segunda-feira, outubro 30, 2006

«Encerrar» em beleza!

É o que se chama encerrar (o calendário) em beleza! Pelotão tão numeroso só nas Super-Clássicas de Fátima ou Évora; clima de Verão de Outono e percurso propício a todo o tipo de «especialidades», ainda que favorecendo os roladores. Estes foram os condimentos da Clássica de Encerramento, a última etapa do Circuito 2006.
Mas a voltinha saloia a Malveira-Mafra, Ericeira, Pêro Pinheiro e Negrais superou todas as expectativas. Terá sido pelos dias de recolhimento forçado devido ao mau tempo ou porque esta fase do ano é tão pródiga em promover a boa forma de uma grande parte dos elementos do grupo, a verdade é que se assistiu ao soltar de algumas «feras».
Os sinais de espevitamento surgiram logos nos primeiros quilómetros, com a ligação Tojal-Bucelas a não ser de habitual «aquecimento». Por isso, não surpreendeu que a primeira rampa, depois de Bucelas, provocasse a divisão do pelotão, com um grupo numeroso a destacar-se, ainda que nunca mais do que 30 segundos durante a longa subida para a Venda do Pinheiro, mas obrigando a não descurar a perseguição. Na Malveira, onde se fez o reagrupamento, só o Nando e o Fantasma se mantinham isolados – indicativo que seriam eles os principais animadores da jornada.
Até Mafra, o figurino manteve-se. Nova e previsível cisão no grupo à passagem por Alcainça, mas o grosso da coluna repunha-se na Carapinheira. A partir de Mafra, a animação foi ao rubro. O Nando estava endiabrado e o Fantasma não fazia por menos, por isso depois de Paz voltaram a isolar-se, evidenciando a disposição de levar a aventura avante nos 12 km de falso plano descendente até à Ericeira. Mas o pelotão, lá atrás, percebendo a gravidade da situação não demorou a reagir e anulou rapidamente a fuga. Todavia, estava lançada a semente para a correria desenfreada – tanto mais que, mesmo com o «comboio» a 50 km/h, o Nando insistiu em manter-se activo na frente, motivando respostas e contra-respostas, com «picos» que chegaram a superar os 60 km/h! Grande ciclismo! Para dar ideia da loucura, refira-se que na secção Carapinheira-Ericeira fez-se uma média de 43 km/h! Por isso foi com algum alívio pessoal que se chegou ao «descanso» programado, na Ericeira.
Mas depois da Foz do Lizandro, o terreno volta a ser convidativo a mais movimentações. Sem causa aparente, houve um primeiro grupo que iniciou a subida para o Pobral destacado e assim «cavou» um fosso importante para o segundo, que, para mais, tinha o andamento condicionado pela presença dos elementos mais desgastados. Durante a subida, foi o Salvador que primeiro assumiu as despesas à cabeça do grupo da frente, contando depois com a colaboração do Fantasma – principalmente este claramente interessado em não deixar cair o andamento quando o terreno voltou a endireitar. Então aí, houve outros a colaborarem no esforço, casos do Carlos, do Nuno Garcia e do Pedro, dividindo a pesada factura que estava a impor o vento frontal. Folgaram: eu, o Pina, o ZT e o Duarte. Ainda assim, a média rondou os 30 km/h entre o Pobral e Terrugem, onde a distância entre os dois grupos foi superior a 5 minutos.
A partir daqui, de novo, com pelotão compacto, seguiu-se em direcção a Pêro Pinheiro, voltando a haver «selecção» na aproximação e passagem por Negrais (Sta. Eulália), onde o Nando e o Carlos «tiraram» à frente do mini-pelotão. E para terminar em beleza, na descida de Sta. Eulália regressou a animação, gerando um ambiente «altamente» selectivo a partir de Ponte de Lousa (o «Scott carbono», eu, o Nuno Garcia e o Durão) culminado com um sprint vigoroso no alto de Guerreiros, onde o Durão e o Nuno demonstraram que são os mais fortes neste final de temporada, que se afigura altamente competitivo.

quinta-feira, outubro 26, 2006

Aí está a Etapa do Tour 2007!

