domingo, outubro 30, 2005

Jantar-convívio

Atenção, companheiros de estrada, membros do categorizado grupo de ciclismo Pina Bike, no próximo dia 11 de Novembro, sexta-feira, realiza-se o tradicional jantar-convívio de final de época! Apela-se à presença de todos. Para mais informações e respectiva inscrição, dirijam-se à loja Pina Bike, em Loures.

quinta-feira, outubro 27, 2005

Etapa do Tour 2006... imperdível!

Pois é, companheiros, hoje foi dia da revelação há muito aguardada: a Etapa do Tour de 2006 vai ser mesmo no coração dos Alpes. Por isso, tenho de reconhecer que recebi a notícia com um sentimento misto de entusiasmo e alguma angústia. Angústia porque já tinha aceite a ideia de que a confirmar-se a sua realização nos Alpes, com a longa deslocação que implica, desta vez não participaria, apontando baterias para outras clássicas, nomeadamente a estreia na Quebrantahuesos.
No entanto, a escolha da organização da prova foi, digamos, a «pior» possível para quem já tinha descartado a hipótese de fazer duas viagens de 1800 km… de carro. Quero dizer que o percurso é, como Musseuw já afirmou, verdadeiramente mítico, incluindo duas montanhas sagradas que há muito pretendo juntar ao meu currículo: o Izoard e o Alpe d’Huez. Uma etapa fantástica, imperdível. Já viram o meu dilema! O melhor é começar a fazer contas à vida…

