quinta-feira, dezembro 05, 2013

Crónica da Marginal-Alcoitão e volta do próximo domingo


A volta do último domingo foi a demonstração de como se pode rolar durante dezenas de quilómetros a muito bom ritmo, sem o stress das correrias desenfreadas e promovendo ainda «situações» interessantes de ciclismo, como fuga e perseguição. Tudo isto, apenas na primeira metade do percurso e em cenário aprazível: a longa ligação entre Loures e o Estoril, pela zona ribeirinha de Lisboa e a belíssima Marginal.

No entanto, a «situação» «deu-se» de uma forma que considero casual (não premeditada) Explico: logo nos primeiros quilómetros após a saída de Loures, em Ponte de Frielas, já havia um elemento adiantado ao enorme pelotão. O Ricardo Gonçalves, com andamento acima dos restantes, pôs-se em fuga, creio, sem realmente querer. Simplesmente, foi... Porque ninguém no grande grupo pareceu importar-se, contrariando o que é habitual, com o terreno plano, em que «situações» destas nem sequer se concretizam. A maioria morre à partida, por falta de «autorização» de um impulsivo e pouco paciente pelotão.

E eis a virtude. Pelo facto de o grande grupo tê-la permitido não acelerando imediatamente ao mesmo ritmo, preferindo manter-se tranquilo (talvez a fase inicial da época tenha tido a sua influência), a um andamento que possibilitava não perder demasiado tempo para o homem da frente, experimentou-se a referida «situação», em que foi demonstrado, cabalmente, a capacidade de uma coluna, bem organizada e com músculos fortes e disponíveis, para gerir e anular (com mais ou menos dificuldade) qualquer iniciativa, mesmo de um ciclista de nível, exímio rolador, como o Ricky Gonçalves -, que, a bem da verdade, não estaria na dianteira preocupado para aí manter-se a todo o custo.

Cá atrás, o lote era extenso e igualmente capaz de, num esforço concertado, alcançar o fugitivo, embora, também no pelotão, não parecesse haver especial interesse no fugitivo que, amiúde, era avistado a cerca de 300-400 metros, sempre em boa pedalada, por vezes, a perder-se de vista, às tantas, também da memória...

No comando do pelotão poucos mas empreendedores. Entre os mais assíduos, salvo alguma omissão: Jony, Freitas, Nuno Mendes e eu.

Foi preciso uma mudança imprevista e, por sinal, bastante forte de ritmo no grupo, após o cruzamento da Cruz das Oliveiras até perto de Carcavelos, imprimida pelo Jorge (acima dos 45 km/h nesse troço), para relembrarmo-nos que existia alguém escapado. Num ápice, passou a estar a não mais de 100 metros. A partir de então, até ao Estoril, onde o cenário e o terreno mudariam, não voltou a ganhar vantagem, e sim, agora parecia estar a ser controlado e até a haver um esforço para a sua anulação.          

 

A partir do Estoril, mudança de perfil, alteração de figurino. Desde o início da longa ascensão (mais um falso plano) até à rotunda de Ranholas, adaptaram-se os andamentos: foram ou ficaram os que puderam ou quiseram. Em número inferior a dez. De início, a parte mais inclinada, todos a seguir (ainda) o Ricardo Gonçalves, que se manteve incólume, impávido e sereno após ter sido alcançado pelo pelotão.

Até ao alto, com ritmo vivo, não demasiado intenso, mas ainda assim castigador, tal como a oposição do vento, o comboio perdeu cerca de metade das suas peças, depois de tanto eu, como o Bruno e o Ricardo Afonso (que forma!) terem passado pela frente. Em S. Pedro de Sintra, além destes, apenas o André (com mais de 200 km e a Arrábida nas pernas na véspera). Após a descida para Sintra, paragem retemperadora para café.

No reatamento, outra toada, mais incaracterística, com menos elementos, vento frontal e um andamento um pouco de sacrifício. Do tipo de deixar andar até ao fim...

Volta que valeu essencialmente até Sintra e acima de tudo pelas ilações a retirar do comportamento do pelotão perante um elemento em fuga (mesmo que sem querer), e o seu poder aglutinador em terreno plano, mesmo perante um fugitivo de bom nível. Para ponderar em futuras ocasiões, em prol de benefícios diversos.

 
A volta do próximo domingo é a da Ota (com início do Sacavém). PERCURSO

Sem comentários: