Só quem não tem estado atento
às «movimentações» nestes primeiros meses da nova temporada terá ficado surpreendido
com a participação recorde na primeira Clássica de 2013, Santarém, a rondar os oitenta
ciclistas. Mas não só. Também, só quem não tem feito a rodagem em grupos de
nível poderá ter-se espantado com o do impressionante pelotão multicolor que se
apresentou à partida de Loures, no último domingo. Responderam ao irresistível apelo
da competitividade que estes eventos cada vez mais provocam inúmeros elementos de
diversas paragens, individualmente ou em grupo, figuras e equipas com nome na
praça que prestigiam estas iniciativas totalmente amadoras e sem quaisquer meios
organizativos.
Não faltaram Pina Bike, Pássaros,
Duros do Pedal, Roda 28, Ciclismo 2640, Almodôvar, muitos outros individuais federados
de Estrada e de BTT, e ainda os domingueiros mais e menos treinados – no que
foi, muito provavelmente, o pelotão melhor recheado dos últimos anos!
Dia de vento, que soprou
sempre lateral – nunca de cara ou de costas – causando um fator adicional de
grande relevância à jornada. Desde logo, estar à frente implicou um esforço
ainda maior, mas permanecer na roda não significava forçosamente estar em conforto.
Impunha-se, para este, correto posicionamento para melhor se abrigar daquele
opositor natural que soprou de Sudeste. Ou seja, na primeira parte do percurso,
do lado direito; no regresso, do lado esquerdo. Tendência: no primeiro caso,
encarreirar para o eixo da via, o que gerou situações menos recomendáveis em
que o pelotão chegou a passar os limites da sua faixa, não só aumentando as
dificuldades para os veículos em ultrapassar, como o perigo de colisão com os
que se cruzavam de frente. Felizmente, não há nada de especial a lamentar, a
não ser inevitáveis quedas (sem gravidade) e furos. No regresso, toda a gente
queria estar mais à berma possível, mas a redução do pelotão em número
facilitou estas operações e não houve mais situações arriscadas.
A média final foram
excelentes 37,7 km/h, considerando o vento e o escasso número elementos com
capacidade (ou disponibilidade) para «meter» o andamento. De qualquer modo, os
primeiros 22 km até Vila Franca foram relativamente moderados (33,6 km/h) e só
a partir daí o ritmo se elevou para o patamar descrito. A passagem do empedrado
trouxe o caos, mas não, como por vezes sucede, pela velocidade excessiva, mas pela
obstrução a esta... Expliquemos: um veículo parado nos metros finais fez com
que grande parte do pelotão tivesse de praticamente parar (cheguei a por o pé
no chão...), o que poderia, desde logo, deixar muita gente apeada. Muitos - entre
eles, eu! - não ficaram porque tiveram de gastar força preciosa para recolar ao
grosso da coluna que se alongava já pela ponte Marechal Carmona. Travessia com
subida a 40 km/h e descida a 65 km/h, com o pulso a roçar os 180, foi o
necessário para não ficar, logo aí, fora de jogo...
Uma vez recolocados – os que
o conseguiram... -, rolou-se a 40 à hora até ao Porto Alto, felizmente sem
oscilações de ritmo. Nessa altura, já controlavam as operações os que mais o
fizeram ao longo da tirada: Sérgio Marques, impressionante na sua «cabra»; e o
Renato Hernandez... igual a si próprio. Outros, amiúde, assomaram-se à
liderança, como o Tiago Silva, o Ricardo Gonçalves ou o Vítor «Mata a Velha»,
mas de forma pontual. Houve algumas situações em que, um ou outro aventureiro,
chegou a arriscar adiantar-se ao pelotão, mas nunca foram mais de um ou dois
minutos de fama. Numa dessas ocasiões, lá para as bandas de Benavente e Salvaterra,
o Tiago Silva chegou a ganhar cerca de uma centena de metros, recebendo a
companhia do Vítor Faria (Almodôvar), após rápida aceleração, mas o Renato
Hernandez não demorou a reagir e a anular a fuga (ou a tentativa...). Mostrando
quem mandava! Numa toada inibidora de mais individualismos (38,5 km/h) se fez a
ligação de quase 50 km de planura batida a vento lateral até Almeirim e, logo
de seguida, ao primeiro ponto quente desta Clássica: a subida para Santarém.
Aí, tal como em 2012,
corações a mil por hora! Não só pelo esforço mas também pela adrenalina. Um
momento delicado para quem não se posicionou bem no início da curta subida (1,7
km a 4,6%), uma vez que muita gente que o fez (e bem), depois não suportou o
ritmo dos mais primeiros e provocou sucessivos cortes. Nunca se soube quando é a corda partia
à nossa frente. Tal como outros, também eu deveria ter entrado melhor e voltei
a ter deixar muitas energias naquelas rampas após duas ou três recuperações
forçadas. Subiu-se a uma média 30 km/h, e eu a 170 de pulso... – até o pelotão,
já selecionado (em parte, definitivamente), alongar-se pelas ruas da cidade
escalabitana, antes de se lançar a toda a velocidade em direção ao Vale de
Santarém. Pouco antes da abordagem, um dos homens fortes, o Renato Ferreira,
teve de abdicar devido a furo. Pouca sorte.
