freitas, perdão, Durão. Aliás, quem é que se decide a pôr o peitinho ao vento?!

Etapa da Serra em imagens -2


O entusiasmo do público foi uma constante ao longo de toda a etapa, como se pode ver pela imagem.
Nesta altura, entre Covilhã e Belmonte, com a Serra da Estrela em pano de fundo, (ainda) era esse o sentimento que reinava no seio do mini-pelotão, onde o Miguel impunha o andamento.
O pior foi quando o «pano» deixou de estar ao fundo! Ai, ai...





Esta é uma das imagens mais fortes da Etapa. Estávamos ainda a alguns quilómetros de Manteigas e o Durão já exibia o ar afanado com que chegou à Torre (para ver melhor a foto basta clicar sobre a mesma).
Testemunhas confessaram que depois do Viveiro das Trutas as suas feições ainda espelhavam maior sofrimento. Não foram só as dele...
A fechar o trio é um companheiro muito generoso que entrou depois da Covilhã e seguiu-nos até Manteigas. Depois deu a volta ao cavalo, já adivinhando o que se passaria a partir daí...


Manteigas acabava de ficar para trás e atacavam-se as primeiras rampas, duríssimas, da subida para Piornos.
O prato forte estava servido. Neste preciso momento, o Guedes preparava-se para fazer uma ligeira mudança de ritmo na frente do trio, que deitou por terra toda a estratégia de desgaste do Durão.
A sentença estava ditada!






Dois valentes cavaleiros solitários serra acima.
A atentar pelas semelhanças do equipamento (e da perna peluda!) seria dupla para trabalhar em conjunto... mas a concorrência nem se deu a ver.
Todavia, tiveram muito mérito pelo esforço, rapazes! Extensível ao Salvador e ao João, que por motivos de horário não aparecem na reportagem.

quinta-feira, setembro 14, 2006

Etapa da Serra em imagens -4

Grande subida do Guedes, parceiro inseparável até Piornos. Pelo meu sofrimento deu para perceber o dele, que desde a saída de Manteigas se vinha a queixar com fome... e que tinha de voltar para casa... ATRÁS DA SERRA DA GARDUNHA! Certamente quando nos encontrou por acaso, não estava à espera de um tratamento destes... Felizmente, tudo se resolveu com uma boleia muito «camarada» do Miguel. Em Piornos juntou-se ao Freitas e chegaram à Torre... inteiros. Aí está um elemento válido para o Pina Bike, exemplo para muita gente, pela coragem e fibra. Um forte abraço!


Aquele bidão amarelo diz «Etape du Tour 2006» e foi obrigatório dignificá-lo!
Mas foi difícil. Não sofri tanto no Alpe d'Huez, com 180 km nas pernas, 35 graus de temperatura e um pé a rebentar de dor...
Que saudades dos pelotões franceses!








O alto está mesmo aliiiiiii, e nunca mais chega...
Nunca subir a Estrela foi tão duro.
Ai a média de 30 km/h e tal e tal...
Pois é, como diz o outro, não há milagres!










Enfim, a Torre! Depois de 5h15m de uma fantástica jornada velocipédica, no rescaldo de uma inesperadamente penosa subida final, chegar finalmente à famosa «rotunda do alívio», a 1993 metros de altitude, foi um momento muito saboroso...
Esta já cá está! Durinha, durinha...








Eis o Durão totalmente «amolecido», na companhia do valente Guedes à chegada ao ponto mais alto de Portugal Continental.
A sensação de dever cumprido compensa todos os sacrifícios. E foram muitos! Para o ano, podes meter o comboio à média de 30 km/h que eu fico num grupetto. Ai fico, fico!
E que melhor prémio que a nossa família à espera para nos acolher?

