segunda-feira, fevereiro 27, 2006

Sto. Estevão sob a insígnia da ventania

Foi-se a chuva ficou o vento. A Clássica de Sto. Estevão disputou-se sob a insígnia da ventania, que soprou «de cara» desde cruzamento da estrada de Coruche até Vila Franca. Mas foi uma volta com mais incidências. Por exemplo, o pelotão, que já saiu escasso de Loures, regressou reduzido à ínfima sua parte. As razões? Primeiro, creio que por estarmos em época festiva com fim-de-semana prolongado para alguns, e depois porque havia a ameaça de chuva - depois da aventura de ciclo-navegação da Ota -, sempre desencorajadora para os mais comodistas. Depois, porque o Samuel e o Sr. Zé não resistiram ao andamento (moderado) logo nos primeiros quilómetros - talvez por não terem planeado fazer o mesmo percurso. E finalmente, quando o Fantasma, o L-Glutamina e o Vidigueira decidiram atalhar caminho em Benavente (penso que já tinham referido que o fariam na BP), deixando um quarteto de estóicos resistentes entregue às agruras da distância e do… vento. Os seus nomes merecem por isso referência: Daniel, Freitas, Hélder e Ricardo (eu).
Desde Samora Correia que a tirada ia animada com a inesperada boleia de um comboio de jovens da equipa de Matocheirinhos. A partir de Benavente, já sem este e quase sem «quorum» no pelotão, os que restaram fizeram-se à estrada de Sto. Estevão – rectas de perder de vista, asfalto magnífico e vento a favor para uma média superior a 36 km/h, sem forçar!
Duas ou três acelerações, as primeiras do Daniel, a querer mostrar os efeitos positivos do treino a meio da semana, e uma do Freitas, no topo que antecede a passagem pela localidade, forte, a exigir resposta esforçada. Entretanto, o Hélder, igual a si próprio, mordia-se para conter os seus ímpetos. Embora tenham sido alguns os amassos sofridos nos últimos tempos, mas agora com montada de estrada está mortinho por fazer mossa. Ainda não foi desta, apesar da sua abnegação e combatividade durante toda a volta.
Uma vez chegados à tormenta – entenda-se ventania -, não restou outra alternativa do que resistir às forças contrárias, partilhando o esforço na condução do quarteto. Mas vencer o adversário invisível tornou-se rapidamente um interminável suplício para as pernas, apesar da boa média (28 km/h) registada neste troço até Vila Franca.
À chegada à ponte, aprontaram-se as armas. O Freitas geriu convenientemente o revezamento, deixando a outro (no caso a mim) a despesa de entrar à frente na subida, mas foi o Hélder que abriu as hostilidades – no entanto, sem conseguir manter o aumento de andamento. Assim, o homem forte do momento lançou quando quis o seu sprint, ao qual procurei responder o mais rapidamente possível, fechando a distância logo o topo da ponte, e tomando logo a dianteira para não deixar o trabalho a meio. O Hélder ficara irremediavelmente para trás. E o Daniel idem. O sprint final à chegada a Vila Franca ficou sem (capacidade de) resposta da minha parte. Depois rolou-se moderadamente, finalmente a favor do vento, até Alverca. Durante este percurso, a contas com a minha fadiga, tive oportunidade de apurar que estava com mais 20 km que os demais. Mas também fui descansar mais cedo.

Notas de observador:

1- Elogio ao desempenho do Daniel – um grande rolador que demonstrou capacidade de luta e espírito de sacrifício, não apenas por ter aceite o repto de completar a volta (115 km), mas por ter resistido muito bem ao andamento quase sempre forte e a uma companhia de respeito, não se coibindo, amiúde, de acelerar (na estrada de Sto. Estevão quando o vento soprava de feição), e de dar o peito na interajuda durante o trajecto mais complicado.

