segunda-feira, fevereiro 27, 2006

Sto. Estevão sob a insígnia da ventania

Foi-se a chuva ficou o vento. A Clássica de Sto. Estevão disputou-se sob a insígnia da ventania, que soprou «de cara» desde cruzamento da estrada de Coruche até Vila Franca. Mas foi uma volta com mais incidências. Por exemplo, o pelotão, que já saiu escasso de Loures, regressou reduzido à ínfima sua parte. As razões? Primeiro, creio que por estarmos em época festiva com fim-de-semana prolongado para alguns, e depois porque havia a ameaça de chuva - depois da aventura de ciclo-navegação da Ota -, sempre desencorajadora para os mais comodistas. Depois, porque o Samuel e o Sr. Zé não resistiram ao andamento (moderado) logo nos primeiros quilómetros - talvez por não terem planeado fazer o mesmo percurso. E finalmente, quando o Fantasma, o L-Glutamina e o Vidigueira decidiram atalhar caminho em Benavente (penso que já tinham referido que o fariam na BP), deixando um quarteto de estóicos resistentes entregue às agruras da distância e do… vento. Os seus nomes merecem por isso referência: Daniel, Freitas, Hélder e Ricardo (eu).
Desde Samora Correia que a tirada ia animada com a inesperada boleia de um comboio de jovens da equipa de Matocheirinhos. A partir de Benavente, já sem este e quase sem «quorum» no pelotão, os que restaram fizeram-se à estrada de Sto. Estevão – rectas de perder de vista, asfalto magnífico e vento a favor para uma média superior a 36 km/h, sem forçar!
Duas ou três acelerações, as primeiras do Daniel, a querer mostrar os efeitos positivos do treino a meio da semana, e uma do Freitas, no topo que antecede a passagem pela localidade, forte, a exigir resposta esforçada. Entretanto, o Hélder, igual a si próprio, mordia-se para conter os seus ímpetos. Embora tenham sido alguns os amassos sofridos nos últimos tempos, mas agora com montada de estrada está mortinho por fazer mossa. Ainda não foi desta, apesar da sua abnegação e combatividade durante toda a volta.
Uma vez chegados à tormenta – entenda-se ventania -, não restou outra alternativa do que resistir às forças contrárias, partilhando o esforço na condução do quarteto. Mas vencer o adversário invisível tornou-se rapidamente um interminável suplício para as pernas, apesar da boa média (28 km/h) registada neste troço até Vila Franca.
À chegada à ponte, aprontaram-se as armas. O Freitas geriu convenientemente o revezamento, deixando a outro (no caso a mim) a despesa de entrar à frente na subida, mas foi o Hélder que abriu as hostilidades – no entanto, sem conseguir manter o aumento de andamento. Assim, o homem forte do momento lançou quando quis o seu sprint, ao qual procurei responder o mais rapidamente possível, fechando a distância logo o topo da ponte, e tomando logo a dianteira para não deixar o trabalho a meio. O Hélder ficara irremediavelmente para trás. E o Daniel idem. O sprint final à chegada a Vila Franca ficou sem (capacidade de) resposta da minha parte. Depois rolou-se moderadamente, finalmente a favor do vento, até Alverca. Durante este percurso, a contas com a minha fadiga, tive oportunidade de apurar que estava com mais 20 km que os demais. Mas também fui descansar mais cedo.

Notas de observador:

1- Elogio ao desempenho do Daniel – um grande rolador que demonstrou capacidade de luta e espírito de sacrifício, não apenas por ter aceite o repto de completar a volta (115 km), mas por ter resistido muito bem ao andamento quase sempre forte e a uma companhia de respeito, não se coibindo, amiúde, de acelerar (na estrada de Sto. Estevão quando o vento soprava de feição), e de dar o peito na interajuda durante o trajecto mais complicado.

2- O Hélder regressou quase ao seu melhor nível, num traçado plano que não é, de todo, o seu «habitat» natural. Sempre «agressivo» – muito à imagem do Freitas –, deixa-se quase sempre levar pelo seu ímpeto, que até o próprio Freitas teve, por vezes, de refrear, sob pena de causar danos colaterais, principalmente na segunda metade do percurso. O tempo não estava para excessos mesmo quando a força supostamente abunda, pois com tanta ventania, o tiro poderia sair (mais uma vez) pela culatra. Aliás, a falta de capacidade de resposta na ponte de Vila Franca foi sintomática.

2 comentários:

Anónimo disse...

Olá a todos, queria desde já agradecer os elogios tecidos pelo Ricardo em relação a minha pessoa.
Mas queria dizer que foi uma honra poder participar nesta clássica tão dura e ter a companhia de tais figuras, (Freitas, Ricardo e Hélder).
Pena foi que o resto do grupo se tenha separado ainda antes do meio da volta, prevendo já a dureza que se avizinhava.
Mas sem esforço e suor não há gloria (treino duro combate fácil) não e Capitão …
Ate a próxima clássica,
Um abraço

Agostinho Daniel

Anónimo disse...

Olá a todos, queria desde já agradecer os elogios tecidos pelo Ricardo em relação a minha pessoa.
Mas queria dizer que foi uma honra poder participar nesta clássica tão dura e ter a companhia de tais figuras, (Freitas, Ricardo e Hélder).
Pena foi que o resto do grupo se tenha separado ainda antes do meio da volta, prevendo já a dureza que se avizinhava.
Mas sem esforço e suor não há gloria (treino duro combate fácil) não e Capitão …
Ate a próxima clássica,
Um abraço

Agostinho Daniel