terça-feira, março 05, 2013

Clássica de Santarém: a crónica

Só quem não tem estado atento às «movimentações» nestes primeiros meses da nova temporada terá ficado surpreendido com a participação recorde na primeira Clássica de 2013, Santarém, a rondar os oitenta ciclistas. Mas não só. Também, só quem não tem feito a rodagem em grupos de nível poderá ter-se espantado com o do impressionante pelotão multicolor que se apresentou à partida de Loures, no último domingo. Responderam ao irresistível apelo da competitividade que estes eventos cada vez mais provocam inúmeros elementos de diversas paragens, individualmente ou em grupo, figuras e equipas com nome na praça que prestigiam estas iniciativas totalmente amadoras e sem quaisquer meios organizativos.

Não faltaram Pina Bike, Pássaros, Duros do Pedal, Roda 28, Ciclismo 2640, Almodôvar, muitos outros individuais federados de Estrada e de BTT, e ainda os domingueiros mais e menos treinados – no que foi, muito provavelmente, o pelotão melhor recheado dos últimos anos!

Dia de vento, que soprou sempre lateral – nunca de cara ou de costas – causando um fator adicional de grande relevância à jornada. Desde logo, estar à frente implicou um esforço ainda maior, mas permanecer na roda não significava forçosamente estar em conforto. Impunha-se, para este, correto posicionamento para melhor se abrigar daquele opositor natural que soprou de Sudeste. Ou seja, na primeira parte do percurso, do lado direito; no regresso, do lado esquerdo. Tendência: no primeiro caso, encarreirar para o eixo da via, o que gerou situações menos recomendáveis em que o pelotão chegou a passar os limites da sua faixa, não só aumentando as dificuldades para os veículos em ultrapassar, como o perigo de colisão com os que se cruzavam de frente. Felizmente, não há nada de especial a lamentar, a não ser inevitáveis quedas (sem gravidade) e furos. No regresso, toda a gente queria estar mais à berma possível, mas a redução do pelotão em número facilitou estas operações e não houve mais situações arriscadas.

A média final foram excelentes 37,7 km/h, considerando o vento e o escasso número elementos com capacidade (ou disponibilidade) para «meter» o andamento. De qualquer modo, os primeiros 22 km até Vila Franca foram relativamente moderados (33,6 km/h) e só a partir daí o ritmo se elevou para o patamar descrito. A passagem do empedrado trouxe o caos, mas não, como por vezes sucede, pela velocidade excessiva, mas pela obstrução a esta... Expliquemos: um veículo parado nos metros finais fez com que grande parte do pelotão tivesse de praticamente parar (cheguei a por o pé no chão...), o que poderia, desde logo, deixar muita gente apeada. Muitos - entre eles, eu! - não ficaram porque tiveram de gastar força preciosa para recolar ao grosso da coluna que se alongava já pela ponte Marechal Carmona. Travessia com subida a 40 km/h e descida a 65 km/h, com o pulso a roçar os 180, foi o necessário para não ficar, logo aí, fora de jogo...

Uma vez recolocados – os que o conseguiram... -, rolou-se a 40 à hora até ao Porto Alto, felizmente sem oscilações de ritmo. Nessa altura, já controlavam as operações os que mais o fizeram ao longo da tirada: Sérgio Marques, impressionante na sua «cabra»; e o Renato Hernandez... igual a si próprio. Outros, amiúde, assomaram-se à liderança, como o Tiago Silva, o Ricardo Gonçalves ou o Vítor «Mata a Velha», mas de forma pontual. Houve algumas situações em que, um ou outro aventureiro, chegou a arriscar adiantar-se ao pelotão, mas nunca foram mais de um ou dois minutos de fama. Numa dessas ocasiões, lá para as bandas de Benavente e Salvaterra, o Tiago Silva chegou a ganhar cerca de uma centena de metros, recebendo a companhia do Vítor Faria (Almodôvar), após rápida aceleração, mas o Renato Hernandez não demorou a reagir e a anular a fuga (ou a tentativa...). Mostrando quem mandava! Numa toada inibidora de mais individualismos (38,5 km/h) se fez a ligação de quase 50 km de planura batida a vento lateral até Almeirim e, logo de seguida, ao primeiro ponto quente desta Clássica: a subida para Santarém.

Aí, tal como em 2012, corações a mil por hora! Não só pelo esforço mas também pela adrenalina. Um momento delicado para quem não se posicionou bem no início da curta subida (1,7 km a 4,6%), uma vez que muita gente que o fez (e bem), depois não suportou o ritmo dos mais primeiros e provocou sucessivos  cortes. Nunca se soube quando é a corda partia à nossa frente. Tal como outros, também eu deveria ter entrado melhor e voltei a ter deixar muitas energias naquelas rampas após duas ou três recuperações forçadas. Subiu-se a uma média 30 km/h, e eu a 170 de pulso... – até o pelotão, já selecionado (em parte, definitivamente), alongar-se pelas ruas da cidade escalabitana, antes de se lançar a toda a velocidade em direção ao Vale de Santarém. Pouco antes da abordagem, um dos homens fortes, o Renato Ferreira, teve de abdicar devido a furo. Pouca sorte.

