domingo, dezembro 30, 2007

Outros «passos»...

A derradeira saída do grupo Pina Bike de 2007 fugiu claramente à norma que se vinha estabelecendo nas últimas semanas, e foi muito pouco uma saída que respeitasse as recomendações de treino de início de época, e mais, em certas momentos, método privilegiado de apreciação do nível de forma individual. Com isso, sofreu o corpinho, daí não surpreendendo que empenos tivessem sido vários.
O motivo fundamental para a mudança de figurino foi o andamento raramente ter sido «descansado». Arrisco mesmo dizer que, para muitos, nunca foi. Naturalmente, houve factores que o fizeram assim. O principal: o Renato e o seu ritmo de cruzeiro ter sido superior ao dos demais. Sem sombra de crítica, que fique esclarecido!
Mais do que o «passo» por ele imposto, foi o engodo que criou. Para «aguentá-lo» neste tipo de percurso acidentado sem pagar factura é necessário, primeiro, ter bom nível e depois estar em boa forma, o que, nesta altura, não é, de todo, a realidade no seio do grupo. Por isso, foi frequente vê-lo adiantar-se paulatinamente aos restantes, e estes a terem de se esforçar invariavelmente para recuperar. Pior que isso, foi cometer erros de autoavaliação medindo forças com ele nalguns pontos da primeira parte do trajecto. Bom, digamos que é o estilo de fazer ciclismo do Renato, muito forte, constante e disponível para liderar, e por isso importa adaptarmo-nos a ele melhor possível para prevenir as referidas consequências, e se possível – tão ou mais importante – saber revertê-lo a nosso favor. Para exemplificar, destaco, pela positiva, a abordagem do Nuno Garcia a essa «matéria».
Mas sublinho, não é tarefa fácil! É preciso compreender e interiorizar que se trata de um atleta com vasto currículo competitivo, habituado a treinar no limite e a apontar para objectivos muito concretos – e a atingi-los. Nesta fase da sua vida desportiva, optou pelo ciclismo (privilegiando a vertente do TT) e rapidamente atingiu patamares elevados, assumindo-se como uma das principais referências do nosso grupo. Esta época, para além da disponibilidade física e de tempo, muniu-se de meios técnicos (vide treinador pessoal) para atingir o melhor nível possível, ainda e sempre com objectivos competitivos. E mesmo considerando que a fase da época é de fundação das bases, a sua forma já é bastante satisfatória (na subida de Santo Isidoro provou-o), obrigando, como referi, a quem como ele partilhe uma saída colectiva estar a nível, no mínimo, semelhante. Caso contrário, deve-se tentar gerir a «coisa» e não desperdiçar forças em desafios infrutíferos.

Após isto, reforço a minha ideia que, nesta fase da temporada, os percursos das voltas devem ser maioritariamente planos (quem é o responsável por este calendário!?), mesmo que isso implique passar as mesmas estradas e locais em semanas pouco espaçadas – e desagradar obviamente aos trepadores! O calendário de Janeiro é disso espelho fiel. Aguardemos, então.

quarta-feira, dezembro 26, 2007

Ousadia de «outsider»

Antes de mais, a todos os amigos, companheiros das lides velocipédicas e demais leitores deste blog, faço votos de Boas Festas.
Na recta final de 2007, a volta do último domingo foi expressão do que se pretende nesta pré-temporada: terreno fácil e pelotão motivado. Depois de um longo trajecto em ritmo moderado, na subida para o Forte do Alqueidão, Sobral e descida para Merceana e Alenquer, foi já depois de Alverca, a caminho de Sacavém e Apelação, que houve já tardia e inesperada animação.
Tudo por «culpa» de um «outsider» que se juntou à passagem por Alverca e que após alguns quilómetros tranquilamente no nosso pelotão resolveu experimentar a capacidade do grupo, ensaiando uma ou duas tentativas de ataque, na passagem pela Póvoa de Santa Iria – na ocasião para alcançar o Zé-Tó que seguia ligeiramente – e calmamente – destacado. A sua audácia desencadeou a pronta reacção dos elementos que seguiam à frente do pelotão, liderados pelo Freitas, que, a partir daí, passou a fazer-lhe marcação «à roda», deixando o autor do atrevimento na posição incómoda de liderar o pelotão. Este não se fez rogado a aceitar o convite envenenado, não se sabendo se desconhecendo ao que estaria condenado!
Restabelecida a velocidade de cruzeiro, já com o Zé-Tó reabsorvido e o «outsider» a teimar em conduzir o grupo (bastava-lhe ter saído da frente...), eis que sucede outro ataque... mas do Nuno Garcia, passávamos pela fábrica de vidro da Covina. Forte e decidido a levar por diante a iniciativa, e beneficiando de o pelotão ter recebido instruções imediatas do Freitas para não reagir e deixar essa tarefa para o «outsider» - que voltou a não se fazer rogado! Estava visto que seria mais uma forma de castigo.
Aquele continuou a fazer pela vida, mas finalmente parecia ter começado a desconfiar da cilada. Sozinho na condução do grupo, passou a limitar-se a manter a velocidade, mas ainda continuando a desgastar-se até... à morte anunciada!
O primeiro golpe foi dado pelo Morais, antes de S. João da Talha, «ousando» contrariar a ordem estabelecida e desencadeando a pronta resposta do Salvador (devia estar a ferver há muito tempo), do Fantasma e do Pina, que se juntaram em quarteto. A manobra antecipou a machadada final no «outsider» e o início da perseguição desenfreada ao principal fugitivo (Garcia) que, entretanto, cimentara uma vantagem de algumas centenas de metros já difícil de anular até Sacavém.
No topo do cruzamento de S. João da Talha, o Freitas ataca muito forte no que restava do pelotão, provocando a resposta dos demais, mas deixando, de imediato, o «outsider» fora de jogo. A partir daqui, e ultrapassado o topo das «rações» a quase 50 km/h, o ritmo nunca mais parou até Sacavém – para a maioria – e até Loures – para mim, para o Carlos do Barro e o Salvador. Entretanto, o Freitas consegue juntar-se ao quarteto intermédio, que resistiu pouco ao andamento, desagregando-se após a Bobadela, mas o esforço não chegou para alcançar o Nuno Garcia até Sacavém, ao que faltou algumas dezenas de metros.
A partir daqui, e bem longe de casa, decidi manter a «embalagem» a caminho da Apelação, ao que aderiram apenas o Carlos do Barro (que se saúda) e do Salvador. Meti o meu ritmo a intensidade elevada (no limiar), mais em força que em velocidade (sem alterações súbitas), quase sempre acima dos 30 km/h, ao que o Carlos do Barro principalmente correspondeu muitíssimo bem. Por seu turno, o Salvador, após ter perdido o nosso contacto depois do Catujal, também não baixou o braços, nem mesmo entre o alto da Serra de Frielas (onde passou com 200 ou 300 metros de atraso) e Loures, e conseguiu recuperar muito bem, chegando a alcançar-nos com todo o mérito no Infantado. Neste particular, quero destacar a demonstração de grande nível, de ambos, nesta parte da tirada.

quarta-feira, dezembro 19, 2007

As datas das Grandes Clássicas de 2008

Na recta final do ano, nada melhor que começar a perspectivar o próximo. Com o nível do grupo cada vez mais alinhado «por cima», a temporada que se avizinha promete desde já interesse acrescido e a indispensável competitividade. Para isso, é fundamental «olhar» à distância para os objectivos - quem os tiver -, para os eventos e as voltas em que se pretende estar em melhor forma, para melhor os preparar.
Assim, eis a predefinição de datas de algumas das principais realiações previstas para a temporada de 2008 – sugestões naturalmente aberta a eventuais rectificações e à devida aprovação. Além das tradicionais Super-Clássicas de Évora e Fátima, também haverá algumas novidades!
Para assinalar a abertura da época, no primeiro fim-de-semana do ano (dia 6), como nos últimos dois anos, será a Valada (por Muge), aguardando-se por dia 2 de Março para disputar a primeira grande jornada de 2008: Évora (140 km).
Duas semanas depois (16 de Março), em plena lezíria ribatejana, será a vez da Volta de Santarém, já conhecida mas poucas vezes efectuada, que se pretende, a partir do próximo ano, estabelecer nos primeiros meses da temporada, dadas as suas características. O percurso é de ida em direcção ao Cartaxo e regresso por Almeirim, quase sempre em terreno plano (+150 km).
De seguida, chegará outra das duas «super» tradicionais: Fátima (13 de Abril), sensivelmente um mês depois da de Santarém.
Quanto às novidades absolutas, ficam à consideração de todos mas que surgem com o objectivo de criar mais voltas grandes, como as super-clássicas, mas sem a dependência de toda a logística que implica a deslocação a um ponto e um regresso por «outros meios». Assim, o Loures-Óbidos, com percurso de ida-e-volta idêntico, por Malveira-Torres e Bombarral e vice-versa (cerca de 160 km).
E o Loures-Bombarral, com ida por Alverca-Alenquer-Vila Verde dos Francos-Vilar-Cadaval e Bombarral; e regresso por Outeiro da Cabeça-Torres e Malveira (150 km).Sobres estas, obviamente, falaremos a devido tempo.

Seguem-se outras datas de outros voltas destacadas do nosso calendário habitual:
Montejunto (por Vila Verde dos Francos): 27 de Abril
Marginal-Sintra (Penina): 11 de Maio
Tripla Subida de Montejunto (semelhante à que foi realizada por alguns já este ano): 8 de Junho
Montejunto (por Pragança): 24 de Agosto
Serra da Estrela: 7 de Setembro
Loures-Óbidos: 28 Setembro
Loures-Bombarral: 26 Outubro

domingo, dezembro 16, 2007

Rápidas melhoras, João!

Há crónicas que não dão vontade de escrever. Principalmente, as que são marcadas por acidentes ou quedas envolvendo companheiros do grupo da bicicleta, mas piores se daí resultarem consequências físicas além de meros arranhões nos cromados. Como a queda de ontem, do João do Brinco, que lhe causou a fractura de uma clavícula. Estúpida como todas e inevitável como muitas. Principalmente as que sucedem por perda súbita de aderência: neste caso, devido ao piso gelado pela geada nocturna, numa curva da Chamboeira, que o fez perder o controlo da bicicleta, atirando-o ao chão. Consigo levou também o Sr. Zé, que seguia imediatamente atrás, embora, felizmente para este, com consequências muito menos graves.
A armadilha estava bem dissimulada, no interior da curva, mesmo no limite do asfalto, e quem passou por lá meros instantes antes chegando a derrapar, ainda alertou para o perigo, em vão. Mesmo com precaução redobrada e a velocidade reduzidíssima (para aquele local) não terá sido possível evitar o acidente. Queda desamparada, pancada seca no chão, com o ombro a suportar todo o peso do corpo, provocou a fractura – imediatamente diagnosticada pelo próprio, que, corajosamente, manteve-se sempre tranquilo e sem aparentar maior sofrimento.
Pior foi esperar cerca de meia hora sob temperatura gélida por uma ambulância que veio de Bucelas, que não dista mais de 5 km daquele local. Felizmente, o estado de saúde das vítimas não inspirava mais cuidados – era «só» uma fractura!
Enfim, resta desejar rápidas melhoras aos acidentados – principalmente ao João, já que o Sr. Zé parecia estar apenas dorido, optando bem por regressar imediatamente a casa (de bicicleta). Também para ele a manhã estava «ganha».
Os demais (eu, Freitas, Salvador, Steven, Zé-Tó, Samuel, Filipe e Carlos do Barro) completaram, sem mais incidentes, a volta que estava prevista (Belas), num percurso que apesar de relativamente curto (70 km) nada tem de fácil. À excepção de um ou outro sprint individual (meu) nos topos, o andamento moderado foi sempre a tónica dominante, e só na subida final para Montemor eu, o Salvador e o Freitas esticámos mais a corda... até partir!

terça-feira, dezembro 11, 2007

Voltinha higiénica

Entre vários percalços, um furo, a alteração do trajecto a meio da tirada, condições climatéricas incertas e o pelotão que andou meio percurso desgarrado marcaram a volta deste domingo, que acabou por ter cariz nitidamente diferente do habitual, bem higiénico, por sinal, resultando num treino bastante produtivo.
Metade do grupo em que me incluía ficou no Carregado e do que seguia isolado por ter arrancado mais cedo de Loures só restou um duo em Pontével, só aí se juntando ao primeiro, quando já metade da distância total tinha sido percorrida.
Deste modo, do grupo principal, que além de mim incluía o Freitas, o Rui Scott, o Nuno Garcia, o Miguel Marcelino, o Quim, o João do Brinco e um companheiro pouco habitual na sua estreante Six13, a partir do Carregado restaram apenas três primeiros e este último. Os demais, fizeram inversão de marcha por motivos vários.
A partir daqui, o ritmo do quarteto aumentou claramente com intuito de se juntar finalmente ao grupo que seguia à frente desde Loures (ZT e o pai, o sr. Zé, Salvador, Jony, Carlos do Barro e o Steven) e que assim se mantinha devido a várias demoras ocorridas atrás, a maior devido a furo à entrada de Vila Franca. Entre o Carregado e o cruzamento de Cruz do Campo, eu, o Freitas e o Rui partilhámos as «despesas» a boa velocidade mas só em Pontével alcançámos os dois únicos resistentes do grupo dianteiro (ZT e Salvador), que nos aguardavam, depois de, entretanto, terem perdido a restante companhia ainda antes de Azambuja. A ligação em terreno irregular ascendente para Aveiras de Cima foi tranquila, a permitir boa gestão de forças, e daí, de regresso a Azambuja, deslizou-se...
De resto, como disse, o cariz nitidamente diferente desta volta ficou bem provado no correcto revezamento entre quase todos os elementos durante o troço Azambuja-Carregado, permitindo rolar acima dos 30 km/h com grande facilidade e sem desgaste.
À chegada a Vila Franca, ainda tempo para o habitual sprint, que, como nas mais recentes ocasiões, não teve despique, apenas união de esforços no lançamento para a explosão final do Freitas. Diferente, mas tão intenso como a versão competitiva!