2- O Hélder regressou quase ao seu melhor nível, num traçado plano que não é, de todo, o seu «habitat» natural. Sempre «agressivo» – muito à imagem do Freitas –, deixa-se quase sempre levar pelo seu ímpeto, que até o próprio Freitas teve, por vezes, de refrear, sob pena de causar danos colaterais, principalmente na segunda metade do percurso. O tempo não estava para excessos mesmo quando a força supostamente abunda, pois com tanta ventania, o tiro poderia sair (mais uma vez) pela culatra. Aliás, a falta de capacidade de resposta na ponte de Vila Franca foi sintomática.

segunda-feira, fevereiro 20, 2006

Ota: a Clássica da chuva

As voltas da Ota estão definitivamente votadas à intempérie. Mês e meio após a manhã de domingo de chuva copiosa em que o Miguel sofreu o acidente, ontem uma borrasca inclemente voltou a abater-se, encharcando até ao osso os corajosos cavaleiros do asfalto que ousaram fazer-se à estrada para a Clássica das Clássicas planas num dia que nasceu incerto. A água aguentou-se pouco tempo no céu, começando a cair ainda o pelotão aquecia em Vialonga, obrigando, desde logo, os que saíram de casa mais precavidos a vestirem os impermeáveis. Os incautos desprotegidos não tinham outra alternativa que torcer para que as tímidas abertas entre nuvens negras perdurassem.
Talvez para tentar, em vão, fugir à ameaça do tempo, o pelotão aumentou o passo à saída de Alverca, com o Freitas à cabeça, causando imediatamente os primeiros cortes no grupo: o Samuel e o Sr. Zé, acompanhados pelo ZT, sempre solidário no apoio ao seu progenitor. Depois de Vila Franca impunha-se aguardar pelos retardatários, que acabaram por reentrar só à entrada do Carregado. Todavia, o processo correu bastante bem, com destaque para a atitude de contenção do pelotão e, acima de tudo, para o esforço dos perseguidores.
Mas S. Pedro não estava em dia de tréguas e carregou impiedosamente com um fortíssimo temporal – não tenho memória de algo assim. Ainda antes de Alenquer, o céu enegreceu, largou sobre nós uma tromba de água puxada a vento. Todos de pantanas, com dificuldade em controlar as montadas na autêntica enxurrada que invadiu a estrada fizemos a subida ao topo da variante nova num banho forçado entre os safanões do vento.
Apesar de tudo, imprimiu-se um ritmo forte, com o Fantasma a dar os primeiros sinais da fase de vitalidade que atravessa. O Abel, ao invés, mostrou que estava em dia de maior debilidade. O Samuel e o Sr. Zé, ainda justos de forma, optaram por dar meia volta.
Alguns quilómetros à frente, a passagem pela estação de serviço da base aérea da Ota avivou a memória do acidente do Miguel a todos os que o presenciaram nesse malfadado dia. A mim, em particular, pensei na diferença abissal de velocidade – muitíssimo inferior agora.
Felizmente, na Ota a chuva parou e permitiu que o troço «da verdade» continuasse a sê-lo. O Fantasma entrou adiantado e antecipou as escaramuças. O Daniel deu o mote na perseguição, a solo, com o Pina a controlar a distância. Chegara a altura de corrigir o posicionamento, com o Freitas sempre atento, e os restantes bem concentrados. Um ou dois quilómetros adiante, o Fantasma foi absorvido e o jogo ficava ainda mais aberto. Previsivelmente, o Freitas apareceu para nos apalpar o pulso - como disse mais tarde o Fantasma - mas também como deixara explícito nos seus comentários da semana. Uma aceleração, depois outra, mas sempre com resposta à altura de quase todo o pelotão, por isso seguia-se sempre um «alívio» e o reunir das tropas. Assim, já em plena subida (2 km a 3%), depois de vários elementos terem tentado a sua sorte, acelerei (também previsivelmente) a cerca de 300 metros, mas sem grandes esperanças de distanciar o Freitas, que, nos últimos instantes, se adiantou facilmente. Destaque para as excelentes prestações do Steven e do Luís (da BTT), mas também do Fantasma.
Daqui até Aveiras e depois rumo a Azambuja rolou-se bem, sem sobressaltos, mas com forte vento frontal, havendo necessidade de um maior revezamento na dianteira, que durou quase até ao Carregado, após o que o pelotão se foi desagregando devido a algumas paragens mais demoradas.
No entanto, ainda foi produtiva a perseguição movida por mim e pelo Freitas ao Steven e ao Fantasma, e os sprints da praxe em Vila Franca e Alverca. No final de 115 km, a lamentar só o temporal. Mas também este parece já ser da praxe nesta Clássica. Felizmente desta vez sem acidentes!

