A denominada
coesão de grupo, um pequeno núcleo de elementos mais assíduos, disponíveis e
solidários no seio do pelotão que procurem fomentar a unidade e o espírito de
cooperação mútua, desde há muito tantas vezes tentados e nunca concretizados,
está novamente e muito oportunamente na ordem do dia. Um dos seus principais
mentores, senão o maior, é o camarada Nuno Mendes, que não se tem cansado de
incentivar e angariar parceiros para a causa.
O próprio mostrou-se satisfeito e
mais otimista no rescaldo da última volta, no passado domingo, de S. Pedro da
Cadeira, referindo alguns bons indicadores. De facto, houve. Não foram muitos, porque
também seria difícil que ocorressem tão cedo, mas poderão ter sido boa amostra
do que se pretende numa primeira fase. Acima de tudo, sinais de identificação,
confiança, partilha de opiniões e entreajuda. Mais do que uma férrea pretensão
de que os mais fortes (os que o são claramente ou em determinada situação)
cederão sempre a auxiliar os mais fracos (idem). As contingências de uma volta
ou ainda mais de uma Clássica irão determinar, muitas vezes, a impossibilidade
de agradar a «gregos e troiano», devendo-se, acima de tudo, promover a
tolerância sobre as diferenças de pontos de vista como pilar dessa dita coesão.
Sem esta nada feito...
De qualquer
modo, por alto, destaco duas situações na volta do último domingo (das que me apercebi
e nas quais... participei) em que, além da troca de impressões, houve exemplos
concretos de espírito de grupo (nota: entre os elementos que já se
identificaram com o mesmo e extensível a todos os que pretendem juntar-se).
Refiro-me a uma primeira situação, após o topo do Turcifal, em que, para
retirar alimentos do bolso, perdi o contacto com o grupo da frente, numa altura
em que o vento (mais vendaval) estava desfavorável e à cabeça rolava-se bem.
Então, o Nuno Mendes apercebeu-se do meu atraso, descaiu com o Ricardo Afonso
do grupo e ambos levaram-me de novo a este. Simples e exemplar.
Outra
situação pouco depois, em plena subida de Vila Franca do Rosário foi o Mendes a
fraquejar, entrando em perda. Ocasião mais delicada, porque coincidia com um
habitual ponto quente (o topo na Malveira) e poderia ser a contragosto que se
cederia à frente. Mas também porque a toada naquele dia de invernia não estava
para esticões ou ataques, mas para o coletivismo, após me aperceber das
dificuldades do Nuno, descai e dei-lhe a roda, levando a que encostássemos
depois do Vale da Guarda, embora porque os da frente aliviaram. Fosse como
fosse, minimizar o esforço (e consequentemente as perdas) de um parceiro
resultaria sempre num exemplo do companheirismo que se pretende.
Todavia,
reforço, nem sempre será assim, e nem sempre será possível. Haverá ocasiões em
que os fraquejos ditarão perdas sem automática ajuda dos mais fortes, que
«guerreiam» à cabeça do pelotão. Por vezes, até poderão ser estes a exporem os
outros às suas debilidades. Outras, haverá parceria no esforço na condução do
pelotão, para tomar uma qualquer iniciativa de fratura. Enfim, o normal no
ciclismo. Certamente, em muitas outras situações a tal coesão virá ao de cima e
quando estiver cimentada todos os avanços e recuos parecerão normais. Porque
não há grupos/equipas perfeitos.
2 comentários:
A volta de domingo vai ficar na memória até nova jornada digna de registo. Apesar da intempérie que nos assolou durante 4 horas, há a destacar bom treino e o facto de não ter havido acidentes. Penso que o pessoal está de boa saúde pois até deu tempo para bi-diários.
El comandante RC, 2014 promete...
Ricardo Afonso
Muito bom.
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