segunda-feira, julho 03, 2006

Fica para a próxima!

Chamboeira: o Durão acelera, destaca-se do pelotão, levando na roda Pina, Fantasma e Salvador. O grupo principal mantém-se na expectativa. O Carlos passa para a cabeça para avivar o ritmo, mas nessa altura já era necessária uma aceleração mais vigorosa. Recomendava-se, pois, uma perseguição organizada – sob pena se cair em desgarrada.
O andamento imposto pelo Durão entre os fugitivos permitiu-lhes ganhar rapidamente vantagem significativa… e a aumentar à vista desarmada. O Salvador não resistiu e deixou-se descair, sendo reabsorvido pelo pelotão. Bem fez!
À passagem pelo alto da Freixeira (Venda), os escapados passaram a ser cinco com a entrada do ZT e do Abel (que aí esperavam pelo grupo). Atrás, sete perseguidores: Ricardo, Carlos, João, Samuel, Salvador, Pintainho e o amigo do Pedro. O Salvador vacila após a subida do Vale de S. Gião, obrigando a refrear o andamento. Nada de preocupante. O João ajuda-o e a recolagem é consumada na Malveira. Os fugitivos há muito que tinham saído da vista do pelotão.
Na descida para Vila Franca do Rosário, o João e o Salvador estiraram bem o grupo e mesmo a mais de 60 km/h começou a afinar-se a perseguição. Foi o que se viu no topo de Vale da Guarda. A partir de Barras, toda a gente já passava pela frente. Cerca de 20 segundos a cada um para não «queimar» e sem esticões. Aliás, ninguém estava autorizado a forçar o andamento. O importante, nesta altura – mesmo sem controlo visual dos fugitivos –, era manter a distância, que à velocidade que se rodava atrás dificilmente poderia aumentar – a não ser que se estivessem a «esturricar». Neste caso, pior para eles!
Foi muito bem respeitado o pedido de prudência nos topos do Turcifal, porque se aproximava a subida do Carvalhal para Catefica, onde era necessário jogar os «trunfos», sem, no entanto, sem arriscar colocar em cheque a harmonia do pelotão. Subiu-se muito bem e se era necessário mais alguma prova que o grupo perseguidor estava coeso, ela dada. Para minha surpresa, avistámos os fugitivos praticamente a passar pelo alto (Catefica). De facto, não previa tão rápida recuperação. Teriam de ter «parado»! Ainda mais surpreendente: o Durão estava ligeiramente adiantado e levada na roda o… Abel. ZT, Pina e Fantasma tinham cedido! Por isso, aliviámos imediatamente o andamento. As «presas» estavam controladas.
Mas eis que soou o alarme no pelotão: o Samuel desaparecera sem deixar rasto… Eu e o João aguardámos… aguardámos… e nada! Não poderia ter perdido tanto tempo. Voltou para trás?!
Novamente no seio do pelotão e já no início da subida de Sarge apanhámos o trio intermédio (Pina, ZT e Fantasma), com o Durão e o Abel cerca de 300 metros adiante. Estava a ver-se que chegara a hora do primeiro lançar a derradeira cartada se ainda alimentasse esperanças de chegar ao alto da Ereira isolado. O Abel foi absorvido e fomos da peugada do fugitivo – que definitivamente tinha acelerado e bem. Ou seja, atrás também não se podia facilitar. Por isso, forcei o andamento na subida e o João e Salvador continuaram o bom trabalho na descida para Ermegeira. As hipóteses do Durão diminuiam. Mais: pelotão mantinha-se agrupado – à excepção do Fantasma, que ficara ligeiramente para trás.
Chegámos à subida da Ereira: dura, com 3,2 km, uma média de 7%, longas rampas a 9% e passagens a 11%. O Freitas entrou destacado, cerca de 300 metros. Ainda era qualquer coisa. Atrás, após alguma controvérsia sobre o paradeiro do Fantasma (que reteve o andamento durante as primeiras centenas de metros), o Pintainho «meteu» o passo, levando na sua roda o Carlos. Quase todos procuraram fazer o mesmo. À entrada do tal km a 9%, passei para a frente. Às tantas, ouço lá atrás alguém gritar: «O Capitão vem aí, podes ir!» E fui (mas já ia!), abrindo rapidamente para o Pintainho e o Carlos. O ZT e o João vinham também lá. O Freitas levava ainda 150 metros vantagem, mas como estava nitidamente em perda e a distância esfumou-se num ápice. A 200 metros do final da parte dura cheguei à sua roda e passei ao ataque. À primeira sacudidela respondeu bem, mas após o ligeiro descanso (6%), junto às bombas, perante nova aceleração forte na rampa de 10%, que inicia os 600 metros finais da subida, cedeu clamorosamente.
O Carlos, Pintainho, ZT, João e os restantes não demoraram muito tempo a chegar ao cume – somente o Fantasma necessitou de algum ânimo suplementar. E o Pintainho não perdeu tempo a servir-lhe o prato frio da vingança.
A partir daqui, a volta seguiu em «paz», mesmo com o Salvador fugido, pairando no ar a sensação, quase generalizada, do dever cumprido. Os últimos metros do Alqueidão ainda deram para voltar a ligar (e bem) as turbinas, mas até aí os bravos do dia estiveram em grande, descendo-se para Bucelas a bom ritmo – e com quase toda a gente junta.