Notas de observador

Quando refiro o «cariz nitidamente diferente» da volta de ontem faço-o, como se percebe, de forma 100% elogiosa, principalmente por ter proporcionado algumas situações pouco habituais na interacção do grupo, promovendo a cooperação de que é exemplo o interessante exercício de revezamento constante no trabalho de condução do pelotão - como o que se praticou entre o Azambuja e o Carregado. À mencionada «diferença» não é obviamente alheio o facto de a tirada não ter tido a mesma «abordagem competitiva» habitual. Não quer dizer que essa competitividade, desde que saudável, não seja igualmente merecedora de elogio. Pelo contrário, tem a função de contribuir para momentos de «bom ciclismo» e é indispensável à melhoria do desempenho individual. O que sucedeu ontem foi, acima de tudo, um bom exemplo de que os domingos podem ter um pouco de tudo...

Foi interessante observar os benefícios do revezamento na passagem pela frente por parte de todos (ou a esmagadora maioria) dos elementos de um grupo, que, como se viu, não precisa de ser muito numeroso. Bastou reparar na eficácia e aparente facilidade «colectiva» com que o nosso pequeno pelotão (6 elementos) galgou rapidamente e sem grande azáfama umas boas centenas de metros a outro ciclista que nos ultrapassou na Azambuja e decidiu rolar isolado a caminho do Carregado. Não se tratava de um rolador possante, mas foi abismal a diferença de esforço e de performance, mesmo que só ligeiramente acima de 30 km/h.

segunda-feira, dezembro 03, 2007

Crónica de Alcoentre

Excelente tirada em terreno maioritariamente plano, que demonstrou, uma vez mais, que é necessário ter «brevet» de boa de forma para integrar, em boas condições e em toda a extensão do percurso, as voltas domingueiras do grupo do Pina Bike. De resto, isso nem sequer é novidade, quer se goste quer não...
De qualquer modo, o que se assistiu ontem, durante os cerca de 120 km (distância importante mesmo em relevo plano), foi a um desempenho muitíssimo elevado da esmagadora maioria dos elementos do pelotão. Precisamente, por ter sido a «esmagadora maioria» é que é mais louvável. Tal desempenho, reflecte-se, não pelo natural abaixamento de forma dos «papa-quilómetros» nesta altura do ano, mas por maior apuro físico e envolvimento dos demais. Saúda-se, portanto!
Para mais, nem sequer se pode alegar que o andamento foi brando ao ponto de «poupar» os que treinam menos, e embora a ausência de subidas selectivas tivesse ajudado a atenuar as diferenças, a verdade é que foi evidente o bom nível de alguns habitualmente mais reservados: casos do Samuel, do João do Brinco e do ZT, entre outros. Repito: saúda-se!
Aliás, como se disse, a velocidade não foi justificação, pois, na maioria do percurso o ritmo de cruzeiro andou bem acima dos 30 km/h, sem que houvesse, da parte de nenhum desses elementos, qualquer sinal evidente de fraqueza. Pelo contrário!
Trabalho apreciável fez o Renato, a estrear o prato... 53! Durante mais de metade do trajecto utilizou-o e bem, conduzindo o pelotão sem «esperar» grande ajuda. A velocidade que imprimiu foi, todavia, moderada, beneficiando-o, - e à sessão de treino que certamente pretendia cumprir - e beneficiando, com isso, a coesão geral.
Obviamente, não puderam faltar alguns momentos de maior intensidade – principalmente no topo de Alenquer; na passagem sempre rude pelo carrossel da Espinheira e à chegada ao Carregado -, em que outros também contribuíram. Em todas as situações, o pelotão não vacilou ou vacilou pouco, e ainda menos perante as diversas tentativas de três ou quatro «forasteiros» (que se juntaram na primeira passagem pelo Carregado), que a partir de Azambuja agitaram o andamento. Foi uma série de mudanças bruscas de ritmo – sendo o mais activo um jovem corredor da equipa Fonotel, certamente a aproveitar para treinar –, mas com o pelotão a rolar a 40 km/h era difícil a quem quer que fosse ir longe...

Notas de observador

Nem sequer vale a pena classificar o empedrado de Vila Franca! Como tal, o mínimo que se deveria fazer para atenuar o seu efeito nefasto no corpo e no próprio material era passar por lá com especial moderação, o que cada vez menos sucede. Além desse desgaste duplo, existe outra consequência ainda mais evitável: esfrangalha-se por completo o pelotão, sendo causa, não raras vezes, de irremediável atraso de alguns elementos com mais dificuldades em «absorver» a trepidação – entre eles, destaca-se o sr. Zé (pai do ZT), cujo empenho em tentar acompanhar o maior tempo possível o grupo nas voltas é indesmentível... e não menos louvável. Essa intenção tem muito mais probabilidades de se concretizar em terreno plano, como no eixo Loures-Alenquer ou Azambuja, do que quando a volta envereda rapidamente por relevo mais desnivelado, mas as suas esperanças caiem por terra quase sempre no pavé de Vila Franca. Demasiado cedo. Não havia necessidade, digo eu!

Mais um caso de falta de conhecimento do percurso e de iniciativas desnecessárias: o Salvador pensava que o caminho, a partir de Alcoentre, era em direcção a Manique do Intendente, e decidiu cortar no cruzamento... certo, no interior dessa localidade. Só que o percurso não era esse – era para Aveiras. O pelotão ainda o alertou, mas o bom do Salvador não se deve ter apercebido – certamente pensava que era o grupo que estava enganado e que poderia ganhar alguma vantagem com a escolha acertada -, e assim foi à sua vida... sozinho. Por isso, mais uma vez alerta-se para o facto de, em caso de dúvidas sobre o trajecto da volta, estas devem ser esclarecidas no início com quem o saiba fazer e muito menos se devem tomar decisões isoladas a meio do percurso. Quando se deu pela sua falta, em Aveiras, o telefonema do Pina já foi tardio!

quarta-feira, novembro 28, 2007

Etapa do Tour 2008

Como referi na última crónica que publiquei neste blog, a Etapa do Tour de 2008 assinala o regresso do verdadeiro espírito da prova, que é, indiscutivelmente, a mais prestigiada de todas as «ciclodesportivas» internacionais, imbuída de uma «magia» só possível perceber, na sua plenitude, por quem nela já participou.
Pelos vistos, a organização (a mesma da Volta à França) compreendeu, finalmente, que tinha muito a perder ao continuar a insistir na escolha de etapas-maratona, a roçar os 200 km, mais do que manter as características de alta montanha, indispensáveis ao misticismo do evento. Assim, ficam as montanhas lendárias do Tour, mas reduz-se a distância para uma quilometragem, digamos, mais praticável.
Com isso, ganham os responsáveis da prova e os seus participantes. Os primeiros garantem que não haja desistência massiva de concorrentes (de presença e de abandonos, como nas últimas edições), uma vez que os requisitos físicos mínimos para realizar a prova baixam significativamente em relação, por exemplo, ao verdadeiro calvário de 2007. E beneficiam os ciclistas, que podem encarar a prova de uma maneira mais segura e optimista, menos restringidos ao objectivo de... só querer terminá-la.
Mas o que reserva o percurso? Uma jornada lendária, sem dúvida, com o Tourmalet e o Hautacam como pratos fortes. O traçado é algo semelhante ao da edição de 2001, que teve partida em Tarbes (agora será em Pau, lá muito perto) e chegada a Luz Ardiden, também em altitude. Pelo meio, havia o Col d’Aspin e o Tourmalet, este também pela vertente de La Mongie, como será em 2008. A distância foi pouco mais de 150 km – agora será 165 km. Mais longa, mas mais acessível sem a terceira montanha.
Desta vez, só há duas grandes montanhas (Tourmalet e Hautacam) e um longo percurso inicial praticamente plano, ou quase. Todavia, não se pense em facilidades. Será altamente selectiva – principalmente pelo facto de terminar no alto – e dedicada a quem tem mais facilidade em alta montanha. Logo, os trepadores estarão em vantagem, principalmente depois de passarem o melhor possível o terreno rolante durante mais de metade do percurso (cerca de 90 km) até ao início da longa ascensão ao Col du Tourmalet.
A partir daí, separam-se as águas. É altura de meter o ritmo para transpor, para prevenir más surpresas, este colosso dos Pirenéus com mais de 23 km, embora a subida propriamente dita tenha «apenas» 17 km. Esses primeiros 5 km são irregulares e mesmo já dentro da subida (após a localidade de Saint-Marie de Campan) os 4 km seguintes são suaves. Depois destes, sensivelmente a partir de Grip, deve-se contar com 13 km sem descanso, a uma inclinação média superior a 8% – como quem diz, subir a Serra da Estrela da Covilhã (do cruzamento da via rápida) até ao Sanatório. A distância, inclinação e o nível de esforço são praticamente semelhantes...
Falar do Tourmalet, pode resumir-se a uma simples frase: qualquer praticante de ciclismo que se preze e aprecie a modalidade em todo o seu esplendor, goste ou não de montanha, deve ter subido, pelo menos uma vez, este Col mítico, eternizado por tantas batalhas épicas entre os maiores campeões do Tour de França. Não pela sua dificuldade extrema (que não tem...) ou pela paisagem magnífica (que tem...), mas porque é a Meca do ciclismo. Ponto!
Bem, voltando à prova, após subir o Tourmalet está concluída a segunda parte da etapa, sendo que a primeira será a fase plana até ao sopé do Tourmalet. Segue-se uma longa descida fundamental para retemperar forças e – muito importante, alimentar-se –, antes de enfrentar a última dificuldade: Hautacam. A ligação é uma longa descida, mesmo depois da descida do Tourmalet (só os 3/4 primeiros quilómetros são muito técnicos) que termina em Luz Saint Sauveur (belíssima vila) seguem-se cerca de 15 km, a maioria em descida rápida – tipo Sobral – até ao início de Hautacam.
Então, com mais de 150 km nas pernas, vai tornar-se verdadeiramente difícil, uma vez que é uma subida muito mais «áspera» que o próprio Tourmalet, com algumas passagens a 11 e 12% (a fase mais inclinada do Tourmalet é o atravessamento da estação de Inverno de La Mongie, com cerca de 2 km sem baixar dos 10%, embora a fase final, acima dos 2000 metros de altitude e com pendente muito constante entre os 8-9%, se faça muito dura!
Será pois, nos 15 km do Hautacam que a coisa irá «moer»... O figurino será o mesmo do Tourmalet – quem sobe melhor vai ter vantagem, mas agora com um enorme condicionante: o estado de frescura física nessa altura. Forças reservadas nas duas primeiras fases da etapa ajudarão sobremaneira nesta última. A iminência do final da prova também poderá encorajar, mas, em caso de debilidade, o rendimento será brutalmente afectado. Conte-se com uma hora de subida, na melhor das hipóteses! Ou seja, mais uma Serra da Estrela, pela Covilhã mas agora até às Penhas da Saúde.
Em suma, quem quiser «passar bem» a próxima edição da Etapa do Tour, tem, uma vez mais, de estar em superforma, conseguir subir desníveis de alta montanha sem acumular demasiado esforço e rolar de maneira inteligente na primeira fase da prova, sem cometer excessos (e excessos ocorrem, inclusive, sentindo-se bem... na altura!) e sempre integrado nos grandes pelotões. De resto, há duas pequenas contagens (provavelmente de 4ª categoria) nessa fase, dita plana, que devem ser encaradas como... subidas!
Etapa do Tour 2008, um privilégio...

