Santarém, a primeira clássica da época, confirmou o bom estado de maturação destes eventos. Teve elevada adesão e decorreu (quase) perfeitamente! O contributo mais importante veio, naturalmente, dos seus participantes, em número de mais de cinco dezenas, a maioria agrupados segundo as cores das suas camisolas domingueiras, mas muitos outros como «individuais», nem por isso menos bem integrados que os demais. O espírito de equipa está cada vez mais forte e salienta a competitividade, como num verdadeiro pelotão de corredores, mas não belisca o companheirismo, a saudável convivência e o respeito pelo esforço do próximo.
Foi o que prevaleceu no passado domingo. Na estrada, houve cordialidade, civismo, zelo pela segurança, acima de tudo. Não se entrou em loucuras, mesmo quando a adrenalina disparou – e como esteve bem alta nos quilómetros finais! – e o exemplo dessa consciência foram as duas passagens pelo empedrado de Vila Franca. Concordou-se com uma travessia prudente: todos respeitaram. Nos semáforos e cruzamentos, idem.
O único parêntesis (o quase) foi a queda do Jorge Damas, junto à Ota, que, pelos vistos, ninguém viu?! – que custa a acreditar num grupo tão numeroso. No entanto, é nisso que quero crer, porque seria total falha de carácter de tivesse assistido... e nada dito! Felizmente, não resultou males maiores que o atraso irremediável (já foi muito!!), mas é uma situação de todo lamentável, para a qual peço ao vitimado, em nome de todos que «não viram e nem foram avisados», as mais sinceras desculpas.
À excepção deste incidente, bom exemplo que deve ser seguido em jornadas vindouras, desde já na Clássica-rainha, o Loures-Évora, no dia 27 deste mês.
Além da nota introdutória, no plano «desportivo» houve outros destaques:
Primeiro: a alteração do percurso original (pelos motivos conhecidos) só não afectou o desenrolar da clássica, como (opinião pessoal) acrescentou-lhe mais interesse. De qualquer modo, como se constatou pelo desenrolar da tirada, a «nova» primeira parte não veio a modificar o figurino da Clássica quando, pelo traçado normal, chega a Santarém (com cerca de 70 km). Ou seja: em pelotão compacto. O primeiro corte no pelotão ocorreu na subida de Assentiz (com cerca da mesma distância percorrida) e o mesmo sucederia, em condições de normais, na subida para Santarém (Portas do Sol).
Mantiveram-se, assim, as características principais desta Clássica: maioritariamente plana e favorecendo o equilíbrio de forças em pelotão compacto até muito perto do final. De resto, foi o que se viu, com a passagem por Alverca (últimos 16 km) de um grupo ainda numeroso, de 20 a 30 unidades. Por outro lado, diz bem do bom nível médio dos participantes. E isso só favorece a Clássica.
Contudo, a alteração foi pontual. Para o ano, logo a ponte de Santarém volte a estar transitável, cumprir-se-á o trajecto habitual.
Segundo: ainda sobre a mudança de percurso e o que (se esperava, mas não se confirmou) pudesse afectar o decurso da Clássica, nomeadamente, o relevo mais acidentado, logo após Alenquer, com os topos das Marés e o carrossel da Espinheira. Afinal não causaram os estragos que se poderiam antever. Motivo: o andamento foi moderado ou, pelo menos, não atingiu patamares suficientemente selectivos. Essa toada manteve-se, inclusive, na «temida» subida de Assentiz – onde ninguém quis mexer (decisão acertada, tendo em conta a larga distância para o final) e só largou, nessa altura, quem se apresentou abaixo das exigências mínimas para integrar o grupo principal num evento com estas características - embora tenha sido um grupo ainda numeroso.
Terceiro: o extraordinário desempenho de dois elementos dos Duros do Pedal (Francisco e Esteves), que lideraram o pelotão longos quilómetros, com total descomprometimento pela «factura» - que, de resto, nem sequer vieram a «pagar», tal o nível de forma que exibiram. Impressionou o trabalho, por eles dividido, na imensa ligação, em terreno plano, entre o Cartaxo e Alverca, mantendo velocidade de cruzeiro muito próximo dos 40 km/h. Poucos (ousaram) passaram na frente e os que o fizeram foi por pouco tempo... Já na primeira fase do percurso o grupo de Algueirão tinha estado bastante activo (destemido como nunca, prova de confiança nas capacidades próprias), demonstrando que os Duros estão cada vez mais... Por isso, homenagem totalmente merecida!
