A estreante Clássica do Bombarral confirmou as virtudes que lhe foram prognosticadas. Acima de tudo, o excelente percurso – qualidade e segurança das estradas e envolvimento paisagístico incluídos –, que pode colocar esta passagem velocipédica por algumas das localidades e/ou cidades baluartes da região oeste entre as tiradas mais interessantes e concorridas do nosso calendário anual.
O estatuto de clássica fez-se respeitar, desde logo, no horário (mais que) escrupuloso de partida. Estaria a bater as 8h00 quando os presentes – não mais de quatro - se fizeram à estrada, obrigando-me (por um minuto de atraso) a ter de correr atrás do grupo até ao Alto de Guerreiros.
De qualquer modo, o «aquecimento» forçado não provocou contratempos ao meu objectivo para esta jornada: avaliar a dimensão do «efeito» Cubino, ou como poderia, entretanto, ter recuperado dele. Por isso, logo que alcancei o grupo – reduzido, na altura, onde pontificavam o Freitas, o Filipe Arraiolos, o Carlos Gomes e o Gil – passei a assumir as despesas, impondo o andamento, amiúde com a parceria do nosso melhor posicionado na Covatilla: o Filipe.
De Guerreiros ao início da subida para a Venda cumprimos média de 27 km/h e nos 1,7 km a 6% da Freixeira 18 km/h, com o coração a 174 por minuto. Nessa altura, juntou-se o Rocha, um dos quatro heróis da ciclo-maratona Torres-Fátima-Torres, do passado dia 10. Naturalmente queixoso das maleitas dos quase 300 km da tirada. De loucos!
Depois da Malveira, na descida de Vila Franca do Rosário, o Freitas passou para a frente, demonstrando estar «solto», bom pronúncio para o exigente Quebraossos, no próximo sábado. A 37 km/h de média e com ajuda partilhada (o Carlos Gomes viu-se pela primeira vez na frente) alcançámos os restantes elementos que «se fizeram» a esta clássica (entre madrugadores e «atalhadores») e que seguiam na companhia do Vaza e do Xico nos topos do Turcifal. A subida de Catefica fez-se, então, em verdadeiro pelotão, a bom ritmo, sob a batuta do Vaza que não perdeu tempo em criar engodo ao destacar-se ligeiramente. No alto não houve diferenças mas muita transpiração.
A ligação a Torres Vedras e à estrada do Bombarral foi tranquila, excepção às aproximações aos topos do Ameal e do Outeiro da Cabeça, onde o Vaza e o Xico, respectivamente, forçaram o ritmo, obrigando o pelotão a reagir. O segundo chegou mesmo a rolar com ligeiro avanço durante alguns quilómetros, sendo alcançado já depois do alto do Outeiro quando... aliviou os pedais. Até aí eu e o Freitas dividimos as despesas na condução do pelotão; tendo ele rendido o lugar ao Filipe até ao Bombarral. Quanto a mim, a ideia era mesmo expor-me ao desgaste.
E ainda mais o fiz, após o Bombarral, na subida do Sanguinhal, então a forçar mais intensamente. Os mais poderosos cerraram fileiras mas o pelotão seleccionou-se. Nos metros finais, o Vaza ultrapassou-me, em aceleração brusca, mostrando que está a atravessar uma boa fase. Depois, a passagem pelo interior do Cadaval foi repousante – tal como a paragem, em Martim Joanes, para satisfação das necessidades fisiológicas.
A chegada ao Vilar dava continuidade ao terreno irregular, desde logo com a subida para Vila Verde dos Francos. Mais uma vez, forcei o andamento depois de o Vaza ter metido o passo nas primeiras centenas de metros. Desta vez, a aceleração foi progressiva e pretendia atingir regimes mais elevados. Como tal, destaquei-me durante uma boa parte da subida, sendo absorvido já no final, por um grupo restrito conduzido pelo Vaza e o Carlos Gomes (pelo que me apercebi, salvo erro, foram eles que fizeram o trabalho da recuperação). O pelotão voltou a fraccionar-se.
O ritmo tranquilo imprimido no troço Vila Verde-Atalaia foi novamente a promover a reunião de todo o grupo, mas no topo de Freixial do Meio para a Merceana voltei a «carregar» no acelerador. Sempre eu a desestabilizar, peço desculpa aos demais!!! Os homens fortes voltaram a não vacilar e mostraram estar presentes nos derradeiros metros da curta ascensão.
Bem mais longa e empenhativa é a subida que liga Merceana ao Sobral. E o andamento não foi menos exigente. Voltei a impo-lo na primeira fase, sendo rendido pelo Carlos Gomes até ao descanso do cruzamento de Ribafria. Até que na rampa de Carmões o Vaza decidiu fazer das dele... Lançou um ataque surpreendente, de trás, curto e intenso, a que apenas os mais capazes conseguiram corresponder. Neste caso, corresponder é o termo correcto, uma vez que a movimentação teve precisamente esse objectivo: causar a ruptura, mesmo entre os mais fortes! Quando o autor deu por concluída a obra, consigo estavam apenas o seu amigo Xico, o Freitas, o Filipe e o Carlos Gomes - este mais tarde a agradecer o facto de o Vaza o ter prevenido do ataque com um... toque.
