A volta do último domingo, da Ericeira-Assafora, marcou
uma viragem no cariz dos percursos neste início de temporada e desde logo
também no nível de exigência. A ambos não foi alheia a bastante menor adesão de
participantes, que as condições meteorológicas incertas só por si não
justificam.
De qualquer modo, de um grupo de não mais de 10 unidades
que saiu de Loures formou-se um míni-pelotão à chegada à Venda do Pinheiro, com
a integração de uns quantos que saíram adiantados e do duo Carlos Cunha e Mota
que demorou a arrancar, na sequência de um desencontro com os restantes,
enquanto davam voltas à rotunda do Tojal, que desde já promete ser o mais
insólito do ano.
Aliás, este acontecimento, que ditou a imprevista
ausência daqueles ciclistas às primeiras pedaladas do grupo, esteve na origem
do mote para esta tirada prometedora de subida da fasquia da intensidade.
- Perguntou-me o Capela: «E os meus parceiros, onde
estão?»
- «Quem?», respondi.
- «O Cunha e o Mota. Combinámos apalpar-nos os pulsos»,
esclareceu.
Ou melhor, esclarecedor!
Pela oportunidade de «apalpar e ser apalpado», o «Master»
do Bom Sucesso teve de aguardar por depois da Venda do Pinheiro, onde
finalmente os dois «parceiros» chegaram, após uma neutralização-recorde de 17
minutos. Fui ao seu encontro até quase ao viaduto da A8, onde tive de resistir
ao choque do andamento frenético que vinham a imprimir. Por isso, temi pelo meu
KOM do segmento Freixial-Venda, mas felizmente o vento estava a meu favor... Os
dois, apesar do excelente esforço, foram alguns segundos mais lentos do que o
nosso grupo no mesmo setor, metido a mexer precisamente desde o Freixial,
primeiro pelo Bruno de Alverca, o Carlos Santos e o Felizardo, mas definitivamente
lançado pelo jovem Augusto Vitorino, que meteu o andamento a um nível acima a
partir da Chamboeira até ao Vale de S. Gião, causando a desagregação do grupo.
Aí absorvemos os que tinham saído à frente (Pina, Nuno
Mendes, Salvador, Jorge Vieira) e passei eu a meter o passo, até ao topo, onde
estavam os mais fortes todos reunidos. Seguiu-se, então, longa espera...
Já com os distraídos Cunha e Mota integrados, desceu-se
da Malveira para Alcainça a uma velocidade acima do recomendável para o piso molhado,
e depois, novamente em subida, até à Abrunheira, com maior intensidade. Nesse
ponto, primeira «baixa»: o Félix abdicou e voltou para trás (furo?).
De Mafra a Ericeira, com o jovem Vitorino, em parceria
com Cunha e mais tarde com o Mendes, a 37 à hora de média, aliada ao vento
lateral, promovia o «abanico» que ameaçava com cortes. Felizmente, apenas
ocorreu um, no último km, à chegada à rotunda grande no alto da Ericeira, e
antes de nova neutralização.
Ligação tranquila até à Foz do Lisandro, onde se atacou o
topo até à saída à direita para a praia de S. Julião, que marcava o início do
troço inédito desta volta. No comando das operações, o Capela com o Nuno Mendes
e o Tiago Pereira (ou o Carlos Santos) na roda, eu com um espaço de alguns
metros para fechar desde o início da subida. Os restantes para trás. Às tantas,
o Mendes ataca, deixando todos... pregados! Mas com isso passou o cruzamento e
perdeu-se o ensejo. Valeu por ter ficado na retina a prova da sua boa forma.
A secção nova da volta trouxe-me algumas surpresas. Não
esperava que fosse tão «parte-pernas», com 3 ou 4 rampas bastante inclinadas. A
primeira, logo à saída da praia de S. Julião, a fazer enrolar muito punho. O
Cunha entrou melhor, destacou-se, mas após a reação do jovem Vitorino, ao que o
Capela e o Tiago corresponderam bem, cedeu alguns metros até ao topo, já após
uma fase em que a inclinação suaviza um pouco. A partir daí, só o Capela se
manteve com o Vitorino, e com o Cunha só eu e o Mota, os três na perseguição ao
duo. Então, na roda do Cunha, após cerca de um minuto a 45 km/h em falso plano
ascendente, tive de o largar por instantes para aliviar os músculos. Demais... O
próprio sentiu que o seu desempenho tinha sido «qualquer coisa» e felicitou a
sua nova montada (a Matilde BH) com um... beijo! Pouco depois, os fugitivos
eram alcançados.
Este foi topo mais atacado e mais fraturante. Os
restantes, incluindo o último, um verdadeiro carrossel, passaram-se de forma
mais branda, embora com elevado dispêndio energético. São realmente duros! Além
dos cinco elementos que referi, os restantes estiveram em frequente iô-iô – o
Tiago claramente condicionado por uma gripe; o Arraiolos a acusar o treino bidiário
da véspera; o Bruno ao seu estilo, como sempre pleno de abnegação e classe, a
fazer esquecer a diferença de idade; o Carlos Santos, sempre ativo mas, creio,
ainda numa fase ainda primária da preparação; e o Nuno Mendes, muito bem, mas a
começar a acusar algum desgaste com o avançar dos quilómetros. Após mais uma
neutralização em Arneiro dos Marinheiros, rolou-se até Colares em grupo
compacto. Aqui café.
À saída, passei a meter o andamento, primeiro em parceria
com o Mota até Galamares, e a partir do início da subida da Várzea até Sintra,
só por minha conta. De resto, mesmo depois de Sintra, para o Lourel e quase até
Pero Pinheiro, «deixaram-me» a amargar no comando, após o que o Cunha começou a
render-me...
Em Pero Pinheiro, furo. Em cima do horário de chegada,
pedi «autorização» para continuar a solo. Fui. Menção, ainda, para o encontro,
entre Negrais e Sta. Eulália, com o João Aldeano (grande bem-haja!) e mais dois
camaradas do Ciclismo2640. Para poupar tempo (não propriamente as «canetas»)
atalhei por Lousa, Montachique, Bucelas e Romeira. Quase 5h15 de pedal. Excelente
treino!
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