Quarto: o aguardado «grande final» não defraudou as expectativas. Quebrou uma certa monotonia que se prolongava (entenda-se, o ritmo imposto quase exclusivamente pelos Duros do Pedal) e deu lugar a movimentações diversas que fizeram as delícias dos «puncheurs» e a muito divertimento. Quem teve de esperar pelo final para entrar em ataques e picardias, não ficou defraudado. Logo ainda estivesse com forças...
As hostilidades abriram-se no final da subida da cervejeira (para Vialonga), com o aumento progressivo de ritmo à cabeça, imposto pelo Freitas e a que dei seguimento com uma aceleração, nos últimos 400 metros, para o topo. O pelotão esticou-se, houve cortes entre os elementos que tinham as forças mais contadas, mas manteve-se um grupo de cerca de 15 unidades que se lançou a grande velocidades pela Variante, em direcção ao Tojal.
Até lá, sucederam-se as movimentações, com o Manso, ao seu estilo, a mostrar a fibra dos homens do Ciclismo 2640 – até à altura sempre bem protegidos no seio do pelotão e ainda com todos os restantes elementos que alinharam à partida no grupo da frente (Rocha, Sérgio, Jonas e Paulo Pais, que se apresentou equipado e montado a rigor, com as cores da Move Free). As tentativas de fuga do exímio rolador de Mafra, no entanto, foram condenadas ao malogro, por um lado, devido a falta de cooperação dos pontuais parceiros; e por outro, porque naquele falso plano descendente, a tão alta velocidade, é dificílimo abrir espaços para tão fortes perseguidores.
E foi assim (em grupo) que se abordou a famigerada rampa da Variante, no Tojal, onde não se teve de esperar que a pendente atingisse a percentagem máxima para se passar à ofensiva. Um, dois, três ataques desbarataram o grupo, até que o Vítor (sub-23 da equipa do Cartaxo) lançou a primeira cartada, em contra-ataque, ganhando alguns metros. Respondi, chegando-me à direita da faixa de rodagem, e cheguei à sua ilharga perto do topo. O Freitas correspondeu bem, mas a maioria teve de se esforçar mais. E só meia dúzia não descolou definitivamente.
Os últimos trunfos ficaram, então, para o topo de S. Roque, a menos de 1 km do final. Após a primeira centena de metros parecia que ninguém estaria em condições de fazer a diferença, mas eis que o Vítor (Cartaxo) lança um derradeiro ataque irresistível, de trás, deixando os restantes sem reacção (à altura). Aliás, qualquer esperança dos perseguidores caiu por terra quando, na ânsia da recuperação, tocámo-nos, perdendo metros decisivos.
Foi, assim, em vão, o meu esforço desesperado (e terminal) pela descida e em parte da ascensão para a rotunda do Infantado, a rebocar os mais resistentes. Entre estes, três Duros (Vaqueirinho, e os «super» Francisco e Esteves), o David, o Carlos Cunha e o Freitas, que se apresentaram muito bem na parte final.
Para o Vítor, corredor, necessariamente com outro «andamento», todo o mérito de conseguir fazer a pequena mas efectiva diferença, quando já se pensava improvável.
13 comentários:
Boa noite,
Para que conste o Cartaxo não tem equipa profissional, tem sim equipa de Sub23.
Saudações desportivas
Rectificação feita!
Bom relato escrito gostei de lêr a cronica falta é umas fotos ou video sempre podia ver as vossas pedaladas.
Um abraço
Boa noite a todos,
Agradeço desde já o vossa excelente hospitalidade, assim como o prazer que deu pedalar envolvido num pelotão de tão grande qualidade, esperando por isso participar em outras clássicas por vós organizadas, assim como espero que participem nas organizadas pelo nosso grupo "Duros do Pedal".
Um grande abraço,
Francisco Gonçalves
Boas.
Em nome do meu grupo, agradeço desde já o valor que tem para todos vós a participação dos DUROS DO PEDAL nas vossas clássicas.
Desde que exista sempre esta competição saudável e acima de tudo divertimento podem contar connosco.
Como eu anteriormente já tinha salientado uma boa clássica não vive só de andamentos alucinantes, pois esses chegam com certeza no momento certo.
Um andamento aceso acessível a quase todos nas primeiras dezenas de kms, leva a que o enorme pelotão sobreviva por muitos kms, o que vai certamente valorizar o evento reservando mais
presenças para as proximas aventuras.