terça-feira, outubro 25, 2005

Balanço da temporada de 2005

A proximidade da divulgação da Etape du Tour 2006 (na quinta-feira) e o facto de já se saberem as datas da Quebrantahuesos (17 de Junho) e da Lagos de Covadonga (20 de Maio) pode assumir-se como o encerramento definitivo da actual temporada e a abertura (em termos de planeamento) da próxima.
Por isso, dei por mim a fazer o rescaldo (mais um) da época ciclista de 2005, ano em que houve um significativo salto qualitativo de rendimento, não apenas pessoal, mas também da maioria dos elementos do grupo Pina Bike.
No meu caso, do ponto de vista das participações internacionais – Lagos de Covadonga e Etape du Tour —, a época foi extraordinária, antes de mais, por terem sido desafios concretizados sem «mau» sofrimento e recompensadoras experiências de companheirismo. O mesmo em relação ao calendário semanal de voltas domingueiras (à excepção de uma ou duas quedas sem consequências graves) e às três tiradas longas: Fátima, Vila de Rei e Serra da Estrela.
No entanto, no que se refere exclusivamente ao desempenho nos dois momentos altos da temporada (Lagos e Tour), pode aplicar-se a velha máxima de que o bom é inimigo do óptimo. Ou seja, numa época em que nível de treino foi superior ao de anos anteriores —, nomeadamente naqueles em que participei em clássicas internacionais (1998, 2000 e 2001) — a verdade é que não posso afirmar que o objectivo fazer coincidir os picos de forma com essas duas provas, foi totalmente atingido. Esse facto foi mais evidente nos Lagos, mas também no Tour, e deveu-se a um programa de preparação menos conseguido, talvez por ter seguido demasiado à risca os de anos anteriores, mas com mais volume e intensidade desde muito cedo – aqui residindo o maior erro.
A prova disso foi o bom rendimento no Loures-Fátima (dia 24 de Abril), ainda a um mês dos Lagos. Verdade seja dita: agora, no final da época, posso assegurar que aquela foi a altura em que me senti melhor! E depois de analisar o diário de treino, concluo que foram treinos de grande qualidade, com o Nando, logo a partir de início de Fevereiro, que contribuíram para entrar demasiado cedo em forma.
O desempenho nos Lagos conforma isso mesmo. Desde cedo, senti dificuldades para seguir o ritmo do Miguel no Mirador Del Fito (10 km a mais de 6%), estive quase sempre em sobre-regime mesmo em terreno plano, perante a elevada velocidade em que rolámos em pelotão, e na subida duríssima dos Lagos nunca consegui encontrar o ritmo certo e sofri demasiado – também pela falta do carreto 26. Aqui, faço referência para a excelente forma do Miguel, esbanjando energia em ataques em montanha e a «tirar» à frente do pelotão, que chegou a rolar a mais de 50 km/h, e terá sido só por isso que cedeu drasticamente a 2 km da meta. E para a boa condição do Nuno – que se passeou autenticamente (a sua baixíssima pulsação média ao longo da prova foi indigna!) e que só por isso terei conseguido cortar a meta praticamente ao seu lado, depois ter cedido alguns metros na subida, ainda antes do estoiro do Miguel.
Estávamos a pouco menos de dois meses da Etape du Tour e havia muito tempo para recuperar, primeiro, e depois apurar a forma. Contudo, apenas foi possível atingir o primeiro objectivo. A partir daí, os treinos passaram a ser quase exclusivamente de recuperação, com a fadiga muscular a impedir trabalho de intensidade, obrigando-me a tomar medidas extremas, como a auto-massagem e descansos activos – quando deveria estar a «meter» carga. De positivo, apenas dois treinos na serra de Monchique, com duas subidas à Foia, a meio de Junho – a altura em que o Miguel e o Nuno participavam na louca Quebrantahuesos, também com muita história! Felizmente, que no início de Julho as pernas começaram a ficar mais soltas e então foi possível treinar com qualidade, principalmente em Montejunto.
A Etape du Tour é sempre uma experiência indescritível, a Meca do cicloturismo mundial, valendo todos os esforços e sacrifícios que a sua preparação implica forçosamente na vida pessoal. Este ano foram 179 km; trepar o Marie Blanque (1ª), Aubisque (Especial), Soulor e mais três contagens de montanha secundárias; e a enorme emoção de estarmos no percurso do Tour, que lá chegaria dias mais tarde.
Os primeiros 50 km eram os mais fáceis em termos de revelo, mas, para mim, nem por isso foram os mais simples. O interminável pelotão rola muito depressa (as forças ainda são muitas nesta altura) e é preciso saber colocar-se bem para ir passando de grupo em grupo, proteger-se bem do vento e ter grande atenção a todas as movimentações para evitar quedas – tudo o que o Nuno e o Miguel fazem muito melhor que eu, ao ponto de, a cerca de 10 km da primeira montanha (Col d’Ichére: 3º categoria – uma espécie de Mata com seis quilómetros), ter deixado de os seguir para evitar desgastes que poderiam ser severamente pagos mais adiante. Assim, pensei, como seria previsível, que ambos subiriam praticamente ao meu ritmo essa primeira montanha e teriam mais probabilidades de entrar num grupo mais veloz. Logo dificilmente os voltaria a ver provavelmente até final, a não ser que recuperasse bastante em alta montanha — tarefa hercúlea perante dois excelentes trepadores.
Todavia, uma paragem forçada do pelotão, numa passagem estreita, na referida subida, permitiu nos voltássemos a reunir. A partir daí, seguimos juntos até ao alto e na descida de ligação ao Col de Marie Blanque – o primeiro grande obstáculo da jornada.
Os meus dois companheiros tinham-no fresquinho na memória — pois faz parte da Quebrantahuesos — e as descrições eram pouco animadoras. Um mês antes, o Miguel pusera ali o pé no chão e o Nuno disse ter sentido dificuldades extremas para vencer os últimos 4 km da subida, a mais de 11% de média!!!
A dureza confirmou-se e foi acentuada pelo facto de a estrada ser estreita e não permitir espaço para ultrapassagem a centenas de ciclistas que se arrastavam rampa acima. A solução foi recorrer a uma expressão que os franceses tão bem interpretam como «abre alas à esquerda», passando a multidão por uma faixa de escassos centímetros junto à berma, sempre com o «credo na boca» receando ter de por o pé à estrada, que, em inclinações de mais de 12%, seria dramático ao voltar a arrancar. Por isso, o Marie Blanque foi duplamente mais difícil, mas sem essa estratégia, seria com certeza muito pior. O Nuno chegou a ficar incomodado com a minha arrogância, mas soube-lhe bem ter aproveitado a boleia. O Miguel teve mais dificuldades e perdeu algum tempo até ao cume.
Voltámos a reunir no abastecimento, antes de iniciar a descida de ligação ao Aubisque, a grande montanha da etapa (17 km a 7,3%).
Os primeiros seis quilómetros são os menos inclinados (a cerca de 5%) e fizemo-los a muito boa velocidade. Sem modéstia, cheguei a interrogar-me porque é que os outros ciclistas iam tão… devagar. O Miguel cedeu, surpreendentemente, logo no início e o Nuno agarrou-se à minha roda, acompanhando-me numa primeira metade da subida em grande estilo.
Nos últimos 7 km, os mais duros, o Nuno também se deixou descair, e eu comecei a pagar a factura nos dois kms finais – algo penosos. Com o Soulor logo a seguir, tive algumas dificuldades para retemperar forças, e ainda faltavam mais de 50 km para a meta. Seguiu-se a longíssima descida e depois foi sempre rolar em pelotão compacto até Pau. No final, após 6h45m, a fadiga era muita mas prevalecia a fantástica sensação, unânime, de superar um exigente desafio à resistência física e psicológica.
O Nuno Garcia chegou 7 minutos depois, e o Miguel… quase 35 minutos. Ainda hoje não sei o que terá acontecido para perder tanto tempo, pois não corresponde, digamos, «à realidade». Seria ainda a ressaca do Quebrantahuesos – recorde-se as palavras do ciclista espanhol nos Lagos, que a prognosticou, afirmando que quem faz o Quebrantahuesos chega «malito» à Etape du Tour —, onde, de resto, o desgaste foi mais acentuado que o normal naquela exigente prova? — que o próprio Miguel poderá descrever melhor? O próprio Nuno certamente também a pagou, mas a verdade é que se defende melhor!
Finalmente, a meio de Setembro, a Serra da Estrela, ainda mais interessante por se ter revestido de uma inédita (e saudável) competitividade, e cuja crónica já foi exaustivamente contada neste blog (ver histórico), da qual ressalvo mais uma fantástica demonstração de força do Miguel, na fase mais difícil da subida e contra o vento, mas não suficiente para nos «deixar» – a mim e ao Nuno, este sempre muito bem protegido, e depois a inexplicável (e irremediável) quebra na descida das Penhas da Saúde.
Então chegou a minha «deixa», a altura que, antecipadamente, escolhera para dar tudo… até final! O Nuno seguiu a roda, como o fizera no Aubisque, e só cedeu na recta final, feita quase ao sprint. Tempo efectuado: 1h20, com vento. Sem vento, ficaríamos certamente abaixo das 1h15. Fica para o ano! Conheçamos então a Etape du Tour 2006!