Na subida «do» Vale, mais
intensidade! E os mesmos problemas já referidos para quem não seguia entre os
20/30 primeiros. Tal como eu, o Bruno de Alverca, que está em ótima forma mas
provou da sua ainda curta experiência nestas andanças... a fundo! Aqui, novo
ponto de seleção – e seleção feita! O pelotão emagrecia quase à sua expressão
mínima do dia: os tais 20/30 elementos que fizeram a quase totalidade da
ligação de regresso, aos últimos e novamente (definitivamente, reforça-se) quilómetros
do percurso. Registo impressionante: 40 km de Santarém ao Carregado a... 40
km/h de média! Em Vila Franca, o grupo da frente ainda mais diminuto, ainda
assim com 20 abnegados. Aplausos para alguns dos «nossos» domingos: Capitão,
Evaristo, António (Rodinhas), Capela, Carlos Cunha, Brunos (de Alverca e o
Felizardo), entre os incansáveis Hernandez, Ricky Gonçalves, Rui Torpes, e
todas as grandes figuras presentes nesta Clássica.
Até Alverca... «só» 36
km/h. Os carregadores de piano – quase sempre os mesmos... - tinham finalmente de
respirar e também já se faziam contas de cabeça... para o grande final.
Grande final, que se «jogou»
como sempre nos topos da cervejeira, da variante (Tojal) e no de S. Roque,
principalmente nos dois últimos. Após o primeiro não ter provocado mais do que
um «abanão» com o sprint vigoroso para a rotunda do Cabo de Vialonga que deixou
um elemento adiantado... mas ainda demasiado cedo! Não consegui identificá-lo
(estava com equipamento idêntico ao do Vitor Mata a Velha mas não creio que
fosse o próprio...) Com os perseguidores a 50 km/h, a sua aventura tinha prazo
de validade, e teve fim abrupto com a entrada no topo do Tojal, onde foi uma
correria desenfreada (felizmente a faixa de rodagem é dupla e tem separador de
betão!) com diversos ataque e contra-ataques, malta que procurou agarrar-se à
roda certa, umas sim, outras nem tanto; e outros ainda pura e simplesmente
estoiraram. No alto, o figurino era o seguinte: o Hugo Feijão bem destacado e
cerca de uma dezena de perseguidores – a que se notava forças quase no
limite... Aproveitou o jovem fugitivo, que não mais foi alcançado até ao final
(das hostilidades, entenda-se!), à entrada para rotunda do Infantado. Resistiu,
mesmo aos mais rápidos e vigorosos caçadores, que chegaram mesmo na sua roda. Foram
os que melhor passaram o topo de S. Roque, apenas 6/7 unidades, em representação
de quase todas as principais formações referidas no início desta crónica.
Para estes, 4h00 certinhas!
Para os restantes, que chegaram a conta-gotas, a mesma «realização» pelo dever
cumprido, de mais um empolgante teste de superação física e anímica, como deve
ser encarado o ciclismo, mesmo a... brincar às Clássicas!
Homenagem a todos os
participantes desta enormíssima jornada de ciclismo, que abriu o apetite para a
próxima Clássica, de Santa Cruz, no dia 24 deste mês, num percurso muito mais
seletivo que o de Santarém. Estão todos convocados!
9 comentários:
Ainda não sairam de uma, ja estão prontos para outra. Fenomenal e boas pedaladas.
Abraços de amizade
Ainda não sacudiram o pó da estrada e ja estão prontos para mais uma, força nos crankes campeões.
Abraço com amizade.
O ciclista referido que se adiantou, com um equipamento igual ao do Vitor Mata a Velha, foi o ex-ciclista Serafim Vieira, que também pertence ao grupo dos Pássaros de Tires. Foi um prazer ter pedalado convosco.
Afinal quem chegou as bombas da HP em primeiro???
Parabéns pelo rescaldo que valoriza ainda mais a qualidade destas Clássicas.
Quanto a mim não me importo de carregar a vassoura,(que remédio) informando assim os mais fracos que terão sempre companhia num ritmo moderado . Interessa é participar e que a malta se divirta sem acidentes.
Abraço a todos
TO MONTEIRO
Parabéns pelo rescaldo que valoriza ainda mais a qualidade destas Clássicas.
Quanto a mim não me importo de carregar a vassoura,(que remédio) informando assim os mais fracos que terão sempre companhia num ritmo moderado . Interessa é participar e que a malta se divirta sem acidentes.
Abraço a todos
TO MONTEIRO
Parabéns pelo rescaldo que vem valorizar ainda mais estas Clásicas.
Quanto a mim não me importo de carregar a vassoura a ritmos moderados.
Ficam assim informados os mais fracos que terão sempre companhia.
Abraço a todos
TO MONTEIRO
Parabéns pelo rescaldo que vem valorizar ainda mais estas Clásicas.
Quanto a mim não me importo de carregar a vassoura a ritmos moderados.
Ficam assim informados os mais fracos que terão sempre companhia.
Abraço a todos
TO MONTEIRO
Por acaso esse senhor ex.ciclista depois acabou por nao aguentar o grupo, grande passeio abraços.
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