Notas de observador:
1- No dia do acidente do Miguel, o Freitas atacou logo a seguir ao topo de Alenquer e obrigou o grupo a perseguir a alta velocidade (precisamente quando se deu o acidente). Desta vez, o homem deixou explícito nos comentários da semana que iria voltar a tentar fazer «estragos». Ontem, porém, fê-lo mais tarde, já depois da Ota, em plena estrada florestal que conduz ao topo do Vale do Brejo – onde tradicionalmente se medem as forças. Duas acelerações fortes, mas curtas, sem grande convicção de serem suficientes para se distanciar. Tanto mais, que os principais elementos do grupo já tinham mostrado não estarem dispostos a facilitar. Aliás, as iniciativas pareceram mais provações do que outra coisa qualquer. No topo do Vale do Brejo a sua superioridade no sprint é sempre uma mais-valia, por isso não seria coerente desperdiçar energia inutilmente antes. Tudo bem, que na última vez, acabou por ser surpreendido naquele local por mim, mas agora bastava-lhe estar mais atento – tanto mais que eu era ontem o único rival com que se deveria preocupar. Por isso, fez o que bem sabe: entrou na subida na minha roda, esperou pela minha aceleração, respondeu a preceito e depois lançou o seu sprint irresistível – ao qual nem sequer consegui ripostar.

2- Há alguns meses «rivais» na estrada e em comentários viperinos neste blog, o Fantasma e o L-Glutamina demonstram agora partilhar de grande forma. Os seus companheiros de equipa na altura (o Pina e o ZT, respectivamente) têm neles duas boas referências. O Fantasma é um rolador de excepção, um «castigador» nato, que não se cansa de meter ferro sempre à procura de causar desgastes; e o L-Glutamina é um caso de sucesso como resultado da frequência e do método de treino, sendo capaz de estar uns furos acima do seu «concorrente» quando o terreno empina. Provou-o na semana passada, em Vila Franca do Rosário e ontem no Vale do Brejo. Curiosamente, ontem, entre o Carregado e Vila Franca acabaram por juntar esforços numa fuga que me obrigou e ao Freitas a aplicada perseguição.

3- Definitivamente, para mim, o volume e a carga de treino semanais já tem repercussões ao domingo. À longa distância dos treinos têm-se-lhes juntado muito trabalho de endurance médio/alto, com picos de grande intensidade – como foi o da última sexta-feira, na companhia do Freitas, num sobe-e-desde de apreciável dureza e com muito vento à mistura. E os domingos nunca são para descansar. A prová-lo está a pulsação média igual à do referido treino: 142 bpm. Estamos a três meses dos Lagos de Covadonga e aproxima-se um novo ciclo de treino – um pouco mais específico.

sábado, fevereiro 18, 2006

Instantâneos de S. Pedro da Cadeira


O Fantasma (à direita) parece querer surpreender o grupo com um dos seus ataques na difícil subida da Encarnação

Publicidade gratuita a quê? A uma conhecida marca de bicicletas, de cera de depilação ou à milagrosa L-Glutamina?


Pelotão alongado na subida de Guerreiros, sinal de andamento elevado. À cabeça, a «locomotiva» de sempre...


