segunda-feira, dezembro 22, 2008

A-dos-Arcos... já aqueceu!

A volta do último domingo, para Azambuja e A-dos-Arcos, decorreu sob o signo do bom tempo. Finalmente, após as borrascas dos pretéritos fim-de-semanas, o sol brilhou durante toda a manhã. Notou-se no tamanho do pelotão e na disposição das suas gentes.

Até Azambuja, rolou-se tranquilamente, mas a partir daí o figurino da tirada mudou. O Cancellara (de regresso às lides, tal como o Rocha. Saúdam-se) e o Ruben (bem aparecido!) decidiram fazer um «mano-a-mano» na condução do pelotão, levando-o aos 40 km/h. Deixou-se de ouvir vozes, só respirações ofegantes. Pior ficaram, quando o Duarte (bem haja, companheiro, já em boa forma e a simpatia de sempre!), em Vila Nova da Rainha, desferiu um bom golpe, destacando-se cerca de 30/40 metros perante a contemplação do grupo, ainda entregue àqueles dois trabalhadores de serviço - e que partilharam dificuldades em manter a perseguição. Então, o Freitas decide saltar, juntando-se ao Duarte. Mas teve efeito de contágio aos demais, que, em bloco, fecharam rapidamente a distância.

Descansou-se, mas pouco. Entre o Carregado e Arruda, o andamento voltou a avivar-se, e quem o impôs foram o Salvador e o Capitão, num excelente trabalho em terreno difícil. Repito, o andamento foi muito bom, suficiente para meter o pelotão em sentido. Naturalmente, na subida de A-dos-Arcos, ambos acusaram o esforço e fizeram-na em ritmo de passeio. Mas o esforço já estava feito, e com nível.

Na subida de A-dos-Arcos, ao início, o andamento foi moderado, mas depois do cruzamento de S. Quintino, o Ruben começou a «tirar», estirando o grupo. A partir daí, foi uma prova de eliminação, que se tornou ainda mais selectiva quando o Freitas rendeu o jovem trepador, mantendo o ritmo elevado. E já foi com um grupo reduzido a 5 unidades (Freitas, André, Ruben, Duarte e eu), que surgiu a alteração de ritmo decisiva... quando o Duarte ataca a 1 km da povoação obrigando os restantes a responderem. Desde logo, foi demais para mim, que vinha muito justo... há muito tempo! Na passagem por A-dos-Arcos o Duarte e o Ruben também cederam, deixando ao Freitas (numa forma já bem apreciável, ou terá sido impressão minha?...) e ao André a discussão da subida. Fizeram-no ao sprint, abrindo cerca de 30 metros para o Duarte e o Ruben, e estes cerca de 50 para mim. O Jony (de regresso aos treinos após forte carraspana) chegou um pouco mais tarde, e não muito depois um grupo que incluia o Pina (muito bem!), o Carlos do Barro e o Rocha.

O tempo de subida em A-dos-Arcos foi de 13.03 m (o meu), ou seja, 1 minuto superior ao que eu tinha realizado no dia 26 de Outubro, na última vez que o grupo por lá tinha passado (na volta em que o Freitas e o André andaram fugidos). Àquele tempo, deve descontar-se aproximadamente 30 segundos para calcular o tempo dos primeiros a chegarem ao alto (curiosamente, os dois fugitivos «caçados» naquele dia). Cerca de 30 segundos é uma diferença ainda significativa para este tipo de subida, mas deve ressalvar-se o facto de os momentos da temporada serem díspares, tal com as voltas terem decorrido em condições também completamente distintas. De qualquer modo, creio que, no domingo, a segunda metade da subida foi muito boa, mais rápida que a de Outubro. O início é que foi mais lento.

Na descida para Bucelas, andou-se outra vez bastante depressa, na peugada do Jony e do Salvador, que se tinham adiantado. Mas a estas incidências já não assisti... por ter perdido o comboio ainda este embalava.

No final, entre Tojal e Alverca, o Ruben foi, uma vez mais, boa companhia na partilha de um empeno. Mas que mais importa são os benefícios deste treino de conjunto com mais de 4 horas.

Aos elementos que sentiram mais dificuldades na parte final, nomeadamente, em A-dos-Arcos, principalmente a alguns que já tinham vindo a trabalhar durante a volta, digo para não retirarem ilações precipitadas desse momento de menor rendimento. É perfeitamente natural e previsível nesta altura da época. A-dos-Arcos pode ter sido, para muitos, a primeira subida da pré-temporada de saídas em grupo, e uma prestação menos boa não traz nada de preocupante.
Dou o exemplo do Salvador e do Capitão, que trabalharam muitíssimo bem no carrossel de Cadafais/Arruda, cumprindo componente importante dos seus treinos. Não se precipitem a mudar a programa de progressão por vós estabelecido em função de não terem sido capazes de acompanhar alguns elementos da sua igualha. A paciência faz parte da base para a óptima forma.

terça-feira, dezembro 16, 2008

Que tempo de cão!

Tem sido, provavelmente, o pior início de temporada dos últimos anos, em termos climatéricos. Não tenho memória de um final de ano com tanta chuva (principalmente ao domingo), acompanhada de frio gélido e vento forte.
Foi este o cenário, como se sabe, também no último fim-de-semana. Resultado: meia dúzia de gatos pingados a enfrentar a intempérie, e com mais de metade – em que me incluo - a encurtar o percurso. No meu caso pessoal, o mau estar foi agravado por não ter levado protecções para os pés, que ficaram enregelados, com a água, após o primeiro aguaceiro.
Mais: a acompanhar o desconforto juntava-se a debilidade causada por sinais de constipação – dores no corpo e apatia. Mesmo assim, não se perdeu tudo, e ainda deu para duas horas e pouco. Entretanto, acabou-se a chuva, mas o frio e o vento forte ainda perduram - principalmente este...

quinta-feira, dezembro 11, 2008

O regresso de Lance Armstrong

Uma das grandes expectativas do ciclismo profissional para 2009, quiçá a maior, é o regresso de Lance Armstrong, após três escassos anos de reforma dourada. O heptavencedor do Tour surpreendeu o Mundo ao anunciar que voltaria a competir, e logo querendo reconquistar o ceptro que já foi seu, e em anos consecutivos, tal a hegemonia face aos adversários.
As questões que se colocam à decisão do norte-americano são diversas: desde logo, a razão do regresso à alta competição, depois de tão esmagadora consagração; a razoabilidade da suas justificações, a principal sustentada em motivos humanitários relacionados com a luta contra o cancro, doença a que sobreviveu antes da senda de êxitos; ou os critérios da sua entrada directa para uma equipa onde milita o seu apontado sucessor, Alberto Contador, desde logo provocando controvérsia sobre a natural incompatibilidade da liderança numa prova tão exigente como o Tour. Para mais, tendo em conta que todas as suas vitórias foram alicerçadas na união inquebrável do colectivo em prol de (um único) chefe-de-fila: ele próprio; a controvérsia que já exigiu aos dois «galos» que esclarecessem publicamente das suas (pretensas) boas intenções e franca colaboração – que, como facilmente se adivinha, são apenas politicamente correctas.
Mas antes de ficarmos a saber se o «novo» velho Lance partilhará ou lutará com o ainda jovem, mas já amplamente coroado Contador (Giro, Tour e Vuelta) o poleiro da Astana no próximo Tour, importa observar se o texano tem condições físicas à medida das suas pretensões. Aqui reside, até ver, a maior incógnita deste estimulante regresso e que poderá determinar, mais pacificamente que se prevê, a hierarquia da equipa. Contudo, em que fundamentos baseará a decisão o actual director da equipa Astana, Johan Bruyneel, que está estreitamente ligado à carreira vitoriosa de Armstrong? Serão as provas da temporada, de preparação para a Volta francesa, barómetro para aferir das aptidões do ciclista americano – que sempre as abordou como meras etapas de um meticuloso programa de afinação da forma? Ou Lance fará o tirocínio de forma no Giro? Ou seja, se der garantias de estar ao nível do seu passado glorioso avança para o Tour como um dos dois líderes prováveis (Contador sê-lo-á sempre...), senão apenas como gregário de luxo, ao lado de Leipheimer e Kloden?
Eis as dúvidas que tornarão o próximo ano especialmente interessante para quem acompanha o ciclismo, e acima de tudo, para quem vê, como eu vejo, no vencedor do Tour o melhor ciclista do Mundo. E para quem tem, como eu tenho, em Armstrong referência máxima além do desportista.
Para já, na minha opinião, pelas informações que vou recolhendo, a sua principal dificuldade na optimização do rendimento residirá em transpor para o exercício do ciclismo a potência que está a tentar criar através de um intensivo trabalho de reforço muscular – porque assim tem de ser dado o carácter imediatista de voltar a ganhar força –, mas que poderá afectar a fundamental relação ideal com o peso. Essa dualidade parece clara nas fotos dos recentes treinos com a equipa Astana, em Tenerife, em que é visível a hipertrofia muscular, mas também a sua influência no aumento da massa corporal – é um Lance muito musculado, com as fibras já surpreendentemente definidas para a altura da época, mas muito mais corpulento que nos velhos tempo. Evidente a quem se lembra bem deles. Como eu...

terça-feira, dezembro 09, 2008

Dupla jornada: tempestade e... Ota!

A dupla jornada de fim-de-semana prolongado marcou mesmo o início da minha pré-temporada, embora custando uma homérica molha no domingo. Foram treinos consecutivos, desde sexta-feira, nunca abaixo das 3 horas e com trabalho específico adequado à «reentré».
A volta de domingo, com o grupo, tornou-se complicada devido a condições climatéricas bastante adversas. Chuva incessante, neblina e, acima de tudo, vento forte a acentuarem o grau de esforço num percurso interessante, com cerca de 110 km, com bastante sobe e desce, pelo Sobral, Arruda, Alenquer e regresso novamente pelo Sobral.
A manhã começou logo aziaga. Saí de casa já fora de tempo para nem sequer conseguir interceptar o grupo no Tojal e, por isso, vi-me na contingência de atalhar pelo Cabeço da Rosa. Subida rude, logo a frio! Frio não sentia e valia o tempo estar seco. Ainda... pois mais do que o choque muscular madrugador foi a visão, do lado de lá da serrania, de um autêntico tempo de cão! A intempérie tinha-se abatido sobre o vale de Bucelas e o negrume do céu deixava antever uma jornada molhada e sem perspectivas de haver clemência de S. Pedro.
Ainda tive de fazer alguns quilómetros a aguardar o grupo (ou melhor, do trio Salvador, Freitas e Steven, os únicos que saírem de casa por engano), antes de seguirmos pela longa subida do Alqueidão. E como ela é longa e fatigante quando tocada a vento, principalmente nesta altura do ano em que as forças não abundam.... Os resistentes (ou loucos!) naquela manhã invernosa cumpriram o trajecto tendo como adversário só mesmo factores atmosféricos... e o desnível acumulado que, parecendo que não, foi superior 1200 metros – refiro-me a mim, que tive de fazer dupla ascensão ao Cabeço da Rosa, no início e no final da volta.
O pior estava reservado mesmo para o final, no regresso pela descida do Alqueidão, onde se abateu uma copiosa tempestade, de vento e chuva, daquelas à moda antiga em que não se avança e o batimento cardíaco só sobe ao abordar as curvas com o credo na boca.

No dia seguinte, segunda-feira, feriado, o tempo melhorou significativamente, mas mazelas do dia anterior perduravam no coiro. Com a volta da Ota no programa, perspectivam-se menos subidas, mas mais pedal... e velocidades tradicionalmente elevadas. Desta vez, não foram tanto como se esperava, contando com a presença do Renato Hernandez, cujo andamento triturador não escolhe épocas. Ainda assim, logo nos primeiros quilómetros da Variante de Vialonga ameaçou causar «baixas» no pelotão – mesmo que imprevistas, como a do Freitas, que chegou a desmobilizar ao não ver correspondidos os anseios por um andamento mais conforme às suas pretensões. Talvez não apenas dele, quiçá da maioria em que me incluo, embora não tivesse na disposição de abdicar de um treino de conjunto. Convenhamos que o ritmo não era desencorajador!
Mal ou bem, o grupo acabou por não perder unidades e embora se acusasse algum desconforto em alterações de ritmo – ora se rolava a 30, era acima dos 40 km/h – manteve-se sempre coeso. Foi excepção o topo de Alenquer, em que se forçou bem passo. Sempre o Renato, com alguns a agarrarem-se bem – o Freitas, Capitão e o «outro» Renato (estreante no grupo, utilizando uma bicicleta-relíquia, Reynolds, com várias décadas: lindíssima!) e outros nem tanto – o Pina só perdeu alguns metros, mas tanto eu como o Salvador «patinámos» e cedemos uns 50 metros. Esperou-se pela descida para reentrarmos.
Pareciam abertas as hostilidades para o incontornável Vale do Brejo, mas, estranhamente (ou talvez não!) nada aconteceu. O andamento imposto, ora pelo Renato, ora pelo Freitas (25,5 km/h de média, para um tempo mais de 1 minuto acima do recorde da subida) foi acessível e passou toda a gente. Ficou a ideia que se resistiu à tentação! Deu-me até para sacar um sprint: o primeiro de 2 ou 3 a que me forcei para o «específico».
De resto, o último foi o clássico: em Vila Franca. Agora com o empenho de todos e a vantagem do mais forte: o Freitas. Além da sua superioridade, previsível, destaco o desempenho do Hernandez naquilo que se assemelhou a um vigoroso lançamento do sprint (seria mesmo assim ou quereria fazer o comboio descarrilar?...). Começou por fazer alterações de ritmo ainda antes da rotunda da AE e depois desta esticou, esticou até... «partir», a cerca de 150 metros do final. Tarefa que não me é estranha, em alturas de «outra» disponibilidade física, que agora, de todo, não tenho!
A capacidade de explosão do Freitas, protegido na roda, não seria possível contrariar e, naturalmente, também eu e o Capitão acabámos por beneficiar do esforço (e foi muito bom) do lançador. Os registos não mentem: foi sprint ao nível do «pico» da temporada. Desde da aceleração, depois da rotunda, o comboio não baixou dos 50 km/h, e ainda houve aumento final de ritmo, a cerca de 250 metros, em que ultrapassou os 55 km/h. A ultrapassagem (principalmente a minha e a do Capitão) ao lançador deu-se mais por «esgotamento» deste nos metros finais do que por «explosão» nossa.
Por tudo isso, logo no local rendi, ao digno lançador, Renato, uma merecida vénia pela convincente performance.A média final da volta rondou os 32 km/h, ajudada pelo regresso a favor do vento (Vale do Brejo-Azambuja 36,5 km/h de média; e daí a Alverca 34 km/h).

