Espaço aberto à opinião dos ciclómanos sobre ciclismo. De simples entusiastas da modalidade aos que a praticam. Sítio de tertúlia, onde fluem conversas de ciclistas sobre ciclismo.
sábado, abril 16, 2011
sábado, abril 09, 2011
Domingo:Clássica de Santa Cruz - 8h00
A Clássica de Santa Cruz 2011 realiza-se amanhã domingo. O terceiro evento do género nesta temporada tem partida e chegada a Loures (posto de abastecimento da BP, junto ao nó da A8) e distância de 125 km, com partida às 8h00
A Clássica de Santa Cruz tem um percurso muito interessante, suficientemente exigente. A morfologia do percurso desta Clássica nada tem a ver com o das anteriores já realizadas este ano (Santarém e Évora). Obviamente, é mais acidentado, com sucessão de subidas dignas de registo, como são os casos do Forte de Alqueidão (de Bucelas), Encarnação, Picanceira, Gradil (vertente Oeste) e Vila Franca do Rosário.
Como nas anteriores edições desta Clássica, a tirada será NEUTRALIZADA à chegada à MALVEIRA (km 103,3 - rotunda do nó da A21 Malveira-Ericeira), no final da subida de Vila Franca do Rosário, após o que se seguirá a conclusão do percurso estipulado até Loures. A neutralização tem como objectivo zelar pela segurança dos ciclistas – em especial no atravessamento sempre muito congestionado da Malveira e Venda do Pinheiro; e já perto do final, de Pinheiro de Loures e Barro - e não pressupõe, forçosamente, paragem para reagrupamento de elementos retardatários.
domingo, abril 03, 2011
Clássica de Évora 2011: a crónica
Um ano depois de a Clássica de Évora se ter «nacionalizado» - mercê de pontual integração no Desafio Audax da Federação de Cicloturismo –, o regresso às origens locais trouxe ao evento a confirmação de um estatuto intermédio: regional. Pelos indicadores verificados no domingo passado – mais de sete dezenas de participantes, responsabilidade colectiva pela segurança, velocidade, competitividade, desportivismo -, não parecem restar dúvidas de que a «nossa» Clássica das Clássicas reforçou saudável processo evolutivo, sem «muleta» federativa.
Outra prova da projecção e do interesse crescente desta tradicional jornada primaveril de ciclismo puramente amador, organizada pelo grupo Pina Bike, é a adesão cada vez maior de participantes de elevado nível (sem qualquer desprimor dos menos treinados; trata-se apenas de um indicador), facto que não deixa de ser curioso, tratando-se, indiscutivelmente, de um percurso acessível – em distância e desnível acumulado -, em que as superiores capacidades físicas dos atletas não sobressaem (tanto…) como noutros traçados com relevo mais acidentado e/ou maior quilometragem. A verdade é que, embora havendo protagonistas a destacar entre o extenso grupo que partiu de Loures (sob ameaça de chuva que, felizmente, não se confirmou), cada vez mais «gente que anda bem» adere a esta Clássica que tem vindo, ano após ano, a diluir as diferenças entre participantes. Pela terceira edição consecutiva, o evento teve final em pelotão compacto (cerca de uma vintena de ciclistas), ao sprint.
Antes de passar à habitual crónica, um ponto prévio: em resposta ao repto deixado pelo camarada Carlos Cunha em recente comentário, vou procurar voltar «ao registo antigo», empregando um tom mais opinativo, crítico, quiçá acutilante. Comprometendo-me mais, pois claro! Por isso, aos mais susceptíveis, peço que relevem a importância das minhas afirmações, porque, naturalmente, não passam disso mesmo... A ver.
O arranque da descrição pode, desde já, ser controverso. Creio que não! Tomei a decisão de destacar o «resultado final» da Clássica, sem olhar aos meios. Ou seja, valorizando a vertente competitiva. Por isso, dedico mérito maior ao Freitas (Pina Bike), que teve uma prestação perfeita para os seus assumidos intentos: ser o primeiro a cruzar a «passadeira» de meta, em Évora. Para tal, comportou-se como um verdadeiro sprinter, protegido durante todo o percurso (apesar de envolvido em queda) para surgir nos últimos metros a fazer a dificílima diferença para os demais, aplicando superior velocidade terminal, a sua explosão muscular.