segunda-feira, setembro 11, 2006

Serra da Estrela, a acentuada tortura

A Etapa da Serra da Estrela, de 2006, foi uma jornada épica que superou todas as expectativas sobre as elevadíssimas dificuldades que enfrentariam os «aventureiros» que aceitaram o desafio de cumprir o percurso principal, de 124 km e 2600 metros de desnível acumulado. Todavia, a jornada ficou aquém da mobilização que se pretendia como iniciativa pioneira e aliciante, não apenas em número de participantes, como em coordenação, assistindo-se a uma divisão voluntária do elenco por motivos que não se percebem.
A tirada, já se sabia, seria muito mais exigente que as condições do próprio traçado montanhoso e da sua longa distância, porque a estas havia que contabilizar o factor-competitividade, indissociável a todos grupos de praticantes de ciclismo de bom nível. Mas esta perspectiva foi excedida largamente, impondo à etapa o grau de dificuldade correspondente, que, indiscutivelmente, prejudicou o seu normal desenrolar e provocou desgaste acentuadíssimo a todos – friso: a todos! – os participantes do percurso maior (A). A razão foi a abordagem, muito controversa, à «prova», quiçá subestimando as dificuldades inalienáveis, distância e relevo, juntando-lhe uma inquestionável sobrevalorização (mesmo que inconsciente) das capacidades atléticas individuais (e do grupo, por consequência) em prol de um objectivo legítimo: o espírito competitivo. Ou seja, cometeu-se um erro de gestão de esforço que acabou por sair muito caro quando a Serra da Estrela, no final, impôs a sua factura. E que gorda factura!
Todavia, este percalço, que ficou bem marcado no corpo, não retirou brilhantismo à Etapa: percurso lindíssimo e exigente, realizado, na sua maior parte, a uma velocidade elevadíssima. Daí a razão de todos os males. Os números confirmam: após 50 km e de dupla passagem pela Serra da Gardunha, a média horária fixava-se nos 29,5 km/h. O autor de tamanha proeza irresponsável foi um trio (Durão, Miguel e eu), a que se juntou o Armando (Guedes), cliente do Pina (Cannondale Six13) a passar férias na região, que nos encontrou por feliz casualidade após a primeira ascensão da Gardunha, prestes a dar meia-volta na rotunda de Lardosa.
À chegada a Belmonte, com 85 km percorridos, a média já tinha subido para 30 km/h e em Manteigas, antes de iniciar a subida final para a Torre (103 km e já 1400 metros de desnível acumulado), desceu apenas 0,5 km/h (para 29,5 km/h) - uma média, neste tipo de percurso, que está ao nível de uma Clássica Internacional – mas aqui com apenas quatro elementos!
Repartem-se responsabilidades por este andamento vivíssimo, quase suicida por ter sido à custa de um esforço de grande intensidade, principalmente nas subidas secundárias, onde se recomendaria maior contenção. O Durão abriu as hostilidades nas duas passagens pela Gardunha: a primeira logo a abrir a etapa (mau, mau); e a segunda, mais difícil, mas que teve como atenuante o facto de o andamento ter sido mais moderado, graças ao Miguel, que em boa hora parou para urinar. Depois, ainda e sempre o Durão a impor o ritmo na descida para o Fundão, metendo o grupo a 60 km/h nas suas costas.
Mais tarde, a seguir à Covilhã, na subida de Orjais, foi o Miguel a puxar dos galões e a fazer disparar o coração, na subida de Vale Formoso voltou a ser o Durão a endurecer o ritmo. Por fim, a partir de Valhelhas fui eu a entrar ao serviço, que se estendeu à entrada da subida final para Piornos/Torre.
Assim, dificilmente não se assistiria a uma prova por eliminação. Em Valhelhas, com 87 km, o Miguel foi a primeira vítima deste andamento de elite, perdendo irremediavelmente o contacto com o grupo (naquela altura era um quinteto, com a junção de um elemento nativo de Teixoso até Manteigas), acabando por antecipar o final da sua jornada em Piornos.
Depois, o Durão, já a contas com duas arreliadoras avarias na bicicleta (primeiro o guiador descaiu e depois partiu-se um raio no empedrado de Manteigas, pagou toda a sua audácia ao longo do percurso ficando pregado logo nas primeiras rampas duríssimas (Viveiro das Trutas) da subida final e arrastou-se até Piornos, onde encontrou o Armando, que parara para abastecer depois de ter ficado «vazio», tendo ambos cumprido a ligação à Torre juntos. E eu, abandonado à dor, desfazendo-me serra acima, com um par de paragens pelo meio para atenuar a fadiga e a vontade crescente de acabar o sofrimento mesmo ali!
No final: 5h15m de uma enormíssima aventura a repetir em formato mais «racional» e para recordar, neste caso, para não voltar a cometer os mesmos erros «estratégicos». A experiência das participações além-fronteiras deveria ter sido melhor conselheira. E ninguém está ilibado.
Quanto aos restantes companheiros neste desafio serrano, pode-se dizer que foram apenas companheiros de bastidor, pois o contacto na estrada foi incompreensivelmente fugaz ou mesmo inexistente. Resumiu-se ao encontro com o Zé-Tó e o Steven (que fizeram juntos a trajecto desde a Covilhã), pouco antes do cruzamento de Piornos, onde o primeiro parou. O Steven, que ainda me acompanhou nas primeiras centenas de metros da subida, após a Nave de Santo António, seguiu no seu andamento, chegando à Torre aparentemente em boas condições. Aqui já estavam há algum tempo o João e o Salvador, que partiram do Fundão meia-hora antes do previsto. De resto, nem estes duos se cruzaram em todo percurso. Porquê?!