Na subida «do» Vale, mais intensidade! E os mesmos problemas já referidos para quem não seguia entre os 20/30 primeiros. Tal como eu, o Bruno de Alverca, que está em ótima forma mas provou da sua ainda curta experiência nestas andanças... a fundo! Aqui, novo ponto de seleção – e seleção feita! O pelotão emagrecia quase à sua expressão mínima do dia: os tais 20/30 elementos que fizeram a quase totalidade da ligação de regresso, aos últimos e novamente (definitivamente, reforça-se) quilómetros do percurso. Registo impressionante: 40 km de Santarém ao Carregado a... 40 km/h de média! Em Vila Franca, o grupo da frente ainda mais diminuto, ainda assim com 20 abnegados. Aplausos para alguns dos «nossos» domingos: Capitão, Evaristo, António (Rodinhas), Capela, Carlos Cunha, Brunos (de Alverca e o Felizardo), entre os incansáveis Hernandez, Ricky Gonçalves, Rui Torpes, e todas as grandes figuras presentes nesta Clássica.

Até Alverca... «só» 36 km/h. Os carregadores de piano – quase sempre os mesmos... - tinham finalmente de respirar e também já se faziam contas de cabeça... para o grande final.

Grande final, que se «jogou» como sempre nos topos da cervejeira, da variante (Tojal) e no de S. Roque, principalmente nos dois últimos. Após o primeiro não ter provocado mais do que um «abanão» com o sprint vigoroso para a rotunda do Cabo de Vialonga que deixou um elemento adiantado... mas ainda demasiado cedo! Não consegui identificá-lo (estava com equipamento idêntico ao do Vitor Mata a Velha mas não creio que fosse o próprio...) Com os perseguidores a 50 km/h, a sua aventura tinha prazo de validade, e teve fim abrupto com a entrada no topo do Tojal, onde foi uma correria desenfreada (felizmente a faixa de rodagem é dupla e tem separador de betão!) com diversos ataque e contra-ataques, malta que procurou agarrar-se à roda certa, umas sim, outras nem tanto; e outros ainda pura e simplesmente estoiraram. No alto, o figurino era o seguinte: o Hugo Feijão bem destacado e cerca de uma dezena de perseguidores – a que se notava forças quase no limite... Aproveitou o jovem fugitivo, que não mais foi alcançado até ao final (das hostilidades, entenda-se!), à entrada para rotunda do Infantado. Resistiu, mesmo aos mais rápidos e vigorosos caçadores, que chegaram mesmo na sua roda. Foram os que melhor passaram o topo de S. Roque, apenas 6/7 unidades, em representação de quase todas as principais formações referidas no início desta crónica.

Para estes, 4h00 certinhas! Para os restantes, que chegaram a conta-gotas, a mesma «realização» pelo dever cumprido, de mais um empolgante teste de superação física e anímica, como deve ser encarado o ciclismo, mesmo a... brincar às Clássicas!   

Homenagem a todos os participantes desta enormíssima jornada de ciclismo, que abriu o apetite para a próxima Clássica, de Santa Cruz, no dia 24 deste mês, num percurso muito mais seletivo que o de Santarém. Estão todos convocados!                                                     

9 comentários:

Paulo Rosa disse...

Ainda não sairam de uma, ja estão prontos para outra. Fenomenal e boas pedaladas.
Abraços de amizade

Paulo Rosa disse...

Ainda não sacudiram o pó da estrada e ja estão prontos para mais uma, força nos crankes campeões.
Abraço com amizade.

Luis Martinho disse...

O ciclista referido que se adiantou, com um equipamento igual ao do Vitor Mata a Velha, foi o ex-ciclista Serafim Vieira, que também pertence ao grupo dos Pássaros de Tires. Foi um prazer ter pedalado convosco.

Anónimo disse...

Afinal quem chegou as bombas da HP em primeiro???

DUROS DO PEDAL disse...

Parabéns pelo rescaldo que valoriza ainda mais a qualidade destas Clássicas.
Quanto a mim não me importo de carregar a vassoura,(que remédio) informando assim os mais fracos que terão sempre companhia num ritmo moderado . Interessa é participar e que a malta se divirta sem acidentes.
Abraço a todos
TO MONTEIRO

DUROS DO PEDAL disse...

Parabéns pelo rescaldo que valoriza ainda mais a qualidade destas Clássicas.
Quanto a mim não me importo de carregar a vassoura,(que remédio) informando assim os mais fracos que terão sempre companhia num ritmo moderado . Interessa é participar e que a malta se divirta sem acidentes.
Abraço a todos
TO MONTEIRO

DUROS DO PEDAL disse...

Parabéns pelo rescaldo que vem valorizar ainda mais estas Clásicas.
Quanto a mim não me importo de carregar a vassoura a ritmos moderados.
Ficam assim informados os mais fracos que terão sempre companhia.
Abraço a todos
TO MONTEIRO

DUROS DO PEDAL disse...

Parabéns pelo rescaldo que vem valorizar ainda mais estas Clásicas.
Quanto a mim não me importo de carregar a vassoura a ritmos moderados.
Ficam assim informados os mais fracos que terão sempre companhia.
Abraço a todos
TO MONTEIRO

Anónimo disse...

Por acaso esse senhor ex.ciclista depois acabou por nao aguentar o grupo, grande passeio abraços.