Reforço: conseguiu o objectivo a que se propôs (reforço) e isso é indiscutível. Reforço ainda mais: as Clássicas não têm fins competitivos, mas há entre a elite de participantes quem procure ser o primeiro. Certamente, a maioria dos ciclistas que integravam o grupo principal à chegada ambicionava esse feito, mas sabia que só um poderia atingi-lo. Prova disso, o sprint massivo, concorrido e vigoroso!
Mas a história desta Clássica começou a ser ganhar contornos ainda na ponte de Vila Franca, quando o Hugo Ferro (Carb Boom), depois de passar o incómodo empedrado «dinamitou» o pelotão pela travessia acima. A velocidade a subir roçou os 40 km/h e a embalagem da descida mais de 70 km/h: dá para ter uma ideia! Foi o mote para disparar o ritmo da Clássica: a partir daí, o comboio nunca mais abrandou – e já vinha a cumprir a média muito simpática de 35 km/h...
Quem começou a meter «lenha», não posso precisar (eu estava longe da cabeça do pelotão), mas apercebi-me que por lá passaram alguns elementos da Carb Boom, talvez mais amiúde o Hugo e certamente já o Renato Hernandez, a irresistível locomotiva desta Clássica. Sobre o desempenho deste, todos os elogios não chegam, podendo resumir-se, para quem o conhece, numa frase esclarecedora: foi ao seu melhor estilo (ponto!).
Não sei se foi por alturas da passagem pela recta do Cabo, se um pouco mais à frente, o certo é que ele tomou o comando do imenso grupo e foram poucos os que ousaram (sequer!) partilhá-lo. Foi assim até Montemor! E mesmo depois, só rendido ao cansaço e à dureza dos ataques sucessivos, se viu forçado a baixar a guarda. Até então, rendê-lo foi impossível; ir simplesmente ao seu lado era demasiado castigador! Opção mais coerente: deixá-lo na sua tarefa hercúlea e continuar a rolar, na sua roda, a mais de 40 km/h na planície. Não será exagero considerar que a média final, superior a 39 km/h em 135 km, podia ter sido ele a estabelecê-la… em contra-relógio individual!
Mas houve quem não estivesse pelos ajustes. Quem? O João Aldeano, pois claro!, presença destacada na edição de 2011. Antes do Infantado, lança um ataque e ganha cerca de 200 metros. Mas só: o Renato não lhe permitiu mais liberdade. Houve quem discordasse, que devia tê-lo deixado ganhar terreno, criar a ilusão da fuga para o desgastar. Afinal, era um dos homens fortes, dos mais «perigosos». Não foi isso que aconteceu. Nem mesmo quando o Duarte (com as cores Pina Bike – dá para repetir!?) se juntou a ele, saltando bem nas barbas do pelotão. Não era para todos. Coisas de Masters…
Durante cerca de 5 quilómetros, o duo não teve mais de 300 metros de avanço do pelotão, sempre à vista (e como isso é importante para quem persegue...). O Renato foi tendo ajuda, principalmente do Hugo (Carb Boom), mas pertenceu-lhe sempre as maiores despesas. Até que a fuga foi anulada... coincidindo com a grande queda da jornada que envolveu meia dúzia de ciclistas, numa rotunda escorregadia, felizmente sem consequências graves. Apesar de algumas escoriações, todos os acidentados puderam retomar.
Montemor
Pelotão novamente compacto e a impressão geral que não havia possibilidades de escapar enquanto o Renato tivesse força (aquela toda...). Foi assim, mesmo depois de Pegões e a entrada em terreno mais ondulado (o vento favorável também foi seu bom aliado), prosseguindo até à famigerada subida de Montemor – por que todos esperavam...