Nota: curiosa a coincidência do encontro com outros elementos do grupo (ZT e o sr. Zé, Carlos do Barro e o Samuel) numa das rotundas após a Azambuja. Nem combinado! Foi um momento de frisson, pois, na altura, o nosso trem já vinha acima dos 40 e, como disse o Renato, estava a aquecer. Por isso, a surpresa não deverá ter sido muito animadora para a malta que chegava. Felizmente, o maquinista tirou vapor e assim não houve vítimas...

sábado, novembro 29, 2008

Chegou o dia de fazer «reset» a 2008

Amanhã será dia de meter o conta-quilómetros a zero, marcando o início oficial da temporada 2009 com a importante fase da pre-época. Em simultâneo com o «reset» à máquina faço-o também a ano velocipédico que finda, classificando-o de bastante positivo, considerando a concretização dos objectivos propostos: a participação nas clássicas espanholas, em especial, a estreia no Quebrantahuesos.
O balanço global, o que correu bem e o que poderia ter corrido melhor, deixarei para futuro comentário, inclusive a temporada do nosso grupo - que ficou marcada negativamente pela não realização da Clássica de Fátima.
No meu caso pessoal, foi mais um ano de superação dos índices físicos, desde logo compensador do árduo trabalho de meses. Ligeiramente mais treino (cerca de 1000 km em relação ao ano anterior, mas com períodos de inactividade mais longos: cerca de um mês e meio no total) mas, acima de tudo, melhor treino. Ainda assim, logicamente há arestas a limar e, por isso, margem de progressão - quero crer. O próximo ano será promissor, mas cheio de interrogações sobre a disponibilidade, devido a compromissos de segunda paternidade, logo na abertura do novo ano. A ver vamos.
Por ora, o mais importante é estabelecer metas e esquematizar as primeiras semanas de treino, consciente que a superação dos desempenhos da época que agora finda é tarefa complicada - isto, se mantiver níveis físicos semelhantes ou aproximados. Logo, a palavra de ordem é continuar evoluir, optimizando o treino e o planeamento. Para concretizar os principais objectivos a que me proponho - os dos últimos anos e penso que será também do próximo -, é fundamental ter muito endurance, capacidade aeróbia alta e acima de tudo passar bem a alta montanha, subir bem, não apenas subidas curtas, mas as grandes montanhas - e não só uma: um encadeamento delas.
São assim as clássicas estrangeiras, como o Quebrantahuesos, com 205 km, três «cols» e mais de 3000 metros de desnível acumulado. Esse «pico» de forma só se consegue com muito, muito trabalho específico.
O pretendo para 2009 é aumentar a potência média em esforços prolongados, como os que são precisos para a montanha (por vezes superiores a 1 hora). Aí, a relação peso/potência dita as leis e, como tal, além do apuro do «motor» (cardio-vascular e músculo), também é imprescindível atingir o peso ideal - um compromisso delicado. Os registos recolhidos nas provas (através do Polar) demonstram que a capacidade cardio-vascular que atingir em Junho foi bastante satisfatória e a muscular foi capaz de suportar elevadas intensidades durante muito tempo (no Quebrantahuesos, num tempo total de 6h37, passei 52 min. entre as 175 e 195 pulsações/min [em regime anaeróbio] e 2h43 entre 156-176 [em aeróbio alto até ao limiar]).
Agora a meta é aumentar o débito de potência nestes regimes (os watts ou ainda mais em voga watt/kg) Simplesmente... conseguir andar mais depressa às mesmas pulsações, para tal precisando ganhar ainda mais força muscular e não ganhar peso, quiçá perdê-lo (em forma, em 2008: 69-70 kg para 1,81 m de altura).

P.S. Alô Guarda... amigo Cancellara, não te desgraces!

quarta-feira, novembro 19, 2008

Surpresa ou talvez não!

Surpresa ou talvez não! Quem mais contribuiu, na última semana, para reanimar este espaço de tertúlia ciclista, e que pelos vistos continua, e muito bem, a re-dinamizá-lo – falo do camarada Manso Cancellara, com as suas compreensíveis dúvidas sobre como se meter ao ponto na próxima temporada –, foi também o principal foco de animação na volta do último domingo: S. Pedro da Cadeira.
Digo animação, mas também não desdenharia se afirmasse... de instabilidade. Porque desde o momento que, na Venda do Pinheiro, se juntou ao grupo que saíra de Loures sob o andamento pausado do Freitas, não houve mais calmaria. Primeiro a subir para Alcainça e Abrunheira, e depois para a Murgueira, onde se deu o «corte» decisivo no pelotão – que se dividiu em dois grupos até à Malveira, quase no final, assim decorrendo toda a parte nuclear do percurso.
Na frente, cavou-se ainda mais o fosso na descida da Picanceira, local que tantas vezes é subida de fazer a diferença. Juntando-se, ao referido Cance, nas suas sete quintas, o também regressado Rocha, o Salvador, Carlos do Barro, Evaristo, André, eu, Capitão e um «outsider» com as cores da Liberty. No grupo de trás, onde o grande Abel se debatia com precoces dificuldades, ainda estavam o Freitas, Pina, Steven, o Zé Henrique... não me apercebi de mais.
Entre os que seguiam agrupados na dianteira, a subida de Encarnação causou a primeira dispersão. O Carlos do Barro meteu «passo» e o Capitão foi o primeiro a ceder (definitivamente!), e o Cance e Rocha duraram só até à vila. No alto, o André e eu na frente. logo a seguir o Carlos e o Evaristo.
Demorou até S. Pedro da Cadeira para que reentrasse toda a gente, sendo que os últimos foram o Cance e o Rocha, nesta altura já a pagar a afoiteza desajustada ao dia de regresso às lides após paragem prolongada. Eu, o André e o Carlos do Barros parecíamos os mais firmes, mas lá estava o Salvador e o Evaristo sempre abnegados.
Seguiu-se a interessante ligação pelo troço da Ventosa, com os seus dois rudes topos a voltar a desfazer a unidade do pequeno grupo. Por essas alturas, e a partir daí, apareci mais frequentemente na frente, e quando chegámos ao cruzamento com a EN8 (Serra da Vila/Turcifal) já se contavam as forças entre os mais resistentes. E ainda faltava a longa subida de Vila Franca do Rosário.
Até lá, o Cancellara e o Rocha voltaram a entrar depois de mais uma tenaz recuperação. Mantive-me a puxar. E já foi sem o Liberty (que rumou ao Gradil) e o Carlos do Barro (que deu meia volta à procura do velocímetro perdido) que se abordou as principais rampas do Rosário, aguentaram-se os que puderam. Impus o ritmo, sem forçar, agora com a ajuda do Filipe (ainda fresco, porque nos interceptou em sentido contrário pelas bandas da Caneira), mas logo voltaram a quedar-se os instáveis Cance e Rocha, enquanto o Evaristo e o Salvador demonstravam querer resistir o mais possível – mas claudicaram quando o André mudou, por instantes, o andamento.
Quando voltei às rédeas, sempre a marcar o «Tempo», no topo de Vale da Guarda, só o André permanecia comigo, e manteve-se na roda até à Malveira sem sequer esboçar um golpe da sua habitual «agressividade». Às tantas, estranhei... O «puto» estaria «justo» ou ainda melindrado pelo episódio de A-dos-Arcos. O facto de, no final da subida, ter-me felicitado pelo «bom trabalho» foi a prova cabal do seu desportivismo.
O Filipe chegou logo a seguir, e mais tarde o Evaristo e o Salvador. Só alguns minutos depois o «suicida» Cancellara e o seu fiel companheiro Rocha. O Carlos do Barro, já com o velocímetro, terminou em boa pedalada – demonstrando que se teria contado com ele na subida.

P.S. Em particular, peço desculpa aos elementos que ficaram no grupo de trás pelo eventual contributo que tenha tido para que o grupo da frente não tivesse esperado

segunda-feira, novembro 10, 2008

Espinheira aqueceu...

Na volta de ontem, destaco além de mais uma presença numerosa de elementos a reacção muito positiva da esmagadora maioria às acelerações dos mais «fortes» na Espinheira. Prova disso foi o pelotão ter chegado praticamente compacto ao topo da variante de Alenquer. Apesar de acusar os choques mais violentos – ou pelo menos foram considerando o meu rendimento de final de temporada –, o núcleo do Pina Bike recuperou sempre a distância perdida, impondo-se sempre a sua presença aos da frente. Foram eles: Pina, Steven, Salvador e Carlos do Barro. Este último chegou mesmo a tentar a sua sorte para se isolar, sem êxito, não por falta de mérito mas porque não havia permissão a quem quer que fosse para tal...

De facto, nessa altura (o último terço do percurso) quando terreno se tornou mais acidentado, o quarteto que se formou à cabeça após a Espinheira – Renato, Hugo, Freitas e eu (a espaços também o André, embora este estivesse na ponta do elástico sempre que havia movimentações fortes) – não se desfez, apesar de várias tentativas.

De qualquer modo, foi dele (do André) a derradeira tentativa, de diversas que fez para se isolar logo que chegada ao grupo da frente. Na variante de Alenquer em direcção à rotunda, lançou-se em solitário mas o pequeno grupo respondeu a preceito e manteve a unidade no final.

Até aí, o terreno plano ajudou a rodar em grupo compacto, a boa velocidade (a média esteve sempre acima de 33 km/h), quase sempre conduzido pelo Renato, ao seu estilo, com ou sem ajuda...

Notou-se que, os que têm mais quilómetros nas pernas estão, tal como eu, alguns (bons) furos abaixo da melhor forma – como é admissível.

No próximo fim-de-semana, o percurso é interessantíssimo e muito mais selectivo (S. Pedro da Cadeira). Ficarão mais evidentes, então, os estados de forma. Ainda estamos na segunda semana de Novembro. Pergunto: já alguém iniciou a preparação para a época 2009?

terça-feira, novembro 04, 2008

Sto. Estevão sem aventuras, só sprint...

Na imensa jornada de planura do último domingo, para Santo Estevão, não houve permissão a fugas e poucos foram os momentos em que o andamento foi selectivo, ao contrário do que sucedera na semana anterior por bandas de Azambuja e Arruda.
Mas não se pense que se ficou a dever apenas à maior atenção do pelotão, os aventureiros foram bem menos acutilantes e quase sempre não encontraram a companhia mais desejada. Mas houve tentativas, e várias – uma delas prestes a resultar, à passagem por Santo Estêvão, por ter dividido o grupo. Mas a resposta eficaz dos perseguidores gorou-a. Tal como contribuiu o respeito dos fugitivos pelas dificuldades que ia sentindo o «grande» Abel.
Destaque maior, mais tarde, para o sprint de Vila Franca, no regresso, com o Jony a dar um cheirinho dos seus «velhos» tempos no grupo – e que privilégio de o ver a «disparar»! Mesmo assim, teve de se aplicar perante o efeito surpresa causado por «outsiders»... como, imagine-se!
A partir daí, o pelotão partiu-se no empedrado – o «puto» André não se dava por vencido em tentar a fuga, como várias vezes o fez, sempre sem êxito, durante a tirada –, e depois de o termos alcançado até Alverca conduzi o grupo da frente, raramente baixando dos 40 km/h, e esgotando os depósitos. Foi trabalho sem pretensões que me custou verdadeiramente considerando o meu «abaixamento» de forma actual. Por isso apreciei o elogio dirigido por uma das figuras de proa do nosso grupo. Agradeci! Deveria ser sempre assim...

segunda-feira, outubro 27, 2008

Inesperada intensidade, ou talvez não...

