Não foi o
maior, mas, sem dúvida, o melhor pelotão que alguma vez esteve na Clássica de
Évora. Os números são esclarecedores: os 136,4 km foram percorridos à velocidade
média recorde de 39,7 km/h, a irrisória distância da fasquia de 40 km/h que
tinha ficado «prometida» desde o jantar de confraternização de fim de ano e fora
reiterada na véspera, nas redes sociais, por um dos ciclistas que mais iria
contribuir para estabelecer essa marca: o Renato Hernandez. Mas mesmo para ele não
seria façanha fácil sem colaboração, e o homem do Infantado teve-a, ao seu
melhor nível. Veio de alguns dos mais renomados ases da bicicleta da nossa
região, de diferentes paragens e envergando camisolas distintas, que
possibilitaram aos demais – em que me incluo - uma experiência de ciclismo única,
invulgar – para a maioria inédita – de fazer uma distância tão grande a um
ritmo tão «profissional».
A saída de
Loures foi desde logo a grande velocidade, cumprindo-se até Alverca a média de
37 km/h, com os elementos fortes do grupo Pina Bike a liderarem: Hernandez,
Ricardo Gonçalves, Rui Torpes (elementos «fortes» do Pina Bike), a que se
juntou o André (livre da pressão de não ir até ao final...). Até Vila Franca, o
andamento não baixou e após o «pavé», a travessia da ponte marcou o primeiro
grande momento de intensidade. Tal como na Clássica de Santarém, a ascensão fez-se
a roçar os 40 km/h e a descida a mais de 55 km/h, deixando prever uma passagem
difícil pela reta do Cabo. Tal não se confirmou, principalmente pela ausência
de vento, que foi um dos fatores positivos desta edição – e que também muito
terá contribuído para a alta média final.
Em seguida,
em campo aberto, pela vasta lezíria do Infantado até Vendas Novas, outros
passaram pela frente, disponibilizando os seus préstimos, como o Duarte
Salvaterra e o João Aldeano, que iniciava por estas bandas uma exibição de
grande nível, bem coadjuvado por alguns companheiros do Ciclismo 2640, como o
João Rodrigues. Nos primeiros postos, além da já referida elite do Pina Bike,
também estiveram quase sempre o Vítor Mata a Velha (Pássaros), o Filipe
Arraiolos e um ou outro elemento do Roda 28.
Em Vendas
Novas, depois de ultrapassada a primeira metade do percurso, a média está estava
muito próxima dos 40 km/h e com uma evidente particularidade: o pelotão
mantinha-se coeso, sem desgaste aparente para quem seguia no seu seio, desde
que bem protegido. Mas uma vez entrada a fase mais irregular do traçado, o regime
cardíaco, até aí linearmente a valores aeróbios (Vila Franca foi exceção),
elevou-se um patamar para corresponder à intensidade que as locomotivas de
serviço continuavam a imprimir.
Após mais 30
km neste registo de velocidade de cruzeiro, do tipo TGV, sem especiais
oscilações, deparávamo-nos perante a primeira, talvez a maior, dificuldade do
trajeto: a subida de Montemor. Os «principais» assomaram-se à dianteira mas não
trouxeram nada de novo, apenas a continuidade do ritmo elevado. Sem acelerações
brutais, foi a inclinação e a velocidade (30 km/h) que fizeram a dificuldade
nesta transição que, como é tradicional, causou inevitáveis baixas no pelotão. Algumas
definitivas, outras temporárias, pois houve quem conseguisse reentrar, à custa
de muito esforço, mas que os quilómetros subsequentes, com alteração do
figurino, agora com um andamento muito mais instável, agravariam ao ponto de
quebrar a resistência.
Foi, então, que
começaram as mudanças súbitas de ritmo, os ataques, as tentativas que causar uma
cissão no já selecionado grupo da frente – não mais de 15/20 unidades. Todavia,
todas as iniciativas invariavelmente condenadas ao malogro. Não seriam
autorizados aventureirismos. Alguns dos golpes partiram do Pedro Capela, mas
também o Torpes, o Aldeano e o Mata a Velha experimentaram, pelo menos uma vez,
tomar o pulso aos restantes. A resposta foi sempre à altura.
A cerca de
15 km de Évora, restam duas elevações mais pronunciadas que, quando bem
atacadas, elevam o grau de dificuldade, causando mossa a quem vier com energias
contadas. Depois de ter vindo sempre protegido – após uma semana de retoma dos
treinos, precedida de duas de quase inatividade receava a falta de ritmo e de
capacidade para tão altas cavalgadas, o que no conforto do grande grupo não se
confirmaram, tendo sido, para mim, apesar do contrassenso com a média
alucinante, uma das mais confortáveis edições desta clássica -, decidi finalmente
dar o meu contributo à contenda, aumentando o ritmo nesses dois topos consecutivos.
No entanto, quando o fiz rapidamente apercebi-me que havia escassez de
carburante nos músculos e no penoso final do segundo topo fiquei à mercê das
acelerações que surgissem de trás. Dito e feito, perante o forte esticão, previsível
que sucedesse, fui ultrapassado por todos, ao ponto de perder a cauda do grupo,
onde fiquei, descaído, na companhia do Hernandez (desgastado ou não nos seus
dias!) e do Pedro Vieira. Todavia, não esmorecemos e, em colaboração,
reentrámos passado um ou dois quilómetros, ainda a tempo de assistir ao sprint
final (desde esse topo ao final cumpriu-se 45 km/h de média!) para a chegada,
junto do Evorahotel, onde o experiente e explosivo Mário Fernandes (2640) impõe
a sua classe ao Rui Torpes e a mais uns poucos que se fizeram ao aceso despique.
No final, o coletivo mafrense parecia comemorar, e tinha plenos motivos, tal
como todos os outros que partilharam o asfalto desta fantástica clássica
primaveril. Para 2014, ultrapassar a fasquia dos 40 km/h!
Destaque
para as presenças, entre o grupo principal, de outros «Pinas»: Evaristo (o «Fraquinho»
não facilita e ainda teve forças para lançar o último quilómetro!), Bruno
Felizardo (forte e no seu terreno predileto), Gonçalo (que anda a fazer o
trabalho de casa) e do António (prova de veterania com fibra).
4 comentários:
Depois de uam subida ao Montejunto nao sabado a ida a Évora acabou por ser mais 1 um excelente treino, pena é que so dorou 3,26h devido ao forte andamento de alguns elementos que tudo fizeram para ultrepassar essa tao anciada barreira dos 40, talvez uma melhor colaboraçao e desponibilidade de alguns elementos que em nada contribuiram o tivessemos conseguido....fica para o ano!!!
PS:Pra quando uma classica LOURES-REGUENGOS??? Sempre dava mais uma horita!!!
Foi uma clássica bastante bonita pena que realmente tenha passado tão rápido , uma manhã de cilismo muito boa é um percurso interessante por não ser perigoso em termos de trãnsito e com paisagens das planicies Alentejanas muito bonitas , uma clássica a continuar , parabéns .
Máriio Fernandes
Quero enaltecer também o trabalho de equipa que foi feito pelos Pinabike assim como os meus colegas do meu grupo eu não mexi uma palha nem trabalhei absolutamente nada apenas me limitei a andar dentro do grupo e disparar nos 500 metros finais tal como tinha sido conversado no seio do grupo ,no entanto tal como disse, respeito sériamente quem dignamente pos a cara ao vento todo o percurso para assim fazer desta uma belíssima clássica!Ab
Mário Fernandes
;)
Grande cronica de uma classica, Bravo.
Enviar um comentário