Pois é!... Não foi a falta
de aviso que a volta da Ericeira, pelo Carvalhal, no último domingo, se revelou
um osso duríssimo de roer para grande parte dos seus participantes. O percurso
acidentado, autêntico parte-pernas, a distância a ultrapassar os 100 km e o fator-extra
do vento moderado que soprou desfavorável durante a primeira metade do trajeto,
recomendavam a uma criteriosa gestão de esforços, principalmente na fase
inicial, pela oposição do referido agente natural, e porque as dificuldades do
relevo não tardaram – além de se apresentarem em castigadora sucessão.
Logo, o ímpeto,
principalmente a partir de Bucelas para a longa ascensão à Venda do Pinheiro, pareceu
desaconselhável. Ressalvo que, no meu caso, tive como objetivo predefinido avaliar
o estado de forma e, sempre que fosse possível, não me pouparia a desgastes.
De qualquer modo, foi
apenas a espaços que passei pela frente nessa subida, depois de ter encabeçado quase
sempre o grupo de Loures a Bucelas, em parceria com o Rui Torpes. A partir de
Bucelas, foi mais o Pedro da Amadora a alinhar com aquele, e os dois, bem
animados, elevaram o andamento para lá do expectável, tendo em conta o muito
que havia a percorrer... E mais ainda o Pedro, que desbaratou força em algumas
acelerações (violentas!) nas passagens mais rudes da Chamboeira, obrigando a
maioria dos elementos do pelotão a terem de se empenhar para não perder o
comboio. Ficou desde logo explícito que o entusiasmo - digo eu, exagerado... –
deixava madrugadoras marcas de desgaste nas pernas. Quando se atingiu o topo,
o grupo já estava obviamente fracionado, cumprindo-se a prevista neutralização.
A ligação entre a Malveira
e o cruzamento do Livramento fez-se a boa velocidade, aproveitando a descida
rápida e com o surgimento de mais elementos a passar pela frente, alguns dos que
não tiveram essa oportunidade na subida anterior. Mas, desde que saímos da
estrada nacional para a subida que leva ao interior da localidade, tomei as
rédeas, forçando o andamento e mantendo-o, já depois, a caminho do cruzamento
na base da Pincanceira, por um terreno em sobe e desce, exposto ao vento. E voltei
a insistir na mesma toada na ascensão para a Encarnação e ainda no interessante
carrossel até à rampa final, na Galiza.
No início desta, o Torpes
acelerou e teve resposta pronta do Pedro, ambos se mantendo com cerca de 20 metros
de vantagem durante a subida para um grupo de perseguidores liderado por mim, que
acabou por perder quase todas as «peças» até ao alto. Aqui, o duo chegou ligeiramente
destacado, demonstrando que o Pedro se encontra numa boa forma. No entanto,
ainda estávamos longe do final desta árdua volta...
De imediato, deparamo-nos
com as duras rampas de Ribamar e Ribeira d’Ilhas... para massacrar mais um
pouco – e à passagem pela Ericeira já eram evidentes os sinais de fadiga no
seio do pelotão. Ainda assim, foram poucos
os que «tiraram bilhete» logo no início da subida para o Pobral (Foz do
Lizandro), perante o ritmo, mais uma vez intenso, que imprimi. Mas, quando, de
forma impressionante, o Torpes saiu disparado de trás, ganhando várias dezenas
de metros com enorme rapidez (e subíamos a 30 km/h!), só sobraram os mais
fortes. Eu procurava não perder muito mais (nos limites!!) e sentia na minha
roda apenas um elemento: o Pedro, até aos derradeiros 500 metros. No entanto, no alto, comigo
já na companhia do Torpes, foi o Bruno que primeiro chegou a nós, depois de
ultrapassar o Pedro.
E ainda não era tudo:
faltava ainda o principal prato do dia: a subida do Carvalhal. Novamente, desde
a base passei para a frente, ficando rapidamente apenas com o Torpes, que, apesar
de em diversos pontos da ascensão demonstrar que partiria isolado, fez questão
de me oferecer a roda, num fantástico incentivo que, a espaços, fez superar-me.
Um esforço a «top»! Seguindo os melhores se progride...
No alto, o Bruno demonstrou
que é um trepador «suave» mas muito resistente, chegando destacado dos demais,
todos com fortes sinais de fadiga. Para alguns, era o início de um suplício até
ao final... Ao ponto, de partir de
Igreja-a-Nova, apesar do andamento moderado, mais ninguém ter seguido o
quarteto composto por mim, o Torpes, o Bruno e um dos elementos do «jersey azul
e branco» - que se manteve até à Malveira, quase sempre liderado pelo Torpes, amiúde
experimentando progressões mais fortes que contribuíram, no meu caso, para
limitar a autonomia dos depósitos ao – felizmente pouco... - que ainda faltava cumprir.
E que foi, na boa companhia do Bruno, a ligação a Alverca por Bucelas e a Romeira,
já em descompressão.
E ficou feito!... Até que,
a meio da tarde, começo a receber sms do Alex a dar-me conta dos «empenos», a
que ele próprio admitia não ter escapado. E que o Pedro Fernandes, outra vítima
(agravada por morar muito mais longe...), também já relatou em comentário ao
«post» anterior a esta crónica. Afinal, sem surpresa.
Esta volta tem tanto de espetacular como de exigente!
2 comentários:
Another spectacular race, always within a well-planned annual calendar
Congratulations Ricardo Costa
Until Sunday
Un autre course spectaculaire, toujours dans un calendrier annuelle bien planifié
Félicitations pour Ricardo Costa
Jusqu'au dimanche
Ein weiteres spektakuläres Rennen, immer in einer gut geplanten jährlichen Kalender
Herzlichen Glückwunsch Ricardo Costa
Bis Sonntag
Otra carrera espectacular, siempre dentro de un calendario anual bien planificado
Felicidades Ricardo Costa
Hasta el domingo
AHHHHHH
Pedro Fernandes (Carregado)
Thanks
Merci
Danke
Gracias
Poupa o latim para a semana que vem... na Fóia!
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