Ontem foi domingo de inesperado ciclismo a alta intensidade, quiçá ainda sob o efeito do Livramento-Óbidos da semana passada. Manhã primaveril de Outono, pelotão numeroso, percurso acessível, cerca de 100 km, plano nos primeiros dois terços e principais dificuldades perto do final. Condições favoráveis a andamento higiénico de fim de temporada. Se bem que isso esteja longe de ser regra neste grupo.
Afinal, a previsível tranquilidade deu em fuga, para mais de «gente» forte, duo imprevisto a exigir perseguição a condizer do pelotão. Ponto de partida: o empedrado de Vila Franca, onde poderia mais ser?! O Freitas a acelerar à frente do grupo, levando o novato André na roda. O pelotão estirou-se. Eu na cauda, a tentar passar o «pavé» com delicadeza... calmamente, mesmo sabendo que estava a arriscar demasiado. Sem surpresa, à saída da cidade tinha cerca de 300 metros de atraso para o pelotão. Iniciei a recuperação paulatinamente – com o sr. Zé na roda. Tentei levá-lo ao grande grupo com menos dano possível. A distância encurtava só muito pouco – mas só estava preocupado que os «tubarões» se apercebessem do meu atraso – sem eu próprio me aperceber que eles já não lá estavam.
Em Castanheira, o sr. Zé «libertou-me» – iria voltar no Carregado para Arruda, poupando-se ao troço de ir e voltar a Azambuja. Só à chegada ao Carregado encostei ao pelotão, e não demorei a perceber que ia nervoso! Por que razão? A resposta foi imediata: faltavam o Freitas e o André. E nem se viam...
O pessoal estava à nora com a perseguição. Eu precisava, primeiro, de recuperar forças. O pelotão não desacelerou e parecia empenhar-se mais na perseguição. Na grande recta de Vila Nova da Rainha, avistámo-los. A recta «toda» de avanço: tirei o tempo: 1.45 minutos. Muito! Estavam a rolar que se fartavam. A perseguição tinha de se organizar melhor e já não havia margem para facilidades. Até a Azambuja, fomos muito bem. Bom revezamento na condução do pelotão, a cerca de 40 km/h, e quando cruzámos com o duo já tínhamos retirado 30 segundos.
Com os fugitivos ali tão perto (do outro lado da estrada, em sentido contrário, mas ao mesmo tempo estavam mais longe do que pareciam) houve laivos de euforia no pelotão – demasiado precoces, na realidade. O trabalho não estava quase feito como poderia fazer crer a ilusão de óptica, e isso ficou provado na 2ª passagem pela recta de Vila Nova da Rainha: a distância praticamente não diminuíra desde Azambuja: 1.10 m.
Mas o mais difícil do terreno estava a chegar, para o pelotão e acima de tudo para os fugitivos, com o acumular da fadiga. Na primeira recta logo a seguir ao Carregado, nova contagem de tempo: surpreendentes 45 segundos. Depois de Cadafais: 30 segundos apenas. O contacto visual facilita os perseguidores e é péssimo para quem está em fuga. Começava agora o terreno ondulado. A coisa estava com boa cara. Logo nas primeiras rampas, a fuga estava controlada. Foi isso que transmiti às tropas, já reduzidas a menos de uma dezena de elementos. À chegada Arruda, havia apenas 200/300 metros – e assim se manteve a distância na recta ascendente em direcção ao Sobral. Havia que agravar o desgaste dos fugitivos, adiando ao máximo a junção. Isso parecia não agradar ao Ruben (grande contributo na perseguição!), que mostrava alguns sinais de impaciência. Procurei tranquilizá-lo. Aqui ou ali, verbalizava alguma fadiga. Momentos que passam! E passaram.
Naquela altura, apenas restavam o Carlos do Barro (boa ajuda nos topos de Arruda) e o brasileiro (limitando-se a aguentar). Pouco antes tinham ficado o Capitão e o Evaristo.
No final da rampa dos semáforos, a fuga foi anulada. Um quarteto formava-se. Tomei o comando sem hesitar, havia que manter a intensidade, pois a subida estava já muito perto. O Ruben correspondeu. O André também. O Freitas parecia abdicar, mas era «táctica»: atacou! Mas o trio respondeu. Entrei na subida à frente, a 36 km/h. Em seguida, novo ataque do Freitas. Novamente com resposta eficaz. E de imediato, contra-resposta excelente do Ruben, a causar estragos. O André perdeu-lhe a roda e «arreou». Eu geri o choque e depois encostei. O Freitas ficou definitivamente. Fomos os dois embora. Até ao alto de A-dos-Arcos, onde ele demonstrou ser mais forte – coroando uma prestação global de muito bom nível. Mereceu-o inteiramente.

Notas de destaque para o esforço dos dois fugitivos: Freitas e André. Capacidade para se destacarem e consolidarem a fuga em terreno plano, onde é tradicionalmente difícil contra o «rolo compressor» que é o pelotão Pina Bike, qual bando de perseguidores esfaimados, numa aventura que durou várias dezenas de quilómetros. O facto de terem claudicado perto do final é perfeitamente justificável, pelo grande desgaste que foram acumulando.

Elogio ao pelotão perseguidor, na sua globalidade, pela entrega ao trabalho e organização acima da média. Nem sempre o mais importante é a colaboração de todos, mas antes o empenho e generosidade.

terça-feira, outubro 21, 2008

«Livramento-Óbidos 2008: um êxito!

A 2ª edição da Clássica «Livramento-Óbidos» – 2008 superou as expectativas, «ameaçando», desde já, abrir janela de novas oportunidades no ciclismo amador, não só regional, mas, porque não, a médio prazo à escala nacional – exemplo de prova ciclo-desportiva de estrada «à séria», que tanto tarda para desespero de muitos milhares de praticantes que gostam de fazer ciclismo que continuam à míngua! Pelo menos, demonstrou que, com empenho e competência (neste caso, sob a liderança de apenas uma só pessoa, imagine-se - o camarada Paulo Pais), é possível ultrapassar o marasmo em que está imerso o ciclismo português na organização de provas não federadas.
O «Encontro de Ciclistas Livramento-Óbidos» não tem fins competitivos nem é «passeio» de cicloturismo: é um «Open» que junta praticantes de todas as idades, sexos e níveis atléticos díspares, de profissional (se fosse esse o caso) a domingueiro, num percurso acessível de pouco mais de 100 km, mas com condições quase sempre muito favoráveis à passagem delicada de uma caravana ciclista com mais de sete dezenas de elementos, sem policiamento ou restrições de trânsito. Há por isso um mínimo de regras – muito bem aceites e amplamente respeitadas –, este ano apuradas para corresponder ao aumento exponencial, para quase o dobro, de participantes em relação a 2007.
Cumpriu-se, praticamente na perfeição, o objectivo proposto para esta jornada-convívio de final de temporada organizada pelo Paulo Pais – a quem, repito, rendo homenagem pela dedicação e espírito de companheirismo inexcedíveis com que soube conduzir as operações. Por tudo isto, iniciativas deste género são sempre de acarinhar.A forte adesão ao evento foi demonstração cabal do seu êxito. O pelotão que se reuniu, às primeiras horas da manhã, no Livramento, contou com mais de 70 ciclistas, entre amigos, velhos e novos conhecidos, federados e não federados, equipas e agrupamentos, que aceitaram o repto, contribuindo, sem excepção, pelo segundo ano consecutivo, para excelente jornada de ciclismo.
Pouco depois das 9h00, o enorme pelotão, dividido em dois grupos, lançou-se à estrada para cumprir os 104 km de ida e regresso à vila histórica de Óbidos. O dia amanheceu enevoado e nos primeiros quilómetros, a ritmo bastante moderado, sentiu-se demasiado a frescura. Até Óbidos, a «temperatura» no pelotão não foi mais do que... amena. Durante a primeira parte do percurso (52 km até Óbidos, onde os grupos pararam durante alguns minutos para reagrupamento e reabastecimento), o andamento foi leve, a espaços mesmo muito leve, ligeiramente abaixo dos 30 km/h de média. Cumpriu-se «regra» estabelecida – a corda deveria soltar-se só no regresso. E soltou-se depois do Bombarral, no início da subida para Outeiro da Cabeça e nunca mais parou – não em Torres, como sucedeu na edição de 2007, mas só no Livramento.
A selecção definitiva deu-se apenas nas principais (e finais) dificuldades do percurso, desde logo à saída de Torres, a caminho de Catefica (rotunda da A8), isolando dois fugitivos e restringindo a perseguição a um pequeno grupo com meia dúzia elementos; até à rampa final da Azueira, aqui tanto entre o duo da frente, como no grupo que o perseguia.
Eis algumas médias horárias nalguns pontos de passagem no regresso de Óbidos. (registadas por mim, integrado entre os elementos da dianteira até à subida de Catefica):
Óbidos-Bombarral: 34,5 km/h; Bombarral-Outeiro da Cabeça (alto): 36,2 km/h; Outeiro-Torres: 44,1 km/h; Torres-Livramento: 37,3 km/h.
Média na 2ª parte do percurso: 38 km/h (demorou-se menos 25 minutos que na 1ª)
Média final: 33 km/h.
Tempo final (meu registo; os primeiros devem ter chegado 30 a 45 segundos antes): 3:09.40 h.

A destacar, em particular, a forte adesão do grupo Pina Bike – e a sua excelente prestação global, aliás, como é habitual mesmo face a fortíssima «concorrência». Mesmo que entre esta, estivessem alguns ciclistas mais empenhados que outros, outros mais «pró convívio», outros em «baixa» no defeso de uma temporada de competição – mas todos, sem excepção, envolvidos em garantir o sucesso de um evento que – repito! – merece continuar a ser acarinhado!
Para o ano há mais!

Agradecimentos da organização: Sra. Salomé, da Herbalife (marca de complementos para alimentação e dietéticos); Bicigal (loja de bicicletas em Torres Vedras), Sporting Clube do Livramento, à Junta de Freguesia de Azueira e à Vitargo (marca de alimentação desportiva).

terça-feira, outubro 14, 2008

Tudo a postos para o «Livramento-Óbidos»


(Clicar na imagem para aumentar)


No próximo domingo, dia 19 de Outubro, vai realizar-se o 2º Encontro Ciclista «Livramento-Óbidos-Livramento», evento promovido e organizado pelo camarada Paulo Pais, que reunirá numeroso e ilustre pelotão, esperando-se mais de 70 participantes.
A concentração está marcada para as 8h30, junto ao pavilhão gimnodesportivo do Livramento, e a partida prevista para as 9h00. O percurso ligará a Óbidos, por Torres Vedras e Bombarral, com regresso a Livramento (local da partida) pelo mesmo trajecto, num total de 107 km.Para evitar aglomerações na estrada nos quilómetros iniciais, para maior segurança está previsto que os participantes partam divididos em grupos (saída Sul do Livramento), com alguns minutos de diferença.
O percurso seguirá pela Estrada Nacional 8 (EN8), por Caneira, Turcifal, Carvalhal, Catefica e Torres Vedras. A passagem por Torres far-se-á pela Radial nova (via rápida), virando à esquerda na primeira rotunda à entrada da cidade, seguindo-se até à última (Sta. Cruz), onde vira à direita; e na rotunda seguinte, junto ao jardim, em frente, para Bombarral/Lourinhã. O desvio, à direita, para a estrada do Bombarral (EN8) far-se-á cerca de 500 metros após a anterior rotunda. A seguir: Ameal, Ramalhal, Outeiro da Cabeça e Bombarral. E daqui para Óbidos, pela EN114.
A organização estabeleceu que, à semelhança de 2007, o andamento do pelotão (ou pelotões), na primeira metade da prova, seja «certo, relativamente moderado», de modo a que o grupo chegue compacto a Óbidos – repetindo a boa experiência do ano transacto. Em Óbidos deverá respeitar-se uma paragem breve, para reabastecimento, antes de dar meia-volta, por percurso idêntico.
No regresso, principalmente a partir do Bombarral, o andamento será «livre», e ao contrário do que sucedeu na edição-2007 não haverá neutralização em Torres Vedras, continuando, em andamento livre, até ao final, no Livramento (local da partida).
O trajecto de regresso, na passagem por Torres Vedras, far-se-á tal como na ida: pela Radial, da primeira à última rotunda, seguindo-se para a Estrada Nacional 8 (EN8), em direcção à «recta dos stands» e posterior subida para Catefica; depois pelo Turcifal e Caneira, onde se sai da EN 8, à direita para o Livramento (entrada Norte).
No final, serão disponibilizados balneários para banhos, seguidos de almoço de confraternização.Depois do êxito do 2007, prevê-se outra jornada de ciclismo muito especial, com o propósito de juntar velhos e novos conhecidos, e a que não deverá faltar dose de competitividade ao nível dos seus participantes.

