segunda-feira, outubro 22, 2007

Caneira-Óbidos 2007: a crónica


O 1º «Caneira-Óbidos» foi um enorme sucesso! Cumpriu, praticamente na perfeição, o objectivo proposto para esta jornada-convívio de final de temporada organizada pelo camarada Paulo Pais – a quem, desde já, rendo homenagem pelo empenho e espírito de companheirismo inexcedíveis com que soube conduzir as operações.
A forte adesão ao evento foi demonstração cabal do seu êxito. O pelotão que se reuniu, às primeiras horas da manhã, no Livramento, contava com cerca de 40 elementos, entre amigos, velhos e novos conhecidos, na maioria habituais adversários nas corridas federadas de veteranos, aceitaram o repto do Paulo, contribuindo, sem excepção, para excelente jornada de ciclismo. Lá estiveram elementos das equipas Janotas & Simões, Amiciclo Grândola, Viveiros de S. Lourenço, entre outras, não faltando um destacamento dos domingueiros Pina Bike, composto por mim (Ricardo), Freitas, Renato, Salvador e o líder: Grande Abel.
Pouco depois das 9h00, o pelotão lançou-se à estrada para cumprir os cerca de 107 km, de ida e regresso, à lindíssima vila de Óbidos. O dia amanheceu nublado e nos primeiros quilómetros, a ritmo moderado, sentiu-se demasiado a frescura até ao início da subida de Catefica. Depois e até Óbidos, a «temperatura» no pelotão não foi mais do que... amena.
Durante a primeira parte do percurso (cerca de 53 km até Óbidos, onde o pelotão parou durante alguns minutos para reabastecimento líquido), o andamento foi leve, a espaços mesmo muito leve, o que pôde ter surpreendido considerando a «natureza» dos participantes. Todavia, cumpriu-se «regra» que ficara estabelecida – a corda deveria soltar-se no regresso.
Houve apenas um momento que chegou a gerar algum nervoso miudinho: o Abel furou à entrada de Torres e durante o impasse para aguardar a sua reintegração o pelotão fraccionou-se em dois, sendo que o segundo grupo, às voltas pela nova variante da cidade, só mais tarde se apercebeu que o Abel após ter trocado a roda atalhou pelos arruamentos do centro (conhecimento preciso do terreno, lá está!). Então, para os detrás a eventualidade de os da frente aproveitarem a situação dificultando a recolagem. Não foi isso que sucedeu, e bem. O grupo dianteiro «marcou passo» e não foi necessário grande esforço para o detrás recuperar. Depois deslizou-se até Óbidos, onde se cumpria uma média ainda assim bastante simpática de 30,5 km/h.
O regresso

Uma vez, de novo na estrada, o pelotão demorou a abrir as hostilidades que se previam. Entre Óbidos e Bombarral, apenas se saltou 3 ou 4 km/h, para uma velocidade de cruzeiro, em falso plano ascendente, que raramente subiu dos 35 km/h. Nesta altura, o Renato partilhava a condução do grande grupo com o João Aldeano, mas o «nosso» estava mesmo empertigado e não demorou a dispensar parceria, acelerando à frente na subida para o Bombarral – onde um ligeiro percalço na escolha do caminho cortou, de novo, o ritmo.
Aguardou-se, então, pela saída do Bombarral. Estrada ampla, bem asfaltada, não haveria melhor palco para altas cavalgadas. Mas a coisa demorava a «pegar». E teve de ser novamente o Renato a dar o mote. Não saiu com força, mas com pedalada suficientemente vigorosa para começar a ganhar metros com rapidez.
As tropas reuniram-se de pronto, mas durante algum tempo não houve quem ousasse tomar a iniciativa da perseguição. Fê-lo, então, o João Aldeano – e alto e bom som: «É para anular já ou quê?». Nem precisou de esperar pela resposta. Lançou-se na perseguição e desencadeou fortes movimentações no pelotão. A partir desse momento, finalmente estava lançada a «corrida»...
O Renato não demorou a ser absorvido e a haver novos ataques. E novas perseguições, e mais ataques – e uma tentativa do Freitas para se isolar, sem êxito. E de outros, também condenadas ao malogro. Impossíveis naquelas condições!
Não se parou mais até Torres. Depois da longa subida para Outeiro da Cabeça, muito rápida a descida, a espaços acima dos 50 km/h. Alta velocidade. Eis o primeiro topo mais acentuado, de 500 metros. O pelotão passa e nem se dá por ele – pelo topo, entenda-se! Bom sinal: os Pina Bike estão no primeiro grupo – à excepção do Abel.
As acelerações sucedem-se e o andamento não cai nem por instantes. Os Pina Bike não largam os primeiros postos. O Renato sempre muito activo, a impor andamento pesado, o que acabava por lhe custar alguns metros e esforço de recuperação sempre que saíam ataques detrás. Algum nervosismo a mais do Freitas no desencadear de cada perseguição. Para mim, estava (mais ou menos...) controlado. Ainda fechei alguns espaços, sem grande desgaste.
Repito: àquela velocidade, naquele terreno seria muito difícil a alguém destacar-se do pelotão – mesmo a um pequeno grupo. O «pro» da Antarte também esteve na liça e foram dele uma ou duas mudanças de velocidade a merecer resposta aplicada. Pareceu-me o único capaz de surpreender. Naturalmente. Mas nem ele.
A selecção