segunda-feira, novembro 26, 2007

Ritmos inconstantes

Bastante concorrida a volta domingueira deste fim-de-semana. O tempo frio mas ensolarado ajudou a que tivesse sido um pelotão numeroso, embora heterogéneo no nível de forma da maioria dos seus elementos e também na predisposição para completar o trajecto previsto, o que saiu de Loures em direcção a Guerreiros. Por isso, foi um grupo praticamente reduzido à sua terça parte que cumpriu os cerca de 90 km totais.
O relevo ondulado propiciava a ritmos inconstantes, com pouca relevância para o abrigo das rodas a não ser nas longas descidas que houve, quando o vento soprava contrário. Porém, o andamento só se tornou mais selectivo – e sempre para os ciclistas que estão em menor forma –, a partir da Póvoa da Galega, altura em que começou a haver acelerações à frente e principalmente quando o Jony passou pela frente, impondo um ritmo que fez estirar o pelotão. Até aí, mesmo na sempre complicada ligação entre Loures e a Venda do Pinheiro, e no sobe-e-desce da Roussada para o Milharado, a toada tinha sido moderada.
Animado pelo andamento vivo à chegada ao Vale de S. Gião, um pequeno grupo destacou-se na descida para Bucelas, mas, ao contrário das últimas ocasiões, a iniciativa – que contava com os «obrigatórios» Fantasma e Salvador – não ficou muito tempo (ou tempo a mais!) sem resposta, desencadeando-se uma perseguição empenhada do pelotão – ou pelo menos, de parte dele – que anulou a fuga à entrada da subida do Cabeço da Rosa. A partir daqui, o Freitas acelerou e provocou (ainda) maior selecção, restando apenas um quarteto na frente à passagem por Alverca: eu, o Freitas, o Nuno Garcia e o Salvador.
À entrada para a dificuldade seguinte, a subida de A-dos-Melros, a constatação de que ninguém se juntava fez com que a sua transposição fosse pouco mais que um mero passeio em amena cavaqueira – que, aliás, tão bem soube! De resto, só à saída de Arruda chegaram mais elementos, entre os poucos resistentes (ZT, Pina, Carlos do Barro e o «obrigatório» Abel), deslizando-se em direcção a Cadafais, e só os derradeiros dois quilómetros foram mais forçados, para mim, que decidi enfrentar o vento pedalando pesado. No Carregado, o Freitas e o Nuno Garcia (que está em bom momento) disputaram o sprint, que se repetiu em Vila Franca, aqui com o Pina e o Salvador a juntar-se ao Freitas, culminando um trabalho tripartido (Freitas, Nuno e eu) desde o Carregado e após um lançamento a 50 km/h.
Para mim, nesta pré-temporada, foi bom voltar a ultrapassar a barreira dos 120 km.

Notas de observador

Realce para o regresso do Nando, cuja presença assídua tanta falta faz ao grupo, em prol da maturidade do colectivo e da sã camaradagem. Logo ele voltasse a exibir o estado de forma dos velhos tempos...

Outro regresso, o do Rui Scott, a recuperar de intervenção cirúrgica e naturalmente distante da boa forma que tão bom cartel deixou no último Verão. Ávido de voltar, o mais rapidamente possível, ao pleno das suas capacidades, não se coibiu de enfrentar a volta domingueira com um bidão cheio de areia a servir de lastro. Compreendo a sua intenção, mas creio que, nesta altura, quando as forças são escassas, seria melhor não «criar» mais dificuldades ao corpo na complicada tarefa, por agora, de fazer avançar a bicicleta. Quando as pernas estiverem boas, então sim, será conveniente acentuar-lhes a carga para que se esforcem mais. Boa novidade: perspectiva estrear-se, no próximo ano, na Etapa do Tour.
Por falar em Etapa do Tour, assinale-se o regresso ao verdadeiro espírito da prova, devido à escolha de traçado muito mais equilibrado que nos últimos anos (principalmente os dois anteriores), onde se entrou em verdadeiras maratonas de superação humana. A distância é mais «praticável» (165 km) e não faltam montanhas míticas, novamente nos Pirenéus: o Tourmalet, a mais célebre deste sistema montanhoso e quiçá de todo o ciclismo, e o Hautacam, onde coincide a meta. Portanto, chegada em alto, como deve ser! Em futura ocasião, farei uma abordagem mais completa sobre este fabuloso evento.

segunda-feira, novembro 12, 2007

Alenquer: a fuga que durou...

A volta deste domingo esteve à altura das expectativas geradas pelo culminar de uma semana muito animada neste blog. Fundamental para o interesse da tirada foi uma longa fuga, desta vez com méritos plenos para os seus (dois) protagonistas, lançada e concretizada nas «barbas» do pelotão. Os seus autores: o Fantasma e o Salvador, tantas vezes em férrea luta e marcação mútua incisiva foram, também devido a isso, parceiros em eficaz colaboração, como se impunha logo que a fuga se desenhou.
O Fantasma tentou a sorte e a sua «sombra» seguiu-o, aproveitando, ambos, a habitual desestabilização do pelotão à passagem pelo irregular empedrado de Unhos, ainda com longo percurso até Alenquer – precisamente onde iniciava a principal subida do dia, para Perrotes.
A planura do relevo era favorável principalmente ao Fantasma, bom rolador, mas também não facilitava a missão aos fugitivos no duelo com o pelotão. Saíram, pois, claramente a ganhar os escapados, que souberam levar a vantagem até já «dentro» da subida – mesmo que apenas o Salvador, devido a furo do seu colega em Castanheira do Ribatejo, percalço que ditou a quebra do duo em, momento pouco indicado para o seu objectivo, exigindo esforço redobrado ao único resistente nesta façanha de mais de 40 km.
O que contribuiu para a aventura ter sido tão anormalmente duradoura? Além do excelente desempenho dos seus intervenientes, o facto de a perseguição, no pelotão, ter estado praticamente restringida a dois elementos: eu e o Freitas. Quanto à ausência de colaboração dos restantes, há pouco a dizer! Apesar de o grupo ter sido numeroso e lá não faltarem interessados em que a fuga não vingasse, a verdade é que quem mais lucraria com a anulação seriam os mais fortes e que sobem melhor. Precisamente, eu e o Freitas, embora na ocasião também o Nuno Garcia ou o Carlos do Barro pudessem lucrar.
Por isso, a perseguição exigiu esforço e aplicação dos dois que a conduziram (o João do Brinco passou brevemente pela frente depois da Castanheira), e apenas o impasse que custou preciosos segundos (algumas dezenas, certamente), à entrada de Alverca, aguardando pelo Steven, foi único factor «terceiro» a jogar a favor do fugitivos. Embora o pelotão rodasse quase sempre em passo certo, com andamento por vezes vivo, a vantagem da fuga deve ter estabilizado em cerca de 2 minutos e assim durado pelo menos até ao furo do Fantasma. Sempre sem contacto visual (e o que isso ajuda os fugitivos!), este cálculo faz-se ao avistarmos o Salvador à saída da rampa mais dura da subida, tendo este cerca de 1 minuto de vantagem sobre mim e o Freitas. Ou seja, de 2 minutos, o Salvador deverá ter perdido cerca de 20 a 30 segundos depois de ter ficado sozinho, após Castanheira, numa altura em que o vento se fazia sentir mais, e mais 15 a 20 segundos na primeira fase da subida.
Para dar uma melhor ideia da situação, refira-se que o Salvador, depois de ter sido alcançado a cerca de 2 km (sensivelmente a meio da subida) ainda perdeu 45 segundos para nós até ao alto. Entre mim e o Freitas, a subida foi discutida palmo-a-palmo, a boa intensidade, com ele a fazer valer a sua maior capacidade de explosão nos metros finais. Ele geriu muito bem a subida, talvez nem se tivesse apercebido que o fez e como o fez, mas assim manteve-se a salvo de quaisquer «eventualidades».
O Nuno Garcia e o Salvador chegaram a par, o Zé-Tó foi o quarto homem depois de excelente subida (não perdeu mais de 1m30), tal com o João do Brinco, que não demorou muito mais.A partir daqui, a ritmo foi muito moderado, inclusive na Carnota, e só voltou a atingir níveis elevados na descida do Alqueidão para Bucelas, onde houve muito bom revezamento nalguns elementos do (que restava do) grupo. Há uma semana, a velocidade média foi de 47 km/h – ontem foi 48 km/h! Aproxima-se a barreira dos 50...

segunda-feira, novembro 05, 2007

Ereira e mais!

O encadeamento quinta-domingo foi bom para aproveitar o esplêndido Verão de S. Martinho e «manter os níveis» habituais todo o ano. No feriado, dia 1, uma voltinha bem conhecida pelo Sobral, Merceana, Carregado, Arruda e Alverca; e no domingo, bem mais exclusiva e selectiva etapa, para a Ereira.
Na quinta-feira, houve quase sempre ritmo certo, moderado nas dificuldades iniciais, exceptuando a ligação do Tojal até alcançarmos o grupo que arrancou adiantado de Loures, já em plena subida para o Alqueidão. Depois, sim, rolou-se sem grande intensidade até aos Cadafais.
Destaca-se, porém, a «espécie de fuga» do Fantasma a partir do Sobral, ao não ter parado para o habitual reagrupamento, que lhe permitiu seguir isolado até Aldeia Gavinha, quando o pelotão o alcançou após perseguição liderada pelo Freitas e o Salvador. De resto, o Fantasma não se fez rogado com a chegada do grupo e conduziu-o até Carregado, onde deu por concluída o seu ensaio para a maratona de Santarém, onde teve um desempenho meritório a atentar pela classificação – 84º entre 400 participantes.
Entre Cadafais e Arruda a coisa aqueceu bastante. Depois de duas ou três acelerações, a questão tornou-se rapidamente um mano-a-mano entre mim e o Freitas. Foi «rasgadinho» e chegou a empolgar, mas, no final, não fez diferença digna de registo, embora ele tenha aguentado muito bem dois ou três metros no sprint final.
Antes, a coisa chegou a estar bem picante, permitindo inclusive tirar «alguns» azimutes. De tal modo vínhamos desvairados, que mal vimos o Carlos Coelho, de Salvaterra, e um seu companheiro, à beira da estrada quase a chegar a Arruda. Seguiram, depois, com o nosso grupo em direcção a A-do-Barriga.

Ereira
No domingo, a tirada punha-se mais séria com o pitéu da Ereira e um sobe-e-desde constante desde Loures e no regresso. Desta vez, fez-nos companhia o camarada Paulo Pais, que se juntou ao grupo na Malveira – precisamente quando se «perdeu» surpreendentemente um dos seus principais protagonistas: o Freitas seguiu o exemplo do Fantasma na quinta-feira e seguiu directo para Vila Franca do Rosário sem aguardar pelos retardatários. Só cerca de 3 minutos mais tarde arrancaram os últimos da rotunda da auto-estrada. A nova «espécie de fuga» deu em carta fora do baralho na Ereira, e foi pena (para ele próprio!) porque a subida da Ereira é uma subida-bastião da nossa região, obrigando quase sempre a deixar lá a pele.
No domingo não fugiu à regra, jogando-se a três – entre mim, o Paulo Pais e o Renato. Começo por fazer as despesas à entrada, passando o Renato a impor o ritmo ainda durante as duras inclinações irregulares do primeiro quilómetro. Cumprido este, o Paulo Pais faz a primeira alteração de ritmo, obrigando-nos a responder com empenho, mas que foi insuficiente para evitarmos que abrisse um fosso de cerca de 5 metros. O Renato não se fez rogado a conduzir a perseguição (dispensando-me...), que foi árdua mas teve êxito pouco antes dos derradeiros 1,5 km, os mais duros da subida. Então, ele, em minha opinião, joga mal: procura forçar o ritmo, precisamente quando a ascensão e a própria visão que se tem da interminável rampa que liga à localidade se fazem duríssimas. Os primeiros sinais de quebra foram um convite ao experiente Paulo Pais, que volta a acelerar e a destacar-se, agora cerca de 10/15 metros.
A questão tornava-se mais aberta e, para mim, chegava a altura de posicionar-me melhor sob risco de ficar... sem riscar nada! Larguei o Renato em nítida perda e procurei manter uma distância recuperável para o Paulo. Sem conseguir mudar de ritmo para chegar à sua roda, limitei-me a esperar que viesse a quebrar, mesmo que ligeiramente, para fechar o espaço, notando-se que pedalava muito no limite. Foi o que veio a acontecer. Quando deu sinal de fraqueza forcei para o apanhar, e mesmo ultrapassando-o fomos juntos até ao alto, logo seguidos pelo Renato, que reentrou o seu ritmo e recuperou muito bem na parte final.
O quarto homem foi o Salvador, a enormíssima distância dos restantes, que, pelo semblante desanuviado, fizeram uma subida... descansada.
No regresso, ainda houve uma selectiva chegada ao Sobral (a subida desde a Merceana), no seguimento de um trabalho digno de realce do Paulo a partir de Freiria. Impôs um andamento rijo, sem quebras, a seleccionar o grupo a um quarteto (ele, eu, o Freitas e o Renato), aplicando ainda dois ou três «toques de bateria» que sem dúvida causaram danos aos demais. Por isso, quando arranquei, no final, até um homem possante como o Freitas teve dificuldade em responder. Para terminar, em excelente colaboração, eu e Freitas, descemos o Alqueidão para Bucelas à média de 47 km/h.
Importa dizer, ainda, que até à Ereira a etapa não foi menos interessante, destacando-se a prestação exemplar do pelotão, principalmente na subida de Catefica e de Sarge.

domingo, outubro 28, 2007

Enfim, o defeso...

