quarta-feira, abril 09, 2014

Clássica de Évora: a crónica, parte II


A Clássica de Évora de 2014 tinha todas as condições para ser bem «disputada», entenda-se, que reunisse bom andamento, competitividade, divertimento, tudo em segurança. O pelotão não foi dos mais numerosos neste evento que por tradição é o mais concorrido da temporada, mas apresentou-se bem composto e com bom músculo, e acima de tudo as condições climatéricas estavam favoráveis, principalmente devido à quase inexistência de vento. Por isso, não concordo que se deprecie a «tirada» apenas porque a velocidade média foi inferior à do último ano. E só a este, que ficou a roçar os 40 km/h. Ressalvando o facto de não concluído o percurso (fiz inversão de marcha em Montemor), referir-me-ei ao que se passou (e observei) até esse local (meio da subida).

Primeiro, um ponto prévio para comentar a questão da média: os dados não mentem, até ao furo do João Rodrigues (Ciclismo2640), algures pelos arredores do cruzamento de Canha, já com quase 60 km rodados, a média situava-se em 39 km/h! Dúvidas?! Mas também é verdade que o impasse que se gerou foi uma espécie de alívio, porque depois daquele o ritmo, até quase Vendas Novas, não voltou a ser tão intenso. Sim, foi bastante menos...

O motivo é difícil de arriscar, mas parece que houve uma ligeira desmobilização dos grupos que estavam empenhados em manter o andamento elevado, em especial os Roda28 e os Pinas. Por outro lado, no momento preciso em que o houve o aviso de furo era o João Aldeano que «metia o passo» - rijo, como sempre - e obviamente recolheu-se para se inteirar da situação do seu companheiro. E faltou quem retomasse, quem tomasse novamente as rédeas do grande grupo. Também isso poderia ser sinal de que o andamento até aí não tinha sido acessível, e que as principais locomotivas agradeceram que tivesse havido o tal impasse. Questões...

Afinal, faltava ainda muito para percorre e desde o início até ao momento em que andamento caiu, este nunca tinha esmorecido, com diversos elementos a passar pela frente, em especial daquelas duas formações, as mais representativas nesta clássica. No meu caso, praticamente desde Loures que descurei que tinha um «pitéu» de mais de 217 km e intrometi-me no esforço de condução do pelotão, que se refletiu nos registos médios de pulsação até Vila Franca (155). A ponte de Vila Franca foi atacada como sempre – embora não tanto, ou então estaria melhor colocado à saída do empredrado... ou então não estava tão mal das pernas como na Clássica de Santarém –, e na reta do Cabo tive mesmo o ensejo de liderar a coluna durante a maior parte do troço até ao Porto Alto. Mais 10 minutos de intensidade...   

De resto, até ao referido furo, continuaram a ser diversos os protagonistas na frente, entre os que iam «virar o cavalo» e os que seguiriam até Évora (até os que depois daí voltariam também...), mas depois, de facto, o ritmo caiu e parecia não querer arribar. Mesmo a partir de Pegões, quando se entra numa fase mais acidentada do percurso, a disponibilidade para elevar o andamento não foi a mesma da primeira.

Mas, como já escrevi, na aproximação a Vendas Novas, voltou a elevar-se o nível, com os Roda28 a reagruparem-se em torno dos seus objetivos – bem definidos, como sempre -, e também os Pinas, com o Felizardo e o Torpes a assumirem-se, e também eu e mais um ou outro «individual» – voilá, Pedro Capela! Na passagem por aquela cidade, novas movimentações, com o Duarte Azenha a ensaiar a primeira de duas ou três acelerações que poderiam indiciar que teria «planos», se (eu) não soubesse que ele também inverteria a marcha em Montemor. O Ricardo Afonso ainda se pôs a tirar na perseguição, mas rapidamente o alertei.

Finalmente (para a minha presença na Clássica e... para esta crónica), os 9 km de aproximação a Montemor, em que assumi as despesas quase por completo, correndo uma vez mais o risco de derreter energia eventualmente preciosa para o regresso. O ímpeto é sempre mais forte quando as sensações são boas. Dois topos, duas descidas, antes do início da ascensão a Montemor, em elevados regimes (média de 170), sem poupança, e também em prol dos interesses dos terminadores mais fortes do Pina Bike. Logo, fiquei grato de o Rui Torpes se ter superiorizado no sprint final.

Sobre a subida de Montemor sei apenas que foi mais rápida do que a de 2013 (obrigado Strava!) e também que o que se passou até Évora foi animado, com sucessão de ataques, invariavelmente sem êxito, a não ser o divertimento e a descarga de adrenalina. No final, a média não foi espetacular (37,3 km/h, a 13 minutos do registo de 2013, que foi 3:25.33 horas), mas não se participa em Clássicas para batê-las!
 
No próximo domingo, Roteiro dos Muros. Toda a informação em breve!  

1 comentário:

Pedro Fernandes disse...

Parabéns a todos
Foi uma tirada muito boa
Para os que trocaram impressões acerca das operações STOP da PSP e ou GNR eis algumas dos textos da imprensa:

http://www.tvi24.iol.pt/503/sociedade/psp-multas-ciclistas-sensibilizacao-tvi24/1549485-4071.html

Boas pedaladas
Pedro Fernandes (carregado)