A subida do Ameal apresentava-se com o último ponto de selecção. Aproveitando o andamento forte à cabeça, mantenho-me nos primeiros postos e salto para frente nos últimos 100 metros. Até ao alto ganho 10/15 metros para um trio de que fazia parte o Freitas e um Janota. Os Janotas, em maioria, estiveram sempre muito mexidos. «Aponto» para a descida e aguardo pela sua chegada do trio. Mas não houve entendimento e o pelotão (ou o que restava dele) fechou rapidamente a distância.
Até ao cruzamento da estrada da Lourinhã/Torres, ainda voltei a forçar no último topo, mas incapaz de fazer qualquer diferença para o pelotão que rodava a alta velocidade. O primeiro grupo contava com 17 unidades – e todos os Pina Bike incluídos (como anteriormente, à excepção do Abel). Muito bem! Entre Bombarral e Torres Vedras, a média foi superior a 40 km/h!
Em Torres aguardou-se pela reintegração do Abel e dos mais que foram ficando para trás nos 20 km precedentes... Com isso, o pelotão não voltou a rodar compacto de regresso ao Livramento.
Tempo ainda para esgotar o depósito (como bem disse o Renato!), mas agora numa «questão» exclusiva aos Pina Bike’s – entre mim, ele e o Freitas. Foram os únicos a irem no meu encalço, à saída de Torres, quando o aperto do meu horário (familiar/profissional) já não permitia andamento de descompressão. Média final: 33 km/h.
A seguir ao «tratamento», para os restantes seguiu-se merecida comezaina e tertúlia pela tarde dentro. Repito: iniciativa com enormíssimo êxito, creio que opinião partilhada por todos os que nela participaram. A repetir! E não só uma vez por ano! Parabéns e muito obrigado à rapaziada e especialmente ao Paulinho! Quem mais, senão ele, para juntar, em sã convivência, tantos «galos»!?

Notas de observador

À chegada a Óbidos, o Renato afirmava estar um pouco defraudado com o andamento «demasiado baixo» registado até aí. Disse que esperava «mais» de um pelotão com tantas «feras». Queria mais. Não concordei, mesmo compreendendo o motivo do seu descontentamento. No meu ponto de vista, a sua opinião pecava por defeito... de antecipação. Como se provou, no regresso, naqueles 20 km de aço. De resto, mesmo em relação ao andamento na primeira parte do percurso, até a própria média, superior a 30 km/h (incluindo o furo do Abel), não justificava a insatisfação. Inclusive de quem está com «ganas» de dar largas ao exponencial momento de forma que atravessa. E houve tempo para fazê-lo! Mas se a média tivesse sido 1 ou 2 km/h mais alta, creio que também ninguém se queixaria!

De qualquer modo, em abono da posição do Renato, há um facto que passo a descrever. Esta jornada acabou por não ser tão exigente como um memorável treino no início de Junho deste ano, com um grupo muito menos numeroso – além de mim, do Paulo, do Luís Runa e do João Aldeano, estavam o Jony e o Mário (cunhado do Paulo Pais – a quem envio um abraço e o agradecimento pelo elogio ao blog!). Então, entre a Caneira, Torres, Cadaval, Bombarral, Torres e Caneira, fez-se 34 km/h de média. O andamento chegou a ser infernal nalguns pontos do trajecto, como referi, na altura, em crónica neste blog. Aliás, apesar dos 40 km/h de média entre Bombarral e Torres (fez-se em menos 6 minutos do que naquele treino de Junho), este troço pareceu mais duro de passar naquele dia, devido a fortíssimos ataques nos topos mais acentuados. Desta vez, passou-se melhor... pois o comboio vinha mais lançado. E também o facto de a primeira parte ter sido tão calma contribuiu para a tirada de ontem ter sido mais acessível! Aqui reside a ponta de razão do amigo Renato. Para quem está bem, a vontade é carregar nos crenques e que o andamento seja sempre selectivo! Por isso, apesar dos tais 20 km frenéticos, ficou-lhe algum sabor a pouco...

Afirmação curiosa teve o Zé Henriques (que não participou devido a avaria na bicicleta antes da partida), que acompanhou o pelotão no «carro de apoio», enquanto aguardávamos os retardatários em Torres Vedras. Entre estes estava o «nosso» Abel, que demorava a aparecer. Às tantas, tive a «infeliz» ideia de o questionar sobre o facto do carro de apoio não ter acompanhado os últimos, em vez dos primeiros, que não deveriam necessitar tanto de auxílio. A resposta do Zé e o próprio tom da mesma foram elucidativos: «A ideia era assistir ao que se passava lá na frente», admitiu. À corrida, está a ver-se! Terá valido a pena, arrisco dizê-lo...

2 comentários:

Anónimo disse...

Sim senhor...
Belissima crónica ... limitada aos acontecimentos , sem suspeitas ou duvidas , sem elogios a ninguem dos que passam a vida a crer protagonismo a qualquer preço ...
a esta dou 5 (*****) estrelas

o"bombardier"

Anónimo disse...

Boa tarde amigos sou Mario fernandes (cunhado do Paulo Pais)
Quero dar os parabéns a todos os participantes pois segundo li correu tudo pelo melhor, e o pessoal comportou-se na estrada de modo exemplar.
Quero dar também os parabéns ao Paulinho pela ideia e pela organização do evento.

Um abraço para todos vós especialmente para o Ricardo e pelas excelentes crónicas com que nos presenteia a todos

fiquem bem