domingo, outubro 23, 2005

Sempre a rolar...

Depois de uma semana sem tocar na bicicleta, de um princípio de gripe que deixou uma tosse de agoniar, não foi com muito entusiasmo que encarei a volta domingueira. Como o auge da forma já lá vai e mesmo tratando-se de um percurso plano – apesar de muitas vezes ser onde se fazem as tiradas mais duras – pela lezíria ribatejana receava que o rescaldo fosse ainda pior do que o da semana passada: um valente empeno!
No entanto, estive quase sempre bem protegido no meio do pelotão, e por isso as coisas correram melhor do que estava à espera. Aliás, estou cada vez mais convicto que quando opto por uma abordagem, digamos mais conservadora, as tiradas decorrem quase sempre sem grande agitação, quase ninguém «arrisca» suficientemente forte e assim o desgaste é bastante menor.
A provar a boa forma da maioria dos elementos do grupo, rolou-se a boa velocidade (o terreno ajudava) praticamente desde os primeiros quilómetros. Neste trabalho, destacaram-se o Freitas e o Miguel, dois homens com muitos quilómetros e uma temporada que já vai longa, mas sempre muito fortes e disponíveis. Depois, o Farinha, que esteve muito activo, a demonstrar crescendo de forma. Foi dele, a primeira escapada, na longa recta do Porto Alto, mas o Miguel, muito empertigado, não demorou a acabar com a aventura em solitário.
Absorvido o fugitivo, até Benavente o pelotão rolou mais suavemente, com vários elementos a passarem pela frente, entre eles o João e o Pedro… e o João Pedro. A calmaria durou até passarmos o troço da estrada municipal (na lezíria) em que o piso está em mau estado. Então, o inconformado Farinha voltou a acelerar um pouco e levou na roda o Zé-Tó. Todavia, a fuga foi breve. A resposta quase imediata do Freitas quebrou a ordem no pelotão, gorando mais uma vez as intenções dos fugitivos.
A partir de então, a corrida estava lançada e não se voltou a andar devagar. O Carlos começou a «tirar» a 40 km/h fez as despesas durante mais de 5 km, até muito perto do cruzamento da Estalagem do Gado Bravo.
Com a aproximação da ponte de Vila Franca, o único ponto em que relevo poderia fazer alguma selecção, as principais figuras procuraram posicionar-se à cabeça, onde agora era o João Pedro a impor o ritmo. Logo no início da rampa, o Carlos acelerou e abriu três ou quatro metros, mas o Miguel fechou muito bem o espaço e ainda forçou o ritmo, abrindo depois para o Freitas. Este ganhou ligeira vantagem, mas os perseguidores não desarmaram. Eu estava com algumas reservas e fechei o espaço, passando no topo à frente. Na minha roda, vinham o Freitas, o Carlos, o João e o Luís — que me chegou a passar no início da descida. Os restantes ficaram cortados. O quinteto chegou a Vila Franca ligeiramente destacado – mas… sem sprintar!
Em jeito de balanço, destaco a excelente forma em que se encontram o Carlos e o João – embora o primeiro não estivesse no seu terreno de eleição: a montanha. Creio que, actualmente, deverá ser dos mais fortes a subir. Resta aguardar por uma oportunidade para retirar as dúvidas!

