quinta-feira, outubro 08, 2009

Crónica da Ota e o que aí vem

Como diz o ditado: «O que nasce torto, tarde ou nunca se endireita». Aplica-se bem ao desenrolar da volta do passado domingo, para a Ota, em versão alargada (123 km). Não que o adjectivo (torto) assuma, neste contexto, sentido negativo, pelo contrário, mas porque traduz o cariz que cedo se impôs à tirada e que a marcou até ao seu termo. Que foi, sem dúvida: a velocidade, as movimentações, os ataques... as fugas!
Começou a desenhar-se logo, em Unhos, com menos de 10 km percorridos, quando os primeiros «homens fortes» se começaram a mexer. Logo eles! Numa iniciativa madrugadora e inesperada, o Freitas destacou-se do pelotão a caminho de Sacavém, em fase de descida, vindo a juntar-se a alguns elementos que seguiam com ligeiro avanço (consentido). Todavia, a falta de interesse destes em dar corpo à fuga condenou-a rapidamente ao fracasso. Nessa curta (e facilitada) perseguição contribuíram o Jony e o João Rodrigues, levando o pelotão a rolar novamente compacto à passagem por Sacavém.
Estava descoberto o mote para o início da tirada: atacar! E foi o que não parou de suceder nos quilómetros que se seguiram, na EN10, onde acelerações e tentativas de «corte» de diversos elementos se sucederam, a um ritmo que chegou ao frenesim, ainda que sempre sem grande duração pela eficaz resposta do grande grupo. Neste trabalho (de condução do pelotão) destacou-se mais o João Rodrigues e o Paulo Pais. Entre os atacantes, foi o Jony, o Duarte e o Carlos Gomes que se mostraram mais empertigados. Os «duros» estavam incontroláveis, portanto.
Esta toada manteve-se, a espaços com bem-vinda acalmia, Entre Sacavém e Alverca a média foi de 37 km/h, baixando até Vila Franca (33 km/h), onde no empedrado esperam-se as tentativas de selecção do costume. Curiosamente não apareceram! Estranhou-se, ou nem tanto, pois havia motivos indisfarçáveis: a intensa actividade que até aí se desenrolara já moía, não só o corpo mas também as consciências... sobre o muito que ainda faltava percorrer. O pelotão estava a precisar de «respirar» e rolou mais tranquilamente até ao Carregado (32 km/h).
Até que, após esta passagem, surgiu o golpe decisivo do dia: o Carlos Gomes e o do Barro adiantam-se ligeiramente dentro da localidade, onde o pelotão contemporizava devido ao trânsito. Nesse breve desagregamento, também logrei destacar-me, colando à roda do duo, que à saída para Alenquer se apercebeu da oportunidade e... carregou a fundo, ainda perante a passividade do grosso da coluna.
Ao constatar que a distância aumentava com facilidade – aparentemente sem resposta – dei o toque a rebate no trio, e principalmente o Carlos Gomes correspondeu a preceito. A partir daí, metemos andamento de morte, sem restrições ou poupanças, cavando mais o fosso para o pelotão, de onde tinham escapado o Jony e o Duarte – também sem oposição! Nos primeiros metros da variante Alenquer, juntavam-se a nós – que, entretanto, tínhamos aumentado em número com a adição de alguns elementos que rolavam destacados (Capitão, Evaristo, Marco [regresso saudado], entre outros que não conseguiram «agarrar-se» ao comboio).
Ainda temi que, com a iniciativa do Jony e do Duarte, o pelotão viesse a reagir fortemente e assim colocar em risco o sucesso da fuga. Mas tal não sucedeu. Após o topo de Alenquer, a vantagem já era confortável, levando-me à convicção que dificilmente seríamos apanhados até ao Vale do Brejo (onde estava prevista a tradicional neutralização).
Rolou-se a toda a velocidade, merecendo destaque o empenho de todos – inclusive os que «apenas» se esforçaram por se manter no grupo! No trabalho mais árduo, comigo sobressaíram principalmente o Carlos Gomes (como nunca o tinha visto!!) e o Jony, este último com especial contributo na fase final, na subida do Vale do Brejo, em que se revezou comigo, aliando a enorme capacidade física ao sentido colectivo. Mas também o Duarte, o Capitão e o Evaristo colaboraram.
No alto do Brejo, contabilizávamos 41 km/h de média desde o Carregado! E na subida, andamento a roçar os 30 km/h, a apenas escassos 5/10 segundos do melhor registo: 4m05s (10/01/2008). Na altura, não precedido de tão grande desgaste.
Naquele local, quase mítico nas nossas voltas, entre o grupo da frente a nota de maior realce vai para a presença do Capitão – que se agarrou muito bem até ao final. Mas estavam lá quase todos: o Jony (que «mandou» na subida), Duarte, Carlos Gomes... e ainda o Pina e o Salvador que tinham entrado no «comboio» já em plena Ota - fresquinhos, portanto! O Evaristo e os restantes (e também os do grupo do Pina) chegaram algum tempo depois. Era, pois, «tempo» de aguardar pelo pelotão!
Mas não. Contrariamente a mim, a malta preferiu continuar... embora devagar. Fiquei a aguardar, e estranhei o atraso: 5, 10, quase 15 minutos... e eis que chegam, finalmente! Tinham uma forte justificação para a demora: furo do Paulo Pais.
Juntei-me ao grupo, de cerca de 10 unidades, que rolou muito bem no regresso, realizando os seguintes parciais: Vale do Brejo-Carregado: 36,5 km/h; Vila Franca: 38 km/h; Alverca: 34 km/h; Vialonga: 34 km/h.
Os «adiantados» vieram a «fumar charuto», e só assim foi possível, entre Alverca e Vialonga, terem sido alcançados. A sua vantagem era, como referi, de quase 15 minutos no Vale do Brejo!
Assim, por ter alinhado com as duas facções, acabei por andar sempre depressa, averbando 34,6 km/h de média aos 118 km (em Vialonga). Certamente chegaria aos 35 «redondos» se tivesse continuado com o grupo até Loures, pois agora em «mistura» entre os perseguidores, os que restavam dos fugitivos do Carregado e os que saíram adiantados ao quilómetro «abaixo de zero» (o grupo do Pina, Salvador), a acrescentar à controversa não-espera em Vale do Brejo, não se vislumbravam motivos para sã convivência...