Notas de observador:

1. A frase começa a estar batida, mas ontem voltou a «fazer-se ciclismo». O grau de exigência aumentou consideravelmente em relação ao domingo transacto, e a volta não era mais «doce». Todavia, o nível do grupo permite esses excessos. Uma fuga duradoura e um pelotão a perseguir. Toda a gente correspondeu a preceito. Lá à frente, os fugitivos fizeram um trabalho muito bom, destacando-se rapidamente – e isso exige um esforço adicional, cuja factura não se pode deixar de pagar mais tarde. Atrás, os perseguidores (e eu posso testemunhar) estiveram irrepreensíveis. Para eles, em especial, os meus parabéns. Passaram-se momentos de forte empenho e o resultado final (a anulação da fuga) foi recompensador. Se me permitem o pretensiosismo: se eu fosse o chefe-de-fila daquela equipa, asseguro que esta não poderia ter feito melhor trabalho para me deixar com possibilidades de discutir a «vitória» na Ereira. Para a próxima, prometo retribuir.

2. Também os fugitivos estiveram muitíssimo bem, embora tenham, porventura, exagerado no esforço para manter (ou então, aumentar a diferença) durante muitos quilómetros. A missão não era fácil e até começou da melhor maneira para o grupo de 3 e depois 5 elementos, abrindo rapidamente um fosso para o pelotão e saindo da vista deste também (o que é uma vantagem muito importante), desencorajando assim a anulação rápida da fuga. O grupo era forte mas não terá feito a gestão de esforço ideal, que era exigível para fazer vingar a escapada. Repito: não era fácil! Todavia, o Durão esteve quase a atingir os seus objectivos e o ZT fez uma excelente subida da Ereira, repetindo as boas indicações dadas há uma semana em S. Tiago dos Velhos.

3. Por falar em boa indicações, não se pode deixar de referir (e repetir) a excelente forma do João. O seu trabalho no pelotão perseguidor foi fundamental, não apenas pelo trabalho, mas também na ajuda à coordenação. E depois ainda teve forças para corresponder com galhardia à dureza da Ereira e mais tarde no Forte de Alqueidão, onde, pelos visto, teve um desempenho que impressionou o Pina. Rendido ao desempenho do João no final da subida, em resposta à minha aceleração e do Freitas, o Relojoeiro (que seguiu a sua roda) não lhe poupou elogios.

4. Mas o João não foi o único em elevadíssimo plano. Para ser realmente justo, todos os que participaram nesta volta mereciam referência. Mas perdoem-me a parcialidade em relação ao pelotão perseguidor: o Carlos esteve ao seu melhor nível: com o coração a 190 no final da Ereira disse que chegou a ver estrelinhas. E o Pintainho irrepreensível, ajudando o grupo e muito bem na Ereira, provando desta vez os seus créditos de trepador. Mas também o Salvador e o Amigo do Pedro: abnegados! E o Samuel… enquanto não se eclipsou algures entre o Carvalhal e Catefica! A sério: espero que não tenha passado mal.

5. Já agora, para eventuais interessados, a minha pulsação média na subida da Ereira foi de 172 bpm, sendo no início baixa (155) e nos últimos dois quilómetros sempre acima das 180, com «pico» às 189. Outro facto relevante: entre a Malveira e o Carvalhal o grupo perseguidor fez a excelente média de 36 km/h.