Esta semana, a habitual crónica da volta domingueira fica à responsabilidade de um dos seus participantes, como, aliás, já sucedeu em ocasiões anteriores. Tomem a «palavra», então, os intervenientes...

Quanto a mim, a entrada do «defeso» em definitivo justificou a ausência. Chegou o momento de reduzir a actividade física ao mínimo indispensável, retemperando forças e evitando intensidades altas e a sua tentação (irresistível em saídas de grupo). E ainda mais importante, aproveitar para estar mais perto da minha família, compensando-a (ou tentando!) do muito e precioso tempo em que esteve privada da minha companhia durante este longo e preenchido ano desportivo.

quinta-feira, outubro 25, 2007

Clássica de Torres

Próximo domingo (dia 28) - Clássica de Torres
Velha conhecida, com traçado no sentido do Forte de Alqueidão, Sobral e Runa, e regresso por Vila Franca do Rosário e Malveira.
Distância aprox.: 82 km

ATENÇÃO! A HORA MUDA NO DOMINGO!

ATRASA-SE 1H00! ÀS 8H30 (hora de patida) SERIAM 9H30!

terça-feira, outubro 23, 2007

Instantâneos do Caneira-Óbidos

Eis algumas imagens do Caneira-Óbidos, do último domingo (gentilmente cedidas pelo camarada Carlos Coelho). Tudo o que se vê é relaxe e sorrisos rasgados, mas nem sempre foi assim!...























segunda-feira, outubro 22, 2007

Caneira-Óbidos 2007: a crónica


O 1º «Caneira-Óbidos» foi um enorme sucesso! Cumpriu, praticamente na perfeição, o objectivo proposto para esta jornada-convívio de final de temporada organizada pelo camarada Paulo Pais – a quem, desde já, rendo homenagem pelo empenho e espírito de companheirismo inexcedíveis com que soube conduzir as operações.
A forte adesão ao evento foi demonstração cabal do seu êxito. O pelotão que se reuniu, às primeiras horas da manhã, no Livramento, contava com cerca de 40 elementos, entre amigos, velhos e novos conhecidos, na maioria habituais adversários nas corridas federadas de veteranos, aceitaram o repto do Paulo, contribuindo, sem excepção, para excelente jornada de ciclismo. Lá estiveram elementos das equipas Janotas & Simões, Amiciclo Grândola, Viveiros de S. Lourenço, entre outras, não faltando um destacamento dos domingueiros Pina Bike, composto por mim (Ricardo), Freitas, Renato, Salvador e o líder: Grande Abel.
Pouco depois das 9h00, o pelotão lançou-se à estrada para cumprir os cerca de 107 km, de ida e regresso, à lindíssima vila de Óbidos. O dia amanheceu nublado e nos primeiros quilómetros, a ritmo moderado, sentiu-se demasiado a frescura até ao início da subida de Catefica. Depois e até Óbidos, a «temperatura» no pelotão não foi mais do que... amena.
Durante a primeira parte do percurso (cerca de 53 km até Óbidos, onde o pelotão parou durante alguns minutos para reabastecimento líquido), o andamento foi leve, a espaços mesmo muito leve, o que pôde ter surpreendido considerando a «natureza» dos participantes. Todavia, cumpriu-se «regra» que ficara estabelecida – a corda deveria soltar-se no regresso.
Houve apenas um momento que chegou a gerar algum nervoso miudinho: o Abel furou à entrada de Torres e durante o impasse para aguardar a sua reintegração o pelotão fraccionou-se em dois, sendo que o segundo grupo, às voltas pela nova variante da cidade, só mais tarde se apercebeu que o Abel após ter trocado a roda atalhou pelos arruamentos do centro (conhecimento preciso do terreno, lá está!). Então, para os detrás a eventualidade de os da frente aproveitarem a situação dificultando a recolagem. Não foi isso que sucedeu, e bem. O grupo dianteiro «marcou passo» e não foi necessário grande esforço para o detrás recuperar. Depois deslizou-se até Óbidos, onde se cumpria uma média ainda assim bastante simpática de 30,5 km/h.
O regresso

Uma vez, de novo na estrada, o pelotão demorou a abrir as hostilidades que se previam. Entre Óbidos e Bombarral, apenas se saltou 3 ou 4 km/h, para uma velocidade de cruzeiro, em falso plano ascendente, que raramente subiu dos 35 km/h. Nesta altura, o Renato partilhava a condução do grande grupo com o João Aldeano, mas o «nosso» estava mesmo empertigado e não demorou a dispensar parceria, acelerando à frente na subida para o Bombarral – onde um ligeiro percalço na escolha do caminho cortou, de novo, o ritmo.
Aguardou-se, então, pela saída do Bombarral. Estrada ampla, bem asfaltada, não haveria melhor palco para altas cavalgadas. Mas a coisa demorava a «pegar». E teve de ser novamente o Renato a dar o mote. Não saiu com força, mas com pedalada suficientemente vigorosa para começar a ganhar metros com rapidez.
As tropas reuniram-se de pronto, mas durante algum tempo não houve quem ousasse tomar a iniciativa da perseguição. Fê-lo, então, o João Aldeano – e alto e bom som: «É para anular já ou quê?». Nem precisou de esperar pela resposta. Lançou-se na perseguição e desencadeou fortes movimentações no pelotão. A partir desse momento, finalmente estava lançada a «corrida»...
O Renato não demorou a ser absorvido e a haver novos ataques. E novas perseguições, e mais ataques – e uma tentativa do Freitas para se isolar, sem êxito. E de outros, também condenadas ao malogro. Impossíveis naquelas condições!
Não se parou mais até Torres. Depois da longa subida para Outeiro da Cabeça, muito rápida a descida, a espaços acima dos 50 km/h. Alta velocidade. Eis o primeiro topo mais acentuado, de 500 metros. O pelotão passa e nem se dá por ele – pelo topo, entenda-se! Bom sinal: os Pina Bike estão no primeiro grupo – à excepção do Abel.
As acelerações sucedem-se e o andamento não cai nem por instantes. Os Pina Bike não largam os primeiros postos. O Renato sempre muito activo, a impor andamento pesado, o que acabava por lhe custar alguns metros e esforço de recuperação sempre que saíam ataques detrás. Algum nervosismo a mais do Freitas no desencadear de cada perseguição. Para mim, estava (mais ou menos...) controlado. Ainda fechei alguns espaços, sem grande desgaste.
Repito: àquela velocidade, naquele terreno seria muito difícil a alguém destacar-se do pelotão – mesmo a um pequeno grupo. O «pro» da Antarte também esteve na liça e foram dele uma ou duas mudanças de velocidade a merecer resposta aplicada. Pareceu-me o único capaz de surpreender. Naturalmente. Mas nem ele.
A selecção

A subida do Ameal apresentava-se com o último ponto de selecção. Aproveitando o andamento forte à cabeça, mantenho-me nos primeiros postos e salto para frente nos últimos 100 metros. Até ao alto ganho 10/15 metros para um trio de que fazia parte o Freitas e um Janota. Os Janotas, em maioria, estiveram sempre muito mexidos. «Aponto» para a descida e aguardo pela sua chegada do trio. Mas não houve entendimento e o pelotão (ou o que restava dele) fechou rapidamente a distância.
Até ao cruzamento da estrada da Lourinhã/Torres, ainda voltei a forçar no último topo, mas incapaz de fazer qualquer diferença para o pelotão que rodava a alta velocidade. O primeiro grupo contava com 17 unidades – e todos os Pina Bike incluídos (como anteriormente, à excepção do Abel). Muito bem! Entre Bombarral e Torres Vedras, a média foi superior a 40 km/h!
Em Torres aguardou-se pela reintegração do Abel e dos mais que foram ficando para trás nos 20 km precedentes... Com isso, o pelotão não voltou a rodar compacto de regresso ao Livramento.
Tempo ainda para esgotar o depósito (como bem disse o Renato!), mas agora numa «questão» exclusiva aos Pina Bike’s – entre mim, ele e o Freitas. Foram os únicos a irem no meu encalço, à saída de Torres, quando o aperto do meu horário (familiar/profissional) já não permitia andamento de descompressão. Média final: 33 km/h.
A seguir ao «tratamento», para os restantes seguiu-se merecida comezaina e tertúlia pela tarde dentro. Repito: iniciativa com enormíssimo êxito, creio que opinião partilhada por todos os que nela participaram. A repetir! E não só uma vez por ano! Parabéns e muito obrigado à rapaziada e especialmente ao Paulinho! Quem mais, senão ele, para juntar, em sã convivência, tantos «galos»!?

Notas de observador

À chegada a Óbidos, o Renato afirmava estar um pouco defraudado com o andamento «demasiado baixo» registado até aí. Disse que esperava «mais» de um pelotão com tantas «feras». Queria mais. Não concordei, mesmo compreendendo o motivo do seu descontentamento. No meu ponto de vista, a sua opinião pecava por defeito... de antecipação. Como se provou, no regresso, naqueles 20 km de aço. De resto, mesmo em relação ao andamento na primeira parte do percurso, até a própria média, superior a 30 km/h (incluindo o furo do Abel), não justificava a insatisfação. Inclusive de quem está com «ganas» de dar largas ao exponencial momento de forma que atravessa. E houve tempo para fazê-lo! Mas se a média tivesse sido 1 ou 2 km/h mais alta, creio que também ninguém se queixaria!

De qualquer modo, em abono da posição do Renato, há um facto que passo a descrever. Esta jornada acabou por não ser tão exigente como um memorável treino no início de Junho deste ano, com um grupo muito menos numeroso – além de mim, do Paulo, do Luís Runa e do João Aldeano, estavam o Jony e o Mário (cunhado do Paulo Pais – a quem envio um abraço e o agradecimento pelo elogio ao blog!). Então, entre a Caneira, Torres, Cadaval, Bombarral, Torres e Caneira, fez-se 34 km/h de média. O andamento chegou a ser infernal nalguns pontos do trajecto, como referi, na altura, em crónica neste blog. Aliás, apesar dos 40 km/h de média entre Bombarral e Torres (fez-se em menos 6 minutos do que naquele treino de Junho), este troço pareceu mais duro de passar naquele dia, devido a fortíssimos ataques nos topos mais acentuados. Desta vez, passou-se melhor... pois o comboio vinha mais lançado. E também o facto de a primeira parte ter sido tão calma contribuiu para a tirada de ontem ter sido mais acessível! Aqui reside a ponta de razão do amigo Renato. Para quem está bem, a vontade é carregar nos crenques e que o andamento seja sempre selectivo! Por isso, apesar dos tais 20 km frenéticos, ficou-lhe algum sabor a pouco...