segunda-feira, outubro 17, 2005

Imenso desgaste

Depois de uma semana, sem vitalidade física, a volta domingueira resultou, para mim, num imenso desgaste. A escassez cada vez maior de treinos neste final de época e a fadiga acumulada ao longo do ano já não me permitem sair incólume de grandes cavalgadas, principalmente no seio de um grupo em que a maioria dos elementos está em muito boa forma, à semelhança do que já sucedera em 2004, por esta altura.
Está, pois, na altura de iniciar o período de defeso, o qual deverá implicar um escrupuloso privilégio à recuperação física e mental – reduzindo, ao mínimo, a carga e o volume de treino.
Por outro lado, é grande a motivação no nosso pelotão (já baptizado Pina Bike), cuja fama de andar depressa já é pública, e fica demonstrada, desde logo, pelo número de elementos, que, no último mês, raramente tem sido menos de 15.
A volta de Torres confirmou, precisamente, o crescendo de forma de alguns e expôs as fraquezas de outros. A subida do Sobral, todavia, não foi tão selectiva como habitualmente. O vento estava de feição e o ritmo foi quase sempre lento ou muito lento (à espera de um trio – José Morais, Zé-Tó e João - que se atrasara à saída de Loures) havendo, inclusive, quem se tivesse isolado sem praticamente acelerar, caso do João Pedro, numa longa fuga consentida, que acabou por vingar. De resto, só a cerca de 3 km do alto, por iniciativa do Carlos, do Barro, se começou a andar mais depressa. Destaque para o seu bom trabalho à frente do grupo, colocando um passo de tal forma rijo que desencorajou eventuais iniciativas de escapada, antes do sprint final, onde o Freitas confirmou que é o mais forte.
Depois de Torres, o regresso foi bastante mais exigente. No topo da rotunda da A8 houve as primeiras escaramuças. E também as primeiras «vítimas», partindo-se o pelotão em dois… ou três. De qualquer modo, foi um grupo ainda numeroso o que rolou (sempre a bom ritmo) até ao início da subida para Vila Franca do Rosário, onde, a partir daí, eu e o João dividimos as despesas, enfrentando um temível adversário: o vento. Apesar das minhas pernas pesarem chumbo, com o contributo do João, o andamento foi suficiente para manter um grupo compacto de, salvo erro, 9 unidades (eu, João, Freitas, Miguel, Filipe, Luís, Carlos, Pina e o Samuel, que entretanto tinha sido finalmente apanhado depois de andar em solitário desde Loures) até ao sprint final, no alto da Malveira.
Aí, mostraram-se os que vinham mais resguardados. O Miguel foi o primeiro a abrir as hostilidades, mas o Freitas faria valer os créditos, não tivesse sido traído pela quebra de um raio da roda traseira. Eu ainda esbocei uma tentativa de resposta, mas as forças esgotaram-se rapidamente. De qualquer modo, as diferenças, entre todos, foram muito escassas. Muito bem, o Filipe, ainda a dar as primeiras pedaladas no grupo, mas já um valor seguro, e também o Luís, o Carlos do Barro e, claro, o João. Aguardo para ver o seu desempenho numa subida mais dura.
Depois de me arrastar até casa, chegou a altura de arrumar as botas. As rodas pesadas (de andar de devagar, como eu as chamo) já estão montadas na bicicleta. Para tirar ideias!

sexta-feira, outubro 14, 2005

Volta de Torres

No domingo, a proposta é realizar a volta de Torres, já uma clássica. A ida faz-se, como tradicionalmente, por Bucelas, Sobral, Dois Portos e Runa, e o regresso pela Estrada Nacional 8, rumo a Vila Franca do Rosário e Malveira. O percurso tem cerca de 85 km e não tem grandes dificuldades de montanha, a não ser as subidas extensas mas pouco inclinadas do Sobral (11 km a 2,3% de inclinação média), até ao Forte de Alqueidão, e, mais tarde, de Vila Franca do Rosário até à Malveira (8 km a 2,2%), bem separadas no trajecto. De qualquer maneira, o relevo da região saloia é sempre um carrossel, com muito sobe e desce. Depois de duas semanas atribuladas, eis um bom teste ao estado de forma do nosso grupo.