Resta-me agradecer e dar os parabéns aos participantes e ao dono do blog pela paciência e dedicação.
As fotos estão no:
www.durosdopedal.blogspot.com
Abraço
TO MONTEIRO
PS quando houve a queda alguns DUROS DO PEDAL pararam, nem todos ainda teem camisola.
Boas...
Como sempre uma excelente crónica..
Só queria saber se o Mestre Ricardo Costa se esqueceu de mim?
:-(((
Eu sei k não fiz a volta toda(furo ao km 5)mas fui ao vosso encontro e do Cartaxo até Loures acompanhei a malta.
Eu mais a minha Pinarello ESTAVAMOS LÁ no restrito grupo k chegou à frente em Loures.
Nuno TDI Silvestre (Duros do Pedal)
Ricardo o que se passou na variante na entrada da CREL foi um de grande nível
Só com uma resposta de um Professional.
Foram feitos grandes estragos porque eu e o Pina passamos pelo Manso e estava como eu nas últimas .
abraços Alex
Malta dos Duros, em nome dos nossos, obrigado pelos elogios. Temos muito prazer na vossa presença e, como conversei com o Tó no final da Clássica, estaremos sempre disponíveis (ou faremos todos os possíveis) para marca presença em eventos promovidos pelo vosso grupo.
As minhas desculpas ao Nuno Silvestre, pela omissão - é que quando vocês passaram por mim em sprint à chegada ao Infantado, e só tive tempo de os contar... Pelos vistos mal!
Abraço e bons treinos (a vossa forma é excelente. Temos de correr atrás do «prejuízo» para estarmos à vossa altura na Clássica de Évora)
Até lá!
Olá Ricardo
Não estive presente devido a uma lesão no joelho, que entretanto está a melhorar. Espero assim acompanhar-vos na Clássica de Évora, já equipado a rigor com as cores do Ciclismo 2640.
Parabéns pela Clássica de Santarém e já agora aos Duros do Pedal que se estão a apresentar em grande forma neste início de temporada.
Um abraço. Dario
Boas Ricardo,
bela crónica. acho no entanto que lhe falta algo... um pouco das crónicas mais "antigas". é apenas um reparo construtivo.
Malta dos duros e principalmente os dois protagonistas envolvidas durante muitos kms no impressionante andamento, um muito obrigado, não só pela presença mas pelo vosso esforço. como alguém referiu já na BP, relativamente aos dois elementos mais activos, "mas que disponibilidade".
Relativamente às regras de transito devo dizer que não concordo totalmente com o Ricardo.
Considero que foram quebradas algumas regras, umas das quais onde estive pessoalmente envolvido e do qual não me orgulho. já havia aqui tecido considerações sobre o erro grave que cometi em Alhandra ainda na ida. é por isso que não digo NUNCA.
Quanto às insistencias de alguns membros para se circular em fila dupla ou para se ocupar menos espaço na estrada, valeu o esforço. não é fáicl com mais de 50 elementos.
Será futuramente necessário ainda ter em conta algumas regras quando circulamos em zonas de via dupla. o que aconteceu na variante do tojal deverá ser evitado.
Boas e muitas pedaladas.
Carlos Cunha
Ricardo,
Esta foi a clássica emocionalmente mais equilibrada em que já participei.
Parabéns pela maturidade e faço votos que para Évora se repita e melhore a fórmula
Até lá,
boas pedaladas a todos
ola...
parabens pela cronica ricardo...
adorei ler...
so tenho pena que o meu andamento nao de para vos acompanhar mais do que uns escassos minutos...lolllol.e desta vez nem isso porque o tdi furou logo mal eu me juntei ao grupo na recta de vialonga...lolllol...
de qualquer modo a minha volta entre loures-azambuja-loures (90kms) valeu um bom treino e serviu para estrear a kuota...
se nao me ponho ligeira ainda era passada pelos primeiros na xegada a bp...lolllol...
agora venha a classica loures-evora que eu tambem vou fazer..ao meu ritmo claro para nao vos atrasar...
jinhos turtle
(duros do pedal)
Estive a ler a cronica e está de parabens!
Apenas um pequeno reparo,quando se fala em mexidas no grupo da pequena rampa variante existe um pequeno lapso.Quem mexeu foi um Vitor,mas não sub23,mas sim um mero apaixonado do ciclismo.
Adorei participar e a voltar fazê-lo.
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