quarta-feira, agosto 29, 2012

Crónica da Ericeira, Carvalhal


Pois é!... Não foi a falta de aviso que a volta da Ericeira, pelo Carvalhal, no último domingo, se revelou um osso duríssimo de roer para grande parte dos seus participantes. O percurso acidentado, autêntico parte-pernas, a distância a ultrapassar os 100 km e o fator-extra do vento moderado que soprou desfavorável durante a primeira metade do trajeto, recomendavam a uma criteriosa gestão de esforços, principalmente na fase inicial, pela oposição do referido agente natural, e porque as dificuldades do relevo não tardaram – além de se apresentarem em castigadora sucessão.

Logo, o ímpeto, principalmente a partir de Bucelas para a longa ascensão à Venda do Pinheiro, pareceu desaconselhável. Ressalvo que, no meu caso, tive como objetivo predefinido avaliar o estado de forma e, sempre que fosse possível, não me pouparia a desgastes.

De qualquer modo, foi apenas a espaços que passei pela frente nessa subida, depois de ter encabeçado quase sempre o grupo de Loures a Bucelas, em parceria com o Rui Torpes. A partir de Bucelas, foi mais o Pedro da Amadora a alinhar com aquele, e os dois, bem animados, elevaram o andamento para lá do expectável, tendo em conta o muito que havia a percorrer... E mais ainda o Pedro, que desbaratou força em algumas acelerações (violentas!) nas passagens mais rudes da Chamboeira, obrigando a maioria dos elementos do pelotão a terem de se empenhar para não perder o comboio. Ficou desde logo explícito que o entusiasmo - digo eu, exagerado... – deixava madrugadoras marcas de desgaste nas pernas. Quando se atingiu o topo, o grupo já estava obviamente fracionado, cumprindo-se a prevista neutralização.

A ligação entre a Malveira e o cruzamento do Livramento fez-se a boa velocidade, aproveitando a descida rápida e com o surgimento de mais elementos a passar pela frente, alguns dos que não tiveram essa oportunidade na subida anterior. Mas, desde que saímos da estrada nacional para a subida que leva ao interior da localidade, tomei as rédeas, forçando o andamento e mantendo-o, já depois, a caminho do cruzamento na base da Pincanceira, por um terreno em sobe e desce, exposto ao vento. E voltei a insistir na mesma toada na ascensão para a Encarnação e ainda no interessante carrossel até à rampa final, na Galiza.

No início desta, o Torpes acelerou e teve resposta pronta do Pedro, ambos se mantendo com cerca de 20 metros de vantagem durante a subida para um grupo de perseguidores liderado por mim, que acabou por perder quase todas as «peças» até ao alto. Aqui, o duo chegou ligeiramente destacado, demonstrando que o Pedro se encontra numa boa forma. No entanto, ainda estávamos longe do final desta árdua volta...

De imediato, deparamo-nos com as duras rampas de Ribamar e Ribeira d’Ilhas... para massacrar mais um pouco – e à passagem pela Ericeira já eram evidentes os sinais de fadiga no seio do pelotão. Ainda assim, foram poucos os que «tiraram bilhete» logo no início da subida para o Pobral (Foz do Lizandro), perante o ritmo, mais uma vez intenso, que imprimi. Mas, quando, de forma impressionante, o Torpes saiu disparado de trás, ganhando várias dezenas de metros com enorme rapidez (e subíamos a 30 km/h!), só sobraram os mais fortes. Eu procurava não perder muito mais (nos limites!!) e sentia na minha roda apenas um elemento: o Pedro, até aos derradeiros 500 metros. No entanto, no alto, comigo já na companhia do Torpes, foi o Bruno que primeiro chegou a nós, depois de ultrapassar o Pedro.

E ainda não era tudo: faltava ainda o principal prato do dia: a subida do Carvalhal. Novamente, desde a base passei para a frente, ficando rapidamente apenas com o Torpes, que, apesar de em diversos pontos da ascensão demonstrar que partiria isolado, fez questão de me oferecer a roda, num fantástico incentivo que, a espaços, fez superar-me. Um esforço a «top»! Seguindo os melhores se progride...
 
No alto, o Bruno demonstrou que é um trepador «suave» mas muito resistente, chegando destacado dos demais, todos com fortes sinais de fadiga. Para alguns, era o início de um suplício até ao final... Ao ponto, de partir de Igreja-a-Nova, apesar do andamento moderado, mais ninguém ter seguido o quarteto composto por mim, o Torpes, o Bruno e um dos elementos do «jersey azul e branco» - que se manteve até à Malveira, quase sempre liderado pelo Torpes, amiúde experimentando progressões mais fortes que contribuíram, no meu caso, para limitar a autonomia dos depósitos ao – felizmente pouco... - que ainda faltava cumprir. E que foi, na boa companhia do Bruno, a ligação a Alverca por Bucelas e a Romeira, já em descompressão.

E ficou feito!... Até que, a meio da tarde, começo a receber sms do Alex a dar-me conta dos «empenos», a que ele próprio admitia não ter escapado. E que o Pedro Fernandes, outra vítima (agravada por morar muito mais longe...), também já relatou em comentário ao «post» anterior a esta crónica. Afinal, sem surpresa. Esta volta tem tanto de espetacular como de exigente!

2 comentários:

Pedro Fernandes disse...

Another spectacular race, always within a well-planned annual calendar
Congratulations Ricardo Costa
Until Sunday

Un autre course spectaculaire, toujours dans un calendrier annuelle bien planifié
Félicitations pour Ricardo Costa
Jusqu'au dimanche

Ein weiteres spektakuläres Rennen, immer in einer gut geplanten jährlichen Kalender
Herzlichen Glückwunsch Ricardo Costa
Bis Sonntag

Otra carrera espectacular, siempre dentro de un calendario anual bien planificado
Felicidades Ricardo Costa
Hasta el domingo

AHHHHHH

Pedro Fernandes (Carregado)

Ricardo Costa disse...

Thanks
Merci
Danke
Gracias

Poupa o latim para a semana que vem... na Fóia!