Aí está a ETAPA DO TOUR 2007!
Data: 16 Julho
Etapa: Foix-Loudenvielle - 196 km
4 contagens de montanha de altíssima categoria:
Col de Port (11,4 km a 5,3%)
Col de Portet d'Aspet (5,7 a 6,9%)
Col de Menté (7 km a 8,1%)
Port de Balés (19,2 km a 6,2 km)
Col de Peyresourde (9,7 a 7,8%)

Um percurso duríssimo, extremamente selectivo, certamente mais ainda que o deste ano! (Izoard-Lautaret-Alpe d'Huez; 191 km), a exigir nível de preparação superior. A raínha das ciclodesportivas internacionais é isso mesmo!

quarta-feira, outubro 25, 2006

Clássica de Encerramento: a descrição

No próximo domingo, realiza-se a volta de Encerramento do 1º Circuito Ciclista Pina Bike (2006). A hora (8h30) e o percurso:

Loures-Tojal (4 km)-Bucelas (8)-Freixial (12)-Venda do Pinheiro (20)-Malveira (23)-Alcainça (26)-Mafra (32)-Paz (33)-Ericeira (42)-Foz do Lizandro (47)-Pobral (50)-Odrinhas (56)-Terrugem (61)-Pêro Pinheiro-(68)-Negrais (74)-Sta. Eulália (76)-Ponte de Lousa (81)-Pinheiro de Loures (86)-Loures (88)

Pontos neutralização para reagrupamento: Venda do Pinheiro (20 km); Carapinheira (30 km); Ericeira (42 km) e Terrugem (61 km).
Pontos quentes sugeridos*: Ericeira-Terrugem (19 km) e Terrugem-Sta. Eulália (15 km).

* Devem entender-se as referidas secções como «indicadas a todo o tipo de hostilidades». Todavia, não terão de ser necessariamente… De resto, como sempre o ritmo é livre em todo o percurso. Acima de tudo, o importante é respeitar as neutralizações.

segunda-feira, outubro 23, 2006

O Nando sempre foi...

Ontem, apesar da intempérie, o Nando cumpriu a preceito o seu objectivo de ir a Fátima de bicicleta, contando com a preciosa colaboração dos «todo-o-clima» Freitas e Carlos, da Póvoa, que o acompanharam até Alcoentre, tal como previsto. Segundo soube, o vento soprou de Sul, de feição a quem rumava a Norte (no caso, o Nando), mas de cara a quem teve de dar a volta de regresso a casa. Para estes, acrescentou-se a chuva torrencial a partir do Carregado. Dantesco! No entanto, de toda a «maluquice» sobressai a demonstração de camaradagem em apoio a um companheiro de estrada. Acções que merecem ser elogiadas…

quinta-feira, outubro 19, 2006

A «missão» de Alcoentre: a descrição

Como ficou previsto, a volta do próximo domingo foi pensada com a missão de acompanhar o Nando durante a primeira fase da sua jornada solitária a Fátima, até Alcoentre. Para tal, antecipou-se a saída de Loures para as 8h00, após o que se parte em direcção a Alverca (16 km), Vila Franca (24), Alenquer, Ota (pela EN1 - 43 km), Abrigada (47), Espinheira (55) e rotunda do Cercal (57) – onde o nosso «passageiro» ficará por sua conta, após o que viramos à direita para Alcoentre (59) em direcção a Aveiras de Cima (68), Azambuja (70) e Carregado (82) e regresso a Loures. Distância total: 125 km.
O percurso é praticamente plano, apenas com alguns topos «doces»: em Alenquer (que termina na rotunda já conhecido da volta da Ota), na Ota (até perto do cruzamento da Abrigada), e mais um ou outro nos 8 km que restam até à rotunda da Espinheira/Cercal. Logo a seguir a Alcoentre ainda se sobe, suavemente, mas depois é sempre a descer, em falso plano, para Aveiras e daqui para a Azambuja (à excepção dos dois «topecos» a chegar a esta vila).
Como tal, devido ao carácter acessível do revelo, sugere-se apenas UMA PARAGEM PARA REAGRUPAMENTO na rotunda da Espinheira/Cercal (a tal onde «libertaremos» o Nando), com aprox. 57 km percorridos. O mesmo será dizer que antes e depois deste ponto há liberdade total para praticar todo o tipo de hostilidades… Esta será, de resto, uma etapa para roladores e própria para longas fugas. Tomara que o tempo ajude!