P.S. Muito curiosas as reacções ao meu último comentário. Apercebo-me que o final de temporada (para alguns) e a chuva não arrefeceram o ímpeto. Haja espírito... e força!

quarta-feira, outubro 12, 2005

Afinal, a fuga era para vingar!

Pelos vistos, a chuva e a queda colectiva que provocou ainda nos quilómetros iniciais da volta do último domingo foi arreliadora para mais alguns que não apenas os desafortunados que foram ao chão e todos os outros que mostravam grande motivação em animar a tirada. Afinal, o Freitas, que se colocou em fuga logo à saída do Tojal viu os seus intentos gorados por toda a atribulação provocada pela queda e a subsequente alteração do percurso, em Vila Franca.
Fontes seguríssimas asseguraram a este blog que a iniciativa em solitário era para vingar, pelo menos, até à subida depois da Ota, pretensão que ganhou ainda mais consistência a partir do momento em que passou a ter a companhia do Hélder. Aliás, segundo a mesma fonte, havia uma estratégia bem definida, que passava por forçar o pelotão (ou algumas figuras do pelotão) a desgastarem-se numa longa perseguição, para que, caso houvesse aproximação aos dois fugitivos pouco antes ou já durante a subida da Ota, outro elemento da «equipa», com créditos de grande trepador (instruído para não colaborar no trabalho de tentar a anular a fuga), lançasse um ataque decisivo nessa parte selectiva do percurso – o Miguel.
Pessoalmente, ao tomar conhecimento destes factos, coloquei sérias reservas a que a fuga durasse tanto tempo com um pelotão tão numeroso e forte a perseguir – porque não restam dúvidas de que a perseguição aconteceria, ou melhor, já estaria em marcha, uma vez que a queda dá-se porque a velocidade já era elevada no encalço dos fugitivos. E estes estavam à vista, o que é sempre importante para quem persegue e uma situação muito desconfortável para os que são perseguidos. Mais: estou convicto que não seria por falta de colaboração que o pelotão não anularia (ou não controlaria) a fuga a curto prazo, já que, naquela altura, passavam pela frente diversos elementos.
Fica, todavia, a incerteza sobre o que realmente aconteceria. Porque seria fundamental anular a fuga antes do empedrado de Vila Franca (não porque estivesse escorregadio, mas porque tradicionalmente desmobiliza o grupo), e este não fica assim tão longe de Alverca. Além do facto de os elementos em fuga serem fortes, para mais com um excelente rolador como o Freitas interessado em que a escapada vingasse. Para mais, na companhia de um ciclista tão combativo como o Hélder, que certamente não deixaria de prestar toda a ajuda que conseguisse. E depois havia de contar com o ataque do Miguel.
A serem verdade estes factos, só posso lamentar que os incidentes causados pela chuva (ainda para mais porque os senti no corpo) tivessem invalidado tão legítimas pretensões, pois, de quem vêm, são invulgares ou quase inéditas, merecendo, por isso, saudação muito especial. Aliás, tal como o espírito de sã competitividade tão abertamente assumido. De qualquer maneira, outras oportunidades não hão-de faltar.