6. A terminar: segue-se a Etapa do Tour (próxima segunda-feira, dia 10). O trabalho de casa está feito: 10.500 km na temporada (mais de 9000 km desde 1 Janeiro) e as baterias afinadas para conquistar o Izoard, o Lautaret e o Alpe d’Huez. Na fantástica companhia do Miguel e do Nuno, vamos ser três entre 8500 à partida de Gap, para 190 km que prometem ser inesquecíveis.

8 comentários:

Anónimo disse...

Pois é companheiros
Cada vez se anda mais e melhor! Desde o início da fuga até Torres Vedras, que a passar à vez pela frente com os outros 4 "ASSASSINOS"... raramente baixei das 170 bpm!... Claro que logo aí e com a subida / Km que faltavam, comprometi irremediavelmente o "conforto" do resto da volta.
Na aceleração final para o Alqueidão, já com o motor na reserva...,tive que me "guardar???..." (AI TANTA DOR) para a descida na tentativa de recolar ao grupo.
Só ao longe, os conseguia avistar!...
Excelente volta a confirmar o bom momento do grupo!!!
Pena foi que o "rapaz" Feitas não conseguisse aproveitar até ao topo o trabalho desenvolvido (até onde foi possível...)pelos seus compadres de fuga!!!...

PS: Para esta semana e como forma de encontrar soluções para a falta de ar sentida na Ereira, agendei uma visita ao tal apartamento onde pelos vistos se fazem milagres pela boa forma dos atletas!!!...

AB e bons treinos

Ricardo Costa disse...

É assim, companheiro Fantasma. O pelotão revelou-se um verdadeiro cilindro e o «ponto quente» desta volta não era o mais favorável ao nosso «rapaz» Durão.
Todavia, o esforço dos seus companheiros de fuga não foi em vão e, concerteza, ele próprio o reconhecerá, pois, sem bem o conheço, terá sido o que mais frustrado ficou com o «falhanço». Tanto mais, porque foi por muito pouco.
Além disso, contribuiram todos para uma excelente jornada de ciclismo. A repetir!

Anónimo disse...

Concordo 100% contigo João.
O DURÃO está uma autêntica máquina trituradora!!!
Mas não é só ele que está bem, é quase o grupo todo!
No entanto, e sem menosprezar a enorme valia do grupo perseguidor, a abarrotar de individualidades, tenho sérias dúvidas que conseguissem «encostar» ao DURÂO antes do alto da Ereira se tivessem feito a volta por Torres tal como nós a fizemos..., sem atalhar, encurtando assim, com menor desgaste, a distância para nós.

AB e bons treinos


PS: Aos PODEROSOS/ASSOMBROSOS/POTENTES/TRITURADORES/ETC!!! representantes do PINA BIKE em terras de França, FORÇA NOS PEDAIS, boa sorte, e continuem a escrever a história que hoje se vai iniciar!!! PORTUGAL PORTUGAL PORTUGAL
VAMOS A ELES CARAGO!!!!!!!!

Ricardo Costa disse...

Caro Fantasma. Sem menosprezo pelo grupo de fugitivos, também ele bem composto e que contou ainda com a entrada de dois reforços «frescos» no final da desgastante escalada Bucelas-Venda do Pinheiro, importa fazer uma ou outra rectificação ao teu comentário.
1- O único que «encostou» ao Durão fui eu, caso contrário, o valente não seria alcançado antes do alto da Ereira.
2- Além disso, o fim da sua aventura aconteceu já na rampa dos 9% antes da entrada na localidade e não antes de começar a subida. Aí, ele entrou isolado, com cerca de 1m00/1m30 de vantagem e beneficiou ainda do impasse gerado pela polémica sobre o teu paradeiro, no 1º km da subida.
3- Finalmente, estou convicto que não foi por atalhar caminho (ganha-se muito pouco) que o trio (tu, ZT e Pina) foi apanhado antes de Sarge. De resto, na subida de Catefica a fuga já estava controlada e sua anulação apenas foi adiada devido à redução significativa do andamento do pelotão devido ao «desaparecimento» do Samuel. De resto, o ritmo que vocês (o trio) levava na altura em que foi alcançado nada tinha a ver com o do pelotão.
4- Mais: depois de ouvir ambas as partes, chega-se a conclusão que a fuga fica definitivamente condenada devido ao acentuado abaixamento de ritmo na subida de Catefica, claramente para não «sacrificar» elementos. E não por outros motivos. Provavelmente, se o objectivo era que pelo menos um de vós conseguisse chegar à Ereira isolado, então teria sido essa a altura ideal para se separarem...