A primeira imagem de família do Grupo Pina Bike de 2006. Apesar de várias ausências a assinalar. Da esquerda para a direita: Steven (L-Glutamina), Nuno Garcia, Daniel, Zé-Tó (ZT), Sr. Zé, Vidigueira, Ricardo, Farinha (Fantasma), Freitas (Jackie Durão) e Luís

quarta-feira, fevereiro 15, 2006

Ota: a rainha das clássicas planas

Um mês e uma semana depois do chuvoso domingo em que o Miguel sofreu o seu aparatoso acidente, reedita-se a volta da Ota. Uma Clássica que antes de ser... já o era. Rainha das etapas planas é terreno de eleição para roladores e tem, invariavelmente, sido palco de algumas das mais encarniçadas epopeias ciclistas do nosso grupo.
Fica para a história a desenfreada correria pelo pinhal, liderada pelo Nuno Garcia, algures em Junho do ano passado. O pinhal da Ota é, sem dúvida, o sector nevrálgico desta clássica de 113,6 km, culminando na curta subida de 2 km do Vale do Brejo, o seu ex-libris e única dificuldade do relevo (3% de inclinação média), onde os mais fortes habitualmente jogam os seus trunfos ao mais alto nível. Chegar com (ou muito próximo) dos primeiros é sintoma de se estar muito bem fisicamente.
Mas os pontos de interesse não acabam aqui. O percurso de regresso, onde a escassez de forças pode começar a fazer diferenças se o ritmo for elevado, também custuma provocar alguma agitação. Igualmente na memória ficou, numa volta realizada no início de Novembro, uma fuga muito bem concretizada, após a Azambuja, de um grupo de poderosos «nacionais», que obrigou alguns «notáveis» a terem de se empenhar a fundo durante muitos quilómetros - até à Castanheira - numa perseguição a altíssima velocidade. E que foi uma lição muito bem dada!Também nesse dia, inauguraram-se os chamados ataques... ao homem que urina.
Entretanto, mais recentemente, no tal dia de má recordação (15 de Janeiro), a Clássica voltava a prometer muito... Num terreno que é dele, o Freitas tinha lançado o seu ataque muito cedo, logo após alto de Alenquer, obrigando o pequeno pelotão que se aventurara naquela manhã invernosa, a mover uma forte perseguição que acabou por ser interrompida tristemente por uma condutora desatenta.
Para já, esperemos que não chova no domingo, pois com a boa forma evidenciada ultimamente por alguns poderosos roladores, a «coisa» promete fazer correr o tal... fiozinho!

domingo, fevereiro 12, 2006

Clássica de S. Pedro da Cadeira: a crónica

Primeiro destaque à partida: a presença do Miguel, que fez saber que a sua recuperação da fractura da clavícula sofrida há precisamente um mês está a evoluir positivamente e que mais cedo do que se previa voltará à «competição».
Segundo destaque também à partida: a primeira foto de família do grupo Pina Bike de 2006. O L-Glutamina trouxe a digital e a «matilha» posou, de peito inchado, para o boneco que em breve ilustrará a página principal deste blog.
Outros instantâneos ainda foram recolhidos ao longo da volta, o que obrigou a um esforço adicional do «bate-chapas» de serviço. Por esse motivo, para ele quaisquer atrasos nos pontos-chave da etapa, em condições normais improváveis, estão perfeitamente justificados.
A propósito, também devido e esse facto saímos de Loures com alguma demora, mas sem pressas durante os primeiros quilómetros. O percurso assim o aconselhava. Uma semana depois das loucas correrias nas lezírias, o pelotão surgiu mais sereno e organizado, enfrentando a longa subida até à Venda do Pinheiro com tranquilidade. De resto, só a maior inclinação dos últimos 1,3 km fraccionaram o grupo – e não tanto como habitualmente.
Daí a Mafra, a toada morna manteve-se, agitada apenas pela «intromissão» — foi mais intercepção — de um numeroso pelotão à passagem por Alcainça. A inesperada companhia desconcentrou-nos apenas, porque à saída de Mafra já o «comboio» Pina Bike se impunha à cabeça. Após a convivência breve, os intrusos tomaram a direcção Ericeira e nós seguimos o sobe-e-desde rumo à Murgueira (alto do Gradil).
O primeiro achaque foi dado pelo Freitas no topo da Barreiralva, a que respondeu com prontidão o Carlos. Mas não foram longe. O primeiro, apesar da sua boa forma, já se sabe que não é muito dado a trabalho intensivo com carácter de exclusividade e à falta de colaboração a tentativa de fuga não passou disso mesmo.
Depois da longa descida da Picanceira, quando o grupo se reuniu no sopé da Encarnação pairava alguma desconfiança para a subida. Fogo de palha, pois o ritmo foi sempre muito controlado e mais uma vez, como sucedera na Venda, só a maior inclinação do último km e o endurecimento do passo, pelo Freitas, fez os roladores cederem algum terreno. Ficou mais uma vez bem evidente que a moderação iria prevalecer o mais tempo possível.
O troço de ligação entre S.P. Cadeira e a EN8, de 11 km, com dois topos «aguçados», manteve a harmonia, e depois da entrada na estrada principal continuou-se a deslizar a regimes de endurance.
O pacto de não agressão durou até ao Vale da Guarda, já em plena subida de Vila Franca do Rosário. Chegara a hora de desbaratar energia, de baixar abruptamente o nível dos depósitos de glicogénio. Primeiro, acelerei progressivamente no falso plano e depois «explodi» na última rampa antes da rotunda da A8/Malveira. Fui ao limite das minhas forças mas faltou-me… 30 metros, onde o Freitas sacou os seus galões. Os restantes bravos chegaram a conta-gotas mas sem perderem muito tempo.

