A Clássica do Cartaxo-2012 confirmou o estatuto
ascendente desta incursão ribatejana à de terceira mais importante, mais
participada e que maior interesse motiva entre as que compõe o nosso calendário,
para já apenas atrás da Clássica de Évora e de Santarém. Esta edição, realizada
no passado domingo, reuniu uma vez mais um pelotão numeroso e bem recheado, que
graças ao contributo de algumas figuras proeminentes teve um andamento digno de
uma prova de maior gabarito, com a média final a rondar os 37 km/h.
Devemo-lo a um lote muitíssimo restrito de elementos que
abrilhantaram o pelotão com a sua presença destacada e generosa disponibilidade,
em especial o inevitável Renato Hernandez e o estreante - mas que dispensa
apresentações - Sérgio Marques, triatleta federado com importantes resultados a
nível nacional e reputado participante em Iron Man. Praticamente, mano a mano,
conduziram o pelotão de cerca de 70 a 80 unidades, impondo um ritmo que poucas
vezes permitiu que outros partilhassem a liderança, assegurando nível idêntico.
Por isso, aos demais restava resistir à extraordinária e incansável boleia que
durou esmagadora parte do percurso, e não apenas quando foi mais favorável a
rolar, como durante toda a primeira metade, até ao Cartaxo. Basta dizer que Sérgio
Marques apresentou-se com bicicleta de triatlo.
Mas se, pelo seu esforço, foram estas as principais figuras
desta Clássica, não terá sido por falta de parceiros com créditos firmados nas
andanças do ciclismo amador da nossa região que se mantiveram praticamente sem
ajuda na sua tarefa. Esta Clássica terá sido, reforça-se, uma das que mais «bons
nomes» reuniu, e que apenas começaram a assomar-se das posições cimeiras na
passagem pelo primeiro setor mais seletivo, na Espinheira, onde houve o
primeiro abalo à toada reinante, com acelerações e contra-ataques que causaram
a primeira grande machadada no pelotão, até bem coeso e compacto. Todavia, a
maioria passou e manteve-se integrado.
De qualquer modo, devido a mais constantes alterações de
ritmo, à chegada ao Carregado, antes do segundo troço mais acidentado
(Cadafais-Arruda) restava a terça parte do pelotão que arrancou de Loures. E
esperava-se que até Arruda, muito maior desbaste houvesse. Todavia, se tal sucedeu,
não foram tantas como ser de prever, e ocorreram mais pela fadiga acumulada do
que pelo andamento. Frise-se que, ainda nesta altura, o comando continuava a
ser hegemonicamente partilhado pelo Hernandez e o Marques, que não permitiram
que algumas iniciativas ténues fossem muito longe (recordo-me de uma do Vítor
Mata-a-Velha...)
Após Arruda, chegava, enfim, o que poderia ser o primeiro
ponto quente, a causar mossa entre os melhores preparados: a subida de
A-do-Barriga. Contudo, as locomotivas pediram tréguas em jeito de paragem para
reabastecimento, logo no início da subida, devido à escassez de líquidos nos
bidões. Mas apenas alguns cumpriram (respeitaram!), quando, no mínimo, seria
uma questão de princípio, pelas naturais necessidades dos que mais energias gastaram.
De qualquer modo, esta situação em nada desvirtua o sucesso da Clássica, apenas
lhe retirou, digamos, uniformidade.
No reatamento, encontrava-me num grupo de elite, com o Hernandez,
o Marques, o Renato Ferreira, o Rui Torpes, o Jony, e mais um ou outro
elemento, que se fez a A-do-Barriga com intensidade. E em que,
surpreendentemente, eu dei o mote para animar o ritmo (em melhoria evidente de
sensações desde o início da tirada e a anos-luz do empeno da semana transata, em
Sto. Estevão). Perto do topo, o Jony rendeu-me em altíssimo regime. No limite!
Desde que o andamento se tornou mais rijo na subida, o
Hernandez começou a sentir dificuldades e teve de moderar o ritmo,
provavelmente sucumbindo ao cansaço. Justificava-se. E isso tornou-se mais
evidente, no Cabeço da Rosa, que subiu em ritmo de contenção. Quem não parecia
acusar o esforço era o Sérgio Marques, que subiu à ilharga do Torpes, cujo desgaste
não poderia ser comparável – e que demonstra não apenas a categoria do triatleta,
como o seu ótimo momento de forma.
No encalço destes, mas a distância crescente, eu e o
Renato Ferreira - o que só abona a meu favor, e apesar deste ter mantido um
passo nitidamente económico... – como que a antever que no alto estaria o seu
pai a aguardá-lo, devidamente apetrechado (de bike) para o levar, em segurança
e na melhor companhia que poderia ter, até casa, um pouco adiante, em Bucelas.
Destaco ainda a ótima subida do Tiago (jovem recruta do
Pina Bike), que confirmou as boas indicações que tinha deixado na volta de
Torres, há três semanas. Parece que o não engana: há ali trepador! Até ao
Tojal, ainda reentraram mais alguns elementos (Nuno Mendes, Hernandez, Bruno)
dos poucos que subiram o Cabeço da Rosa e que estavam no grupo que neutralizou
em Arruda e do que foi alcançado em Alverca (seguiu em andamento moderado).
Desconheço as incidências no grupo que nesse ponto preferiu continuar...
Uma última palavra, de conforto, para o ciclista que
sofreu uma queda pouco antes de Cruz do Campo. Parece que fraturou o pulso: rápidas
melhoras! E ainda para a presença sempre destacada do camarada Paulo Pais. Bem
hajas!
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