sábado, outubro 11, 2008

Domingo, 12 - Torres Vedras

Volta de amanhã, domingo, dia 12

Hora de partida: 8h30
Local: Bombas BP de Loures

Percurso:
Loures
Tojal (p/ Bucelas)
Bucelas (p/ Sobral)
Arranhó
Forte de Alqueidão
Sobral (esq. p/ Feliteira, descida perigosa)
Feliteira (dir. p/ Dois Portos)
Dois Portos
Ribaldeira
Runa
Cruz EN9 (à esq. p/ Torres Vedras)
Ordsqueira
Torres Vedras (em frente para p/ rotunda A8)
Rotunda A8 (esq. p/ Torres centro- Arena Shopping)
Torres Vedras (p/ Circular Exterior)
Rotunda (Serra da Vila)
Catefica
Turcifal
Caneira
Barras
Vila Franca do Rosário
Vale da Guarda
Malveira
Venda do Pinheiro (em frente p/ Lousa)
Lousa
Guerreiros
Loures

Distância: 85 km

quinta-feira, junho 26, 2008

Quebraossos: «a Doce Tortura»

A estreia no Quebrantahuesos foi esclarecedora da fama e prestígio tão falados desta clássica internacional disputada nos Pirenéus, junto à fronteira franco-espanhola. Embora sem a mística da Etapa do Tour e das mais lendárias passagens da Volta à França, ou mesmo a competência organizativa desta prova – apesar de também ser excelente –, o Quebraossos na língua lusitana (QH) tem TUDO para ser – e é! - um desafio colossal a qualquer praticante de ciclismo. É a rainha das cicloturistas espanholas: 205 km; 3 subidas míticas de alta montanha; 3500 metros de ascendente acumulado e grau crescente de dificuldade; e este ano mais de 8000 inscritos – embora «só» 7300 tenham alinhado à partida – desagradando à organização, que há muitos meses teve de deixar de fora milhares de candidatos depois de encerrarem as inscrições ao atingirem número limite em apenas três dias após a sua abertura.
Como disse, foi a minha estreia – e só posso sentir-me muitíssimo satisfeito. Mais que a própria classificação – que embora superando as minhas expectativas considero objectivo secundário num evento com tantos factores condicionantes –, foi o tempo realizado, bem dentro dos meus melhores prognósticos, que recompensou todo o esforço dispendido em 8 longos meses de preparação especificamente para este objectivo maior.
Apontara entre 6h30 e 7h00, sendo que 6h45 seria o limiar entre o «Bom» e o «Muito Bom». Resultado: 6h37 – ou seja, objectivo alcançado com nota de «Muito Bom»! Para mais, considerando a contrariedade extra do intenso calor – que a determinada altura da prova chegou aos 35º C.
Aliás, a temperatura alta que já se anunciava elevada de véspera fez-se sentir logo às primeiras horas da manhã do grande dia, antes da partida (7h30), dispensando os habituais agasalhos. A representação portuguesa concentrava-se nas várias portas de saída: o Nuno Garcia e o Jerónimo na porta imediatamente à frente dos restantes: eu, Freitas, o Zé Teixeira, o Cláudio e o Luís, estes três últimos, conterrâneos do Jerónimo em Vendas Novas.
Ao tiro de partida, à hora em ponto, desencadeou-se a correria, separando desde logo os que vinham à procura da «performance» dos que estariam «só para terminar». Todos nós alinhávamos pela... primeira. Nos primeiros 20 km, entre Sabiñanigo e Jaca, em falso plano ascendente, foram cumpridos à média de 42 km/h. Para evitar desgaste precoce, a palavra de ordem foi ir ao abrigo em grandes grupos que se aglutinavam uns aos outros, não deixando nunca cair a velocidade
A partir de Jaca, inicia-se, então, a primeira subida do QH: o Col de Somport – a melhor maneira de começarem as dificuldades. Uma montanha que dá para ir... aquecendo. Só os últimos 7 de 28 são verdadeira alta montanha. Até lá, sobe-se por patamares: rampas de 400/500 metros não muito íngremes intercaladas de planos e até de descidas rápidas, que o grupo onde eu e o Freitas estávamos desde a partida passou sem se desagregar.
Quando entraram as percentagens mais fortes, o figurino mudou radicalmente. Notou-se imediatamente que a maioria adaptou o ritmo às suas capacidades. Desde aí, com o meu companheiro na roda, não mais parámos de ultrapassar até ao alto.
Algures a meio da subida passámos pelo Jerónimo sem sequer nos apercebermos. Ele viu-nos. Nos derradeiros metros da ascensão, também alcançámos o Nuno Garcia, que me acompanhou durante toda longuíssima descida (+ de 40 km) entre o Somport e o Col de Marie Blanque.
Tempo para recuperar. Logo nos primeiros 2-3 km, a sucessão de curvas fechadas fez com que fosse impossível seguir a roda do Freitas, muito melhor descedor. Tentar seria arriscar a queda – como a terrível que se deu instantes antes de passarmos. A descida não é especialmente técnica após a fase inicial, mas é enganosa: enormes rectas a 80 km/h a terminarem em curvas cegas.
Quando terminou – com algum alívio para mim – o trio estava desfeito. No entanto, o facto de o grupo onde eu e o Nuno seguíamos ter à vista o que integrava o Freitas, facilitou a junção. Reunidos iniciámos o Col de Marie Blanque. Chegavam, pois, as primeiras GRANDES dificuldades!
A subida – que já conhecia da Etapa do Tour de 2005 – tem 10 km, com os primeiros 6 em crescendo de inclinação, de 3% e 7%, mas os últimos 4 a uma média de 11%!! Desde o início da subida, o Nuno adaptou inteligentemente o seu andamento às suas capacidades, deixando-se descair. Eu e o Freitas seguimos ao meu ritmo. Repetiu-se o cenário do Somport: foi sempre a ultrapassar – mas as diferenças ainda eram maiores. O Freitas alertou-me para o facto de a «malta estar a cortar-se?». Tinha razões para fazê-lo – a parte final da subida é duríssima! Após o primeiro dos quatros quilómetros, o Freitas também metia o seu passo e eu fui à minha vida. Transpor o Marie Blanque deixa marcas... irreparáveis. É a montanha de charneira do QH, fazendo a selecção definitiva. Não há maneira de passar por ela sem lá deixar energia preciosa. Quem está melhor ou sobe melhor, faz a diferença; quem força demasiado, paga duramente.
A rever, por mim, ter dispensado o abastecimento líquido no final da subida, que poderia tido consequências muito negativas ainda na prova e que após a mesma deixou-me à beira da desidratação. Ao falhar o abastecimento no alto do Marie Blanque, coloquei-me à mercê da sede – que nunca deverá acontecer em provas com esta exigência e sob temperaturas tão altas. Esse facto levou-me a cumprir os primeiros quilómetros do Portalet «a seco» e a entrar em deficit de líquidos de que nunca recuperei – mesmo após ter reposto os bidões na paragem seguinte.
Apesar de tudo, subi bem o longo e lindíssimo Portalet, a montanha mais temida do QB: ascensão de quase 30 km, com o mais difícil reservado para o final. Aqui paga-se e bem todos os excessos praticados antes. O Freitas «penou» aí, como disse o Miguel Marcelino, conhecedor profundo do QH. Rezam as lendas da prova, que o Portalet reclama sempre as suas vítimas que por falta de prevenção encontram nesta insuspeita montanha sem fortes inclinações enorme calvário. Diz-se que houve quem demorasse mais de 3 horas para a transpor.
Subi-a bem, a bom ritmo, desde o início, quando o grupo de cerca de 30 unidades que dez a ligação do Marie Blanque ficou reduzido a apenas... duas. Com esse parceiro partilhei o primeiro terço da subida, mas tive de abdicar, metendo o meu próprio andamento. Certamente poderia ter ido melhor logo estivesse bem hidratado. Algo que se reflectiu nos 3-4 últimos quilómetros, em que tive de baixar o andamento face a algumas más sensações, perdendo uma roda «útil». No alto, aguardava-nos o êxtase. Centenas de pessoas na estrada abriam um estreito corredor para que os ciclistas passarem, incentivando-os incansavelmente. Uns de passagem e outros à espera para acudir aos seus. Os olhares presos em nós, misturados com palavras elogiosas ao esforço e ao estilo, deixa-nos siderados de emoção e mais galvanizados para o que ainda falta percorrer! As pessoas que ali estavam percebem o empenho e a coragem que se exigem para enfrentar tamanho desafio que é uma prova de ciclismo como o QB. Só por esta experiência arrepiante, compensou ter lá estado!
Depois do Portalet, deveria ter voltado a reabastecer no posto instalado no início da descida. Não o fiz – e voltei a fazer mal! A descida é longa, mas muito menos inclinada e perigosa que a do Somport, e é intercalada do último «caramelo» da prova: o Hoz de Jaca (2,5 km a 8% de média, com rampas a mais de 10%... e mau piso).
Entrei num grupo restrito, de não mais de 10 ciclistas. Logo na primeira rampa, bem inclinada, ameaçaram-me as cãibras – coisa rara em mim e, por isso, indiciadora de falta de hidratação. Temi ficar «pregado» na subida, mas os espasmos passaram e as extremas cautelas do grupo também ajudaram. De tal modo, que no último quilómetro adiantei-me no meu ritmo, sem que ninguém me seguisse. Mas a subida parecia interminável: quando a primeira pessoa à beira da estrada disse que faltavam «só» 200 metros, faltavam mais de 700; quando o segundo afirmou que eram só mais 100, faltavam 500 de muro. Quando foi «é já ali depois desta curva», ainda faltava uma rampa de 100 metros com piso cimentado e irregular. Dureza! Finalmente no topo, reconfortou-me o apoio dos locais – mais uma vez arrepiante!
A descida é curta mas inclinada, seguindo-se um ligeiro topo, antes de voltar a descer definitivamente até aos últimos 15 km para a meta, já em terreno plano. O avanço que adquiri na subida rapidamente de esfumou – principalmente à custa da entrada em acção de dois «cavalos» de dorsal amarelo (os que em 2007 fizerem menos de 6h00 de prova – ou seja, os «maus, maus»), que surgiam de trás com o serviço em atraso. Só os dois levaram o grupo, agora de cerca de 20 elementos, a mais de 45 km/h por extensas rectas expostas ao vento, sem pedir ajuda a ninguém. Diga-se em abono da verdade que ninguém estaria em condições de a dar... Foi bom para baixar o tempo, mas à chapa do sol serviu para esgotar as minhas já curtas reservas de líquidos – daí que, as horas seguintes a ter cortado a meta, foram tudo menos agradáveis...
Agora que estou restabelecido, sobrepõe-se a tudo a enorme satisfação do êxito da primeira participação na «Doce Tortura», que irei saborear... tranquilamente... durante 12 meses.

quarta-feira, junho 18, 2008

«Quebraossos» 2008 - é já no próximo sábado

No próximo sábado realiza-se a edição de 2008 da famosa Clássica espanhola Quebrantahuesos, nos Pirenéus. Este ano, eu e o Freitas estreamo-nos nesta carismática prova, acompanhando o muito repetente Nuno Garcia, já um verdadeiro sr. Quebraossos. Entre a comitiva portuguesa, também irá estar o não menos experiente no evento, o «rijíssimo» camarada Jerónimo, acabadinho de registar excelente desempenho na clássica Lale Cubino (16º na sua categoria), e que será líder da forte representação de Vendas Novas.
Pela frente teremos um duro percurso com 205 km, três contagens de montanha de 1ª categoria (Col de Somport, Col de Marie Blanque e Col du Portalet) e mais de 3500 metros de desnível de acumulado. Um desafio que, para a maioria dos nossos, será o culminar de um esforço de preparação de 7 meses!
Na próxima semana, aqui toda a história desta aventura ciclista. Contada na primeira pessoa...

Até lá, boas pedaladas!

quinta-feira, maio 15, 2008

De cara ao vento!

A Clássica da Marginal, realizada no passado domingo, acabou por ser algo atípica, mas constituiu, no meu caso, excelente treino. Assim, depois de o ritmo ter sido bastante moderado à Avenida 24 de Julho, a partir de Alcântara várias alterações de andamento ameaçaram, desde logo, fraccionar o pelotão. A última das quais, na passagem pelo Alto da Boa Viagem, dividiu definitivamente o grupo. O elemento mais activo nestas iniciativas foi o Jony, a afinar as baterias para os objectivos que se avizinham, forçando «aqui e ali», fazendo com que, em Paço de Arcos, já fosse um pequeno grupo a resistir à aceleração (de cerca de 1 minuto) do Carlos Coelho, com velocímetro acima dos 45 km/h. Desse grupo faziam parte: eu, Jony, Duarte, Rui Scott e o Quim. O Salvador viria a descair, nessa altura, em virtude deste impressionante «forcing» do Carlos contra o vento.
A partir daí, iniciou-se bem conseguido revezamento entre todos os elementos do grupo da dianteira, que durou até S. Pedro do Estoril, cavando nesses quilómetros ainda mais o fosso para os de trás: Freitas, Paulo Pais, Abel, Steven, Zé-Tó e João do Brinco – que voluntariamente não se esforçaram por tentar recolar.
À frente, na passagem pelos topos do Estoril, isolei-me, sem forçar quase nada, e rapidamente ganhei enorme vantagem (ajudado pelo facto de atrás ter-se parado em Cascais para «mudar a águas às azeitonas»), levando a que tivesse percorrido toda a Estrada do Guincho sozinho, de cara ao vento, e também as subidas para a Malveira da Serra e Penina, onde tive de aguardar cerca de 6 minutos primeiro pelo Carlos Coelho e mais 4 para o restante grupo.
Com o que restava da segunda metade do pelotão só nos voltámos a reunir, à saída de Sintra – onde eu, o Jony e o Salvador cumprimos uma paragem para reabastecimento. Entretanto, o Rui Scott, o Quim, o Carlos Coelho e o Duarte já tinham seguido.
Daí até Loures, já com o Freitas, o Paulo Pais, o ZT e o Abel (sempre rijo!), rolámos moderadamente, exceptuando a aceleração fortíssima do Paulo Pais nos topos de Guerreiros, levando o Freitas na roda... a ter de cerrar os dentes. Aos demais, cá atrás, doeu-nos só de ver... A mim não restavam forças para sequer tentar seguir ao longe aquele «disparo».
De Loures quase a Alverca, eu e o Jony voltámos a ter a companhia dos dois homens de Salvaterra.

