Desde o final da Clássica da Serra da Estrela, no meu caso com a paragem subsequente, que o rescaldo das voltas dos últimas fins-de-semana se assemelha ao efeito de pisar uma ferida: quanto mais tempo passa sem sarar, mais a dor e o desconforto se prolongam.
Para mim e outros, a temporada anual dedicada ao ciclismo já vai longa. Iniciei-a, como habitualmente, em meados de Novembro do ano passado, ou seja, há quase 11 meses que ando sempre a bombar, principalmente aos domingos. Esses domingos, que são tão difíceis de prescindir mesmo em prol de um programa de preparação adequado e porventura bem mais eficaz! E quem resiste à atracção pelas sensações do ciclismo em grupo? Rolar, subir, descer, velocidade, esforço, adrenalina, estratégia, sofrimento, mais sofrimento – e a compensadora satisfação!
Só que este ano, a «coisa» ficou mais curta que o habitual. Não está e não vai durar tanto como em outros, pelo menos ao nível de exigência actuais (e de sempre) das voltas domingueiras. É tempo de aliviar (principalmente aos domingos) e deixar de gastar e gastar... o pouco que resta. Começar a recarregar baterias para entrar na próxima época com frescura física e, acima de tudo, com motivação – vontade de andar de bicicleta e desfrutá-la, o que actualmente já rareia.
A volta do passado domingo foi exemplo de enorme exigência. Não exagero ao dizer que esta fase, precisamente o último mês, se tem revelado a um dos níveis mais elevados do presente ano, e que, faltamente, agrava a acumulação de saturação e fadiga em final de longa e competitiva temporada.
As últimas voltas tiveram exigência acrescida por um factor «único»: o «factor Renato Hernandez». Não há pingo de exagero! A sua disponibilidade e capacidade físicas que se lhe reconhecem impõem-se, marcando o «compasso» das tiradas, estabelendo o andamento durante praticamente a totalidade do percurso e... durando até final, até nas fases mais árduas. Foi assim, a passada semana, em S. Romão, após quase 90 km em que colocou todo o grupo ao abrigo da sua roda. Tornando desnecessário e até suicidário (tentar) fazer igual!
Durante essa volta, constatei que, tal como eu, houve cansaço e saturação estampados no rosto de alguns elementos, dos quais destaco o Jorge, Contador de Alverca, que «pagou» na subida final uma factura pouco vista este ano, em que tem sido, sem dúvida, um dos elementos mais regulares e duradouros do grupo. Esperemos que não tenha sido o efeito de alguma carne contaminada... (ehe)
Por isso, no final da tirada, quando regressavamos a casa, eramos unânimes a clamar pela chegada defeso, pela hora de descontrair, de poupar o físico tão massacrado nos finais de (quase) todos os domingos, em que adrenalina, a competitividade e o prazer pela prática do ciclismo tolhem a razão, impondo a emoção e levando ao empenho total. Por vezes, a cabeça quer e o corpo não! Agora, a primeira rendeu-se.
De qualquer modo, os domingos existem, continuam, estarão sempre previstos para que todos beneficiem de andar de bicicleta em grupo.
Este domingo, a volta é a do Carvalhal
4 comentários:
Infelizmente este fds não poderei estar presente.... Compromissos familiares que se encontram em Tomar. Concordo com o Ricardo quando diz que é tempo de descancar. é normal num grupo coexistirtem individuos com momentos de forma. tem o seu lado bom mas por vezes - como agora - também causa "sofrimento". já são bastantes kms na temporada, muitas clássicas, alguns erros de planeamento (a eventual falta de objectivos especificos leva a isso) e, o CORPO pede e merece descanço. Boas pedaladas. Carlos Cunha
S. Ricardo Costa:
Esses teus pensamentos são sinal de maturidade e não devemos só pensar com as pernas e sim com a cabêça também...
Há que saber moderar o andamento e defender o corpo depois de uma época tão comprida.
Pena não teres entrado no defeso uma semana mais tarde pois a Clássica CASCAIS FÀTIMA será também para nós(DUROS DO PEDAL) a ultima do ano.
Como sabes é para nós um prazer alinhar ao vosso lado nestas aventuras.
Vou enfrentar esta ultima aventura com moderação e quem quiser acompanhar será fácil!
Info: www.durosdopedal.blogspot.com
Espera-se o calendário 2011.
Bom defeso.
Abraço
TO MONTEIRO
E quando por norma recomeça a temporada? O descanso entre elas é total ou apenas reduzir o esforço ?
amigo Ricardo
A muito tempo que não via nada assim no final de época, e tanta força.
Fiquei estupefacto andei no elástico para mim a época tem que acabar mais cedo 10.000 km
Sempre no prego é muito .
Fátima, Serra da Estrela, Reguengos, Évora, e Alpiarça, Coruche, as nossas clássicas
Estou cansado, vou abrandar o passo pessoal.
Alex Paris
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