segunda-feira, outubro 16, 2006

A Ajuda divina

Quando o Durão acelerou na subida de Frielas, fraccionando o pelotão em dois grupos, cheguei a temer pelo bom desenrolar da volta de ontem – a exigente Clássica da Sra. da Ajuda. Felizmente, os meus receios não se confirmaram, e a etapa veio a superar as melhores expectativas, assistindo-se a alguns desempenhos de verdadeiros campeões…
Assim, ainda no rescaldo das chagas provocadas pela fuga «mal-entendida» da Clássica de Torres, a tal escaramuça não augurava nada de bom. A partir do momento em que, no cruzamento de Unhos, tanto o João, o ZT e o Abel descolaram do grupo principal; e eu, o Steven e o Carlos ficámos em posição intermédia, mas ainda a tempo de recuperar, a melhor decisão era reunir as tropas e, acima de tudo, motivá-las para o muito que faltava percorrer – o que nem sempre é fácil! De resto, porque se sabia que o primeiro grupo, além de numeroso e muito forte – a ver: Durão, Nando, João Santos, Fantasma, Salvador, Pedro e o Luís –, não iria «parar»… antes da Mata.
Depois do sexteto estar a postos, metemos a velocidade de cruzeiro a partir de Sacavém, sempre com preocupação para não causar desgastes excessivos e, por outro lado, não perder demasiado tempo para os homens da frente. Por isso, em Alverca, antes de iniciar a subida de A-do-Melros, era geral a sensação que o trabalho tinha sido bem feito. O grupo principal estava a menos de um minuto e sabia-se que lá, mais do que a inclinação (porque é baixa) dos próximos 7 km seria a falta de entendimento e as acelerações, que iriam fazer as primeiras vítimas. Ei-las, inclusive mais cedo que esperava: o Nando (penso que mais voluntariamente) e o Luís. Depois, o Pedro (já na descida para Arruda) e finalmente o Fantasma (só à entrada da subida da Mata porque o grupo «alivou» para deixar o Nando reentrar depois de parar para recuperar do chão uma barra energética). Lá à frente, os mais fortes aceleraram e praticamente só eles resistiram: o Durão, o João Santos e o Salvador – este mais uma vez, a passar a si próprio uma factura que veio a pagar bem.
No início da Mata, os meus companheiros de fuga «libertaram-me» para tentar alcançar os últimos fugitivos. Tarefa complicada, tendo em conta o atraso (cerca de 1 minuto) e, entre eles, estar o Durão. Acelerei e avistei o trio antes do 1º gancho (estavam no andar de cima, nesta altura a não mais de 40 segundos). O Durão viu-me e atacou, deixando o Salvador pregado. A partir daqui iniciava-se a verdadeira perseguição. O João Santos resistiu até já depois da passagem pela Mata e alcancei-o no 2ª gancho, onde já não tinha ilusões quanto a apanhar o Durão, que chegou ao alto com uma vantagem de 20 segundos. Tempo de subida: 12m14s, apenas mais 2 s que o meu melhor de sempre. Média de pulsação: 180!
Os restantes foram chegando, a maioria aos pares, e só se teve de esperar mais tempo pelo Abel e o Steven.
Após a Mata deslizou-se na descida para S. Tiago dos Velhos e rapidamente nos deparámos com o «muro» da Sra. da Ajuda. O Nando abriu as hostilidades, provando a sua subida de forma, mas eu fechei o espaço, levando o Durão na roda. Mais uma vez, o grupo teve uma excelente prestação, voltando a reunir-se a caminho da Tesoureira.
Aqui, já com o peso da distância e acima de tudo das subidas, o fraccionou-se definitivamente, quando o Nando acelerou na descida, ficando na frente o eu, Nando, Fantasma, Durão, João Santos, ZT e o João, que se adiantou em direcção a Casais da Serra, terminando, de vez, com a já fraca vontade do Fantasma e do ZT em subir Ribas. Até o próprio ficou tentado a seguir para Bucelas, mas acabou por completar o percurso.
Chegava então, a último ponto quente da jornada. A uma média de 20 km/h e 177 pulsações/minuto, quebrei (pelos menos 2 segundos que me faltaram na Mata) a minha melhor marca pessoal, que durava há 3 anos: 9m55s. O Durão chegou 35 s depois, também ele a fazer uma óptima subida. Depois o João Santos, e juntos o Nando e o João. O Carlos e o Salvador, que tinham «evitado» a Sra. da Ajuda, também chegaram ao alto de Ribas. Mas o «melhor» também estava a chegar: o Abel. Já não encontro nada de novo para elogiar os exemplos de coragem com que este homem nos esmaga todos os domingos!