No próximo domingo, a volta é a da Abrigada e no feriado de quinta-feira (dia 22) estão todos convidados para a reedição das 3 subidas de Montejunto. Que em breve abordarei com mais pormenor.

terça-feira, maio 06, 2008

Domingo há clássica... belíssima!

A volta do próximo domingo (dia 11) é a belíssima Marginal-Sintra (Penina), que, na edição de estreia, em 2007, registou enorme adesão de participantes e interesse incontestável. Foi «acesa» a luta na subida com alguns federados, como o Paulo Pais, o Rui Rodrigues, dois «Janotas» que se juntaram ao pelotão já no Guincho, além do intragável Rui Scott – que mostrou a sua classe de trepador.
Recorde-se a maluqueira que foi o andamento no início subida, com o Hélder (nas suas raras aparições do ano) a entrar à morte, não fazendo mais que largar as feras, deixando rapidamente fora de combate alguns elementos, entre estes, ele próprio, e obrigando outros, como eu, a atenuar os prejuízos ao longo da subida, após recuperar do choque.
Pela negativa, recorde-se, a volta do ano passado ficou marcada pela queda do Polícia na descida da Penina para os Capuchos.
De resto, quem nela participou certamente lembra-se do traçado: uma primeira fase totalmente plana, de Loures a Sacavém e do Parque das Nações até ao Guincho, pela Marginal, e depois a montanha, subindo-se para a Malveira da Serra e cruzamento do Cabo da Roca, onde se toma o caminho para a ascensão final, à direita, para o alto da Penina - 3,2 km, com inclinação média de 6%. Segue-se, depois, em direcção aos Capuchos e Sintra (centro), por Seteais, mesmo no «coração» da Serra. O regresso é o tradicional, por Lourel, Pêro Pinheiro e Negrais. A distância total é de aproximadamente 115 km.
Não haverá melhor aliciante: uma volta que tem tudo: longo trajecto inicial sempre a rolar (60 km), com a Marginal como aliciante, e depois as difíceis vertentes da serra de Sintra, que se apresenta com uma subida que, ao todo, desde o Guincho até ao alto da Peninha, tem quase 11 km.

Nota importante: tal como em 2007 haverá neutralização após a subida da Penina, sendo que esta deverá ser cumprida não no final da subida, mas no cruzamento dos Capuchos, descendo cerca de 2 km, onde o local é mais amplo. Recorde-se que a descida é PERIGOSÍSSIMA (vide o acidente do ano passado) e por isso deve ser feita com precaução máxima. De resto, não há necessidade de arriscar, uma vez que o principal «ponto quente» acabou de ser alcançando – precisamente no alto da Penina.
A partir da neutralização e reagrupamento deve seguir-se o exemplo do ano passado, seguindo em ritmo moderado até Sintra – visto que a descida do Castelo dos Mouros não é menos perigosa que a da Penina. Pelo contrário!. Aí poderá parar-se na mesma fonte (a caminho de S. Pedro) para reabastecer antes de enfrentar a fase final do percurso.

quinta-feira, maio 01, 2008

Semana de extremos

De domingo a quinta-feira feriado, as lides velocipédicas passaram de um extremo ao outro do relevo do percurso - das rampas de Montejunto às planícies da Ota. No passado fim-de-semana, os 8 km de Vila Verde dos Francos ao alto de Montejunto foram percorridos, por mim, em tempo recorde pessoal (24.48 m), tendo, por isso, justificado motivo para particular satisfação.
Mesmo assim, esse desempenho inédito naquela vertente não chegou para ser o primeiro a cruzar a «meta», lá no alto, onde todos comemoram. O camarada Carlos Coelho (da equipa de Salvaterra) foi mais forte nos metros finais, culminando uma excelente recuperação que confirma os seus dotes de trepador.
Entre os demais que participaram nesta jornada, penso que foi praticamente unânime o sentimento de dever cumprido de ter vencido a montanha – alguns juntando-lhe ainda a aferição de indicadores importantes para os seus objectivos pessoais.

Hoje, dia 1 de Maio, o cenário foi radicalmente diferente – embora Montejunto tivesse, a certa altura, tão perto. Percurso rolante, no sentido contrário ao da Ota, realizado pelo grupo (de cerca de 15 aunidades) à apreciável média de 34 km/h! Aqui, na planície, as diferenças diluem-se e com isso ganha a coesão do grupo. Principalmente que vai animado e participativo, em muito bem conseguido exercício de contra-relógio por equipas durante grande parte do traçado, certamente a preparar a participação de domingo, em Ponte do Rol. Boa sorte!

Nota: Já agora fica o registo da excelente média realizada nalguns sectores da tirada:
Carregado-Cruzamento de Aveiras/EN3 (15 km): 37 km/h
Cruzamento de Aveiras/EN3-Alenquer (29 km e com as principais dificuldades): 35,5 km/h

segunda-feira, abril 28, 2008

Contra-relógio por equipas em Ponte do Rol

No próximo domingo, dia 4 de Maio, vai realizar-se o «1º Passeio de Cicloturismo por Equipas» de Ponte do Rol, nos arredores de Torres Vedras, com a organização da Bicigal e ASAS. O Pina Pike vai lá estar representado. A todos os interessados em participar neste interessante evento, queiram dirigir-se ou contactar a loja Pina Bike (telefone: 21.9820882) para fazer a devida inscrição.
A inscrição custa 5 euros.
A concentração é às 7h30, no largo da Igreja, em Ponte do Rol.
A partida da primeira equipa será às 8h30.

Mais informações em:
http://www.bicigal.com/gf/index.php?option=com_events&task=view_detail&agid=31&year=2008&month=5&day=4&Itemid=26

terça-feira, abril 22, 2008

No sobe-e-desce da Ericeira

No último domingo, quatro resistentes desafiaram a intempérie matinal que se augurava - mas que felizmente não se confirmou -, cumprindo a exigente Clássica da Ericeira, que, desta vez, não passou pelo terrível «muro» de Montelavar. A substitui-lo, no entanto, houve inédita subida do Carvalhal (3,6 km a 5,5% de inclinação média), a culminar uma tirada marcada, em determinados locais, por vento que soprou em fortes rajadas e estrada muito molhada nos primeiros quilómetros.
Pontos mais altos: a subida da Galiza, depois do duro carrossel que se seguiu à descida de Vila Franca do Rosário e os topos de Ribamar e do Pobral - «pedaladas» a ritmo forte, tal como a do Carvalhal.
Além de mim, o Freitas, o ZT (que se junto ao grupo na Malveira e ficou em Alcainça no regresso por outra montanha russa, desde Igreja-a-Nova) e o Salvador.
Ficou na retina o desempenho do ZT, apesar de subtraída a parte inicial, de Loures à Malveira, que, todavia, foi feita em andamento bastante moderado – pelo menos, em relação ao que é hábito a partir do Freixial. De tal modo, que esteve sempre à altura do Salvador, incomparavelmente bastante mais rodado, acompanhando-o em todas as subidas. E nem o facto de este estar em dia menos bom desvaloriza a prestação do fervoroso adepto do «Iron Man».
Noutro patamar, o Freitas continua a demonstrar condição sem precedentes na história do grupo (pelo menos desde que a este pertenço), nomeadamente no exercício de subida, que sempre foi ponto em que demonstrou sempre maiores fraquezas. Para ele, o dia também serviu para treinar cadência elevada, em virtude de a quebra do cabo das mudanças tê-lo obrigado a fazer metade do percurso em roda pedaleira pequena. No Carvalhal, onde há várias rampas acima dos 8%, discutiu palmo a palmo comigo a subida de quase 4 km. Quanto a mim, registo com agrado progressos em subida, fruto de maior preponderância deste tipo de treinos nas últimas semanas, que se manterá durante o próximo mês. Os indicadores, quer de sensações, quer de «performance» pura, registados em algumas subidas-referência durante recentes sessões semanais têm confirmado esse apuro de forma. Todavia, ainda há margem importante para melhorar até atingir a forma ideal em meados de Junho. Para isso, os ciclos já iniciados e que se prolongarão até final de Maio serão fundamentais.

Nota: o nosso camarada Jony continua a progredir na competição, melhorando a cada corrida, fruto de cada vez melhor adaptação ao ritmo. Prova disso é uma maior integração nas lides do pelotão e, como se isso não bastasse, no último fim-de-semana chegou entre os primeiros. Vê-la se tens uma folga para levares «tareia» do grupo!

sábado, abril 12, 2008

Clássica de Fátima anulada!

A Clássica de Fátima, prevista para o próximo domingo, foi anulada. Disputar-se-à outra volta, a decidir, com saída de Loures à hora habitual (8h30).

segunda-feira, abril 07, 2008

A «primeira do ano», em Montejunto

Ontem foi a minha estreia, este ano, em Montejunto. Dia com excelentes condições para subir a Serra: seco, ameno e sem vento, e aproveitando a «boleia» do grupo até ao cruzamento da Abrigada, ascendendo, uma primeira vez, por essa vertente – já com quase 90 km nas pernas – e depois por Vila Verde dos Francos.
Há muito tempo que não subia pela Abrigada: em 2007 não fez parte do cardápio, que, como constatei analisando o diário da época passada, incluiu 15 subidas pelas vertentes de Pragança (apenas duas) e Vila Verde dos Francos.
Sabe-se que, para fazer a estreia do ano, em montanha, a subida da Abrigada não é a mais recomendável. Por dois motivos principais: os 5 km entre a Abrigada e o início da subida sempre muito expostos ao vento frontal; e a forte inclinação das primeiras centenas de metros da ascensão, que dificulta a entrada no ritmo certo. E, claro, a partir do cruzamento de Pragança, a famosa rampa dos 15%.
A subida de ontem não contrariou a experiência adquirida. Mesmo sem forçar, a rolha não se deixou apanhar até ao carrossel que precede as rampas iniciais, mas após este sector, com o vento de feição a permitir entrar bem nos 15% de pedaleira grande, as sensações foram positivas – embora os músculos ainda não tivessem recuperado do exigente treino de sexta-feira – deixando margem para fazer a subida sem grandes preocupações de controlar o desgaste.
A segunda subida foi por Vila Verde dos Francos, sem dúvida, a vertente mais doce – se é que existem em Montejunto. Tudo dentro dos parâmetros esperados, tendo em conta a acumulação de esforço, numa altura em que o conta-quilómetros ultrapassava os 100 km.
Um treino produtivo, que, além das indicações serviu para aguçar o apetite pela alta montanha.

Super-Clássica de Fátima é já no próximo domingo

No próximo domingo realiza-se a edição de 2008 da Super-Clássica de Fátima, este ano com percurso inédito, mais extenso em cerca de 20 km e só por esse motivo mais exigente. As características do traçado não se alteram significativamente, embora as principais dificuldades do relevo (subidas) estejam mais dispersas e não, como habitualmente, entre a Ota e Rio Maior. A chegada pela Batalha e Reguengo do Fetal mantém-se.
Deste modo, a modificação mais expressiva é, sem dúvida, o aumento da distância em apreciáveis 20 km – de 130 para 150 km, o que implica ter «depósito» com maior autonomia, o que se vai fazer sentir, com especial relevância, nas subidas após a Batalha (últimos 15 km).
A tirada inicia-se, como é habitual, nas bombas da BP, em Loures, e segue em direcção a Guerreiros (logo aí, em subida: 4,2 km a 2,7%), Lousa e Venda do Pinheiro (1,2 km a 7%). Daí, para a Malveira, descendo para Vila Franca do Rosário (estrada de Torres: EN8). Antes desta cidade, nova subida, em Catefica (2 km a 4,4%). Entra-se em Torres Vedras com 38 km.
A partir daqui, em direcção ao Bombarral, com alguns sobe e desde nos primeiros quilómetros, seguidos de longa descida, onde só o vento (se soprar de frente) poderá causar «mossa».
Do Bombarral para Óbidos e para as Caldas da Rainha (84 km), sem dificuldades de relevo. Estas iniciam-se cerca de 12 km (de rectas) após as Caldas, junto ao cruzamento para Alfazeirão (96 km). São 2,6 km a 6%, até ao alto de Pardo, seguidos de longa e acentuada descida para Alcobaça (115 km). À entrada desta cidade há um prato que pode ser complicado de digerir: um topo de apenas 800 metros mas com forte inclinação (9%... de média!) no início da nova variante que evita o centro urbano, sendo que, após se descer rapidamente, entra-se, praticamente de imediato, em nova subida, para Aljubarrota (2,3 km a 5,8%) – já com 120 km.
A partir daqui, há 10 km até ao cruzamento com a EN1 (perigoso!!!!!) e apenas mais 6 km até à Batalha (136 km), onde se inicia a dura... batalha para chegar a Fátima transpondo a dupla subida do Reguengo do Fetal (2,4 a 4,7% e 2,8 km a 6,1%, intercaladas com descida de 1,5 km). Então, faltarão «apenas» 7 km, em terreno parte-pernas, para a chegada triunfal na rotunda, à entrada de Fátima.