Notas de observador:

1- A Clássica de S. Pedro da Cadeira, classificada no Circuito como de Dificuldade Elevada, demonstrou mais uma vez que, com moderação no andamento, é possível manter o grupo coeso e assim tornar a prova mais interessante para todos. Para mim, inclusive, pareceu-me que a abordagem foi, a grandes espaços, até excessivamente cautelosa, não fosse o diabo tecê-las. Houve alguns (talvez demasiados) momentos «mortos», em que apenas se rolou com o peso dos sapatos, mas outros, como a aceleração do Freitas em Barreiralva com pronta resposta do Carlos, e depois do pelotão, são exemplo de que se pode fazer ciclismo entre nós sem causar «estragos irreparáveis».

2- Definitivamente, os roladores não estavam em terreno de eleição. Todavia, o ritmo quase sempre moderado ajudou-os a atenuar as dificuldades. Por exemplo, o Fantasma, ainda a rentabilizar a excelente prestação na Valada, e em clara subida de forma, conseguiu sempre gerir o «handicap» quando o terreno empinou e sempre que este suavizava, lá voltava a ameaçar com mais assombrações. Mas sempre contidas, é verdade. Para a semana, na Ota, voltará a estar como peixe na água. Aliás, tal como o Daniel.

3- Ao invés, os trepadores, mesmo sem «alta montanha», puderam dar um ar da sua graça. Foi o caso do Carlos, que esteve sempre activo – pareceu-me que estava em dia que querer fazer alguma coisa… séria – e realizou uma boa subida de Vila Franca do Rosário. Todavia, deixou bem claro que não estava para prestar grande auxílio ao Freitas naquela tentativa de fuga em Barreiralva. Estará escaldado?

4- Por falar no homem, notou-se que o Freitas teve de refrear amiúde o ímpeto forte que tem revelado nos últimos tempos, mas não faltaram provas da sua excelente forma. Na subida de Vila Franca do Rosário foi claro na sua aposta: ir na minha roda até ao sprint final. E ganhou-a! Todavia, foi como nos velhos tempos, mesmo que agora os tempos sejam outros. Não é verdade, meu caro?!

segunda-feira, fevereiro 06, 2006

Clássica da Valada: correria danada!

