quarta-feira, agosto 03, 2005

Sacavém-Vila de Rei: 165 km!

No último domingo (dia 31), fomos cinco de Sacavém a Milreu (lugarejo a cerca de 8 km de Vila de Rei, exactamente no centro geográfico de Portugal continental). Sete horas da manhã de um dia ventoso de Norte, para tornar o esforço de 165 km ainda mais exigente. A estratégia ficou bem definida logo nos primeiros quilómetros – revezamento à frente, ao estilo de contra-relógio por equipas, para melhor enfrentar o vento e diminuir os desgastes. A máquina bem oleada, mesmo sem experiência na difícil especialidade, permitiu manter um ritmo regular, entre 30 e 33 km/h, para fixar rapidamente a média acima dos 30 km/h, com a ajuda imprevista de dois tractores de caixa alta da apanha do tomate ribatejano, já depois de Almeirim.
De facto, o vento acabou mesmo por ser o pior adversário, causando desgaste adicional, que veio a pesar bem nas pernas depois dos 130 km e mais tarde, nos últimos 15, a partir de Abrantes, quando o relevo começou a ficar mais acidentado. Por outro lado, embora as passagens pela frente à vez tivessem tido as vantagens que já enumerei, também tornaram mais escassas as fases de relaxamento, obrigando a manter um ritmo sempre certo e a intensidade média - bom para os roladores (como o Marco ou o Freitas), um pouco mais difícil para mim, para o Nuno Garcia e o Miguel Marcelino. Ainda recebemos, de bom grado, a ajuda de dois companheiros de estrada durante alguns quilómetros, que nos interceptaram perto da Carregueira – e que nos chamaram malucos depois de saberem de onde vínhamos! Os quilómetros acumulavam-se e começavam a pesar, de tal forma, que, no meu caso, as pernas já doíam ainda antes do Tramagal, quando se atacou a primeira subida (embora curta e pouco inclinada), transformando os últimos 15 km, de sobe e desce, numa tarefa complicada, principalmente quando se sabia que a coordenação do grupo acabaria e a pedalada tornaria mais rija.
O Freitas foi o primeiro a ceder na segunda subida a valer, nem dois quilómetros tinham passado desde Abrantes. O Marco impressionou pela boa forma e pela frescura que demonstrou nesta fase final do percurso. As despesas estavam entregues ao Miguel e, algumas vezes, ao Nuno. Eu ficava na expectativa, «rezando» para que não houvessem mudanças fortes de ritmo. O Marco adiantou-se com a ajuda de um triciclo a motor e o Miguel segui-o, mas não foram longe, sintoma que as forças também estavam curtas para eles. O Nuno optava por se manter atrás, ao meu lado. Todas as tentativas para fazer a diferença foram ténues e os quatro atacaram a última subida (2 km a 8%) juntos. O Miguel forçou uma vez, forçou duas, mas agora dificilmente alguém cederia com o final à vista. O Marco ainda viu o seu elástico ceder a meio da subida, perdendo pouco mais de 30 segundos e o Freitas chegou cerca de 3,5 minutos depois. Chegámos três na frente a Milreu, após 5 horas e 23 minutos de pedalada.
Muito duro, mas valeu a pena! Melhor para quem teve a felicidade de ficar a banhos de rio e de farta comezaima, que eu tive de regressar de imediato a Lisboa, para ir trabalhar… até às 3 da matina! É preciso ser doido varrido!
Reconhecimento, ainda, para o contributo do carro de apoio, fundamental no abastecimento de água nos derradeiros quilómetros, quando a temperatura foi mais alta.

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