Informações importantes:

1- A hora de partida está prevista para as 7h30 (concentração às 7h15)

2- Estabeleceu-se que o andamento do pelotão vai ser controlado (entenda-se, evitando picos de intensidade resultantes do andamento demasiado elevado em subida, ataques ou esticões) até ao início da subida de Alfazeirão (96 km). De qualquer modo, deve recordar-se que este tipo de Super-Clássicas tem características especiais, que exigem, da parte dos seus participantes, condição física adaptada às exigências naturalmente superiores do evento.

3- Solicita-se ainda aos participantes interessados em regressar de autocarro a Loures (como foi estreado, com sucesso, em Évora), devem comunicá-lo, o quanto antes, na loja Pina Bike, ou através do contacto: 96.6628814.

sábado, março 29, 2008

Ainda o rescaldo do Ota-Fátima

Com a «nossa» Super-Clássica de Fátima em horizonte próximo – é já no dia 13 de Abril – ainda o Ota-Fátima-Ota do passado dia 21 não passou à história desta época. Os motivos para ainda animar algumas conversas de bastidores são mais que justificados, como a de hoje (sábado), em final de treino matinal na companhia do Capitão. Recordava ele que entre os 10 primeiros a completarem o percurso de 170 km estiveram (todos) os seis representantes do Pina Bike naquele evento – e que isso, com inteira justiça, reflecte bem o bom nível do nosso grupo.
Dessa verdadeira epopeia em Sexta-Feira Santa fica na retina o andamento verdadeiramente exigente até Rio Maior (28 km), onde a média registava mais de 34 km/h, com os topos da Espinheira e o carrossel que se segue a Alcoentre. O Nuno Garcia, nessa altura, definiu a acção de «altamente selectiva», tendo como objectivo separar, desde cedo, o «trigo do joio». Mas acabou por ir muito mais além...
A correria só abrandou quando, após Rio Maior, o pelotão deixou (finalmente!) sair os autores desse afogadilho. Homens da «casa», que, todavia, viram gorados os seus intentos devido a um furo por volta dos 45 km. A partir daí, o pelotão pôde finalmente descansar durante cerca de 20 km/h, em que se rolou em passo de... impasse, para assim voltar a reunir as tropas antes do ataque à subida para Fátima, por Minde e Covão do Coelho.
Foi uma subida demasiado intensa, pelo menos para o que esperava, considerando que culminou (apenas) na primeira metade do percurso, aos 85 km. Ao invés, foi abordada pelo grupo da frente como se a tirada terminasse aí, deixando-me com alguns receios sobre as consequências de tantas hostilidades no longo e exigente traçado que ainda faltava percorrer. Para mais, estando entre nós diversos elementos que se tinham juntado apenas em Rio Maior e aí ficariam no regresso. Ou seja, poupando 60 km em relação aos demais!
De qualquer maneira, os receios sobre os malefícios daquelas intensidades madrugadoras na minha condição física não se confirmaram e o regresso foi, sem sombra de dúvida, em grande estilo, cumprindo, o trio que chegou primeiro à Ota (eu, Freitas e César, da equipa de Salvaterra), uma média de 36 km/h nos referidos 85 km/h, para uma média final superior a 33 km/h. A vantagem sobre o próximo dos demais foi superior a 10 minutos.
Melhor do que isso só teria sido chegar isolado à Ota, mas foi objectivo impossível de atingir com tal concorrência. No primeiro topo da Espinheira e no último, na Abrigada, jogaram-se as derradeiras cartadas, mas o trio não se desfez. O César demonstrou enorme capacidade e, para mais, nunca houve a mínima esboço da minha parte e da do Freitas para qualquer jogo de equipa. Na minha opinião seria infrutífero. Pela minha parte, reconheço, que não havia forças para tentar escapar ao duo e depois de ter forçado o andamento ao máximo que podia na dura rampa da Espinheira, esfumaram-se todas as hipóteses de o conseguir. E o Freitas não o tentou sequer.
Em suma, foi uma óptima experiência, a repetir em 2009.

sexta-feira, março 21, 2008

Ota-Fátima-Ota: o prelúdio

Fantástica jornada de ciclismo entre a Ota e Fátima e regresso à Ota, na respeitosa distância de 170 km, percorrida, pelos primeiros, a não menos solene média de 33 km/h. Uma tirada verdadeiramente selectiva, praticamente a eliminar, num traçado parte-pernas, que juntou diversos «duros» das nossas estradas, entre federados bem rodados e empenhados praticantes. Nem uns nem outros tiveram supremacia – o que só fica bem!
Entre os Pina Bike, provou-se que alguns elementos estão em forma bastante apreciável. Destaco o Freitas, que comigo e o César (Salvaterra) integrou o trio que restou na frente na quarta parte final da tirada e nunca se desfez na longa cavalgada de volta à Ota, que chegou a ter momentos de boa intensidade, como na tão aguardada Espinheira.
Mais uma vez a equipa «cinza» deu boa conta do recado - Capitão, Nuno Garcia, Salvador, Freitas, Jony (serás sempre dos nossos!) e Ricardo. Rendo homenagem a todos os que participaram nesta louca aventura, pelo esforço, bravura e companheirismo. Em breve a crónica completa.

terça-feira, março 18, 2008

Santarém: a crónica

Ainda com a embalagem das planícies da Super-Clássica de Évora, este fim-de-semana correu-se mais «uma» candidata a igual estatuto. Isto se não o conquistou logo à primeira em que foi disputada à séria!...
Conta-quilómetros a tocar os 160 km – para os que cumpriram o percurso à risca - e desnível altimétrico acumulado que, sem sair do suave carrossel para roladores, chega para fazer corar de inveja a «Bela Alentejana» de há duas semanas.
As condições climatéricas para a prática do ciclismo foram óptimas: tempo seco, fresco e praticamente sem vento. À saída de Loures, pouco depois das oito da matina, o pelotão não era tão numeroso como o de Évora mas estava muito bem composto, a demonstrar que o aumento da exigência imposto por estas voltas grandes demove muito poucos. Pelo contrário, parece cativar cada vez mais participantes.
Agradável surpresa, as presenças do Rui (Scott) Torpes, já em plena forma – a ver pelas classificações cimeiras que vai obtendo no BTT - e do Runa, este ano ausente das competições federadas. Dois elementos cuja integração nos Pina Bike é sempre forte contributo para elevar o nível geral!
Primeiras pedaladas até Vialonga a uma média de 30 km/h, reduzindo, ao mínimo essencial, o habitual período de aquecimento, continuando a ritmo moderado até Vila Franca, onde a passagem pelo empedrado não atingiu os picos de loucura da tirada de Évora. De qualquer modo, os «culpados» do costume tornaram o andamento suficientemente rijo para desagregar o pelotão. Depois, também como é normal, relaxou-se após a ponte. E mais ainda quando o Evaristo furou, a meio do troço da recta do Cabo para Porto Alto.
Devido a este impasse, o pelotão dividiu-se entre os que pararam e os decidiram continuar... ainda que a marcar passo, permitindo que, sem grande esforço, o grupo voltasse a ficar compacto pouco depois de Benavente.
A partir daí, a «marcheta» foi sempre certa até Santarém, fixada confortavelmente acima dos 30 km/h, com cerca de meio pelotão a revezar-se na frente e outro em nítida gestão de esforço para a segunda metade do percurso. As reservas de alguns evidenciavam-se à medida que se aproximava a subida para Santarém. Todavia, aí nada se passou. Ninguém quis mostrar as garras e isso agradou sobremaneira aos que vinham temerosos. À chegada ao centro da cidade, os retardatários não eram muitos e não demoraram. Mesmo assim parou-se para um inédito cafezinho. O regresso seria, naturalmente, diferente.
Durante a neutralização, o Salvador dava sinais de impaciência, denunciando as suas intenções no reatamento da tirada: arriscar a fuga! Antes mesmo da subida de Vale de Santarém já se adiantara ao pelotão. Era a primeira fuga do dia! Pode parecer estranho, mas com essa iniciativa poupou muitas energias. E como? Desde logo, porque não teve que resistir ao andamento imposto durante a referida subida, «partindo» definitivamente o pelotão e seleccionando um sexteto na frente (eu, Freitas, Rui Scott, Runa, Evaristo e um companheiro, de Trek azul, que se estreava nas nossas voltas e que deixou muito boas indicações, que mais tarde referirei). O Freitas abriu as hostilidades quando o terreno inclinou, metendo o «tempo», mas rapidamente «abriu», deixando-me a dianteira, ao que não enjeitei, forçando bastante o ritmo até ao alto - pois já vinha com a ideia de o fazer.
Com isso, após a subida o Salvador não tardou a ficar à vista e muito antes do Cartaxo estava absorvido, passando o grupo a ter oito elementos também com a integração do Capitão, que conseguira reentrar – motivando significativa surpresa! – depois de recuperar das agruras da inclinação de Vale de Santarém e apesar (!!!) do forte andamento que o grupo cimeiro manteve - facto que lançou algumas dúvidas sobre eventuais ajudas externas e... menos correctas! Suspeitas que, no entanto, ficam por provar!
Os quilómetros eram devorados a velocidade vertiginosa. Em breve, estávamos a entrar no Cartaxo. Aí, fiz mais uma mudança forte de andamento. À saída, outra, sempre com os restantes a corresponderem a preceito, mas sempre na roda e sem dar continuidade. A excepção sucedeu neste preciso local, e veio do referido homem da Trek azul. Teve uma demonstração de nível e coragem, passando para a frente com o «comboio» a toda a velocidade.
E não se ficou por aí, repetindo a acção no topo do cruzamento de Aveiras, à chegada a Azambuja, então chamando a si a condução do grupo com ímpeto. Em que eu fiz questão de colaborar, já no segundo topo, mais suave, com nova movimentação (agora com todo o ferro... metido), lançando o grupo – ou o que já parecia restar dele – a 50 km/h em direcção à entrada da localidade. Nessa altura houve-se um grito lá detrás e rapidamente se aliviam os crenques! O Freitas dizia que estava furado. Falso alarme! Por isso, tudo reagrupado novamente.
Até ao Carregado, meteu-se uma velocidade de cruzeiro confortável (a espaços até demasiado), pelo que, a média de 36 km/h registada desde Santarém, pecava por escassa... Nas bombas esperou-se mais de 10 minutos pelo segundo grupo e nada. Decidiu-se continuar... devagarinho. Assim foi até ao sprint de Vila Franca, comparando com a velocidade anterior. Aí, o Freitas fez valer as suas qualidades, mesmo assim superando o Rui Scott muito à justa.
O duelo repetiu-se na rotunda do Cabo de Vialonga, após a subida da cervejeira, depois de eu ter voltado a forçar o andamento até ao alto. De qualquer modo, só a partir deste momento estes dois (mais o Scott) pareciam ter quebrado as amarras da moderação, não deixando cair o ritmo após a sprint, o que levou, desde logo, a estilhaçar definitivamente o grupo e deixando, na frente, apenas quarteto (Scott, Freitas, eu e o Salvador).
O Capitão seguia já distanciado, tentando ainda recuperar – supostamente à custa de mais ajudas «ilegais» agora denunciadas pelo Evaristo que o seguia um pouco mais atrás (indignado, e com razão!). Mais atrasado ainda, e já em nítida «descompressão», vinha o Runa. Perante este empolgante cenário, tive de abandonar a liça e regressar a Alverca (horário «oblige»!...), ficando de fora do que poderia ter sido um «grand finale» em Loures! Por esse motivo, lavro aqui o meu lamento e as também as desculpas aos presentes pela desfeita. Fantástica jornada de ciclismo!