Notas de observador:

Elogio a atitude e a excelente prestação de todos os participantes neste difícil percurso. Todavia, destaco, por esta ordem, os que completaram a distância e que, além disso, estiveram no grupo perseguidor – assim (além de mim) refiro-me ao João e ao incontornável Abel. Mas volto a sublinhar que todos, sem excepção, estivemos em GRANDE! Mais: faço uma vénia a todos os que, por motivos vários, não têm o nível de preparação dos chamados «internacionais», pelo desempenho que têm em voltas como esta. Assumo, sem faltas modéstias, que não seria capaz de tanto.

Todavia, a aceleração do Durão em Frielas, que provocou a divisão do grupo merece reparo. Ou seja, mesmo tendo marcado negativamente o desenrolar da tirada – desta vez! –, volto a frisar que não devem os mais fortes participar em iniciativas deste género, tão madrugadoras e em etapas com índice de dificuldade elevado, e muito menos serem estes a promovê-las, como foi o caso.

As despesas da perseguição ao grupo que se destacou em Unhos não foram bem distribuídas, mas nestas situações a gestão é muito mais importante. Ou seja, num grupo heterogéneo como aquele devem ser os mais aptos a tomar as rédeas e a despender o esforço maior, voluntariamente e sem esperar ajudas dos menos fortes. Naquela situação, eu e o Carlos, embora todos tivessem dado, mesmo que apenas as espaços curtos, o seu contributo. Mas sinceramente, não se deviam sentir obrigados. Deviam, sim, motivar-se e motivarem os outros.

Na óptica do comentário anterior, penso que a melhor abordagem a todas às clássicas domingueiras é pensar no percurso como um todo, e não apenas numa parte. Com isto quero dizer que não é recomendável entrar em esforços prolongados de alta intensidade (e são estes que acabam com a resistência) na primeira fase da volta para depois pagar copiosamente essa factura e ter de encurtar caminho ou não completar o percurso previsto. A estratégia faz parte deste e todos os desportos e para se evoluir em cada um é saber utilizá-la em proveito próprio. E para isso é preciso ter cabecinha!

Em relação ao ponto anterior, este domingo vi bons e maus exemplos. Não contando que o pior de todos foi dado pelos mais fortes (Durão), pelos motivos já referidos, destaco entre os «bons», o do Nando e do Luís, que se deixaram descair em A-dos-Melros quando viram que o ritmo não era adequado; entre os «assim-assim», o Fantasma e o Pedro (este com a desculpa da inexperiência), que devem ser insistido em resistir ao ritmo do Durão o mais tempo possível. O primeiro acabou com mais uma «facadinha» ao percurso, passando ao largo de Ribas, e o Pedro, que actualmente deve ter como prioridade poupar toda a energia possível, que é o primeiro ensinamento para evoluir como pretende. E finalmente, entre os «maus», sem dúvida o Salvador, que foi «até dar» com o João Santos e o Durão, na Mata, só cedendo ao previsível ataque do Durão. Então, já o mal estava feito! Depois, como as forças já eram escassas, vieram as fintas ao percurso e ao próprio grupo… O mérito maior não é andar na frente enquanto se puder, mas é chegar ao fim, mesmo que se tenha de andar «incógnito» a volta inteira!

