segunda-feira, novembro 26, 2007

Ritmos inconstantes

Bastante concorrida a volta domingueira deste fim-de-semana. O tempo frio mas ensolarado ajudou a que tivesse sido um pelotão numeroso, embora heterogéneo no nível de forma da maioria dos seus elementos e também na predisposição para completar o trajecto previsto, o que saiu de Loures em direcção a Guerreiros. Por isso, foi um grupo praticamente reduzido à sua terça parte que cumpriu os cerca de 90 km totais.
O relevo ondulado propiciava a ritmos inconstantes, com pouca relevância para o abrigo das rodas a não ser nas longas descidas que houve, quando o vento soprava contrário. Porém, o andamento só se tornou mais selectivo – e sempre para os ciclistas que estão em menor forma –, a partir da Póvoa da Galega, altura em que começou a haver acelerações à frente e principalmente quando o Jony passou pela frente, impondo um ritmo que fez estirar o pelotão. Até aí, mesmo na sempre complicada ligação entre Loures e a Venda do Pinheiro, e no sobe-e-desce da Roussada para o Milharado, a toada tinha sido moderada.
Animado pelo andamento vivo à chegada ao Vale de S. Gião, um pequeno grupo destacou-se na descida para Bucelas, mas, ao contrário das últimas ocasiões, a iniciativa – que contava com os «obrigatórios» Fantasma e Salvador – não ficou muito tempo (ou tempo a mais!) sem resposta, desencadeando-se uma perseguição empenhada do pelotão – ou pelo menos, de parte dele – que anulou a fuga à entrada da subida do Cabeço da Rosa. A partir daqui, o Freitas acelerou e provocou (ainda) maior selecção, restando apenas um quarteto na frente à passagem por Alverca: eu, o Freitas, o Nuno Garcia e o Salvador.
À entrada para a dificuldade seguinte, a subida de A-dos-Melros, a constatação de que ninguém se juntava fez com que a sua transposição fosse pouco mais que um mero passeio em amena cavaqueira – que, aliás, tão bem soube! De resto, só à saída de Arruda chegaram mais elementos, entre os poucos resistentes (ZT, Pina, Carlos do Barro e o «obrigatório» Abel), deslizando-se em direcção a Cadafais, e só os derradeiros dois quilómetros foram mais forçados, para mim, que decidi enfrentar o vento pedalando pesado. No Carregado, o Freitas e o Nuno Garcia (que está em bom momento) disputaram o sprint, que se repetiu em Vila Franca, aqui com o Pina e o Salvador a juntar-se ao Freitas, culminando um trabalho tripartido (Freitas, Nuno e eu) desde o Carregado e após um lançamento a 50 km/h.
Para mim, nesta pré-temporada, foi bom voltar a ultrapassar a barreira dos 120 km.

Notas de observador

Realce para o regresso do Nando, cuja presença assídua tanta falta faz ao grupo, em prol da maturidade do colectivo e da sã camaradagem. Logo ele voltasse a exibir o estado de forma dos velhos tempos...

Outro regresso, o do Rui Scott, a recuperar de intervenção cirúrgica e naturalmente distante da boa forma que tão bom cartel deixou no último Verão. Ávido de voltar, o mais rapidamente possível, ao pleno das suas capacidades, não se coibiu de enfrentar a volta domingueira com um bidão cheio de areia a servir de lastro. Compreendo a sua intenção, mas creio que, nesta altura, quando as forças são escassas, seria melhor não «criar» mais dificuldades ao corpo na complicada tarefa, por agora, de fazer avançar a bicicleta. Quando as pernas estiverem boas, então sim, será conveniente acentuar-lhes a carga para que se esforcem mais. Boa novidade: perspectiva estrear-se, no próximo ano, na Etapa do Tour.
Por falar em Etapa do Tour, assinale-se o regresso ao verdadeiro espírito da prova, devido à escolha de traçado muito mais equilibrado que nos últimos anos (principalmente os dois anteriores), onde se entrou em verdadeiras maratonas de superação humana. A distância é mais «praticável» (165 km) e não faltam montanhas míticas, novamente nos Pirenéus: o Tourmalet, a mais célebre deste sistema montanhoso e quiçá de todo o ciclismo, e o Hautacam, onde coincide a meta. Portanto, chegada em alto, como deve ser! Em futura ocasião, farei uma abordagem mais completa sobre este fabuloso evento.

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