domingo, setembro 03, 2006

Rolar ou rolar bem?

Há os que rolam e os que rolam bem. Ponto! Entre uns e outros, as diferenças são significativas e distinguem até quem exibe estados de forma muito aproximados. Quando o relevo não oferece dificuldade apreciável e o peso ou a menor aptidão para exercício de subida não têm especial influência nas performances, sobressaem os ciclistas fortes e possantes que conseguem desenvolver desmultiplicações grandes e consequentemente velocidades de cruzeiro elevadas.
Mesmo contra o vento e muitas vezes sem se aperceberem das dificuldades em que colocam os demais - as que sentem quando enfrentam os trepadores no seu (destes) «habitat»: a montanha. Aliás, no próximo domingo, na Serra da Estrela, haverá oportunidade de constatá-lo. Ou não!
Isto é o que consegue fazer, quase na perfeição, o nosso camarada Durão – classicómano de excepção, mas acima de tudo rolador e sprinter de qualidade indiscutível. Hoje, na lezíria ribatejana, rubricou alguns momentos que comprovam plenamente o estatuto que está na origem do cognome que escolheu para se identificar neste blog.
O primeiro, conduzindo o grupo, numa secção entre Vila Franca e o Porto Alto, sem baixar dos 40 km/h - que meteu muito boa gente (incluindo eu) no «vermelho». Mais tarde, à saída Benavente quando se lançou na peugada do Fantasma (que bem que ia na protecção de um autocarro!) neutralizando rapidamente a sua fuga. Por último, na estrada de Sto. Estevão, quando rolou durante vários km em fuga, sempre a roçar os 40 km/h. E se nas duas primeiras situações, o pelotão enfileirou, como pôde, atrás da locomotiva, já na terceira obrigou a uma perseguição férrea do grupo, que só o bom entendimento entre os seus elementos permitiu que fosse coroada de êxito. Renovo os parabéns ao desempenho individual e colectivo!
Estes foram, de resto, os momentos mais destacados de uma volta (reedição da Clássica de Sto. Estevão) realizada a uma média excepcional de quase 32 km/h (e houve algumas quebras e paragens. Por exemplo, não me sai da memória a visão do Fantasma a tentar equilibrar a delicadíssima Six13 no espesso areal da largada de touros em Sto. Estevão), e onde o comportamento e empenho do grupo merece, sem contemplações, rasgados elogios, demonstrando que as baterias estão quase no ponto para a Serra da Estrela, que é já no próximo domingo.
Mais: através das boas indicações deixadas, percebe-se que há um punhado de unidades em estado de forma muito aproximado, deixando em aberto algumas interrogações sobre o desempenho final na etapa serrana. Refiro-me ao trio João, Salvador e ZT, cuja presença à partida do Fundão está confirmada, e que, à parte da certeza de que reúnem todas as condições para realizar muito bem a etapa, haverá, da minha parte, uma certa curiosidade em saber como se irão sair, tendo em conta a elevadíssima selectividade da tirada.
Na perspectiva de observador atento, creio que haverá factores, digamos, indirectos, como a gestão do esforço e a própria leitura das incidências, que poderão ajudar a definir as diferenças finais, podendo diluir condicionantes quase sempre determinantes como os km acumulados durante o ano e o nível de treino. Na minha opinião, até ver este será o núcleo duro dos participantes no percurso B, que terão tudo a ganhar se unirem esforços, pois o maior desafio de todos é chegar à Torre.
Quanto ao percurso A, existe apenas a certeza antecipada de que não será fácil a ninguém. Logo que o tempo ajude, há tudo para ser uma memorável jornada de ciclismo!