Esta excelente etapa marcou definitivamente o meu final de temporada. Não cessarei a actividade – altamente desaconselhável! – para não deixar cair demasiado a forma, mas acabaram os esforços muito intensos, como os deste domingo na Mata e em Ribas. Estarei sempre pronto para colaborar em qualquer iniciativa do pelotão, mas, nos próximos meses, baixarei a «atitude competitiva» para o nível mínimo. Depois de baixado o volume e as cargas de treino a partir da Etapa da Serra da Estrela, e apesar de ter ganho 2 kg em relação ao peso de forma, concluo a longa e fatigante temporada 2006 curiosamente a sentir-me muitíssimo bem – os tempos naquelas subidas provam-no. Vou continuar a passear durante a semana pelos «picotos» que tenho descoberto por aí, e começar a pensar em 2007.

No próximo domingo, temos uma missão de honra: acompanhar o Nando durante os primeiros quilómetros para Fátima. O objectivo é ajudar o nosso camarada até Alcoentre, após o que daremos meia-volta de regresso, deixando-o entregas às suas forças – ficará bem, sem dúvida! Por isso, a hora de partida de Loures foi antecipada para as 8h00. Com isto, a volta terá cerca de 100 km. Bons treinos!

quarta-feira, outubro 11, 2006

N. Sra. da Ajuda: descrição e dicas

No rescaldo de uma semana agitada pelas repercussões da volta de Torres, no próximo domingo teremos a Clássica da Nossa Sra. da Ajuda, que inclui duas subidas «míticas» da nossa região, Mata e Ribas. Mas não só: pelo meio, o pelotão terá de enfrentar a longa subida desde Alverca para A-do-Barriga por A-dos-Melros (estrada de Arruda), a duríssima rampa de Nossa Sra. da Ajuda e a Tesoureira para Casais da Serra.
No total, o percurso tem 80 km, uma vez que foi acrescentado um sector inicial, de 12 km, entre Loures e Sacavém, o mesmo que foi realizado na recente Clássica de Alenquer, no feriado de 5 de Outubro. Ou seja, Loures-Frielas-Unhos-Sacavém e depois em direcção a Alverca pela EN10.

Eis a descrição resumida do trajecto da volta e principais dificuldades:
0 km - Loures
5 km – Frielas
6 km - Cruz. Unhos
8 km – Unhos
12,5 km – Sacavém
27 km – Alverca
34 km - A-do Barriga (6,8 km a 2,4%)
39 km – Arruda
43,5 km – Mata (4,2 km a 5,3%)
48 km - S. Tiago dos Velhos (dir. p/ Contradinha/N. Sra. Ajuda)
51 km – N. Sra. Ajuda (1,5 km a 5,6%; 500 metros a 12%)
53 km - Quinta do Paço (esq. p/ Bucelas)
54 km – Cruz. Tesoureira
62 km - Casais da Serra (2,6 km a 3,4%)
62,5 km - Cruz. à esq. p/ Freixial
66 km – Freixial
70 km – Ribas (3,2 km a 6%)
71,5 km – Fanhões
76,5 km – Tojal
80 km – Loures

Nota: sugerem-se dois «pontos quentes» (Mata e Ribas), após os quais deverá haver neutralizações para reagrupamento de TODA A GENTE. Assim, evitam-se os mal-entendidos e as fugas serão, digamos, mais legítimas, pois todos estarão nas mesmas condições para decidir a integrá-las ou não. Nos restantes sectores, intermédios e restantes subidas, o andamento, como sempre, será LIVRE.
Por isso, sugere-se que os ciclistas adeqúem o andamento às suas capacidades e abdiquem de forçar para seguir ritmos que as transcendem. Repito que mais importante que tentar acompanhar os mais fortes nos «hot spots» é estar em condições de acompanhar o andamento de cruzeiro do pelotão (considerando sempre o nível médio deste pelotão). E será esse andamento que irá prevalecer na restante extensão do percurso.

