segunda-feira, novembro 12, 2007

Alenquer: a fuga que durou...

A volta deste domingo esteve à altura das expectativas geradas pelo culminar de uma semana muito animada neste blog. Fundamental para o interesse da tirada foi uma longa fuga, desta vez com méritos plenos para os seus (dois) protagonistas, lançada e concretizada nas «barbas» do pelotão. Os seus autores: o Fantasma e o Salvador, tantas vezes em férrea luta e marcação mútua incisiva foram, também devido a isso, parceiros em eficaz colaboração, como se impunha logo que a fuga se desenhou.
O Fantasma tentou a sorte e a sua «sombra» seguiu-o, aproveitando, ambos, a habitual desestabilização do pelotão à passagem pelo irregular empedrado de Unhos, ainda com longo percurso até Alenquer – precisamente onde iniciava a principal subida do dia, para Perrotes.
A planura do relevo era favorável principalmente ao Fantasma, bom rolador, mas também não facilitava a missão aos fugitivos no duelo com o pelotão. Saíram, pois, claramente a ganhar os escapados, que souberam levar a vantagem até já «dentro» da subida – mesmo que apenas o Salvador, devido a furo do seu colega em Castanheira do Ribatejo, percalço que ditou a quebra do duo em, momento pouco indicado para o seu objectivo, exigindo esforço redobrado ao único resistente nesta façanha de mais de 40 km.
O que contribuiu para a aventura ter sido tão anormalmente duradoura? Além do excelente desempenho dos seus intervenientes, o facto de a perseguição, no pelotão, ter estado praticamente restringida a dois elementos: eu e o Freitas. Quanto à ausência de colaboração dos restantes, há pouco a dizer! Apesar de o grupo ter sido numeroso e lá não faltarem interessados em que a fuga não vingasse, a verdade é que quem mais lucraria com a anulação seriam os mais fortes e que sobem melhor. Precisamente, eu e o Freitas, embora na ocasião também o Nuno Garcia ou o Carlos do Barro pudessem lucrar.
Por isso, a perseguição exigiu esforço e aplicação dos dois que a conduziram (o João do Brinco passou brevemente pela frente depois da Castanheira), e apenas o impasse que custou preciosos segundos (algumas dezenas, certamente), à entrada de Alverca, aguardando pelo Steven, foi único factor «terceiro» a jogar a favor do fugitivos. Embora o pelotão rodasse quase sempre em passo certo, com andamento por vezes vivo, a vantagem da fuga deve ter estabilizado em cerca de 2 minutos e assim durado pelo menos até ao furo do Fantasma. Sempre sem contacto visual (e o que isso ajuda os fugitivos!), este cálculo faz-se ao avistarmos o Salvador à saída da rampa mais dura da subida, tendo este cerca de 1 minuto de vantagem sobre mim e o Freitas. Ou seja, de 2 minutos, o Salvador deverá ter perdido cerca de 20 a 30 segundos depois de ter ficado sozinho, após Castanheira, numa altura em que o vento se fazia sentir mais, e mais 15 a 20 segundos na primeira fase da subida.
Para dar uma melhor ideia da situação, refira-se que o Salvador, depois de ter sido alcançado a cerca de 2 km (sensivelmente a meio da subida) ainda perdeu 45 segundos para nós até ao alto. Entre mim e o Freitas, a subida foi discutida palmo-a-palmo, a boa intensidade, com ele a fazer valer a sua maior capacidade de explosão nos metros finais. Ele geriu muito bem a subida, talvez nem se tivesse apercebido que o fez e como o fez, mas assim manteve-se a salvo de quaisquer «eventualidades».
O Nuno Garcia e o Salvador chegaram a par, o Zé-Tó foi o quarto homem depois de excelente subida (não perdeu mais de 1m30), tal com o João do Brinco, que não demorou muito mais.A partir daqui, a ritmo foi muito moderado, inclusive na Carnota, e só voltou a atingir níveis elevados na descida do Alqueidão para Bucelas, onde houve muito bom revezamento nalguns elementos do (que restava do) grupo. Há uma semana, a velocidade média foi de 47 km/h – ontem foi 48 km/h! Aproxima-se a barreira dos 50...

7 comentários:

Anónimo disse...

Ao prolongar a fuga até meio da subida após Alenquer, mesmo perdendo a parelha pouco antes do Carregado e rolando sempre na casa dos 35/36 Km/h, o "MAU" do Salvador "só" vem confirmar o excelente momento de forma em que se encontra! A manter-se o duo e considerando o "PODER" de ambos...a subir, e certamente a chegada a BUCELAS seria feita a dois, de forma triunfal, deixando pregados todos os aspirantes a "MAUS", no mínimo a mais de 5´!

AB

PS: ABENÇOADO FURO!!!

Amândio Pina disse...

Amigo,

Média de 47km/h. ???!!!
Não estará a exagerar um bocadinho!!!
eu ando de bicicleta, e para fazer média de 47km/h´tem que ser sempre a descer.

Cumps,

Anónimo disse...

media de 47 Kmh ????
Claro que sim... então sonhar e exagerar não custa... o pior é quando bates com a cabeça na mesa de cabeceira e acordas !!!!

o «sonhador»

Anónimo disse...

A media refere-se somente a descida Forte ALqueidão - Bucelas.
XIÇA que são Grunhos

Ricardo Costa disse...

A média de 47 km/h (48 km/h neste caso)a que me refiro na crónica é a da descida do Alqueidão para Bucelas e não da etapa. Os números, por serem tão elevados, não deveriam deixar margem para dúvidas. Ainda assim, fica o esclarecimento aos verdadeiros sonhadores e outros tais...

Anónimo disse...

Ahhhhhhhhhhhhhhhhh
então esta equipa é a dos "Grunhos"!

o "adepto dos grunhos e anti-sonhador"

Ricardo Costa disse...

O percurso da volta do próximo domingo volta a ser propício a novas iniciativas do género da que proporcionaram os nossos dois brilhantes fugitivos no último fim-de-semana manterem-se isolados durante várias dezenas de quilómetros. Para isso, haja quem demonstre a mesma dose de coragem e capacidade evidenciada por ambos, sem esquecer a mesma parcimónia do pelotão, indispensável para a fuga se concretizar.
O trajecto é praticamente plano durante os primeiros 60 km, com longa tirada sem quaisquer dificuldades de Loures ao Carregado (embora a N10 não seja propriamente um planície...) e daí até a Azambuja e meia volta de regresso ao Carregado (então sim, bastante mais suave).
Então o terreno torna-se mais irregular em direcção a Arruda (por Cadafais) e depois para Pontes de Monfalim, onde se inicia a única dificuldade do relevo, a subida de A-dos-Arcos – ainda assim, pouco selectiva para atletas do mesmo nível. Finalmente, do alto desta subida (cruzamento a cerca de 1 km do Alqueidão) desce-se (rapidamente!...) para Bucelas. Há uma média a bater!
Distância: 103 km

Bons treinos... de pré-temporada!