Afirmação curiosa teve o Zé Henriques (que não participou devido a avaria na bicicleta antes da partida), que acompanhou o pelotão no «carro de apoio», enquanto aguardávamos os retardatários em Torres Vedras. Entre estes estava o «nosso» Abel, que demorava a aparecer. Às tantas, tive a «infeliz» ideia de o questionar sobre o facto do carro de apoio não ter acompanhado os últimos, em vez dos primeiros, que não deveriam necessitar tanto de auxílio. A resposta do Zé e o próprio tom da mesma foram elucidativos: «A ideia era assistir ao que se passava lá na frente», admitiu. À corrida, está a ver-se! Terá valido a pena, arrisco dizê-lo...

terça-feira, outubro 16, 2007

«Caneira-Óbidos»

No próximo domingo, dia 21, vai realizar-se o 1º «Caneira-Óbidos», encontro-convívio para assinalar o final da temporada de 2007, promovido pelo camarada Paulo Pais e que deverá reunir numeroso e ilustre pelotão.
A concentração está marcada para as 8h30, junto ao pavilhão gimnodesportivo do Livramento, e a partida prevista para as 9h00. O percurso ligará a Óbidos, por Torres Vedras e Bombarral, com regresso pelo mesmo trajecto, num total de aproximadamente 105 km.
Para evitar aglomerações nos quilómetros iniciais, está previsto que os participantes partam divididos em grupos, que se reunirão durante a primeira fase do percurso, provavelmente logo à saída de Torres para o Bombarral, quando a estrada é mais larga.
No final, no regresso, estabeleceu-se uma neutralização em Torres Vedras, junto à estátua de Joaquim Agostinho, onde se procederá, se necessário, ao reagrupamento, após o que se concluirá o troço em falta, de volta ao Livramento. Aqui, serão disponibilizados balneários para banhos, seguidos de almoço de confraternização.
Prevê-se uma jornada de ciclismo muito especial, com o propósito de juntar velhos e novos conhecidos, e a que não deverá faltar dose de competitividade ao nível dos seus participantes.

domingo, outubro 14, 2007

Maratona BTT de Alcácer

A minha estreia em maratonas de BTT foi de bradar aos céus! Quedas para todos os gostos e um empeno que não há memória!
Antes da crónica da atribulada prova, importa destacar a extraordinária prestação do Renato Hernandez, que se classificou na terceira posição! O Nuno Garcia também esteve muito bem (15º), tal como o Fantasma, que preferiu atrasar-se (inclusive ficando atrás de «básicos» do trilho, como eu) por uma boa companhia feminina – a bela da Sónia, a melhor que esteve nos montes de Alcácer do Sal. «Melhor», entenda-se, por primeira da sua categoria.
Agora a história. Devo sublinhar que fui perfeitamente «ao engano», mesmo que ninguém me tivesse, realmente, enganado! Eu próprio, devido à inexperiência, avaliei por defeito as características do percurso em relação às minhas capacidades. Ou seja, o trajecto foi demasiado exigente para as minhas habilitações no BTT. Tão longa distância (102 km), no mato, torna-se uma tortura para o corpo. Estava a contar com pouco mais de 4 horas, saíram-me mais de cinco e meia.
Porque não estava a contar com nada desses «extras», avaliei mal a própria gestão dos líquidos e da alimentação. Tanto mais, que ainda não tenho a destreza suficiente para tirar as mãos do guiador mais de 5 segundos sem perder o controlo da bicicleta.
De resto, a falta de rotina nestas lides tornou-me o rei do mergulho na areia. Foram muitas as quedas, mais uma dezena, demasiadas segundo a opinião da maioria das pessoas com quem falei, quase todas em troços muito arenosos – e eram bastantes ao longo do percurso –, e que foram deixando marcas físicas e anímicas negativas.
Como se não bastasse a estreia ainda teve direito a um furo. Felizmente, a camaradagem impera nesta especialidade do ciclismo e contei com preciosa ajuda na troca da câmara-de-ar.
Mas não foi tudo. A partir de metade do percurso, de tão maltratada, a bicicleta deixou de colaborar (e tinha razão!...), não permitindo engrenar as mudanças mais leves da pedaleira intermédia. Ou seja, nas picadas mais íngremes não havia outra coisa a fazer que levá-la à mão. Mesmo assim, não foi mau, porque na segunda metade do percurso foram poucas. Menos só com a pedaleira grande, passei relativamente bem só esbarrando no solo a cada areal em que passava! Assim, mesmo tendo concluído a prova em sofrimento físico e muito dorido, foi penoso, o resultado final (creio que 23º), que considero positivo, fica a dever-se exclusivamente à componente atlética. E nada mais!
Camaradas, o BTT é duro, muito duro para quem começa. Recomendo a quem pretende dar as primeiras pedaladas no trilho puro e duro – e apenas tem experiência de estrada (como eu) ou do eixo Parque das Nações Norte-Sul, que reduza as expectativas pessoais. Nem pensem em arriscar em maratonas e desconfiem do desnível acumulado (os sites das provas disponibilizam-no quase sempre). Além disso, malta que lá anda, sabe do ofício, não facilita. Ao contrário da estrada, não se vê quem queira desafiar o limite das suas capacidades. Porque, se o fizer, pode «acabar» mal e no meio de nenhures.
As indicações com que fiquei é que existe um grupo de elite (em que o Renato se incluiu nesta prova), que junta excelente preparação física a uma técnica muito apurada e tem andamento muito forte, outro que faz uma gestão criteriosa do esforço e da habilidade para ultrapassar, o melhor possível, os obstáculos e a distância. É este patamar que ambiciono, mas ainda falta bastante prática para lá chegar...
Em suma, «desenganem-se» os que crêem que a condição física é suficiente no BTT. Sem uma boa dose de técnica e experiência, a tensão é permanente e o esforço é desmedidamente maior, com a agravante das quedas e dos sustos. Aliás, durante algum tempo (pouco) consegui sentir algum equilíbrio esforço/técnica, em que as coisas começaram a sair com alguma naturalidade – e então tudo foi diferente... para melhor! Até uma boa «roda» encontrei, como na estrada. Infelizmente, este estado de graça acabou depressa, interrompido por um furo. E depois voltou tudo ao início. Pior, ainda com mais areia!

P.S. Refira-se que o Jony também alinhou, mas teve de abandonar cerca dos 30 km por motivos de saúde.

sexta-feira, outubro 12, 2007

Actividade, muita actividade...

Amanhã (9h00), Maratona de BTT «Vale do Sado», Alcácer do Sal.
Distância: 100 km
Desnível acumulado: 1560 metros
Equipa: Fantasma, Jony, Nuno Garcia, Ricardo e Renato


Domingo (8h30): Loures, bicicleta de estrada: Volta do Infantado (Porto Alto).
Distância: aprox. 110 km
Para roladores!

Próximo domingo: Caneira-Óbidos-Caneira, bicicleta de estrada (organização Paulo Pais); Pelotão de elite! Mais destaques ao longo da semana.

segunda-feira, outubro 08, 2007

Bons momentos na Carnota

Alguém acreditava que a volta de domingo, para a Carnota, serviria para «limpar o ácido» das jornadas exigentes do feriado de sexta-feira? Logo nas primeiras rampas do Sobral, o Freitas meteu passo acima do moderado, forçando os restantes a optarem entre (tentar) seguir ou abdicar para um andamento mais higiénico.
O Grande Abel, um dos heróis da Ericeira, foi no engodo da sua habitual abnegação e rapidamente pagou a factura. O Jony fez-lhe companhia e ajudou-o a recolocar-se quando o pelotão decidiu esperar. Mas o comedimento foi «sol de pouca dura». O Freitas voltou a carregar nos pedais e, nessa altura, fez-se a selecção definitiva. Seguiram-no o Salvador, o Fantasma e eu. As despesas foram da sua exclusividade até ao alto, e no ferro-velho de Arranho o grupo perdeu o primeiro elemento: o Fantasma, cujo esforço de dois dias antes pesou na sua condição física durante a volta.
Com o aproximar do cume do Alqueidão, o Freitas castigou mais ainda. Eu, como o Salvador, largámos pouco antes do «descanso» do cruzamento de A-dos-Arcos. Ele definitivamente e eu, por instantes, com a intenção de manter a distância para não sacrificar os músculos, tentando depois recuperar na rampa final. Consegui só o primeiro objectivo – porque o homem da frente não estava para dar tréguas! E deu a primeira prova do dia da sua excelente forma.
A descida do Sobral para Arruda foi rápida, como habitualmente, motivado pelo perfil do traçado. A suave inclinação e os vários relevos dão «ganas» de acelerar o comboio. Quem o fez primeiro, fá-lo quase sempre bem! E quem? O Grande Abel, pois claro! Depois foi rendido, acabando o Jony por meter velocidade de cruzeiro elevada até Arruda.
Daí para os Cadafais, não houve grande história. O grupo ainda chegou a partir-se na descida, com o Fantasma a liderar na dianteira, mas lá de trás os mais fortes não demoraram a fechar o espaço. Não me apetecia nada e fui o último a juntar-me!
Nos Cadafais, o Jony deixou-nos, seguindo para o Carregado. O Fantasma só resistiu à tentação de fazer precisamente o mesmo, porque não pôde defraudar a voz do «exemplo»: do Grande Abel. De qualquer modo, ambos (e também o Luís) subiram a ritmo bastante moderado.
No início da Carnota, procurei meter um passo confortável, mas o Freitas estava com ideias fixas. Rapidamente saltou para patamares de intensidade altos. Eu e o Salvador aceitámos o repto e fomos até aguentar. Não muito mais além! O ritmo não era fácil e, às tantas, o Salvador deu-me sinal, oferecendo-me a roda do Freitas, que preferi rejeitar, preferindo dar-lhe algum espaço naquela fase. Foi um erro, para quem teria a ideia de repetir a «estratégia» do Sobral: subir ao meu ritmo, deixando-o entregue a si próprio, e depois na fase mais inclinada da subida (últimos 3 km, após Santana), tentar fechar a distância. Impossível para mim! Até lá, rolou-se, em perseguição, a alta velocidade, mas sem que o líder cedesse um metro sequer. Na minha roda, muito bem o Salvador. Pena que não pudesse ajudar-me. Mas já fez muito, acredite-se!
Quando entrou a subida propriamente dita estávamos, à custa de muito esforço, a cerca de 10/15 segundos do Freitas. Distância recuperável se, à frente, houvesse uma quebra, mesmo que ligeira. Só que não houve! Pelo contrário, a distância aumentou paulatinamente e no alto foi quase o... dobro. Excelente forma a do Freitas! Arrisco mesmo dizer que está no ponto mais alto de toda a temporada – incluindo a altura da Etapa do Tour. E estamos em Outubro!
O Salvador largou a minha roda apenas no último 1 km da subida, e aguentou com grande mérito, demonstrando também estar numa das suas melhores fases da época.
A partir daqui, moderou-se muito mais a força de pedalada. Mesmo com nova passagem pelo Alqueidão, não houve mais movimentações hostis. E o sprint para o alto só aconteceu porque o Salvador «picou» o Freitas na subida, que não quis dar o flanco depois de dizer que ficaria com o Abel. O sprint correu-me bem e fiquei com a improvável sensação que poderia ter dado luta séria ao Freitas se tivesse conseguido meter a pedaleira grande durante a aceleração. Sprintei em 36x12!
Mas a confirmação veio pouco depois, à chegada a Bucelas, depois de uma descida fantástica, com toda a gente a passar pela frente. Só que, de forma pouco habitual nele, o Freitas ficou na frente à saída da Bemposta. Por um instante, tive o impulso de antecipar a aceleração, quando o ritmo baixou, mas ele estava muito atento e respondeu de imediato. Entretanto, aliviei (embora ainda nem sequer tivesse embalado) mas ele decidiu arrancar ainda antes da última curva. O Fantasma agarrou-lhe a roda e eu a dele. Nos últimos 200 metros, senti que estava em condições de discutir o sprint e ainda tive de adiar a aceleração porque houve algumas mudanças de trajectória. Com o sprint lançado a 55 km/h, fiquei lado a lado com o Freitas e adiantei-me no final ao conseguir aguentar um pouco mais o esforço, dando por mim numa posição muito pouco ortodoxa em cima da bicicleta – «quase» sentado no guiador!
Compreensivelmente, rejubilei com o feito! Perdoem-me os meus companheiros pela comemoração efusiva, mas a sensação foi óptima. Como deverá ser, quando conseguimos superar-nos... e aos colegas – para mais em «especialidades» em que não somos tão fortes.
Por tudo isso, incluindo os bons momentos de ciclismo no Sobral e Carnota, foi uma volta muito interessante...

sexta-feira, outubro 05, 2007

Grande jornada para a Ericeira

Hoje de manhã, para a Ericeira, grande jornada!
Abel: o exemplo de fibra e coragem de sempre
Pina: sempre presente e solidário; a forma ainda não dá para mostrar «serviço»
Fantasma: amigo do «ferro», sempre disponível, mas hoje com grandes dificuldades para «aturar» o Evaristo e o Pintainho.
Samuel: atitude impecável: defender-se bem a maioria do percurso e acabar ainda com «alma» para dar.
Luís: devido a uma má disposição, não deu para demonstrar a evolução que vem vindo a registar, depois de longos meses de ausência. Há dias assim! Mas é para continuar!
Evaristo: o mais forte concorrente do Fantasma no gosto pela «vampiragem». Gosta de castigar quando a a força ainda abunda, mas ontem mostrou, no final, ainda tem mais um «bocadinho» que a sua «sombra». Foi capaz de meter o pelotão a 60 km/h a caminho da Ericeira. E foi o terceiro homem em Sta. Eulália.
Pintainho: agradável surpresa. Terceiro homem na montanha e muito trabalho à frente do grupo... a rolar contra o vento! Chapeau!
Hugo: confirmação de grande atleta, a sua fama de mauzão mete em sentido quem o conhece do BTT. Excelente subida para o Milharado - surpreendeu-me muito a maioria do elementos do pelotão que não cederam um metro, perante um andamento verdadeiramente selectivo. Muito bom ainda na Foz do Lizandro, a guardar-se bem na minha roda, rendendo-me nos últimos 500 metros. E a «ferro e fogo» em Negrais, sem vacilar um milímetro! Muita intensidade, e as caimbras a apareceram aos pares no topo de Guerreiros. Vai aparecendo, serás sempre bem-vindo!
Camarada conterrâneo do Carlos do Barro: juntou-se ao grupo na rotunda da Carapinheira e não demorou muito mostrar atrevimento, na sua bicicleta equipada com extensores. Foi ele a abrir as hostilidades após Mafra, mas rapidamente viu com quem se metia - ora quem! As ideias ainda duraram as primeiras rampas da Foz do Lizandro, e apesar do andamento na frente ter sido «impossível» para ele, mesmo assim foi o quarto homem a chegar ao cimo da subida - logo atrás do Pintainho. A partir daí, escondeu-se, e fez bem! Tem «ganas»! E agora está sempre convidado!
Eu: pernas doridas a limitar-me em 10 pulsações no limite. Na Foz do Lizandro, foi onde mais se fez sentir essa restrição. Foi uma boa subida, mas abaixo das possibilidades. De Pêro Pinheiro a Negrais fiz as despesas e o «forcing» final para Sta. Eulália, com 90 km, deu-me algumas indicações importantes.
Média final muito próxima dos 30 km/h!!

