quinta-feira, janeiro 30, 2014

Carmões: a crónica


A volta de Carmões foi, para mim, a dois compassos. Primeiros 30 e poucos quilómetros de confirmação de uma toada de elevadíssimo nível, a um ritmo pautado por um dos pelotões mais fortes dos últimos tempos, digno dos que só as Clássicas tradicionalmente reúnem.

Desde as primeiras pedaladas (em atraso, apenas me juntei entre o Tojal e o MARL), uma média de respeito: 34 km/h em Alverca, para o início da primeira subida do dia, A-dos-Melros. Na memória, a última vez que lá passamos, curiosamente, com grande parte dos mesmos elementos – e também o mesmo «enorme» andamento. Sem surpresa, passo vivo desde o sopé, imposto pelo Hugo Ferro, na primeira instância, e depois o Rui Torpes, sempre com o afinadíssimo Mota em estreita cooperação. A tarefa não estava alcance de muitos! O grande pelotão estirava-se, procurando resistir ao acumular do esforço na longa ascensão de 6,8 km, ainda que beneficiando da suavidade da sua pendente média (2,4%). A fase de maior exigência foi a passagem pela frente do Tiago Silva, uma vez mais, do Torpes no troço mais árduo (até aos tanques do Calhandriz), precisamente dois dos tais repetentes da anterior cavalgada por aquelas bandas, que continua a valer KOM do Strava. Desta feita, o registo ficou-se a poucos segundos, perfazendo-se uma excelente média 30 km/h. Após a descida para Arruda, cumpriu-se uma (breve) neutralização para reagrupamento.

Após retomar-se a marcha, mais inclinações, em gradativo crescendo desde a reta da Fresca, passando do Monfalim e a partir do cruzamento de Fetais, com um relevo mais acentuado, a causar mais momentos de intensidade. Principalmente, o último quilómetro antes do Sobral, a fase mais inclinada. Desta feita, as despesas foram, quase por inteiro, do Hugo Ferro. Muito bom trabalho desde a saída de Arruda até à referida rampa final, só rendido, então, por algumas acelerações até ao topo a causar pequenos cortes e um injustificado nervosismo, a levar com perigo alguns elementos para a faixa contrária. Para quê, se a procissão ainda ia no adro?...

Ia, sim, mas não para mim... Afinal, já dera a volta ao lugar e retornado à igreja, porque a prevista (e relembrada) neutralização no Sobral não foi cumprida pelo pelotão, deixando-me para trás após aguardar pelos derradeiros retardatários. Em Dois Portos, ninguém; na estrada da Buligueira, «nicles»; na subida para Carmões, nem vê-los. E pior, não houve «espera» no topo da ascensão. Quando ainda passava pela zona do cemitério, a meio da subida, avistei o pelotão (ou o que restava) na estrada, já a caminho do Sobral. De qualquer modo, estava disposto a seguir em passo mais apressado, mas perante o chamamento do grupo em que estava o Pina, o Freitas, o Paulo Bike, o Amândio, o Salvador, entre outros – que tomavam café em Carmões -, decidi pela companhia que tinha certa.

Assim, depois de alguns minutos, subimos tranquilamente até ao Sobral e descemos a Cabeda, onde, na última parte, avistámos com surpresa o pelotão (decidiram-se pelo cafezinho no... Sobral). A distância não era grande e poderia ser recuperável, mas ninguém naquele grupo deveria estar disposto a empreender tal esforço. O Freitas encorajou-me a seguir sozinho, mas eu neguei, pois o mais provável seria que, a qualquer momento, o andamento aumentasse entre os primeiros – e foi o que sucedeu! Disse-lhe que a partir da Sapataria, então sim, mudaria de ritmo.

Assim, na abordagem a esta curta subida, o Freitas e o Paulo Bike lançaram-me e arranquei «a solo». Quase a chegar ao topo passei pelo grupo da Rita Reis, que seguia na companhia do Carlos do Barro e do Filipe. E continuei empenhado, só aliviando no alto de Montachique, após ter voltado a avistar o pelotão na aproximação ao Vale de S. Gião, quando aquele passava pelo «varandim» da subida que lhe fica sobranceiro. Na fase final da ascensão cruzei-me com o André, que descia, e no alto, com o David Inácio, que me informou que os restantes não iam longe, pela descida de Ribas... abaixo. No entanto, até Bucelas nem sombras... Soube que tinha sido mais uma louca correria.

Pela Romeira até Alverca, finalmente me juntei aos poucos que vinham do Tojal, a conta-gotas. Outros tinham rumado à Apelação, a Sacavém e seguido a EN10 para meter mais quilómetros nesta curta mas intensa jornada.          

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