Já a acusar fadiga das sevícias que me vinha impondo e sem capacidade para reagir a preceito a tão brusca mudança de velocidade, fiquei para trás, procurando recuperar caso não houvesse (como temia...) interajuda entre o quarteto. Houve e deu para perceber que foi o Xico que tocou a rebate. Assim, os quatro começaram a render-se – e muito bem.
Por isso, teria de ter muito melhores pernas para alimentar a pretensão de os alcançar. E muito valeu a colaboração do Gil, que vindo de trás e depois de ganhar fôlego durante alguns quilómetros na minha roda passou várias vezes pela frente com grande eficiência. tendo sido fundamental para atingirmos o topo, no Sobral, com apenas 10 a 15 segundos de desvantagem. Logo que os homens da frente aliviaram a marcha, juntámo-nos rapidamente no jardim central. Média da subida: 29,5 km/h!
A partir daqui, houve uma separação no grupo, agora por opções diversas. Eu, o Carlos Gomes e o Gil continuámos, a bom ritmo, em direcção à Seramena e Forte do Alqueidão, enquanto os restantes decidiram relaxar, aguardando pelos retardatários.
A participação na subida para o Alqueidão foi, deste modo, bastante restrita. Após as primeiros rampas feitas pela «minha mão», o Carlos Gomes passou para a frente, imprimindo andamento que me colocou imediatamente em dificuldades. Resisti o mais que pude – até ao limite... que não foi muito além da passagem para o piso rugoso, já perto do alto, quando lhe larguei a roda. O cansaço e a forma deficiente não deram para mais... Mesmo assim, o tempo que registei foi apenas 20 segundos superior ao realizado há duas semanas, na volta de Montejunto. Nesse dia, a subida tinha sido muito mais atacada de início e as diferenças para o primeiro (o André) maiores.
O Gil, que ficara para trás praticamente no início da subida, acabou por não se juntar na descida para Bucelas, gerida com muita precaução devido ao piso escorregadio. Daí a Loures foi passo moderado, ainda assim a 32 km/h de média, e em amena cavaqueira.
Às tantas, o muito simpático irmão do grande ciclista Joaquim Gomes, que dele partilha os genes de bom desportista (além do timbre de voz inconfundível...), falava-me de como o mano lhe incutiu o gosto pelas bicicletas e de como, por sua vez, ele (o Carlos) o transmitira ao Gil, que está nítido crescendo de forma e motivação, no seguimento de muito bem conseguida integração no nosso grupo. Também abordámos o tema do meu «poço» de forma actual, as eventuais causas e implicações, tendo sido, com atenção e apreço, que retive as suas opiniões experientes. Grande aquisição, este Gomes!
Dados da clássica:
Distância: 132 km
Tempo: 4h18m
Média: 31 km/h
P.S. Faço, desde já, votos de boa sorte para os «nossos» participantes no fantástico Quebraossos, a rainha das clássicas ciclodesportivas espanholas.
14 comentários:
Quer isto dizer que não houve um vencedor?
Mera coincidência ou mudança de atitude?
Se era uma clássica os vencedores foram os que chegaram primeiro a loures, nesse caso o ricardo e o carlos gomes. quanto aos outros, como viu ficaram para trás porque quiseram. não pode haver mudanças de atitude só em algumas clássicas, só porque dá mais jeito. penso eu.
agora pelo amigo carlos ter ganho a clássica já o querem meter a vestir a camisola do grupo pinabike. já lá vão 6 clássicas e os pinas nem velos... ehehehe
e vai continuar a ser assim enquanto aquilo nao funcionar como um grupo.o freitas e o ricardo lá ficaram a patinar mais uma vez para o sobral.
Penso que o Carlos Gomes é um excelente elemento para o grupo PINABIKE, podendo mesmo tornar-se o chefe de fila.
Antes disso faz uma época pelo Oeste, com vales de gasolina à borla. Além disso tenho já uma cunha preparada...lol.
Quando conhecem os adversários é só truques...Mas quando é preciso mostrar serviço a porca encolhe logo o rabo!
Não se percebe a ideia, ó 11-21. Explica lá melhor
ia bem é só campeões só falta aparecer por ai o diabo que acompanha as grandes voltas... hehehe
e matam e esfolam e fazem e acontecem e coisa e tal fónix,bêeemm !!! treinem mas é e deiam menos a liunguinha pá. Porque é que há sempre pessoal no "corte" corra bem corra mal, pá deixem se disso escrevam com qualidede. Isto são corridas haaaaa faltam as motos á frente bêm o nosso amigo Paulo Pais já fez isso mas ok não é para todos pá vá lá somos só um grupo de amigos "amigos" ? ...
...agora distribui pastilha
Quem dá o que tem...
E no próximo fim-de-semana?
Vai haver volta?
há volta domingo?
No Ameal fui eu e o Carlos Gomes que nos distraímos, na conversa e o ritmo subiu. Se causou mossa as minhas desculpas.
Esqueceram-se foi que o Astérix também ia no grupo e por isso teve de virar no Outeiro.
Mas aquilo era uma corrida? Ou é um convívio salutar em que cada um dá o que pode?
Quem é que distribui pastilha ?
mas voçês tão todos doidos ou quê ?
hum se houvesse uma pastilhita por vá lá ... senão são sempre os mesmos nomes a serem mencionados...
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