A todos, parabéns pelo esforço e companheirismo.

Domingo: Carnota
Percurso: Tojal, Bucelas, Sobral, Arruda, Cadafais, Carnota, Freiria, Sobral, Alqueidão, Bucelas, Loures.

domingo, setembro 30, 2007

Identifiquem-se!

Identifiquem-se os temerários que enfrentaram a forte intempérie da manhã de domingo! Segundo fonte, houve realmente quem saísse de Loures à hora marcada. Para onde terão ido? E por quanto tempo? E terão regressado? Certamente não secos!
Outros dedicaram-se a vertente do ciclismo mais condizente com o clima: o BTT. Diz que «trilharam» por Monsanto no meio do lamaçal, mas voltaram com a satisfação do dever cumprido.
Quem mais se acusa?! Eu, cá, permaneci no vale dos lençóis.
Pena o tempo, porque a volta prevista para a Ericeira parecia reunir todos os aliciantes. Inclusive, havia a presença de um elemento que deixou muito bom cartel na única vez (quase sem memória) que alinhou no nosso grupo. Curiosamente, numa volta também pela Ericieira. Pode ser que dê para a semana... ou quem sabe, já no feriado de sexta-feira!

segunda-feira, setembro 24, 2007

Ota à média de 34 km/h

A natural quebra de forma de fim de temporada ainda vem longe para muita gente no nosso pelotão. Alguns elementos rentabilizam o trabalho sem paragens acumulado neste final de Verão para apresentar níveis de forma bastante elevados para a época. Tal, porém, não constitui novidade. O calendário preenchido e aumento exponencial da competitividade estimulam a essa continuidade e o resultado é a média recorde realizada na volta deste domingo, da Ota, a rondar os 34 km/h. A fórmula é demais sabida: terreno plano e grupo homogéneo e de alto nível.
O pelotão foi quase sempre conduzido pelos homens mais fortes do momento e logo as tentativas de fuga ficaram condenadas ao malogro. Restou o ponto quente de Vale do Brejo. Até Alenquer, estas nem seriam previsíveis, mas o ritmo proibitivo imposto à cabeça do grupo, principalmente pelo Freitas, e a espaços pelo Renato, o Fantasma o Jony, o Salvador e o Nuno Garcia, aconselhava mais a manter o abrigo do que a aventuras. No entanto, só a primeira passagem do Renato pela frente, entre Alverca e Alhandra, cortou mais o fôlego.
Muito activo desde os primeiros quilómetros, o Freitas cedo deu a perceber que estava bem... e com ideias. A subida do Vale do Brejo foi dele e com muito mérito bateu toda a gente, inclusive o Jony ao sprint. A já clássica subida – a única dificuldade do revelo, ainda assim leve (2 km a 3%) - foi, contudo, mais táctica que o habitual. Depois da Ota, constantes abrandamentos permitiram que alguns elementos -, por exemplo, o Nuno Garcia - tentassem isolar-se, sem êxito, mas criando nervoso miudinho no pelotão. Fez bem, digo eu!
Foram essas «paragens» que possibilitaram que eu fosse até tão longe na discussão da subida – e ainda tivesse lançado o derradeiro ataque já nos últimos 300 metros – só superado pelo Freitas e o Jony. Muito satisfatório para quem está nitidamente em patamar de forma inferior aos das principais referências do grupo de ontem (não cometo injustiça se disser: Jony, Freitas, Renato e Nuno Garcia). Aliás, nem o treino da véspera (125 km e «específico») pareceu pesar no muito que faltou percorrer, dando para algumas «brincadeiras» que pensava, honestamente, não estar apto, entre elas, contribuir para os 41 km/h de média entre Carregado e Vila Franca, em parceria perfeita com os «homens do remo». Grande nível!
No tradicional sprint à chegada à cidade de «touros e toureiros», o Freitas completou a faena, à frente do Fantasma e do Salvador, num dia em que demonstrou, sem dúvida, estar em muito bom momento... e sem rival nos sprints. Há quanto tempo isso não acontecia!
À chegada a Alverca estive em nova aceleração e o sprint teve os mesmos protagonistas. E já depois da «minha» cidade, para meter o glicogénio na reserva, com o Renato ainda travei um imprevisto despique final na subida da Cervejeira, onde ele se impôs.
Mais que tudo, parabéns ao grupo. E realce muito positivo para o regresso do Luís em crescendo de forma, tal como o Samuel, no seu melhor momento da temporada.

domingo, setembro 16, 2007

Regresso às lides

Após dez dias de interregno, volto a escrever. Durante a minha ausência, para gozo de merecidas férias - não apenas da actividade profissional mas também da desportiva -, constato, com realce, que o «mundo» não parou.
No passado fim-de-semana houve a tradicional etapa da Serra da Estrela, que, segundo os relatos, foi muito bem disputada apesar de algumas ausências de vulto - incluindo a minha...
Já este final de semana também foi de grande actividade ciclista: no sábado, um grupo de nomeada (Jony, Renato, Nuno Garcia e Fantasma) deixou bom cartel na Maratona de BTT de Penedo Gordo; e no domingo, o Freitas, o Miguel, Salvador e outros cumpriram a longa tirada Alverca-Reguengos de Monsaraz, na distância de mais de 160 km, em contra-relógio por equipas (de momento desconheço as incidências). No mesmo dia, apesar de desfalcado, o grupo juntou-se em Loures para uma tirada de limpeza de ácido. No meu caso, foi de regresso às lides.
Veremos o que reserva a segunda metade de Setembro, tradicionalmente a recta final da minha temporada. Porém, uma coisa é certa, apesar de a época ir longa, ainda há muito boa gente em plena forma.

quarta-feira, setembro 05, 2007

Lagoa Azul: a crónica

A volta do pretérito domingo pode considerar-se já uma clássica do nosso calendário: Sintra, por Lagoa Azul.
Esta edição terá sido a mais competitiva alguma vez realizada, espelho fiel do elevado nível a que chegou o grupo que quase todos os fins-de-semana se reúne em Loures. Já muito se falou do contributo de novos elementos para a ascensão meteórica de uma minoria que actualmente se verifica. Mas não só. Também os veteranos não têm deixado os seus pergaminhos por mãos alheias e reconhecem unanimemente ser fundamental não descurar a preparação física face à vaga de delfins de grande categoria.
Eu posso assumir-me como indicador privilegiado desse «status quo». Para tal, recorro-me do desempenho e indicadores individuais de esforço observados na exigente tirada de domingo para maior exactidão das conclusões que a seguir apresento. Eis alguns pontos que merecem apreciação:
Primeiro: embora eu estando em notória baixa de forma (lá está, por descurar a preparação nas últimas semanas!), tal não impediu que tivesse superado o meu recorde pessoal da subida da Lagoa Azul (24 segundos), do Cabo da Roca (Malveira-Azóia) e da Várzea para Sintra (significativos 47 segundos). As pulsações médias são elucidativas (acima de 180) e as sensações (de sofrimento, na maioria das ocasiões) também. Um fenómeno de superação devido à competitividade, podem dizê-lo. Mas mais relevante para análise é o facto de, à excepção do Cabo da Roca, o esforço não ter sido suficiente para chegar com o primeiro aos ditos pontos quentes! Elucidativo, não?!
Também é verdade que a presença do Rui Scott altera a hierarquia tradicional do pelotão, principalmente em montanha, mas não basta só contar com ele nestes momentos altamente selectivos - outro novato está a fazer abalar o establishment do grupo: o Renato. Impressionante performance na Lagoa Azul, no Cabo da Roca, na Várzea e na fuga encetada, comigo, entre Pêro Pinheiro e Sta. Eulália. Como bem referiu o Nuno Garcia em comentário à volta do Sobral da Abelheira, o peso e a envergadura avantajados não são handicap às suas prestações em subida – até ver, nas mais curtas, mesmo que bastante duras, como são exemplos a Abelheira e a Lagoa Azul. Basta dizer que foi o único que resistiu ao andamento do Rui na Lagoa Azul, perdendo apenas algum (pouco significativo) terreno nos últimos 500 metros.
Nessa subida, fui observador privilegiado do seu desempenho e reconheço ter ficado muitíssimo surpreendido. Surpreendido, de facto, pois não esperava que ele aguentasse o forte ritmo que o Scott impôs desde o início e que não permitiu quaisquer veleidades aos demais. Eu, aliás, limitei-me a atenuar as distâncias (entre 15 a 20 segundos ao longo de toda a subida), sempre em regimes altamente desaconselháveis (cheguei a temer pelo bom desenrolar da volta quando verifiquei que mesmo acima das 185 perdia terreno para o Renato). Pouco mais atrás (sensivelmente a distância igual) o Jony e o Freitas, este a fazer uma ascensão em recuperação depois de uma entrada cautelosa. O Nuno também entrou naqueles 2 km a 7,5% com o grupo da frente, tal como Pintainho, mas rapidamente verificaram que não era andamento que pudessem seguir.
Na descida, devido às curtas distâncias entre os primeiros, juntou-se um quinteto (Scott, Renato, eu, o Jony e o Freitas) na Malveira da Serra, mas apenas durante breves instantes foi possível recuperar o fôlego. De imediato, o Renato tomou as rédeas e impôs andamento forte, a recomendar abrigo aos demais. A subida para o Cabo da Roca, mais suave, favorecia os mais possantes e aí o Freitas demonstrou sempre muito à-vontade em todas as mudanças de velocidade, inclusive quando o Scott imprimiu andamento verdadeiramente selectivo nos últimos quilómetros, fazendo descolar o Jony e o próprio Renato – embora este tenha conseguido reentrar na descida. No sprint final para o cruzamento do Cabo da Roca, ainda tentei a minha sorte, mas fiquei-me pela consolação de ter resistido no trio da frente – pois o Renato voltou a perder alguns metros na aceleração.
Previsivelmente, os restantes demoraram mais tempo que o habitual a chegar ao cruzamento do Cabo da Roca, a partir do qual deixou-se de contar com o Freitas.
Depois da descida do Pé da Serra e de Colares, eis o Nuno Garcia a surpreender o pelotão, adiantando-se com a determinação de quem pretendia chegar isolado a Sintra. O fosso cavou-se rapidamente e finalmente foi o Renato a tomar a iniciativa de comandar a perseguição, inclusive durante grande parte da subida da Várzea, onde apenas resistiam na frente, ele eu e o Scott. Aqui, mais uma demonstração de grande classe do Renato. Andamento fortíssimo, pedalada redonda sem quebras, muito difícil de acompanhar, a não ser na roda. O Nuno lutou até onde lhe foi possível e esteve em muito bom plano. Estou em crer que, não fosse o excelente trabalho do Renato, sem «pedir» auxílio, o fugitivo teria conseguido os seus intentos. Provavelmente, teria guardado forças na Lagoa Azul e aplicou-as com o rigor da sua experiência naquele troço. A anulação da fuga não foi fácil, mas a cerca de 1 km de Sintra, apercebendo-se que não conseguiria fazer vingar a sua iniciativa, o Nuno abdicou... e viu o comboio passar sem esboçar qualquer reacção. Nessa altura, o Scott desferiu o golpe final, ao seu estilo, arrancando decisivamente para chegar isolado à rotunda do empedrado de Sintra. O Renato, apesar de bastante desgastado, ainda procurou fechar o espaço, mas sem êxito. Ainda assim, fez com que eu perdesse a sua roda e alguns metros até chegar ao alto. Mesmo assim, entre os três a diferença não ultrapassou os 20 segundos. Os restantes voltaram a demorar mais que o habitual a chegar.
O prato final da tirada ainda não estava servido. Afinal, eu não poderia ficar conformado com papel secundário em toda a volta, onde me limitei a atenuar «prejuízos»! Assim, depois do Jony ter acelerado muito bem o pelotão na subida à entrada de Pêro Pinheiro, resolvi atacar na rampa estreita no interior da localidade, que liga à estrada de Negrais. Depois, ainda antes de ter conferido a reacção do pelotão (assim não sucedeu), reparei que tinha companhia. Tinha, o Renato, quem mais?
A partir daí, foi uma corrida de gato e de rato com o objectivo de chegarmos isolados a Sta. Eulália. E só não o conseguimos porque o Scott, neste momento, está uns bons furos acima da «concorrência». Ninguém conseguiu resistir ao seu esforço de recuperação - inclusive o Jony e o Nuno Garcia - e alcançou-nos já na recta do Caneira dos Leitões, passando directo para Sta. Eulália. Impressionou a sua capacidade, mesmo num terreno em que não é tão forte. Quanto a mim e ao Renato: morremos na praia!
Após isto, e numa altura em que irei ausentar-me durante algumas semanas (treinos, incluídos) fica adiada, sem prazo previsto, a ocasião em que voltarei a estar em condições óptimas para aferir mais precisamente do «actual estado de coisas».
Entretanto, fico a aguardar com muita expectativa a etapa da Serra da Estrela, no próximo domingo. Conto com a crónica completa!

segunda-feira, agosto 27, 2007

Aguardando a crónica...

