segunda-feira, novembro 23, 2009

Crónica de Alcoentre

Sobre previsões que se confirmam, houve um diálogo entre mim e o Carlos Cunha, bem cedo na volta de ontem para Alcoentre, enquanto neutralizávamos devido a furo do Jony, em Alverca. Ele (o Carlos) acabara de chegar, em atraso, e não perdeu tempo a questionar, com alguma desconfiança, se o andamento seria tão elevado como na volta da semana transacta (apesar de não ter participado, lera aqui a crónica). Respondi-lhe, com uma frase inserida, então, no contexto dessa prosa:
- É sempre imprevisível... Mas rectifiquei:
- Hoje será menos, com as figuras que se apresentam...
Mesmo sem saber a quem me referia (a maioria do grupo tinha-se adiantado), disparou:
- Bom, se é assim, vou só até à Ota!
Teria certamente outras ideias para aquela manhã, que não a altas intensidades (não falta de capacidade de acompanhar os ritmos mais fortes), mas acabou por completar o percurso.
De facto, pelo tamanho e o recheio do pelotão de ontem sobrava de onde pudesse vir estímulo ao andamento forte. Sobre este, há uma referência esclarecedora: 34,5 km/h de média! Bem acima da velocidade a que decorreu a tirada do último fim-de-semana, para Santo Estevão, com agravante de a dificuldade do percurso lhe ser igualmente proporcional. Ou seja, não só se repetiu como, em geral, aumentou o nível médio do ritmo da volta, tornando-a em mais uma saída imprópria para o defeso.
De qualquer modo, o grau de exigência – baseio-me na minha percepção – acabou por ser inferior, principalmente, em relação à «dantesca» fase final (do troço da recta do cabo para Vila Franca, com vento contra) da volta de Santo Estevão. E também aos efeitos sobre o corpo: igualmente massacrantes, mas ainda assim menos!
Como na semana passada, a façanha teve protagonista principal: o Capela, que voltou a monopolizar a condução do grande grupo com igual empenho e resistência, mas ontem com mais e diferentes «auxiliares». Refiro-me aos substitutos do Carlos Gomes, que esteve, finalmente, mais reservado. Não faltou quem continuasse às deixas do inesgotável Capela, ainda que de forma menos profícua e duradoura. Foram todos roladores em boa forma, aproveitando o baixo desnível acumulado do percurso.
De qualquer modo, o desenrolar da volta ficou marcado pela paragem devido ao referido furo do Jony, em Alverca, que motivou, a alguns, indispensável paragem, mas à maioria a tentação de continuar a uma velocidade acima da que proporcionaria a uma rápida e acessível recolagem (como deve ser sempre!). Por isso, apesar do empenho do grupo perseguidor, algumas vezes refreado em prol da fundamental preservação do estado físico mais «curto» de alguns dos seus elementos (eu incluído), a reintegração só ocorreu depois da Abrigada, no início do carrossel da Espinheira. E só porque houve paragem (completa!) do pelotão da frente.
Na Espinheira, passagem que se afigurava mais complicada do trajecto, o andamento não foi selectivo, permitindo ao pelotão chegar praticamente compacto à rotunda de Alcoentre... e lançado a 50 km/h! E apenas houve necessidade de neutralização no local previsto (por ordem muito oportuna do Jony!) por atraso do Freitas, que até aí vinha a forçar-se a um andamento comedido. De pouco lhe valeu, pois foi a partir daí que a carga foi realmente pesada.
Refira-se que voltou a faltar «coordenação» do pelotão na hora do arranque, levando a que só a meio caminho para Aveiras estivesse, novamente, totalmente concentrado. E foi na aproximação a Aveiras que o comboio aumentou de velocidade e não desacelerou mais, só chegando a Alverca ainda quase lotado à custa de bastante esforço da maioria dos seus passageiros, ainda assim com alguns apeados em Vila Franca.

Eis as médias a partir de Alcoentre: Alcoentre-Azambuja (38,2 km/h); Azambuja-Carregado (36,8 km/h); Carregado-Alverca (38,3 km/h).

Nota: no próximo dia 6 de Dezembro (domingo, às 8h30 no Livramento), o camarada Paulo Pais vai reunir as tropas para uma saída de bicicleta em convívio de pré-temporada, entre Livramento, o Bombarral e regresso ao Livramento (por Sarge), na distância de 85 km. Pode aceder-se ao percurso detalhado através do comentário (da autoria do Dario) ao «post» de antecipação da volta de ontem: «Domingo: Alenquer».

3 comentários:

Anónimo disse...

realmente e uma vez mais constacto que os vossos comentários são sempre,ou quase referentes a elementos "da vossa " equipe. No entanto e como já não é a primeira vez que esse lapso acontece deixo aqui o meu comentário, e faço-o na primeira pessoa:é que a mim,e ao contrário de vários elementos que já denotei, não me custa trabalhar na frente em prol do "todo", razão pela qual nunca me escondo(ainda que o devesse fazer, para mais tarde não pagar a factura, e faço-o com todo o gosto, e ainda que isso não seja em nada importante para mim (digo-o com toda a sinceridade), não custa nada mencionar o facto, até porque já não é a 1ª ou 2ª vez que a omissão acontece.
Ps:caro e ilustre companheiro e principalmente Nobel escribão, não vejas isto como uma critica, pois muito sinceramente aprecio em muito o teu esforço, dedicação e devoção (não digo glória para não parecer o Sporting) em prol da modalidade e de todo o grupo que cada vez vai sendo maior. Assim deixo aqui a minha homenagem a uma pessoa que se esforça e dedica para relatar da melhor forma possível as peripécias de todos nós, que temos esta grandiosa modalidade em comum. Por mim, Muito Obrigado. Vitor Fialho

Ricardo Costa disse...

Camarada Vítor Fialho. Recebi e compreendo a crítica. De qualquer maneira, a «omissão» que referes não se deve a qualquer «motivo» em especial ou «preferência» pelos membros do nosso grupo. Isso nunca sucedeu, não é esse a filosofia que emprego nas crónicas.
Acontece que muitas vezes já é complicado aperceber-me de muitas incidências das voltas, quanto mais registá-las todas na memória. Noutras ocasiões, por desconhecimento do nome do ciclista, prefiro «omiti-lo» a estar a apelidá-lo pela marca da bicicleta ou outra característica, como já ocorreu em algumas. Por exemplo, no teu caso, «Specialized». De resto, nem seria essa a razão, pois esta situação já não é inédita: numa volta anterior, em meados de Outubro, um colega teu escreveu neste blog um comentário igualmente crítico para a minha omissão/desconhecimento do que ele entendia ter sido a tua presença/contributo (do Vítor «Pirilo») no desenrolar da tirada desse dia.
E como actualmente a minha forma física não permite ocupar posições mais destacadas no pelotão, é mais complicado assistir a todas as «cenas» do «filme», onde muitas vezes participo...
Aceita as minhas desculpas, que também são um reconhecimento à presença frequente aos domingos e grande disponibilidade que sempre demonstras.

Abraço
Ricardo

Ricardo Costa disse...

NOTA: os comentários que os visitantes deste blog pretenderem fazer (e quanto mais melhor, que é sinal de vitalidade!) mas não querem ver publicados, devem ser endereçados para o meu e-mail pessoal (ricardo.jxcosta@gmail.com) ou mencionar explicitamente (no comentário, clicando sobre a palavra no fundo do texto principal) que não o pretende ver publicado. Caso contrário, sem essa indicação, passa simplesmente pelo meu critério publicar ou não o comentário.

Obrigado