sexta-feira, agosto 03, 2012

Clássica do Cartaxo: a crónica


A Clássica do Cartaxo-2012 confirmou o estatuto ascendente desta incursão ribatejana à de terceira mais importante, mais participada e que maior interesse motiva entre as que compõe o nosso calendário, para já apenas atrás da Clássica de Évora e de Santarém. Esta edição, realizada no passado domingo, reuniu uma vez mais um pelotão numeroso e bem recheado, que graças ao contributo de algumas figuras proeminentes teve um andamento digno de uma prova de maior gabarito, com a média final a rondar os 37 km/h.

Devemo-lo a um lote muitíssimo restrito de elementos que abrilhantaram o pelotão com a sua presença destacada e generosa disponibilidade, em especial o inevitável Renato Hernandez e o estreante - mas que dispensa apresentações - Sérgio Marques, triatleta federado com importantes resultados a nível nacional e reputado participante em Iron Man. Praticamente, mano a mano, conduziram o pelotão de cerca de 70 a 80 unidades, impondo um ritmo que poucas vezes permitiu que outros partilhassem a liderança, assegurando nível idêntico. Por isso, aos demais restava resistir à extraordinária e incansável boleia que durou esmagadora parte do percurso, e não apenas quando foi mais favorável a rolar, como durante toda a primeira metade, até ao Cartaxo. Basta dizer que Sérgio Marques apresentou-se com bicicleta de triatlo.

Mas se, pelo seu esforço, foram estas as principais figuras desta Clássica, não terá sido por falta de parceiros com créditos firmados nas andanças do ciclismo amador da nossa região que se mantiveram praticamente sem ajuda na sua tarefa. Esta Clássica terá sido, reforça-se, uma das que mais «bons nomes» reuniu, e que apenas começaram a assomar-se das posições cimeiras na passagem pelo primeiro setor mais seletivo, na Espinheira, onde houve o primeiro abalo à toada reinante, com acelerações e contra-ataques que causaram a primeira grande machadada no pelotão, até bem coeso e compacto. Todavia, a maioria passou e manteve-se integrado.

De qualquer modo, devido a mais constantes alterações de ritmo, à chegada ao Carregado, antes do segundo troço mais acidentado (Cadafais-Arruda) restava a terça parte do pelotão que arrancou de Loures. E esperava-se que até Arruda, muito maior desbaste houvesse. Todavia, se tal sucedeu, não foram tantas como ser de prever, e ocorreram mais pela fadiga acumulada do que pelo andamento. Frise-se que, ainda nesta altura, o comando continuava a ser hegemonicamente partilhado pelo Hernandez e o Marques, que não permitiram que algumas iniciativas ténues fossem muito longe (recordo-me de uma do Vítor Mata-a-Velha...)

Após Arruda, chegava, enfim, o que poderia ser o primeiro ponto quente, a causar mossa entre os melhores preparados: a subida de A-do-Barriga. Contudo, as locomotivas pediram tréguas em jeito de paragem para reabastecimento, logo no início da subida, devido à escassez de líquidos nos bidões. Mas apenas alguns cumpriram (respeitaram!), quando, no mínimo, seria uma questão de princípio, pelas naturais necessidades dos que mais energias gastaram. De qualquer modo, esta situação em nada desvirtua o sucesso da Clássica, apenas lhe retirou, digamos, uniformidade.

No reatamento, encontrava-me num grupo de elite, com o Hernandez, o Marques, o Renato Ferreira, o Rui Torpes, o Jony, e mais um ou outro elemento, que se fez a A-do-Barriga com intensidade. E em que, surpreendentemente, eu dei o mote para animar o ritmo (em melhoria evidente de sensações desde o início da tirada e a anos-luz do empeno da semana transata, em Sto. Estevão). Perto do topo, o Jony rendeu-me em altíssimo regime. No limite!

Desde que o andamento se tornou mais rijo na subida, o Hernandez começou a sentir dificuldades e teve de moderar o ritmo, provavelmente sucumbindo ao cansaço. Justificava-se. E isso tornou-se mais evidente, no Cabeço da Rosa, que subiu em ritmo de contenção. Quem não parecia acusar o esforço era o Sérgio Marques, que subiu à ilharga do Torpes, cujo desgaste não poderia ser comparável – e que demonstra não apenas a categoria do triatleta, como o seu ótimo momento de forma.

No encalço destes, mas a distância crescente, eu e o Renato Ferreira - o que só abona a meu favor, e apesar deste ter mantido um passo nitidamente económico... – como que a antever que no alto estaria o seu pai a aguardá-lo, devidamente apetrechado (de bike) para o levar, em segurança e na melhor companhia que poderia ter, até casa, um pouco adiante, em Bucelas.

Destaco ainda a ótima subida do Tiago (jovem recruta do Pina Bike), que confirmou as boas indicações que tinha deixado na volta de Torres, há três semanas. Parece que o não engana: há ali trepador! Até ao Tojal, ainda reentraram mais alguns elementos (Nuno Mendes, Hernandez, Bruno) dos poucos que subiram o Cabeço da Rosa e que estavam no grupo que neutralizou em Arruda e do que foi alcançado em Alverca (seguiu em andamento moderado). Desconheço as incidências no grupo que nesse ponto preferiu continuar...

Uma última palavra, de conforto, para o ciclista que sofreu uma queda pouco antes de Cruz do Campo. Parece que fraturou o pulso: rápidas melhoras! E ainda para a presença sempre destacada do camarada Paulo Pais. Bem hajas!

 No próximo domingo, a volta é de Santana da Carnota (ver percurso).
ATENÇÃO: ALTERAÇÃO DO LOCAL DE PARTIDA DEVIDO AO ENCERRAMENTO DURANTE O MÊS DE AGOSTO DAS BOMBAS DA BP, POR MOTIVO DE OBRAS. O NOVO LOCAL DE CONCENTRAÇÃO SÃO AS BOMBAS DA GALP, JUNTO AO PARQUE DA CIDADE (LOURES). A HORA MANTÉM-SE: 8H30               

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