Quanto ao restante, 100% de acordo: VIVA PORTUGAL!

Anónimo disse...

De regresso das minhas merecidas férias, aviso a infantaria que domingo vou atacar cedo.
Depois não digam que eu não avisei.
1 abraço a todos, em especial para os amigos Miguel Ricardo e Bin Garcia com votos de uma excelente jornada de ciclismo.
Pena é que que só um poderá vencer. Eu já coloquei a minha aposta no Betandwin.com. Não se esqueçam de colocar a vossa...

L-Glutamina - Over and Out

Anónimo disse...

Boa L-Glutamina, desfaz lá esse mistério e revela em quem apostaste. Estás a guardar o jogo ou não queres elevar a parada?
Que ninguém nos oiça, mas também eu já fiz a minha aposta!

Bom regresso às lides domingueiras, companheiro, tens sido uma ausência muito notada.

Homem do Talho

Ricardo Costa disse...

Alguma dúvida que não alcançaríamos os fugitivos? O trabalho no pelotão foi exemplar. Não só ao permitir que a fuga vingasse - este ponto não deve deixar de ser realçado, uma vez que não havia antecedentes, pelo contrário, a tendência é para perseguir logo que alguém ganha 100 metros! -, como também foi paciente na anulação de uma distância que seguramente teve mais de 3 minutos, e já a partir de Vila Franca do Rosário!
Todavia, estou em crer que se fugitivos mais fortes tivessem deixado o «lastro» (perdoem-me a expressão) na subida para Catefica, a tarefa do pelotão iria ser mais complicada.
É que também eles andaram muito bem - só podem!

Quanto aos treinos: fico muito satisfeito pela aplicação. Tanto do João, como principalmente do ZT, porque, segundo diz, falha-lhe rodagem. Assim, poderá estar alguns furos mais acima na forma - que nos últimos domingos já demonstrou ser bem razoável. Além disso, penso que, só com mais assiduidade, é possível atingir o nível superior (e muitíssimo satisfatório) em que está o Carlos desde há muito tempo. Creio que o João e o ZT estão nesse bom caminho!
Mas cuidado com os excessos... que já causaram as primeiras vítimas bem visíveis.

Abraço e boa volta a Sintra

Anónimo disse...

Olá a todos,
Tb concordo q no Domingo se fez Ciclismo mas acho q n fiz a mesma volta aqui descrita (apenas por alguns...!!!).
N tenho dúvida q sem o erro estratégico q n descarregar o lastro e principalmente com a batota do encurtamento do caminho, o grupo perseguidor n teria apanhado o figitivo(s)...
Tb n tenho dúvida q o João(q já lho disse), n foi pq simplesmente n podia. Como sabemos n há ninguém q n queira chegar o + à frente possível!
Esta semana treinei...20Km. na 5ª-feira (único treino da semana)...por isso Ricardo, embora o João venha aqui colocar o "veneno"(no bom sentido) de me ter visto a treinar, etc...como já te disse tenho 2.100Km. este ano e 1 coisa posso garantir, eu n estou nem estarei em "overtraining"...!
Tenho fraquezas várias mas acho q sei disfraçá-las bem e nos momentos decisivos estar "lá"...apenas isso. Como estou + leve (69,5Kg hoje pela manhã) estou a subir melhor e isso foi decisivo na performance de Domingo.
Tb acho q n tenho a mínima hipotese de me aproximar dos Internacionais ou mesmo do Carlos pq o fosso em volume de treino é enorme e eu apenas me consigo...defender...às vezes!
Após a volta tb me interroguei onde estariam as virtudes dos pedaleiros 36-50 q n os vi na subida!!!(excepto o do Ricardo q como sabemos sobe bem c qq desmultiplicação!).
1 grd ab aos Internacionais, q tudo corra bem e q principalmente se divirtam imenso.

1ab e boas pedaladas,
ZT