Domingo: Torres-Espinheira
No próximo domingo, realiza-se a derradeira volta mais exigente da temporada. Na teoria, claro! O traçado (ver descrição abaixo) é um interessante rompe-pernas sem verdadeiras subidas capazes de fazer sobressair os trepadores. De qualquer modo, o relevo acidentado e a distância considerável elevam-na a um nível de dificuldade superior, por exemplo, aos das rondas das duas semanas transactas - ambas acima dos 100 km e disputadas a velocidade média a rondar os 35 km/h!
Recomendam-se neutralizações (se necessário) nos seguintes locais:
-Sobral (rotunda da praça de touros)
-Torres Vedras (rotunda da A8, antes de seguir para Sarge)
-Alenquer (rotunda de baixo)



Contra-relógio Paulo Pais, dia 18
No próximo dia 18 (domingo), o camarada Paulo Pais vai organizar a 3ª edição da «sua» concentração ciclista, este ano em formato diferente: será realizado em contra-relógio, por equipas, entre o Livramento-Óbidos e regresso ao Livramento, sem a tradicional paragem a meio do percurso (Óbidos).
As formações deverão ser constituídas entre três e dez elementos, sendo que, para se classificarem, terão de se apresentar no final com o mínimo de três ciclistas.
A concentração está marcada para as 8h00, na localidade do Livramento (junto ao campo de jogos/polidesportivo), onde estarão instaladas, tanto a partida como a chegada.
Recomenda-se, assim, a todos os interessados em participar que se «organizem». As inscrições (3 euros, com direito a camisola alusiva ao evento) deverão ser realizadas no local, antes do início da tirada. A esta seguir-se-á, como sempre, almoço-convívio.

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