Eu e muitos utilizadores deste blog que não participaram na volta do último domingo estão na expectativa de saber as principais incidências da tirada... Não se vai deixar passar esta semana sem crónica!

A etapa da Serra da Estrela fica marcada, em definitivo, para dia 9 de Setembro (domingo)

No próximo domingo está prevista volta de Sintra (Lagoa Azul)

segunda-feira, agosto 20, 2007

S. Romão superou a dureza que se esperava!

No domingo, a volta apresentava o aliciante de concluir a clássica da Ota com a subida inédita a S. Romão, que acabou se revelar bastante mais dura do que é efectivamente!... Arrisco a dizê-lo «bastante mais dura» porque, no meu caso, foi mesmo a sério! Por três motivos principais:
1º O notório decréscimo de forma devido à inconstância de treinos nas últimas semanas, motivada por saturação de uma época longa que não deixa grandes saudades.
2º O andamento extremamente selectivo imposto desde o início da subida, em Alhandra, pelo Carlos Coelho, corredor federado (veteranos), que deixou excelente impressão durante todo o percurso, e não apenas na montanha, onde fez estragos a sério, como se descreverá mais adiante.
3º O vento forte, que foi obstáculo suplementar, e se fez sentir com grande intensidade ao longo da subida, acentuando os desgastes – principalmente dos que passavam por mais dificuldades, como eu.

De resto, para mim, a volta de domingo começou aziaga, com a quebra de um raio em Vialonga, forçando-me a parar, em casa (felizmente estava perto), para trocar a roda. Incidente que só não impediu a minha continuidade (pois a vontade nem era muita!) porque desde há algumas semanas temos o privilégio de contar com carro de apoio: conduzido pelo sr. Zé João – pai do José Henriques, também elemento recente do nosso grupo. Neste caso, teve a gentileza de aguardar enquanto trocava a roda e de voltar a colocar-me no pelotão, já este entrava na Ota. Desde já, o meu agradecimento!
Devido à avaria, fiquei a dever quilómetros preciosos aos bravos que enfrentaram o vento e a força dos roladores entre Alverca e a Ota. Lá estava o Freitas no seu terreno predilecto, o Paulo Pais em forma, o Rui (Scott) e principalmente o referido Carlos Coelho, que, logo a seguir, teve uma demonstração de bom nível na subida do Vale do Brejo, onde imprimiu um andamento muitíssimo rijo que seleccionou o grupo aos mais fortes – e nele se deve incluir o Fantasma, que só descolou na aceleração final.

Como tem sido habitual, o ritmo em terreno plano raramente é moderado. Friso, moderado! Porque nem pensar que possa ser leve... Facto que, a juntar ao vento muito forte, reforça o mérito de quem dá o peito à frente do pelotão mas também não permite grande poupança aos restantes. Além disso, por algumas ocasiões o andamento passou de forte a fortíssimo, como, o que «meteu» o Paulo Pais na aproximação de Vila Nova da Rainha, fraccionando imediatamente o pelotão: só o Freitas e o Fantasma, que estavam imediatamente atrás de si, não ficaram surpreendidos com a aceleração. Aliás, os que ficaram mais perto, no grupo perseguidor intermédio, foram apenas eu, o Carlos Coelho e o Rui Scott – o que diz bem da dureza da pedalada.
Talvez pelo andamento demasiado selectivo durante toda a tirada tenha havido uma fraca mobilização para a subida para S. Romão, que, afinal, era o grande atractivo da jornada. Todavia, os que decidiram enfrentá-la cumpriram esse enorme desafio, dadas as dificuldades, que, volto a reforçar, devido ao vento, para alguns, e pelo vento e o andamento, para outros, foram bastante superiores às que a própria subida impõe, em condições normais.

A subida foi verdadeiramente competitiva. O quarteto que se formou à cabeça, depois de alcançar o Freitas (que se tinha adiantado com um pequeno grupo após o empedrado de Vila Franca), não durou muito a desfazer-se. O ritmo forte, com variações bruscas, do Carlos Coelho (excelente trepador!) não demorou a fazer vítimas. O primeiro foi o Freitas, a tirar «bilhete» logo aos abanões iniciais mal a subida empinou; e o segundo fui eu, nas últimas centenas de metros da primeira parte da subida, também vergado a mais uma aceleração do Coelho, desta vez, saindo de trás, procurando surpreender. Mas só a mim, que definitivamente estava em dia «não»!
À frente, ficou o trio Coelho, Paulo Pais e Rui Scott, que «discutiu» palmo a palmo a parte final da ascensão, marcada por algumas rampas bastante inclinadas, e onde este último voltou a demonstrar os créditos que tem firmado nos últimos tempos, deixando a respeitosa concorrência para trás na derradeira rampa. Depois de mais esta exibição de classe, parece extremamente complicado vislumbrar actualmente quem consiga destroná-lo na montanha, e como...
Ontem perdi, para ele, mais de 2 minutos nos últimos 3,4 km (a segunda metade da subida), diferença bastante significativa. De resto, esta temporada já não devo encontrar motivação nem força anímica para voltar a atingir nível de forma que me permita «atacar» a sua hegemonia – e que ainda há bem pouco tempo assumi, perante próprio, ser um objectivo pessoal. Reconhecimento esse, que creio ser lisonjeiro para ambos!

Notas de observador:

Elucidativa, a expressão do Freitas à chegada ao Lameiro das Antas (a concentração final): «Posso rolar, passar topos, mas definitivamente não fui feito para subir...». Ele que, apesar de a época também já ir longa, ainda evidencia indiscutível boa forma, voltando a tomar as rédeas do pelotão, imprimindo andamento forte quando o terreno é-lhe mais favorável, situação que só na última quarta-feira, em Sto. Estevão, tinha voltado a acontecer desde meados de Julho.

Aplausos para as subidas do Salvador e do Fantasma, que resistiram à atracção de continuar em frente em Alhandra. E olha que era bem forte! Eis a atitude que se pretende. Mais: o Fantasma esteve «em grande» durante toda a volta, no seu terreno, e enfrentou a adversidade (entenda-se montanha) com inexcedível aplicação. Por seu turno, o Salvador, mais discreto na volta, empenhou-se na subida e teve boa recompensa. Poderosos!

Para o exemplo de galhardia do José Henriques na subida final. O novo recruta do grupo – daqueles que se quer muitos –, conclui a subida em grande esforço, encorajado pelo seu pai, a partir do carro de apoio. Cruzei-me com ele quando descia de regresso a Alverca e não resisti em dar-lhe uma «mãozinha» naqueles metros finais tão penosos. Perante a prestação que acabara de assistir do seu filho mais velho, no interior da viatura, Zé João (75 anos, muitos deles ligados ao ciclismo profissional), qual pai orgulhoso, premiou, alto e bom som, a proeza do seu filho: «Foi espectacular!»

Os mesmos elogios para mais uma demonstração de tenacidade do «Grande» Abel, desta vez acompanhado do Zé Filipe, que não «fugiram» ao tirocínio de S. Romão. Também quando já descia, a caminho de Alverca, cruzo com eles a cerca de 500 metros do alto da subida, onde o Abel, mesmo lidando com as fortes inclinações e o vento contrário, afirmou com surpreendente tranquilidade, no seu sotaque alentejano, dirigiu-me uma expressão que define bem a sua maneira exemplar de estar no grupo. «Vê lá tu, andámos para aí perdidos, mas passámos por umas rampas tã... lindas!». Por isso e muito mais, ele é «Grande».

quinta-feira, agosto 16, 2007

Sto. Estevão e inédita subida a S. Romão

Sto. Estevão já se tornou a rainha das etapas planas. No nosso calendário anual, não há outra igual. É uma estafa de tão plana, regalo para roladores e tem a vantagem de atenuar diferenças no pelotão.
Na última quarta-feira, feriado nacional, realizou-se mais uma destas longas tiradas pela lezíria ribatejana, em que à falta de dificuldades de relevo houve o vento para a tornar tão exigente como que as demais. Mas o vento não foi o único obstáculo. O andamento fortíssimo ainda mais!
E quando os roladores do pelotão estão em forma: a média horária aumenta vertiginosamente e com ela as dificuldades. Desta vez, até faltou um dos elementos em melhor forma do grupo e fortíssimo rolador, o Jony, mas convenhamos que o Freitas, sozinho, chegou e sobrou para as encomendas. Pode não ter sido o único a demonstrar qualidades de rolador, mas poucos mais conseguiram fazê-lo com a mesma «eloquência».
O Rui Scott foi um deles, a espaços muito mais reduzidos. Acima de tudo, é um trepador que demonstrou ser ciclista completo, ao acelerar paulatinamente o pelotão até aos 45 km/h (sob acção contrária do vento) em plena recta do Cabo, só parando quando os «elásticos» começaram a esticar demasiado para muito boa gente, que se a correria durasse mais algumas centenas de metros certamente partiriam...
A partir daí, impôs-se uma barreira «psicológica»: os 50 km/h. Restava saber quem teria capacidade para batê-la. Naquele dia, quem melhor que o Freitas? Fez um trabalho de se tirar o chapéu, de Samora Correia a Benavente, onde, à chegada, «tocou» os 50 km/h. Mais uma vez, houve elásticos a esticar, mas o vento favorável atenuou o desgaste.
De resto, apesar de a velocidade não ter atingido mais essa marca, a verdade é que o ritmo de cruzeiro elevado, com primazia para a acção do Freitas, não permitiu que alguém ousasse escapar do pelotão. Aliás, penso que foi (ou é!) a única pecha destas voltas sempre a rolar – que até aprecio, apesar de não me serem favoráveis: uma boa perseguição dá sempre outro «gosto». Mas com velocidades de cruzeiro de 35 km/h (a média final foi superior a 32 km/h) e ímpeto para rapidamente ultrapassar os 40 km/h, não pode haver espaço à aventura.
A única perseguição fi-la eu (por iniciativa em solitário) ao quarteto (Fantasma, Salvador, Pina e João do brinco) quando este se isolou na recta do Cabo, no regresso, na sequência de um compasso de espera, após o Freitas ter parado para reabastecer em Porto Alto. Foram 10 minutos de alta intensidade, a solo, e com boas sensações tendo em conta os 100 km a rolar já percorridos (o que para mim é positivo!), mas não chegou para «encostar» nos ditos fugitivos até Vila Franca. Depois foi rolar até final, onde nos aguardava uma chuvada de Agosto.

Infelizmente, há a lamentar as quedas do Carlos do Barro (em Sto. Estevão) e do Salvador (em Vila Franca), a primeira com consequências bem mais graves – fractura da omoplata e de um dedo, e que só não foi ainda mais grave, graças ao (indispensável) capacete. Para ambos, o nosso encorajamento e os votos de rápida recuperação das mazelas.