segunda-feira, março 10, 2008

Gradil e o regresso às subidas

Comparado com a longa planura da Clássica de Évora, ainda bem presente na memória colectiva, o percurso de 80 km do Gradil pareceu de alta montanha em versão compacta. Tratou-se, enfim, do regresso ao terreno acidentado e às subidas, tão aguardado por trepadores e outros tais, impondo as primeiras dificuldades aos puros roladores.
A subida para o Forte de Alqueidão, pela sua suavidade, não costuma vincar grandes diferenças, mas quando a nortada é forte, como neste domingo, a boa condição física e também o peso dos músculos assumem especial preponderância sobre os mais debilitados. Foram esses argumentos que o quarteto que se manteve compacto até ao sprint final utilizou para fazer face ao vento contrário sem penalizar o andamento, que nunca foi baixo desde a Bemposta. As despesas maiores fi-las eu, a espaços ajudado pelo Nuno Garcia, que acelerou muito bem nos últimos metros, ainda que contando com a resposta eficaz do Salvador.
Logo atrás, cheguei eu e o Freitas, este a permanecer no abrigo durante toda a subida mas a abdicar da sua maior arma nestas ocasiões: o sprint. Seguiram-se o Polícia – de regresso às lides domingueiras depois do reaparecimento em Évora após longa ausência –, o Zé Morais e o Filipe. Surpreendentemente, só muito mais tarde surgiu o Capitão com o pequeno-almoço às voltas, pouco adiantado ao Grande Abel, em aconselhável gestão de esforço.
Depois de descer para o Sobral e daí para a Feliteira, sempre com precaução devido ao piso ainda molhado das borrascas matinais, já a caminho de Pêro Negro o Freitas saiu da sombra e decidiu meter andamento à seria. Primeiro progressivamente, ganhando alguns metros ao grupo – entretanto «fechados» pelo Garcia – e depois, com bastante mais peso nos crenques, a levar o velocímetro a oscilar entre 35 e 40 km/h até Pêro Negro. Neste caso, foi demonstração de boa forma. Para mim, em particular, ainda com o «ácido» do Alqueidão nas pernas, nalgumas partes cheguei sentir algum...desconforto.
Em Pêro Negro, descansou-se por instantes, disso se aproveitando o Capitão para iniciar a fuga do dia, à qual se juntou o Salvador, ainda antes de Enxara dos Cavaleiros. Cedo se verificou que a aventura era para durar. O pelotão manteve-se na expectativa, mas preferi não relaxar... demasiado. Daí o mérito dos fugitivos na conquista árdua de vantagem, que não demorou a passar de 30 segundos para cerca de 1 minuto já depois da Tourinha – distância com que entraram na dupla ascensão do Gradil (2+3 km). Ainda assim, desde logo pelos meus cálculos, curta para vingar até ao alto da Murgueira. Para mais, enquanto o trio perseguidor iniciava a verdadeira «caçada», liderado pelo Freitas (eu e o Nuno Garcia presentes), na frente a dupla cedo se desfazia, com o Capitão a não aguentar o ritmo do seu companheiro.
No últimos 500 metros da primeira subida, quando substitui o Freitas no comando da perseguição, o Capitão já estava à vista. E após a rápida descida e ainda antes da subida final, viu o trio passar... directo. O Salvador não seguia muito adiante (cerca de 200 metros) mas resistiu estoicamente até ao gancho, à entrada do segundo km da subida, também não resistindo ao andamento do trio, que só se desfez na parte final, primeiro quando acelerei, e depois, na última recta, quando o Freitas sprintou, sem oposição.
Apesar de não ter conseguido o seu objectivo, o Salvador merece elogio pelo esforço desenvolvido em solitário e a óptima subida, mesmo depois de ser ultrapassado, chegando ao Prémio de Montanha da Murgueira pouco depois do Nuno. Ao invés, o Capitão vinha a fazer cócegas aos pedais subida acima, muito diferente do Polícia e do Zé Morais, cujo ritmo de pedalada era sinónimo de (algum) à-vontade.
Os momentos de intensidade não pararam por aí. Como é habitual, a «picante» rampa para a rotunda da Abrunheira e a aproximação à Malveira provocaram forte ardor. Aproveitei-os para continuar a impor ritmo forte, mesmo começando a sentir o acumular da fadiga, numa altura em que já contabilizava mais de 100 km – num total de 142 km ou 5h15.
Nem por isso, o meu regresso a casa foi descansado. Na companhia do «fresquinho» Carlos do Barro, que se juntou ao grupo já na Malveira, com apenas 1h00 de selim, tive de puxar (e bem!) por mim nas subidas para não lhe perder a roda, e não o evitando nas partes finais de Lousa a alto de Montachique, e mais tarde, do Cabeço da Rosa. Apesar da diferença abismal de energia dispendida por ambos naquela altura, devo destacar as boas indicações que deixou, principalmente, muito bom ritmo de pedalada em subida – não fosse ele um assumido trepador!
No grupo que seguiu para Loures, não faltou ainda a tradicional escaramuça do topo de Guerreiros (de Ponte de Lousa).

Nota: no próximo domingo, dia 16, realiza-se a Clássica de Santarém, com mais de 150 km, e cujo percurso é inverso ao habitual: a ida será pelo Porto Alto e Benavente; e o regresso pelo Cartaxo e Azambuja. No decurso desta semana serão fornecidas outras informações sobre a tirada, que promete ser interessante e um óptimo teste de longa distância, quiçá a pensar em Fátima (que este ano também terá percurso inédito, mais longo e exigente). Entretanto, fica desde já estabelecida a hora de partida das bombas da BP, em Loures: 8h00.

terça-feira, março 04, 2008

Clássica de Évora: a crónica

A Clássica de Évora 2008 foi a mais concorrida edição de sempre desta jornada alentejana, demonstrando a crescente projecção e competente organização do evento, que no último domingo reuniu mais de quatro dezenas de participantes ao longo de um percurso de 138 km praticamente plano, entre Loures e a cidade do Templo de Diana.
Se de uma verdadeira competição se tratasse, o início da «notícia» seria mais ou menos o seguinte: «O ciclista do Clube de Grândola, João Santos, em representação da Pina Bike, venceu a edição de 2008 da Clássica de Évora, com ligeiro avanço sobre o pelotão após ter desferido um ataque decisivo a cerca de 12 km da meta e ter resistido à perseguição que lhe foi movida pelo grupo principal, liderada pela equipa de Negrais».
Na verdade, como se previa, considerando o aumento do número e do nível dos participantes, a tirada deste ano foi bastante táctica e assim a menos selectiva das últimas edições, embora estabelecendo média recorde de 33 km/h. Deste modo, não surpreendeu que, à chegada a Évora, o grupo principal fosse mais numeroso que noutros anos, contando com mais de 20 unidades.
Recorde-se que, nos últimos dois anos, apesar de a vantagem final se ter decidido ao sprint, foi sempre um lote muito restrito de ciclistas – não mais de três – a disputá-lo. Todavia, no domingo, uma fuga individual resultou até ao final, com mérito acrescido do seu autor pelo nível superior do pelotão de 2008. O Jony, neste caso, acabou por recolher os louros da sua iniciativa certeira e de inegável categoria, beneficiando do jogo táctico que se estabeleceu entre as duas pseudo-formações do Pina Bike e de Negrais. O ataque que desferiu no derradeiro topo selectivo do percurso, a 12 km da chegada, permitiu-lhe ganhar rapidamente algumas centenas de metros, perante a demorada passividade do grupo principal, tardio a reagir, resistindo estoicamente à perseguição quando finalmente lhe foi movida pelos homens de Negrais – e só por eles. Sobre a meta, instalada como habitualmente, em frente ao hipermercado Feira Nova (primeiros semáforos), a sua vantagem foi tangencial sobre dois «companheiros de equipa», Freitas e eu, que se adiantaram ligeiramente ao pelotão na aceleração final, aproveitando o desgaste dos demais.
Nos primeiros dois terços da prova, o ritmo foi de «cruzeiro», praticamente sem oscilações que obrigassem a maior empenho dos participantes ou passíveis de causar cortes madrugadores no grande grupo. De qualquer modo, este não rolou sempre tranquilo e compacto. Ainda bem cedo, à saída de Alverca, o Jony adiantou-se e por lá andou durante 4 ou 5 km até se deixar absorver antes de Vila Franca, onde a rudeza do empedrado provocou o primeiro momento de grande intensidade. O Capitão já tinha prometido e deu o mote, mas foi o Freitas a derreter o «pavé» a mais de 35 km/h, causando a primeira ruptura no pelotão, surpreendendo inclusive os homens de Negrais. Contudo, era demasiado cedo para que a iniciativa fosse eficaz. Pouco depois da ponte Carmona, o grupo voltou à primeira forma e assim se manteve durante longos quilómetros – até cerca de 15 km antes do muito aguardado «ponto quente» de Montemor.
Então, começaram as movimentações dos principais «trutas». O primeiro a mexer-se foi o Jony, aproveitando uma ligeira inclinação do terreno, mas apenas acelerando a frente do pelotão, insuficiente para desmobilizá-lo. Mais forte, mas também pouco relevante, foi a minha iniciativa, pouco tempo depois, embora permitindo adiantar-me alguns metros ao grosso da coluna, e com o Salvador na roda. O pelotão reagiu e anulou.
Até que, a cerca de 10 km de Montemor, decidi atacar! Novamente, com o Salvador a responder. Rolámos bem durante algum tempo em terreno acidentado (é assim a aproximação a Montemor), mas nunca ganhámos mais de 200-300 metros a um pelotão que não demorou a passar à contra-ofensiva, controlando à distância, e com os de Negrais no comando da perseguição. Entre nós, na frente, rapidamente se percebeu que o Salvador não era colaborador ideal num esforço que tinha de ser intenso para fazer a fuga durar, pelo menos, até passar a subida de Montemor. Nas primeiras rampas, o meu companheiro perdeu o contacto e não demorou a ser absorvido pelo pelotão agora liderado pelo trepador de serviço de Negrais. Durante a subida, já cansado, limitei-me a gerir sem entrar no «vermelho», com a percepção que o pelotão (ou quem o liderava) estava decidido a anular a distância antes do final da subida. Assim, com a fuga já condenada ao malogro, o seu final precipitou-se devido a um corte de estrada, na parte final da subida, devido a uma prova de atletismo, obrigando a um desvio a velocidade moderada.
Este incidente teve duas consequências: tornou a minha reabsorção mais tranquila (bom para mim) e permitiu a quem eventualmente estaria a passar por dificuldades na subida reintegrar-se mais facilmente e a ter tempo de recuperar forças. Deste modo, à saída de Montemor, o pelotão estava de novo compacto e aparentemente... de boa saúde.
A menos de 30 km de Évora aumentavam as reservas e as desconfianças. Os de Negrais pensaram que tinham a situação controlada – nem que fosse à força das palavras! – e os Pina Bike começavam a contar cartuchos.
Na aproximação ao último topo mais longo, já recuperado do esforço da fuga, voltei a acelerar, mas o pelotão não estava para facilidades e respondeu rapidamente. No entanto, o meu empertigamento teve o condão de descontrolar a cabeça do grupo, onde os homens de Negrais demonstravam alguma dificuldade em assegurar a estabilidade, perante a ameaça de uma segunda vaga de Pina Bike de elementos fortes que ainda não se tinham mostrado, nomeadamente o Freitas e o Jony.
Então, aproveitando essa indefinição na liderança do grupo – e algum nervosismo indisfarçável –, o Jony desfere o ataque decisivo, a cerca de 12 km do final, sensivelmente a meio do derradeiro topo. A sua saída foi forte, progressiva e beneficiou da total inércia do pelotão encabeçado pelos Negrais, a quem foi confiada (ou melhor, entregue!) a responsabilidade de perseguir, demorando cerca de 2 a 3 km a reagir – e quando o fez, foi paulatinamente, só iniciando a verdadeira perseguição a cerca de 5 km de Évora. Demasiado tarde. Nessa altura, a vantagem do fugitivo era superior a 400 metros e mesmo se à entrada para o último quilómetro, devido ao cansaço deste e ao «forcing» dos seus perseguidores, a distância se esfumou num ápice, deixando sérias dúvidas sobre se seria suficiente, a verdade é que foi! Por escassos metros, mas suficiente! Cerca de 2 a 3 segundos para o pelotão de onde se tinham destacado ligeiramente o Freitas e eu, na aceleração final, ambos praticamente na roda do grande herói desta especialmente competitiva Clássica de Évora 2008.

Notas de observador

1- Provou-se que quando mais elevado for o nível dos participantes, num percurso quase sempre plano, sem grandes dificuldades de relevo que possam ser selectivas, e para mais havendo um inédito jogo táctico que foi aumentando de intensidade ao longo da tirada, menos probabilidades existem de alguém conseguir chegar ao final destacado. O Jony conseguiu, e por isso está de parabéns. O que lhe valeu foi, como já referi na crónica, a sua invulgar capacidade de explosão, dotes de bom rolador e a felicidade de ter atacado na altura mais propícia. Nem um metro antes ou adiante: precisamente na altura e no local que se revelaram como certos! Além disso, ainda resultante desse jogo táctico, contou com a passividade dos homens de Negrais, a quem foi confiada, em exclusivo, a missão de perseguir, tardia e com organização que deixou muito a desejar.