domingo, outubro 08, 2006

Clássica de Torres: a crónica

O pelotão recheadíssimo que fez se à estrada a caminho de Torres ficou mais ainda à chegada ao Forte de Alqueidão, com mais quatro aquisições, mas rapidamente se dispersou quando pequenos grupos que se destacaram na descida para o Sobral, enquanto outros ficaram à espera dos que sucumbiram à intensidade do último km. O demasiado tempo perdido no reagrupamento dos retardatários estimulou os que se adiantaram a persistirem.
Entre estes, estava um quarteto com «figuras importantes», como Nando, Carlos, Fantasma e o Salvador, que, perante o impasse na retaguarda, abriram com facilidade uma distância considerável. Mais: provavelmente apercebendo-se que a vantagem se tornara bastante apreciável, empenharam-se no objectivo de a levar o mais longe possível, quiçá até ao final, e conseguiram.
Todavia, convém frisar que lá atrás nunca houve uma perseguição efectiva. Aliás, ainda antes do Sobral –ainda muito a tempo de «reunir as tropas» para tentar a recuperação – já se tinha percebido que não havia condições para que essa se sequer se iniciasse, sem que ficassem imediatamente «apeados» alguns elementos que já vinham muito… curtinhos – o Abel, entre outros!
Perante este cenário, a ligação entre o Sobral e Torres Vedras foi feita com pinças para não «derreter» totalmente os mais debilitados, situação que se manteve até aos topos do Turcifal, onde o João e o Bruno, até aí em posição intermédia, foram absorvidos. Só a partir daqui, perante o arrastar da situação (a subida de Catefica voltou a abrir brechas nos mais frágeis), decidi tomar a dianteira do grupo e acelerar ligeiramente o andamento – embora sem adquirir carácter de perseguição. De resto, nesta altura, esta só se poderia concretizar se, lá à frente, o quarteto «parasse» – que, tendo em conta a sua aguerrida composição, convenhamos que seria pouco provável!
A partir de Vila Franca do Rosário até à Malveira – então sim! –, alterei profundamente o ritmo «dispensando» colaboração, perfazendo, nesta secção, interessante média de 28 km/h. À última rampa só chegaram eu, o Nuno e o Durão, que fez valer os seus créditos no renhido sprint final. Nas bombas da Malveira esperou-se que chegasse toda a gente… durante mais de um quarto de hora!
Antecipei o regresso a Loures, na companhia do Nuno, tendo à chegada às bombas um comité de recepção fervoroso: os quatro fugitivos do dia. Em peso para nos «saudar»! Nos seus semblantes estavam bem vincados o esforço intenso empregue na façanha e a satisfação indisfarçável por tê-la concretizado. Acentuada pelos muitos minutos de vantagem – 17 ao todo, contados com precisão por quem os viu passar com transbordante entusiasmo. Reconheçamos que fomos «tratados» com o devido apreço, mas ficou no ar a sensação que estavam a guardar a principal reverência para outros que, até à hora em que me retirei, ainda não tinham dado a cara. Tê-la-ão feito!?

Notas de observador:

Apesar dos condicionantes da fuga do dia, o quarteto que a encetou e concretizou está de parabéns, pelo esforço dispendido durante tantos quilómetros. Mas não só: também pelo espírito de combatividade que é sempre saudável à prática desportiva, neste caso alimentado pelo facto de se «opor» a elementos reconhecidamente mais treinados. Para mim, é estimulante tentar fazer tanto ou mais que os mais fortes! Por isso, justificava-se o contentamento dos fugitivos à chegada: Nando, Carlos, Fantasma e Salvador (confirma-se que estes dois não podem passar um sem o outro…).
Reitero a homenagem colectiva, destacando pessoalmente o Nando, que, em crescendo de forma, começa a fazer estragos «dos seus» – e se bem o conheço, logo possa não irá parar por aqui! No Forte de Alqueidão, bem se viu que a iniciativa foi sua, mas até final contou certamente com empenhada colaboração dos seus três companheiros de fuga. E olha quais! Resta-me concordar com as palavras (algo crispadas) do Pina, ainda ontem, e aguardar que próximas iniciativas sucedam em situações mais «abertas». A volta da próxima semana é mesmo à medida de tais!