domingo, outubro 09, 2005

Maré de azar

Definitivamente, navego em maré de azar nas andanças do ciclismo. Depois de há uma semana ter batido o recorde pessoal de furos numa única volta – nada menos que três! –, este domingo somei mais um ao currículo, o definitivo sinal de que os pneus suspiram por merecida reforma após 12.000 km de carreira.
Mas este até foi um final adocicado de uma volta em que tive o que mais amargo se pode provar quando se anda de bicicleta: uma queda. A causa foi o piso escorregadio à saída da rotunda do Cabo, em Vialonga, que fez o Capitão estatelar-se mesmo à minha frente, levando-me como ele para o asfalto encharcado, e comigo também foi o Pina, ao não conseguir evitar o imprevisto obstáculo prostrado à sua frente.
Apesar de ter sido aparatosa, a queda, felizmente, não teve consequências graves, dela resultando apenas algumas escoriações e hematomas – mais profundas no Capitão –, mas nada que nos impedisse de continuar. Afinal, são ossos do ofício.
No entanto, a motivação do grupo para cumprir a volta completa (Ota) ficou agarrada ao alcatrão com a nossa pele, tanto mais, que o trajecto implicava a passagem, pouco recomendável nestas condições de piso molhado, pelo empedrado de Vila Franca – que deveria estar como sabonete. Por isso, decidiu-se dar meia volta à entrada da cidade, junto à Praça de Touros, e rumar a Sacavém e subir para a Apelação, regressando depois a Loures – e finalmente a Alverca. Fora de jogo ficaram o Freitas, que tinha entrado numa fuga madrugadora com o regressado Hélder, que, com tanta demora, por esta altura já estavam… no Carregado. O que restou do percurso decorreu sem mais incidentes e a bom ritmo até Loures. O pelotão saiu dividido de Vila Franca – com um intervalo superior a 3 minutos – e só voltou a reagrupar-se quando o primeiro foi alcançado à entrada da Apelação, rolando depois compacto e sempre veloz até ao Infantado – onde, finalmente, revemos o Freitas e o «esquecido» Samuel, que realmente estava ainda mais adiantado.
Pessoalmente, à parte da queda e do furo (como se fosse pouco!) não acusei demasiado a paragem de uma semana. Desta vez, no final o que estava mais dorido não eram os músculos. Mas estou em pleno abaixamento de forma, normal e recomendável em cada final de época.
Desejei-me melhor sorte para a próxima semana.

domingo, outubro 02, 2005

Volta... furada!

A volta de hoje prometia, mas saiu… furada. É verdade! Três furos na contabilidade pessoal não são propriamente um pecúlio muito comum, só ao alcance em dias de muitíssimo azar. De qualquer maneira, pior seria uma queda. Ou ficar «pendurado» na estrada, o que não aconteceu, como seria previsível estando sozinho numa situação destas (alguém anda com três câmaras de ar no bolso). Tudo graças à solidariedade que impera neste grupo – e ao engenho do Carlos e do João, em particular, que conseguiram reparam um pneu que parecia condenado a rebentar todas as câmaras que nele se metessem.
No entanto, irreparável ficou o interesse desta volta, que, até aí, estava a cumprir todas as expectativas. Grupo numeroso, motivado a dar o litro ao longo de um percurso que, embora curto, era extremamente selectivo.
O primeiro momento alto estava reservado para a subida da Mata, já uma clássica pela sua dificuldade. O ritmo foi animado desde Arruda, com vários corredores a passar pela frente, e a 2 km do alto, na passagem pela Mata (casas) fiz a aceleração decisiva. No ligeiro descanso antes do gancho verifiquei que só o Miguel conseguira responder e a menos de 1 km entreguei-lhe as despesas. Mas pouco depois, cometi um erro… ao induzi-lo em erro. Ao deixar-me descair para a sua roda, o Miguel terá eventualmente pensado que eu estava a ceder ligeiramente e fez duas ou três acelerações que, certamente, não faria – pelo menos naquela altura – e que me causaram um desgaste adicional e imprevisto. Na recta final, ele monopolizou muito bem essa vantagem e impôs-se por 2 ou 3 segundos. Muito bom!
Mas este seria apenas o primeiro prato forte. Outros estavam para ser servidos. Ou pelo menos mais um, bem condimentado, em Ribas, embora estivesse convicto que a inédita passagem pelo muro de Nossa Senhora da Ajuda também fizesse «estragos». Estavam, digo bem, se eu não tivesse furado e furado e voltado a furar, espartilhando, a partir daí, todo o grupo.
Mesmo assim, Ribas foi feito a bom ritmo, com o Pedro, o João e o Zé Tó. Lá em cima, no cabeço, lá estava o resto do pessoal, à espera dos retardatários. Melhores dias virão!
Nota de observador atento: neste final de temporada vai haver três homens a andar muito bem, logo mantenham o ascendente de forma. Atenção ao Pedro (que já deu provas durante a Primavera de ser dos melhores), ao João (muito bem na Mata, em Casais da Serra e em Ribas) e o Carlos, do Barro (excelente trepador). Os outros, como diz o nosso Fantasma, que façam pela vida, porque não a vão ter nada fácil…
E votos de boa etapa no feriado de quarta-feira – e domingo voltamo-nos a ver. Segundo creio, na sempre animada volta da Ota.