A Clássica da Valada, a primeira do Circuito Pina Bike 2006, foi uma correria danada para mim! Por diversos motivos, alguns que considero algo controversos. Mesmo considerando que a tirada era extensa, com quase 130 km, já se previa que a planura do terreno propiciava a velocidades elevadas e a maior disponibilidade individual para a exposição ao desgaste.
Desassombradamente vou aqui expor o meu ponto de vista pessoal sobre o que passou de «menos bom» no último domingo, sem que isso reflicta menor convicção sobre os pressupostos que prevaleceram à criação do Circuito, de que me orgulho ser um dos principais mentores.
Por questões que considero – garantidamente! - nada terem a ver com pequenas «corridas» personalizadas, decorrentes de excesso de competitividade menos recomendável na perspectiva do grupo, incorreu-se na velha falha de «para a frente é que é e quem vem atrás que se cuide», que leva à falta de discernimento sobre as incidências da própria tirada e à consequente incúria sobre o que destas pode resultar.
Penso que nada de interessante e motivador pode advir de uma situação em que existe um grupo bem constituído à frente e um ou mais elementos, reunidos ou não, a perseguirem indefinidamente… Quando logo à saída de Alverca a velocidade aumentou à cabeça, fraccionando o pelotão de 14 unidades que partida de Loures, repetiu-se uma situação há muito vista. Os primeiros, mais atentos em empenhados, organizaram-se, e os outros, alguns ainda em amena cavaqueira ou por passividade, perderam duas ou três centenas de metros. Às tantas, constatou-se que a corrida estava lançada, e a perseguição iniciou-se. Assumi as «responsabilidades» e liderei-a, levando atrás um grupo composto por: Daniel, Abel, Zé-Tó e o seu pai, João, Steven e o Carlos. À frente: Nuno Garcia, Hélder, Freitas, Vidigueira, Farinha e o Pina. Às primeiras pedaladas mais vigorosas, conclui que na dianteira rolava-se depressa (35 km/h) e por isso restava estabilizar a diferença, assim preservando-me e os outros do meu grupo a desgastes acentuados desaconselháveis quando ainda faltavam percorrer mais de 100 km – e esperando que no habitual próximo «hot spot» - Vila Franca - houvesse uma acalmia à frente para facilitar o reagrupamento.
Puro engano. O empedrado, tradicionalmente local de descansado martírio, não o foi. E à chegada a ponte, acabaram-se as dúvidas que os da frente não faziam a mínima intenção de refrear o ímpeto. Resultado: as primeiras «vítimas». Depois da ponte, só restávamos eu, o Daniel, Abel; e o Steven e o Zé-Tó, que devem ter tardado a aperceberem-se da (dura) realidade.
A perseguição durou até ao Porto Alto já com a ajuda do Freitas que entretanto parou para urinar, e deveu-se não à benevolência dos líderes, mas ao empenho dos perseguidores – embora se tenha procurado limitar ao máximo os desgastes.
Mesmo assim, entre o início do empedrado de Vila Franca e o Porto Alto: 32 km/h e 161 bpm.
Daqui até cerca de 1 km de Benavente rolou-se em pelotão compacto (já sem o Pina, que deu meia volta em Samora Correia). E o «pior» estava para vir. Com a bexiga a rebentar tentava encontrar a melhor altura (será que há!?) para a aliviar e decidi-me quando o Hélder também o fez, pensando que a perseguição inevitável seria assim mais fácil. Novo engano. Tive mais de 2 minutos a urinar – tal era o aperto – e quando voltámos à estrada, ele verbalizou o que eu já concluíra. «Vamos ver-nos loucos para os apanhar». Pus-me à frente, a cerca de 35 km/h, mas à saída de Benavente, na longa recta depois do viaduto, percebi que era preciso dar mais, muito mais: PORQUE LÁ À FRENTE ROLAVA-SE À MESMA VELOCIDADE! Pergunto: qual é o interesse de deixar seja quem for para atrás (para mais devido a uma paragem forçada), insistindo em mantê-lo nessa situação durante quilómetros a fio… Bastava meter o comboio a 30/32 km/h, velocidade bem razoável mesmo em plano (para mais com vento de cara), para que dois elementos fortes conseguissem recolar mais km menos km, sem terem de ir a «tope» e de ficarem irremediavelmente condicionados pelo esforço a que se submeteram.
Para agravar a situação, à primeira vez que «ofereci» a despesa ao Hélder reparei que ele ia muito «curto» e não haveria a colaboração que precisávamos.
Em Salvaterra, nova surpresa. O Carlos, o Steven e o Abel tinham deslocado do primeiro grupo. Não soube bem porquê! O quinteto pouco durou, e no falso plano ascendente antes de Marinhais também o duo original se desfez, ficando eu a «solo». A perseguição terminou finalmente já entre Marinhais e Muge, de 15 km à média de 35 km/ e 174 bpm. Sempre com a cara ao vento! Quando cheguei ao grupo, havia uma animada discussão sobre a melhor forma de se organizarem… a passar pela frente!
Mais tarde, novo golpe de teatro, do qual eu também sou responsável por estar incluído. Depois de uma fase de descompressão entre Muge e Ponte do Reguengo, quando foram avistados os quatro retardatários, a não mais de 200 metros, – numa altura em que o Freitas parara para recuperar o bidão –, às tantas, a coisa voltou a animar, sai um, responde outro, e pronto… mais uma vez não se esperou por quem vinha a recuperar tão estoicamente. E a situação repetiu-se nos topos antes da Azambuja. Desta vez, sem remédio, porque até ao Carregado fez-se uma média superior a 37 km/h.
Por favor, caros membros deste painel, exponham as suas opiniões como forma de contribuir para «limar» estas arestas que, a não serem desbastadas, podem ferir a harmonia do nosso imbatível grupo. E pensem que para a semana há mais uma batalha! E é bem dura, aviso-vos já!