Já o disse há algum tempo e repito-o: o pelotão Pina Bike está com grande dinâmica. Não só pela presença
massiva dos «habitués» (apesar de algumas ausências), mas principalmente porque o número de novos aderentes não pára de aumentar. Ainda que alguns destes possam estar apenas de passagem, como o Luís, o Paulo Matias ou o Bruno, a verdade é que os «delfins» Pedro Fonseca e João Santos pegaram de estaca e é inequívoca a sua boa integração, para o qual contribui, em ambos, a simpatia, empenho e o espírito de grupo. Diz-se, inclusive, que o João Santos, que tem deixado muito boas indicações, recebeu algumas propostas interessantes para integrar já uma equipa (duo) de topo neste final de temporada. O mercado de transferências está em ebulição!

O ZT juntou-se ao pelotão já em Torres – sensivelmente a meio do percurso –, e veio a ser vítima de um problema físico que o obrigou a entrar no carro-vassoura algures na subida de Vila Franca do Rosário. Esperamos que não seja nada de grave, mas apenas maleitas de umas mini-férias andorrenhas. Rápidas melhoras!

segunda-feira, outubro 02, 2006

A-do-Louco Imprevisível

Há muito tempo que se aguardava pelo regresso do Miguel. Salvo erro, foram quatro meses de ausência das tradicionais voltas domingueiras, por motivos que, com alguma insistência, fui tentando perceber, em vão, em conversas várias com o Durão – seu parceiro de longa data e sempre muito bem informado nestas questões. Para ele, a época começou aziaga, com o acidente na Ota, depois a ausência forçada da Etapa do Tour, e tem sido complicada de gerir, com sinais de forma algo periclitante, por motivos que se calhar nem ele próprio consegue identificar com precisão. Ter sido das piores vítimas da loucura colectiva da Serra da Estrela é exemplo cabal.
Este domingo de manhã, porém, para grande surpresa e satisfação, lá estava a Specialized full carbon estacionada nas bombas de Loures. O seu regresso ao seio do grupo não foi apenas um reencontro de companheiros de estrada, revelou-se esfuziante. Verdadeiro recital, como nos seus melhores tempos – não muito longínquos. Exibição de altíssimo nível na dura subida de A-dos-Loucos, principal «hot spot» do percurso deste domingo, corolário de um «pico» de forma que culminaria, no sábado, com as três subidas da Serra da Estrela, que, no entanto, preferiu prescindir. E bem, digo eu!
Esta foi «apenas» a melhor notícia de uma clássica que reuniu todos os predicados para ser merecer o título de espectacular, «nervosa» desde o início devido a um factor de desestabilização inesperado – um elemento estreante que se revelou incrivelmente empertigado durante a primeira metade do percurso, e que acabaria, com lógica, por pagar a factura de tal desbarato de energia. Mas soube sair de cena antes de sofrer males maiores.
Além disso, o pelotão, numeroso e bem recheado, com a presença de consagrados, como o Nuno Garcia e do Carlos, entre os habitués, contribuiu para elevar o nível do grupo. O primeiro exibiu-se em bom plano no Cabeço da Rosa, lançando um forte ataque. Na aceleração que permitiu fazer a junção antes do topo levei o coração às 198 bpm… e o Durão na roda.
Antes da passagem pelo «ponto quente» do Cabeço da Rosa (em versão «soft», a partir de Vila de Rei), o Miguel começou por mostrar serviço na subida da Freixeira, levando apenas o Durão na roda (tiques que não passam!). O tempo inferior a 4 minutos (3.55) indica que o ritmo foi forte. Todavia, as principais figuras controlaram à distância.
A ligação entre a Venda do Pinheiro (agora com o ZT, o Samuel e o Abel já integrados) Milharado, Póvoa da Galega e Bucelas foi tudo menos um passeio, havendo muita chispa, mas sem beliscar a moderação que se recomenda antes das grandes dificuldades.
A história no Cabeço da Rosa já foi descrita, e num ápice estávamos em Alhandra, prestes a enfrentar a subida de A-dos-Loucos – que se revelou fantástica.
Começou pela imprevisibilidade do Miguel (lá está!) ao «negociar» os 400 metros iniciais (a mais de 5%) em pedaleira grande, abrindo, naturalmente, uma distância considerável antes de se entrar na fase mais dura da subida (1 km a 9%, com passagens a 12%). Jogada arriscada, mas que se revelou acertada, pois, rapidamente, deu a perceber que não foi fogo de palha. Já a lidar com as fortes percentagens, passou a gerir o seu avanço face à perseguição que lhe movia, e cujo esforço foi demasiado elevado para o Durão, fazendo-o sucumbir, precisamente na altura em que absorvíamos o fugitivo.
Mas o melhor estava para vir. Ao passar pelo Miguel, este nem esboçou reacção. Estaria a aguardar pelo Durão ou também já estava «descarregado?», questionei-me. A resposta chegou pouco depois, quando o vi passar pela direita, obrigando-me a uma resposta difícil, que me colocou no «red line». O km demolidor estava ultrapassado e confirmava-se que a «coisa» seria discutida a dois. O Durão dificilmente reentraria e o Nuno e o Carlos estavam ainda mais para trás, mas chegaram praticamente em cima do Durão. Muito boa subida também!
Depois de um ligeiro descanso, a passagem pelo empedrado no interior da localidade trouxe mais dificuldades. Seria aqui que se faria mais uma avaliação de forças. Ele, desconhecendo o local, desviou-se do caminho correcto, perante a terrível rampa duríssima em paralelo à nossa frente. Seria sintoma (subconsciente) de fraqueza? Puro engano! Os próximos metros foram de mais esforço para manter ali e demonstraram que, até final, o meu «parceiro» era inatacável. No topo, rendemo-nos mútua homenagem. Bem haja, louco imprevisível, que subida dos diabos! A repetir!
Na última parte do percurso, destaque para a descida de A-dos-Melros a grande velocidade, com empolgantes revezamentos, fechando com chave de ouro uma jornada de altíssimo nível.