Próximo domingo: inédita subida ao Santuário de S. Romão

Na senda do êxito das recentes tiradas Marginal-Sintra e Nossa Sra. da Ajuda, anuncia-se que, no próximo domingo (dia 19), está prevista a realização de outra super-volta, que, tal como aquela, promete ser extremamente interessante.
Pensou-se num percurso que correspondesse às características fundamentais da apreciada volta do passado fim-de-semana, um misto de planície com montanha, privilegiando muito mais a primeira, mas concentrando as principais dificuldades do relevo no final, e mantendo a distância (selectiva) superior a 100 km, aconselhando, a sensatez, que a abordagem à maior parte do trajecto seja «suficientemente» moderada.
Anuncia-se, então, o Loures-Santuário de S. Romão, na distância de 110 km (aprox.), cuja atracção é a chegada ao alto de S. Romão (santuário), inédita em voltas do nosso grupo. Trata-se de uma subida de 9 km no total, com cerca de 4% de inclinação média, dividida em duas partes, praticamente com os mesmos kms: a primeira inicia-se em Alhandra, para S. João dos Montes até ao alto de A-do-Barriga (4 km a 4,5%), no cruzamento da Estrada Nacional 248-3 com EN 10-6, de Alverca para A-dos-Melros e Adanaia; seguindo-se um falso plano de cerca de 1,5 km, antes da segunda fase da subida, para o santuário de S. Romão (3,4 km a 5,5%, até aos 350 m de altitude) – a 2 km de Lameiro das Antas, o cume da tradicional subida de S. Tiago dos Velhos, onde está prevista a concentração final da etapa.
Sobre as características da subida, apesar da inclinação média relativamente acessível (os referidos 4%), devemos considerar que está dividida pelo referido troço de cerca de 1 km em falso plano descendente, que, como facilmente faz deduzir que a percentagem média dos restantes 8 km é bem mais elevada, atribuindo-lhe dureza necessária para ser selectiva, principalmente após 110 km. Mas nada melhor, para quem ainda não a conhece, que fazer recomendável reconhecimento...
Quanto aos restantes 110 km, não têm outra dificuldade montanhosa que se compare. De resto, não oferecem grandes novidades à clássica volta da Ota. O traçado é conhecido (Loures-Tojal-Vialonga-Alverca-Vila Franca-Carregado-Alenquer-Cheganças-Ota) e a tradicional subida do Vale do Brejo está igualmente contemplada no percurso.
Todavia, em Aveiras de Cima, o percurso original faz uma variação, tomando o cruzamento à esquerda, logo a seguir à saída da povoação, para Pontével (por Casais Penedos). Logo após o cruzamento, há um topo de cerca de 800 metros bem inclinado e a ligação a Pontével faz-se em terreno «parte-pernas», embora descendente. O contrário acontece de Pontével para Cruz do Campo (cruz. EN 3), onde se sobe suave mas progressivamente. A partir de Cruz, à direita para Azambuja, retoma-se mais adiante o percurso da volta da Ota (no cruz de Aveiras) e ruma-se em direcção ao Carregado e Vila Franca, onde o «factor-empedrado» não poderá ser descurado, pois logo a seguir está Alhandra e imediatamente ao início da subida final para o santuário de S. Romão. Recorde-se que a concentração final está marcada para o cruzamento do Lameiro das Antas – a partir daí, a ideia é descer tranquilamente para Bucelas e para Loures (total 125 km).

quarta-feira, agosto 15, 2007

Há coisas engraçadas, não há!!


Eis a altimetria e o meu registo cardíaco na interessante volta da Sra. da Ajuda (dia 12)
Tentem adivinhar os locais...

terça-feira, agosto 14, 2007

Domingos empolgantes!

De manhã cedo, o parque velocípede nas bombas da BP de Loures além de caro era imenso. Mas não só. Os seus felizes proprietários eram bons e apresentavam-se uma vez mais motivados para a exigente tirada domingueira. O Renato Hernandez, a estrear a sua negríssima Six13, definiu o estado geral do nosso pelotão: «A malta nem vai de férias só para vir aos domingos!»
Quem o diz faz parte de uma nova geração de sangue na guelra, que tem contribuído decisivamente para que o nível do grupo tivesse atingido nível nunca antes alcançado. Mau augúrio, podem afirmar os críticos do costume. Para mim, pelo contrário, é sinal de vitalidade. A demonstrá-lo está o desempenho e a atitude global fantásticos durante a tormentosa Nossa Sra. da Ajuda. Ambos resumem-se em apenas um aspecto fundamental: sinto-me lisonjeado por TODOS terem correspondido ao meu repto de concluírem o percurso – friso todos, mesmo sem saber se algum não o terá feito. Tanto mais, que as dificuldades do percurso, montanhoso (+ de 1200 metros de desnível acumulado), foram ainda agravadas pelo andamento altamente selectivo. As expectativas foram largamente superadas, acima de tudo, porque ao compromisso (pessoal, esclareça-se) em concluir o traçado juntou-se empenho fora-de-série!
Mas vamos à crónica. Como aconselhava o facto das grandes dificuldades estarem reservadas para a segunda parte do percurso, a primeira decorreu sem excessos, por isso sem grande história. O pelotão rolou, contra o vento, de Sacavém a Alverca, «puxado» maioritariamente pela dupla Jony e Rui Scott, (embora também lá tenha passado o Steven, e poucos mais). À chegada à minha cidade-residência (Alverca), o Rui protagonizou a primeira mudança de figurino da tirada. Na avenida central, acelerou o ritmo e o pelotão permitiu que se isolasse, levando o Fantasma (regresso após algumas semanas de ausência) na roda. À chegada à rotunda do Brejo já levavam cerca de 200 metros de vantagem, mas o pelotão preparava-se para se reorganizar na perseguição. O Rui é uma das figuras a quem não está autorizadas liberdades excessivas... O João do brinco relembrou-o, mas nem precisava.
Todavia, alguns metros depois, ao iniciar-se a subida de A-dos-Melros, a ausência de contacto visual na primeira longa recta exaltou os líderes do pelotão. Por isso, o que poderia ser uma perseguição através de controlo à distância, passou rapidamente a corrida desenfreada. Toda a parte mais dura da subida foi «a mata-cavalos», contra o vento, a meter muita gente – eu incluído – no «red line» tanto nos períodos em que assumi a condução do grupo, como naqueles em que o Nuno Garcia, o Jony e o Freitas também se revezaram.
Contudo, apesar do andamento altíssimo, nem sinal dos fugitivos. A explicação veio pouco depois – mesmo assim, já quase no final da subida, já os desgastes tinham sido feitos: um telefonema do Rui esclareceu sobre esta corrida do gato e do rato, em que o rato parecia correr mais que a conta! Os dois «fugitivos» tinham-se enganado no caminho e seguiram em frente, para Vila Franca, nem sequer iniciando a subida. Ai a falta de cuidado em saber o percurso!!!
Enfim, o pelotão descomprimiu. E bem! Aguardou-se muito pela reintegração de todos os elementos que foram adequando o ritmo às suas capacidade e ainda mais para o Rui (que teve de realizar toda a subida sozinho, em recuperação (rapidamente o Fantasma não consegui seguir-lhe a roda – e de resto, acabou por tomar outro rumo), sem dúvida em condições não mais favoráveis que as dos seus supostos perseguidores.
A Mata era o prato seguinte. Após entrada moderada, «meti» o ritmo, embora não demorasse muito a ser rendido pelo Jony, que fez as despesas durante o «miolo» da subida impondo um ritmo muito bom. No último km, o Rui rende-o e levou o restrito grupo da frente quase até à meta do Prémio da Montanha, onde o Freitas quis passar à frente, não lhe permitindo o Jony. Depois disso, foi com especial prazer que assisti à chegada dos demais, ao ritmo que mais lhes convinha. No alto, respeitou-se escrupulosamente a neutralização, após o que se rumou a S. Tiago dos Velhos e ao segundo «prato» do dia: o «muro» da Ajuda.
Na descida, o Salvador acelerou e ganhou distância. Muito boa iniciativa, que lhe permitiu entrar nas elevadas pendentes com bom avanço. Voltei a endurecer o ritmo à frente do pelotão e ainda mais na abordagem à duríssima rampa, ainda mais porque fortemente batida a vento. Entretanto, o Rui Scott ultrapassa-me e força. Apanho-lhe a roda. Mas não é fácil. Para mais que o Nuno Garcia surpreende pela esquerda. A roda a seguir era, agora, a dele. Mas o Rui volta a mudar de ritmo e o Garcia tem uma «quebra» acentuada e quase pára à minha frente, obrigando-me a ficar pendurado nos pedais. Impossível alcançar o Rui. Mas as diferenças foram mínimas. O esforço, ao invés, foi máximo!
Lá em cima, nova paragem para reagrupamento. Ninguém quebrou o protocolo. Cinco estrelas! E depois de subida, outra descida. Agora para Quinta do Paço e Tesoureira. Surpreendentemente, o Freitas acelera à frente do pelotão tentando aproveitar o relaxe geral e minha posição e do Jony na causa do grupo. O Rui estava por perto e juntou-se à iniciativa, que, porém, foi neutralizada com a eficaz reacção do pelotão (e não foram precisas ajudas dos mais fortes; a união e o espírito de responsabilidade fizeram a força. Super!).
Mas a contenda estava definitivamente espicaçada, e por acção do Jony (não terá apreciado muito o movimento sorrateiro do Freitas?!) e de outros, como o Carlos do Barro e o Salvador, fez a ligação ao início da subida para Casais da Serra em bom ritmo. Assim se mantendo, quando o Jony voltou a «pegar» no ritmo. Outra vez, como na Mata, de muito bom nível. Os restantes procuraram abrigo nas rodas, embora o vento, nesta fase, não fosse tão castigador. No último km, o Rui voltou acelerar e obrigou a perseguição esforçada, dada a aproximação da derradeira e decisiva subida: Ribas. No cruzamento de Casais da Serra estavam o pelotão (ou o que restava dele) de novo reagrupado e foi conduzido pelo Salvador e o Carlos do Barro que chegou ao Freixial para atacar o derradeiro pitéu...
A rampa de entrada na subida de Ribas mostrou o Renato ao ataque. Fortíssimo, impossível de acompanhar. Mas demasiado também para quem tinha de lidar com os três complicados quilómetros que restavam. A quebra foi rápida e antes de iniciar o troço da escola primária (Ribas de Baixo) encarreguei-me de fechar o espaço. Quando o fiz, passei logo ao ataque, fazendo a primeira mudança de ritmo, procurando aferir a resposta dos seus parceiros. E depois uma segunda logo após a aldeia. Ainda sem me aperceber se teria causado «estragos», o Rui ultrapassou-me e tomou as rédeas, forçando. À chegada ao «descanso» intermédio da subida, finalmente inteirei-me da situação: o Freitas tinha descolado. Primeiro pela minha acção e depois pela consolidação motivada pelo Rui. No descanso, encarreguei-me deste não haver...
Restava um trio à frente: eu, o Rui Scott e o Jony. Não demorou muito a que o Rui me rendesse e conduzisse o trio a partir da entrada nos últimos 1,5 km, a fase mais dura da subida, principalmente a partir do cruzamento para o Vale S. Gião. Então, veio o momento decisivo da subida: à passagem pela entrada do Parque de Montachique, o Rui (que não conhecia o local) exterioriza algum desconforto com a visão da forte pendente que se deparava. Informámo-lo sobre a distância que restava para o alto (300/400 metros), mas à passagem pelo interior da curva larga à direita (onde a inclinação atinge acentuação máxima), deixa cair o andamento significativamente (de 18/19 km/h para 16 km/h) e eu decidi lançar a minha cartada. Acelerei para descolá-lo - naquela fase já não pensava que o fizesse em relação ao Jony, mas acabou por ele a ceder. Quanto ao Rui, reagiu muito bem e teve ainda força para «passar» directo, ganhando-me cerca de 10 metros no Alto do Andrade.
O Jony começou às voltas com ameaças de caímbras e consentiu muito tempo em poucos metros. Ao invés, o Freitas recuperara do mau momento no início da subida e depois de numa primeira fase ter sido alcançado pelo Carlos do Barro (que chegou ao alto com a máscara de esforço pelo empenho que deveria ter sempre nestes momentos) e o Renato (promissor), deixou-os para trás e chegou já muito perto do Jony. O Carlos e o Renato também terminaram logo a seguir, e depois o Salvador à frente do João do brinco (subida de forma indiscutível, que o já coloca quase ao nível do Salvador!). Estes foram o que fizeram a subida mais rápido, mas todos os restantes estão de parabéns.

Amanhã (dia 15): Sto. Estevão (8h30)

ÚLTIMA HORA: No próximo domingo, está em preparação mais uma super-volta, com final inédito e empolgante. Amanhã à tarde, a apresentação!