A minha participação na Clássica espanhola Lale Cubino 2009 foi uma tremenda desilusão. Nem sequer cumpri os «serviços mínimos» de concluir, na íntegra, o percurso principal da prova, na Estância de Esqui de La Covatilla (montanha de categoria especial), terminando a minha prestação na cidade de Béjar, na distância curta (130 km).
Motivos para o fracasso: falta de condições físicas para suportar as fortes intensidades, principalmente em subida (!?), de uma prova com enormes exigências, de relevo e de nível de participantes. Mais: ao não adequar o andamento às referidas limitações físicas, provocou-me desgaste acrescido e incapacidade de recuperar dos esforços... até ao desfalecimento final, aos 110 km, na subida do Cristobal (2ª categoria). A partir daí, arrastei-me até Béjar (cidade-base da prova), desde logo sem ilusões de conseguir transpor a duríssima montanha final. Ao tentar fazê-lo, colocaria em risco a integridade física, a própria saúde inclusive. E não havia nada, obviamente, que o justificasse!
Na realidade, apresentei-me em forma física deficiente para as pretensões que alimentava para esta prova. Quanto a isso, não há a mínima dúvida. As razões? Podem ser diversas e ainda nenhuma verdadeiramente indiscutível. A mais evidente é a de o corpo não ter correspondido, fazendo sobressair os sintomas negativos que vinha denunciando nas últimas semanas – e que tiveram como epicentro a Clássica de Montejunto, no passado dia 31 – e que aqui relatei. Todavia, não pareciam tão graves sinais que determinassem um desfecho tão desastroso. Ou talvez sim? Nestas provas, paga-se bem alta a factura da condição física deficitária e/ou a falta adequação desta ao andamento (empenho/ritmo) que se imprime. Falta de experiência nestas andanças não é justificação para erros de auto-avaliação. A ambição, sim!
Para mim, a prova teve quatro momentos: do início até cerca de 35 km, em que a imediata colocação no pelotão da dianteira permitiu economizar forças mesmo rodando a alta velocidade; um segundo momento, em que mudanças fortes de ritmo em subidas curtas fizeram disparar a pulsação para níveis anormais (e já indiciadores de que algo estava mal...); um terceiro momento, na subida do Portillo (1ª categoria), em que nunca consegui meter o «meu» ritmo, confortável, subindo com a pulsação (demasiado alta) desajustada à performance (medíocre); e o quarto e último momento; a sucessão de duas subidas (3ª e 2ª categoria) que se seguiu à descida do Portillo, onde foi clara a perda de rendimento e o acelerado esvaziamento, ao ponto de, às tantas, não conseguir suportar o ritmo (exigente) do grupo onde vinha incluído, e onde também estava também o Freitas, obrigando-me a «largar» e a cumprir ao ralenti a secção final até à cidade-base da prova. Em apenas 20 km, perdi 10 minutos para este grupo, o que demonstra bem a dimensão do «empeno». À semelhança de 2007, embora por motivos diferentes, a aventura internacional este ano foi uma desilusão.
Quanto aos demais companheiros de aventura, apenas o Hugo Silveira «Garfield» pode lamentar, tal como eu, não ter cumprido o objectivo de não ter subido à Covatilla.
O Filipe Arraiolos fez, no meu ponto de vista, uma excelente prestação, sempre colocado em posições cimeiras, terminando na 55ª (entre 263 que subiram), com o tempo de 5h19m56s. A subida, fê-la em 1h16m.
O Freitas demorou mais 6 minutos, 3 dos quais perdidos na subida final (1h19m). Esteve muitos furos acima do desempenho do ano passado. Realizou 5h25m e fez 64º lugar.
O Hugo Lopes «Maçã» foi vítima de furo nos primeiros quilómetros do Portillo, fez muito boa prova, de trás para a frente (com desvantagens e vantagens de ter de integrar grupos mais lentos), e foi o autor da melhor subida (do nosso grupo) à Covatilla (1h15m, menos 1 minuto que o Filipe). Gastou 5h32m e foi 79º.
O Salvador foi «grande», deu o exemplo, geriu muitíssimo bem as forças ao longo do percurso e concluiu a prova, a quase 2000 metros de altitude, com o tempo de 6h05m (154º lugar). Muito bem!
5 comentários:
Boas Ricardo.
Já vi que foi uma classica para esquecer ou atao para recordar mais tarde os erros cometidos.Á dias assim e quando não estamos bem não estamos nao á nada a fazer.
Para estes feriados e fim de semana temos passeios ou é mais para descansar da classica de Espanha.
Um Abraço
Viva Ricardo,
Para grandes males grandes remédios - voltas lá para o ano e acabas o trabalho!
A ansiedade é nossa inimiga - ainda que não sejas propriamente um caloiro nestas andanças, como não vais ao Quebraossos possivelmente investiste demasiadas expectativas nesta clássica...
Não serias melhor nem pior pessoa se tivesses conseguido alcançar os teus objectivos. A única diferença está na constatação das limitações da tua condição humana...
e isso não é mal nenhum!
Abraço
Viva pessoal do Cubino,
Queria só felicitar todos os que foram e pelo seu desempenho,inclusive o Salvador que pelos vistos geriu muito bem a sua energia e por isso terminou a prova lá no alto.
Ricardo quanto ao teu desenpenho,na minha opinião acho que aqueles treinos consecutivos de Rampas foram muito junto a dita prova e como tal chegas-te desgastado.
E como tu bem dizes,em 1 lugar tava a tua saúde e não ias ganhar nada derreteres até ao fim.
Abraços
P.S.Amanhã vamos(tentar)a Fátima e voltamos com o pessoal de Torres "Vaza"e companhia lda.
A saida é as 08:30 em frente a Bicigal.
Boas Ricardo
A vida de um desportista é feita de altos e baixos seja qual for a modalidade, quantas vezes um atleta treina e motiva-se para depois fracassar...o que te aconteceu é absolutamente normal e já aconteceu a toda a gente que encara o desporto com um mínimo de seriedade... melhores dias virão certamente!!
Abraço
amigo ricardo, nao foi desta será para a proxima, talvez até tenha sido melhor assim, porque se te tivesse corrido muuuuuuuiiiito bem, os comentarios aqui seriam só a dizer que tambem andas carregado, assim tens aqui uma serie de amigos a dar-te força... abraçao e bons treinos...
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