Andamento rijo imposto pelo Aldeano e pelo Renato, mas suficientemente acessível aos mais fortes. Muitos! Creio que havia «espaço» para experimentar ataques, mas ninguém tomou a iniciativa. Certamente, estaria condenada ao malogro. O «Mata a Velha» ainda passou no alto com cerca de cinco metros de vantagem, sem grande esforço para o próprio e com total permissão do pelotão. Não seria ali, a 30 km de Évora, que as principais figuras iriam jogar os seus trunfos.
Mas também não foi muito mais adiante... Num dos topos à saída da cidade o Aldeano arranca, forte, decidido a fazer estragos. Quiçá a provocar um corte decisivo no grupo. Quebrava-se, finalmente, a ordem imposta pelo Renato, que partir daí sentiu muito mais dificuldades para manter o controlo das operações (entenda-se, a impor o ritmo). E não foi por não ter tentado… O protagonismo que exacerbou durante 100 km faltou-lhe nos derradeiros e decisivos 30. Com toda a naturalidade. Não é um reparo, muito menos crítica, apenas o desejo de saber se aquela força colossal, que parece inesgotável, teria capacidade de «triturar» a concorrência. Noutro tipo de terreno, estou convencido que sim. Talvez, já numa próxima Clássica…
Voltando à estrada: respondi, de pronto, à iniciativa do Aldeano e cheguei à sua roda nalgumas centenas de metros a grande intensidade. Uff… Mas, tal como eu, chegou a reboque todo o pelotão – ou o que já dele restava... Com isso, o Master abdicou, mas não voltou ao conforto do grupo, estava empenhado em desgastar, desgastar... e meteu o ponteiro muito acima dos 40, por vezes, 50... e tal! O Tiago Silva e o seu compadre Dario cooperaram. O primeiro estava a confirmar excelente prestação na segunda parte do percurso e o Dario o seu muito momento de forma.
E eis que, num dos topos mais extensos, houve uma movimentação estranha, casual, que deixou à frente do pelotão uma mancha amarela e negra: os Duros (Hélder e Francisco) e os Ciclomix (Hugo Arraiolos e Feijão). A situação foi bem aproveitada por ambas as formações, que lançaram pouco depois ataque forte, por intermédio do Hélder e do Feijão. Ao que o Francisco procurou juntar-se, com muito esforço e em vão (refira-se que estes dois Duros estiveram mais discretos que na Clássica de Santarém, pelos vistos porque iriam regressar a Loures de… bicicleta, mas acima de tudo pelo «factor» Renato-Aldeano).
Esta iniciativa também foi sol de pouca dura. Eu voltei a assumir as despesas à frente do pelotão, agora levando o Freitas na minha roda. A partir desta altura não podia haver descuidos, nem espaço aos mais fortes. De qualquer modo, quem fechou os últimos metros foi o Tiago Silva, igualmente a rebocar uma coluna que se formara atrás de si.
Até final, foi só… guiar, nada mais havia a fazer para tentar escapar ao grande grupo lançado a velocidade «pornográfica». A média entre Montemor e Évora foi de 43,2 km/h!, para um registo total de 39,4 km/h. Digno de provas de elite.
Na aproximação à chegada, o sprint foi antecipado – ainda a cerca de 500/600 metros do final, motivado pela necessidade de resposta a uma última cartada do Aldeano, sorrateiro junto à berma. Ganhou preciosos 10/15 metros sobre a cabeça do pelotão e parecia conseguir resistir à perseguição.
Disse quem o conhece das lides da competição, que é uma movimentação habitual do João que, por vezes, surpreende toda a gente, obrigando a um sprint menos clássico. Como neste caso, que quase resultava não fosse o derradeiro golpe de força do Freitas, explosivo e muito mais defendido ao longo de toda a jornada, e lançado a grande velocidade pelo seus «co-equipiers», com destaque para o Rui Torpes. São assim os finalizadores natos.
ATENÇÃO: No próximo domingo, Clássica de Santa Cruz (espectacular em 2010!!).
Partida de Loures: 8h00
Mais informações nos próximos dias