P.S. No meio de tanta correria sobressaiu a enorme prestação do Fantasma. O próprio. Num traçado que lhe é de feição esteve verdadeiramente assombroso. Andou sempre na frente, liderou o pelotão, não se coibiu de acelerar amiúde, de se aventurar em solitário e de sprintar. O próprio afirmou: «Há dias assim, mas também ajudou não haver subidas». Um espírito… aberto.

quarta-feira, fevereiro 01, 2006

Clássica da Valada: a descrição

A primeira Clássica do Circuito Pina Bike, no próximo domingo, é a medida do que se pretende para esta altura do ano: extensa e plana. A tirada não é inédita, embora tenha sido disputada uma ou duas vezes apenas, sendo provável que nem toda a gente conheça o seu traçado na íntegra – por exemplo, só recentemente o fiz e, em resumo, posso afirmar que o principal obstáculo será mesmo a distância, pois o percurso é muito rápido. Saindo e chegando a Alverca, o ascendente é de apenas 330 metros, o que diz bem da planura.
Penso que o trajecto entre Loures e Benavente (pelo Porto Alto) não tem segredos para ninguém: plano, plano… E a partir daí, até ao fim do primeiro sector, em Muge, a topografia do terreno não se altera muito, com predominância para falsos planos, ora ascendentes, ora descendentes.
Para dar uma ideia da inexistência de verdadeiras dificuldades «naturais», os 2 km que antecedem Marinhais, o maior ascendente deste sector, tem o mesmo desnível que a ponte de Vila Franca… em apenas 1 km.
À entrada de Muge, vira-se à esquerda em direcção a Valada (Porto de Muge). Depois de descer até à cota zero, deparamo-nos com a ponte de ferro sobre o Rio Tejo, que obriga a fazer uma travessia muito «sui generis» por um corredor estreito, em fila indiana. Além disso, o piso não é asfaltado, rolando-se sobre uma grelha metálica. A sensação causa alguma estranheza.
Saindo da ponte, seguem-se 3,5 km até à discreta aldeia de Valada (afinal de contas, é a que dá o nome a esta Clássica!), prostrada (é bem esse o termo) em plena lezíria ribatejana. Aí, vira-se à direita antes de abordar a longa recta (também de 3,5 km) que vai dar a Ponte do Reguengo. Primeiro a ponte antiga e depois, mais empinada, a nova, iniciando-se depois a subida até ao cruzamento de Cruz do Campo (Estrada Nacional 3). Bem, subida é de facto, mas coisa para 3 km a 1%.
Uma vez na estrada nacional (esq.), até a Azambuja há dois topos inclinados, com menos de 1 km, o primeiro pouco depois do cruzamento de onde viemos (Pontével/Cartaxo), e o segundo, a seguir ao cruzamento de Aveiras – este bem conhecido da volta da Ota. Após a Azambuja, o percurso é sabido… e já foi palco de grandes cavalgadas!

Eventuais dúvidas, basta colocá-las!