Notas de observador

A escaldante subida de A-dos-Loucos foi feita em tempo recorde pessoal. Os 2,8 km (6,3% de inclinação média) em 8m50s pulverizaram o meu anterior registo em 57 segundos! Mais: 19 km/h de média e 183 bpm (ritmo cardíaco revelador que a forma já lá vai e que 2 quilinhos já cá cantam!) E como estão em voga os estudos e artigos de opinião sobre as performances dos ciclistas internacionais (a revista francesa «Velo» tem multiplicado os análises sobre a prestação de Floyd Landis no Tour e de Vinokourov/Valverde na Vuelta), decidi, com o recurso a um programa informático, determinar a potência em Watt desenvolvida por mim e o Miguel em A-dos-Loucos. A saber: no meu caso, fiz média de 342 W, que corresponde a 4,7 W/kg (para 72,5 kg) e o Miguel 295 W, equivalente a 4,9 W/kg (para 60 kg, suponho).
Resta dizer que os melhores do Mundo fazem cerca de 1W/kg mais (mais 70 W em média!), em subidas com o triplo da distância e com o triplo dos km nas pernas. Mesmo assim estamos longe de envergonhar!

Na próxima quinta-feira, feriado, a volta que está prevista promete muito, incluindo alguns troços e uma subida inéditos. A partir de Loures, dirigimo-nos a Frielas, cruzamento de Unhos, Unhos e Sacavém. Depois Alverca, Vila Franca e Alenquer (sempre a rolar durante 50 km). Depois de os roladores se terem saciado, chega a vez dos trepadores: a partir de Alenquer está a 1ª subida, principal «hot spot» do dia (inédita com 4,2 km a 5,5%, e algumas passagens duras, a 15 e 16%. Todavia, não é caso para temores, pois a pendente é irregular, contemplando alguns planos e mesmo descidas. O «miolo»: 1,5 km a partir do km 1,7 tem 6% de média). A ascensão é muito interessante, iniciando-se no cruzamento (à esquerda) à entrada de Alenquer (logo a seguir às bombas) em direcção à zona alta da vila e depois sobe em direcção a Santana da Carnota. O «Prémio da Montanha» está a cerca de 4,5 km (descida suave) do centro da Carnota. Aqui inicia-se a 2ª subida (3 km 3,5%), já conhecida da Clássica da Carnota, até aos eucaliptos, e depois o planalto para Freiria. Então vira-se à esquerda em direcção ao Sobral e daqui para o Forte de Alqueidão, descendo-se depois para Bucelas. Total: 95 km.
Provavelmente, amanhã, se não chover, poderei descrever mais pormenorizadamente a subida de Alenquer.