A Clássica
dos Campeões proporcionou um encerramento de temporada excelente. Permitiu
reunir um pelotão respeitável, em número e protagonistas, promover a
convivência na primeira fase do percurso e, após esta, viverem-se momentos de
ciclismo fantásticos, ao nível dos melhores do ano!
De Loures a
Vila Franca cumpriu-se o pré-estabelecido: andamento moderado para evitar «nervosismos»
e eventuais cortes que impedissem que se celebrasse, com harmonia e em convívio,
a última Clássica de 2014. Mais, esta toada acessível manteve-se até Alenquer.
Naquele primeiro troço, sensivelmente até Vila Franca, o pelotão foi liderado
principalmente pelo Rui Torpes, Ricardo Gonçalves e António Prates, e a partir
daquela cidade, pela dupla inseparável, Freitas e Mário. Foi esta que levou o
grande grupo até Alenquer, mas, na Variante, o Torpes passou para a frente para
impos, pela primeira vez no dia, um andamento rijo, que culminou com a chegada fortíssima
à rotunda do topo da Variante, causando os primeiros cortes mais «graves» no
pelotão. Todavia, logo a seguir o Gonçalves parou na berma e fez-se um compasso
de espera que permitiu o rápido reagrupamento.
Nessa
circunstância, o Freitas e o Mário voltaram, sem hesitação, para a frente do
pelotão, liderando com um ritmo muito bom (não excessivo; não leve - recomendável
para manter uma toada consistente para o grande grupo) Fizeram-no até à entrada
na Espinheira, onde comuniquei-lhes que os renderia na tarefa. No entanto, o Gonçalves
antecipou-se e foi ele que impôs o andamento naquele «carrossel», estirando o
pelotão e exigindo que se cerrassem fileiras nas rodas. No topo da Espinheira,
a média total fixa-se em 32,5 km/h, a mesma que ficara estabelecida até Vila
Franca.
Este foi
apenas o mote para o que restava... Desde logo, na subida para o Cercal-Barriosa,
as maiores intensidades da jornada, com o Torpes a abrir e o Mário a levar
praticamente até ao alto, em mais um desempenho de grande nível que demonstrou
que o rolador pode «surfar» também fora da sua «praia»: a planície.
Contudo, com
o ritmo seletivo, a partir do topo desta curta subida, na frente ficou um grupo
restrito formado pelos seguintes elementos (salvo erro ou omissão): eu, Torpes,
André, João Santos, Bruno de Alverca, Pedro Pires, Tiago Branco e Carlos Santos
(creio que o Gonçalves já não estava...). Mas, agora, ao contrário do que
sucedera em Alenquer, não se parou mais... De tal modo, que desde ao alto desta
subida até à viragem no cruzamento de Martim Joanes (N-115-1) – onde pouco
depois se juntaram os Anicolor do Oeste liderados pelo camarada Paulo Pais -, a
média disparou para 41 km/h, com revezamento coletivo na condução do grupo.
Grande nível!
A partir
daqui, e até já perto da Aldeia Grande, o trabalho passou a ser partilhado exclusivamente
entre mim e o Bruno de Alverca, e desde aí fomos rendidos pela coluna do
Anicolor até à entrada na subida da Ermegeira-Sarge. Os Anicolor estiveram
muito bem e o andamento subiu ainda uns furos... Até ao início da subida média
de 40 km/h. Nesta ascensão, 35 km/h até ao topo, com diversos ataques finais,
tendo o André como um dos intervenientes. De qualquer modo, após a descida, nas
rotundas de Torres, toda a gente reagrupada.
Seguiu-se
para Runa, agora com o vento mais frontal, a recomendar (e a impor) moderação. De
tal modo, que, nas imediações desta localidade, quando pretendia passar pela
frente «vi-me» isolado, o que levou a que entrasse «nestas condições» na dura rampa
à saída. Esta situação teve o condão de modificar definitivamente o
«establishment», levando a que alguns elementos se lançassem, também
isoladamente, na perseguição. O primeiro a chegar a mim foi o Tiago Branco, e
logo a seguir o André, que passou direto, motivando o Tiago a tentar
apanhar-lhe a roda. Mas não conseguiu... e foi com a minha contribuição que
alcançámos o puto já a descer para a Ribaldeira, onde «parámos»... para
respirar. No nosso encalço, finalmente o Torpes, com o Pedro Pires na roda, os
primeiros a alcançar-nos. Pouco depois, também o Bruno de Alverca. Mas mais
ninguém. Todos os restantes, ficaram definitivamente para trás. Foi, assim, uma
espécie de despedida antecipada ao abnegado e coeso grupo do Anicolor, que certamente
voltaremos a rever no próximo domingo, no imperdível Livramento-Óbidos (dia 26,
com partida às 9h00).
Em Dois
Portos, nas primeiras inclinações em direção ao Sobral decidi voltar à frente e
levar até onde as pernas deixassem. No entanto, rapidamente percebi que não
seria longe, ao sentir o quadríceps a prender. De qualquer modo, contrariei a
dor e continuei até que à entrada da fase mais aguda da subida, quando o André
mudou o andamento, e o Torpes a ser o único a seguir-lhe a roda. O Pedro ainda
tentou mas ficou em posição intermédia (creio que não deveria ter insistido, aguardando
por mim, e assim poderíamos cooperar). O Tiago e o Bruno estavam recuados. Os
dois da frente, todavia, pareciam ter celebrado um pacto de não-agressão e (pareceu)
por iniciativa do puto aliviaram o ritmo para que recolássemos – o que só
aconteceu já depois do Sobral.
Na subida final
para o Alqueidão, o Torpes entrou moderado mas enrijeceu progressivamente o
ritmo, ao ponto de no último quilómetro voltar a ficar sozinho com o André. Sem
dúvida os mais fortes. Desta vez, o Pedro deu-me a roda e, com a permissão
daquele duo, conseguimos chegar em quarteto ao topo. Após isto, tréguas! E a descida para Bucelas foi...
a deslizar!
Grandíssima
Clássica!
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