2- Entre os Pina Bike havia reinava um misto de satisfação pelo dever cumprido, quer por concretização de objectivos colectivos quer individuais, mas também de alguma resignação. Frustração, no meu caso assumida, por ter falhado o «timing» da cartada mais forte, embora reconhecendo que dificilmente mais tarde seria melhor sucedida. Mas a consolação por ter sido agressivo, como gosto, e ter contribuído para se «fazer» ciclismo, como costumo dizer, e também pelas boas sensações que tive após o esforço intenso da fuga, ao ponto de estar apto a continuar a mexer na última fase da tirada. Inclusive no sprint final, onde não sou, de todo, especialista.
Alguma resignação entre outros dos «nossos», casos do Capitão, do Salvador ou do Freitas, os dois últimos limitados na sua capacidade após uma semana de enfermidade. Ao Salvador, porém, o mérito da combatividade, uma marca pessoal a que mesmo debilitado não renega, tendo participado com galhardia na fuga encetada comigo, na qual não colaborando mais por compreensível falta de energia. Ao Freitas, pelos menos motivos de saúde, embora este tivesse estado sempre muito mais reservado ao longo de toda a tirada, sempre no conforto do seio do pelotão, de onde só saiu na parte final, disso beneficiando no sprint à chegada, onde faz valer qualidades firmadas.
Não esquecendo o Capitão, que apesar de, como referiu no final, ter «anulado» os 3 minutos de desvantagem com que tinha chegado a Évora em 2007, exibia semblante de quem tinha deixado alguns «objectivos» pessoais por alcançar. Nem que fosse simplesmente, ter preferido que a prova tivesse sido muito mais aberta e disputada – opinião que partilho – mesmo que lhe custasse muito... sangue.
Por fim, demonstrando bons momentos de forma, tanto o Evaristo como o Pina terminaram sem problemas no pelotão principal, com o primeiro a juntar o mérito de ter sido um dos mais inconformados do grupo, procurando sempre as posições cimeiras do pelotão e participando amiúde na sua condução na fase intermédia da tirada – facto que foi reconhecido e elogiado por quem não conhecia as suas capacidades e bravura. Neste ponto, o homem da bicicleta com extensores de contra-relógio tem motivos para estar mais satisfeito que a maioria.

3- Menos positivo foi o facto de nem sempre ter sido cordial a companhia (embora sempre muito bem-vinda) dos nossos convivas de Negrais. Reparo apenas à falta de desportivismo de um elemento, que não belisca, em nada, o espírito de camaradagem e qualidade atlética dos restantes, reiterando-se, desde já, o prazer de contar com sua presença, não só na próxima Clássica de Fátima como em qualquer evento organizado pelo Pina Bike.
Lamenta-se, porém, que alguém que participa assiduamente em provas de ciclismo oficiais, logo habituado a grandes andanças competitivas, profira expressões de mau tom, em momentos cruciais da tirada, que deixaram algum amargo de boca a quem foram dirigidas. Depois de o próprio, em causa, ter conduzido uma perseguição a alta intensidade, a mais 30 km/h, em subida, a companheiros de esforço que se debatiam, com igual ou ainda maior bravura, num esforço isolado que lhes tinha custado tanta dor e suor, dirigindo-se a estes com termos do género – «então companheiro, morreste na praia?!» ou mais tarde, noutra ocasião, «só és capaz disso?» – é no mínimo indelicado. Desportivismo é algo que se aprende.

4- O enorme êxito da edição deste ano da Clássica de Évora quer-se rentabilizado não só para a prova de 2009, mas também nas muitas que ainda faltam realizar em 2008, com maior destaque para a Clássica de Fátima, no dia 13 de Abril. Este ano, é disputada num percurso inédito, um pouco mais longo, em direcção a Malveira, Torres, Caldas e Alcobaça mas com o final tradicional, a partir da Batalha. Antes, porém, já no dia 16 de Março, atenções viradas para o Loures-Santarém-Loures, a fechar a época das tiradas planas, com mais de 150 km e trajecto inverso ao tradicional, com ida pelo Porto Alto, Benavente, Salvaterra e Almeirim; e regresso por Cartaxo e Azambuja. Este evento constitui mais um interessante desafio à capacidade física dos participantes, merecendo, na minha opinião, o mesmo nível de participação e empenho das grandes clássicas. No rescaldo de Évora, em percurso muito similar em termos de relevo e quiçá, no cômputo geral, mais difícil, constituirá ocasião ideal para quem quiser proceder a... rectificações.

quarta-feira, fevereiro 27, 2008

Recordar a edição de 2007



A Clássica de Évora tem um percurso praticamente plano que atravessa o baixo Ribatejo até ao alto Alentejo, é talhado à medida de roladores fortes e possantes e a distância longa (140 km) não permite contemplações aos menos bem preparados.O perfil altimétrico do percurso é bastante curioso. Ao contrário do que se poderia supor, vai subindo gradualmente de Vila Franca a Évora, com alguns picos mais acentuados antes e depois de Montemor-o-Novo, já nos últimos 30 km, tornando o final da tirada bem mais selectivo, tanto mais que, nessa altura, o cansaço se vai acumulando. Depois, como diz a velha máxima ciclista, «as dificuldades também se ditam pelo andamento» e tradicionalmente há que contar com um adversário adicional: o vento.
Eis o resumo da edição de 2007, retirando alguns excertos da crónica publicada nessa altura:

No final da Recta do Cabo o Fantasma parou para «tirar peso» e o Freitas lançou ataque inesperado. A acção surpreendeu por ter sido tão madrugadora e teve o ensejo fracturar o pelotão, isolando um grupo de cinco unidades, que contava, entre outros, com o Salvador e o Isidoro. Objectivo óbvio de quem tomou a iniciativa (o Freitas) era óbvio: causar desgaste lá atrás. O andamento dos fugitivos começou por ser bastante bom, permitindo-lhes ganhar vantagem de algumas centenas de metros, mas o pelotão não tardou a reagir e graças ao trabalho de três a quatro unidades a fuga foi anulada após 6-7 km, ainda muito antes do cruzamento de Pegões.

A espaços houve pequenos grupos que se isolaram, como o que se formou após o cruzamento de Pegões, liderado pelo Salvador (um dos mais activos, como sempre), cuja aventura terminou à passagem por Vendas Novas.
Eis o local habitual da primeira grande selecção. Após a subida, sob passo rijo do Freitas (embora menos que se previa pela boa forma que vinha evidenciando naquela altura da temporada) restavam apenas cinco elementos na frente: Freitas, Jony, Nuno Garcia, eu e o Fantasma, este cumprindo, desde já, grande parte do que seria o seu objectivo: passar Montemor no grupo da frente.

No primeiro topo à saída de Montemor, depois de o Freitas ter aliviado o passo, fui eu a acelerar com ímpeto, restringindo a liderança a apenas quatro. No entanto, o vento e a falta de colaboração no quarteto refrearam o andamento, possibilitando ao que restava do pelotão reentrar após alguns quilómetros de intensa perseguição, mas ainda a cerca de 15 km de Évora. Ou seja, ainda muito cedo!
Depois de mais um ataque, e outro, e da tomada de iniciativa definitiva da minha parte, a selecção voltou a fazer-se, mas agora com o Fantasma, o João e o Isidoro dando mostras de estóica resistência. Todavia, o esforço, o vento e o topo mais longo daquele último sector «vitimara» os dois últimos e até o Nuno Garcia, mantendo-se ainda o Fantasma – que acabou por «morrer na praia», precisamente no último topo antes da descida final para Évora (derradeiros 5 km). Obra do Freitas, com «killer instinct» de se lhe tirar o chapéu. Apercebendo-se das dificuldades do Fantasma na cauda do grupo tomou a imediatamente a iniciativa à cabeça, forçando o andamento ao limite. O elástico esticou e partiu definitivamente.
A partir daí, o trio da frente «picou» em direcção ao final a mais de 45 km/h. Uma vez isolado, para o perseguidor tornava-se impossível a tarefa de recuperar. E em menos de 5 km perdeu, sem surpresa, cerca de 3 minutos. Curiosamente, os mesmos que em 2006... mas desde Montemor!O Jony acabou por ser mais forte no sprint final, superiorizando-se com grande classe ao Freitas, que perdia a sua longa hegemonia neste tipo de chegadas.

Não muito depois do «derrotado» Fantasma, chegaram o João e o Isidoro, e logo a seguir o Zé, todos eles senhores de excelentes prestações. O pelotão chegou a conta-gotas...



Como será em 2008?

terça-feira, fevereiro 26, 2008

Pela Marginal com Évora no horizonte

Como se previa, a volta deste domingo pôde ser, para muitos, aproveitada para ultimar a preparação para a Super-Clássica de Évora, já no próximo fim-de-semana. Percurso quase sempre plano, com alguns sectores mais selectivos, bem ao jeito do que se vai apanhar a caminho da cidade alentejana. Além disso, o fascínio do cenário da Marginal dá sempre um estímulo adicional, mesmo em manhã que nasceu tristonha.
O piso molhado impôs um desvio ao percurso na subida de Frielas para evitar o empedrado de Unhos, levando o grupo até ao alto da Apelação. Logo aí, apesar do andamento moderado cavaram-se diferenças anormalmente acentuadas – desde logo, o Steven e o Salvador começaram a ressentir-se de indisposições, que, mais tarde, lhes provocaram estados de grande debilidade: o Steven, com o pequeno almoço às voltas acabou por dar meia-volta já no Estoril, decidindo enfrentar sozinho o vento (não se sabe com que resultado); e o Salvador, a partir daí, arrastando-se penosamente até Loures, também a contas com uma forte indisposição. Para eles, não foi definitivamente o melhor ensaio para Évora.
Quanto aos restantes, contribuíram para uma tirada interessante. O Jony, por exemplo, mostrou-se empenhado no trabalho específico, fez várias «saídas» do pelotão em bom estilo e deixou, na retina, uma passagem de registo pela frente do «comboio», em Belém, conduzindo-o a mais de 45 km/h durante 3 minutos, revelando confiança e apuro de forma. A 15 dias de iniciar nova etapa desportiva, na competição, sabe-se que a sua presença no seio do nosso grupo será menos assídua. Compreende-se, embora se lamente, pois é sempre privilégio contar com ele, principalmente quando se apresenta «solto» como neste domingo.
A partir de Pêro Pinheiro, os seus «ataques» não voltaram a ficar sem resposta, mas revelou-se muito complicado estar ao nível da sua capacidade explosiva. Eu que o diga, no regresso a Alverca, já depois de Loures: foi engraçada a nossa «brincadeira» em cada topo – com o Capitão a não querer ficar de fora!
O momento mais selectivo do percurso foi a ligação entre o Estoril (ao deixar a Marginal) e S. Pedro de Sintra, primeiro em subida quase até à saída do Estoril e depois em falso plano ascendente ao final. O Freitas tomou a dianteira e meteu um passo intenso que fez imediatamente a selecção nas primeiras centenas de metros. Com ele, apenas eu, o «Paulo Ferreira» (pelas suas parecenças com o antigo ciclista profissional, como bem frisou o Grande Abel), eu e o Evaristo. Apesar de sentir as pernas pesadas, passei para frente ainda antes de terminar a primeira subida e depois de Alcoitão permaneciam na roda apenas o Freitas e o Evaristo.
A partir do Autódromo, a velocidade manteve-se sempre na ordem dos 30 km/h, mas com muita dificuldade imposta pelo vento. A cerca de 500 metros da rotunda de S. Pedro, o Freitas passou para a frente e forçou o ritmo procurando aproveitar «fraquezas» alheias e o... Evaristo acusou-as, perdendo o contacto após poucos metros. Castigo ingrato para quem tinha demonstrado tanto empenho em seguir os primeiros, fruto de indiscutível indicação de boa forma.
Mas estas situações são mesmo assim, camarada! A diferença entre resistir só mais 400 metros e partir imediatamente a corda foi aquele «forcing» que alterou o ritmo. De tal modo, que só nessa curta distância perdeu mais de 100! Apesar disso, o «homem dos extensores» deu um sinal de aviso à navegação para Évora!
Mais animação só na aproximação a Negrais – quando, como disse, as simulações do Jony deixaram de ficar sem resposta. No sempre áspero topo do campo de futebol saltei e a resposta não se fez esperar. O Jony deu-a com prontidão e passou logo ao contra-ataque, mas também se juntou o Freitas e o Capitão (acabadinho de chegar ao convívio e ainda fresquinho). No topo à entrada de Negrais, o Jony dispara mais uma vez. Agora sou eu que fecho o espaço! Ele não desarma na frente e havia que recuperar o fôlego na sua roda. Andamento estava vivíssimo na aproximação à recta final para Santa Eulália, até que... a passar por um buraco furei, invalidando o que seria «le grand finale»!
Eu, reconheço, já vinha curto de forças para me bater ao sprint com concorrência tão especializada. Mas suaria as estopinhas para limitar a desvantagem. Todavia, fica por saber o desfecho daquela árdua cavalgada: o Jony, que apesar de se ter dado ao desgaste na frente do mini-grupo tem sempre aquela chispa final a que poucos resistem; ou o Freitas, em vantagem por ter beneficiado das rodas naquela fase e sempre muito forte neste tipo de situações...

Na contagem decrescente para Évora, fica o perfil altimétrico do percurso para aguçar o apetite. (para aumentar a imagem clicar em cima). Já somos pelo menos 30 à partida e o clima parece que vai finalmente colaborar: a previsão é céu azul e 21 graus. Grande!!