segunda-feira, dezembro 12, 2005

Cavalgada!

Depois das aventuras e desventuras de Sintra voltou-se aos percursos menos tortuosos, com uma inédita passagem pela curta mais exigente subida de S. Domingos de Carmões, algures entre Sobral e Merceana, num total de quase 100 km.
Ainda com as duras andanças de Sintra na memória – mais do que nas pernas, o que só abona em favor do estado geral do grupo – o pelotão, mais uma vez numeroso (engrossado com a presença dos nossos companheiros do BTT de Loures), rumou a Bucelas e fez-se à subida do Sobral em ritmo moderado, que permitiu manter a coesão praticamente até ao alto do Forte de Alqueidão. Todavia, houve um fugitivo pouco habitual – o Freitas –, cuja iniciativa, ainda muito antes do cruzamento da Tesoureira acabou por vingar, não obstante a reacção do pelotão sensivelmente a partir da Frutar, embora sem intenção de mover uma perseguição efectiva – que, aliás, seria tardia.
Assim, não espantou que o líder tivesse chegado ao alto com vários minutos de avanço – facto muito pouco usual, para não dizer inédito. Todavia, o pelotão parecia disposto a não forçar – e fê-lo bem. Entre o grupo perseguidor, ainda houve alguns esboços de ataque, prontamente anulados. Não havia mais permissão para sair.
O tal novo sector de ligação a Carmões, tinha como aliciante uma curta subida de 1,8 km, a 4,8%, que, uma vez abordada com empenho pelos mais fortes daria certamente bom despique. Marquei o ritmo ao longo da subida, aumentando-o progressivamente até patamares altos, entre os 85% e os 90% (167/177), para terminar perto dos 95% (max. 184). Lá no alto, inseparáveis de mim, o Miguel e o Freitas: o primeiro sem surpresa e o segundo a mostrar que continua em crescendo de forma, num tipo de subida (curta) em que tem «obrigação» de entrar com os da frente. Certamente dir-me-á, como sempre: «Deus sabe como é que eu ia». Mas a verdade é que é ali o seu lugar. Igualmente bem, o Carlos e o João.
Depois do reagrupamento, retomou-se o percurso conhecido da volta da Merceana, que seguimos até final. Com as subidas para trás, a história da etapa mudou radicalmente. E mesmo reduzido em alguns elementos, o pelotão partiu para uma empolgante cavalgada entre Carmões e Alenquer (17 km), que se fez à média de 36,4 km/h!!! Comigo a fazer de Hincapie e um comportamento exemplar dos restantes 10 bravos cavaleiros. Sem um pio, nem um ai. Tudo agarradinho. 27 minutos a alta intensidade. Impressionante. Grande momento de ciclismo em grupo. Eis os eleitos: Miguel, Freitas, ZT, Steven (L-Glutamina), Farinha (Fantasma), Abel, Pina, Luís, Carlos, Daniel e Ricardo. Espero que os meus companheiros tenham tido o mesmo proveito que eu tive (refiro-me apenas a prazer, porque em termos de treino foi uma «estragação»). Ah, muito sinceramente, nunca pensei em ajudas. Foram todos extraordinários.
A partir de Alenquer, o ritmo aliviou… mas pouco. O comboio Pina Bike, agora sem locomotiva fixa e a ritmo mais inconstante, percorreu-se os 22 km até Alverca a 34,7 km/h!!!! É obra, senhores! Vi passar à cabeça mais amiúde o Fantasma, o L-G, o Daniel e o Carlos, partindo deste as acelerações mais fortes – sempre correspondidas pelo pelotão. O sprint em Vila Franca foi vigoroso e o Freitas fez valer os seus galões, logo seguido do Pina. E foi com pena, embora já fatigado, que me despedi do grupo na rotunda do Cabo de Vialonga. E até Loures, como é que foi!?


Notas de observador

1. Quero arriscar que o segredo do sucesso desta volta foi o andamento constante sem momentos prolongados de extraordinária intensidade nem de grande relaxe. Além disso, penso que a escolha do percurso (passe a imodéstia) foi acertada e deve servir de modelo, pois ficou mais uma vez provado que, também aqui, é no meio-termo que se encontra a virtude. A montanha é muito selectiva e acentua fortemente as diferenças – além de criar um estigma psicológico. De qualquer modo, reitero que, com uma abordagem mais comedida, as fortes percentagens também se passam com (quase) a mesma galhardia com que lidam estes percursos «ondulados». A planície, por sua vez, é um engodo a andamentos violentos. Mas há que ir a todas!
2. Parece-me que a única coisa que realmente faltou (se faltou!?) nesta volta foram momentos verdadeiramente competitivos (ataques, acelerações), que são sempre condimento apetecível. À excepção da fuga do Freitas no Sobral (praticamente sem perseguição) e do habitual sprint de Vila Franca não houve veleidades aos combativos. Os andamentos vivos desencorajaram mais iniciativas. Mas ainda houve algumas.
3. O colossal empeno do Hélder em Sintra foi tema de conversa no grupo e promete ainda fazer correr alguma. Fina ironia e muitas interrogações sobre as causas do sucedido (cãibras, quase esgotamento…) monopolizaram os diálogos nos primeiros quilómetros da volta. Mas num ponto parece haver unanimidade: o homem, quando recuperar deste revés, vai querer causar estragos.
4. Já vejo alguns elementos que tiveram algumas semanas de dificuldade a recuperar a sua boa forma. Isso é prova de empenho e motivação, e forte contributo para reforçar (ainda mais) o bom nível do grupo.
5. Alguém já reparou que dia de Natal e de Ano Novo são dois Domingos?

7 comentários:

Anónimo disse...

Então como é?
Há jantar de Natal ou não?

Ricardo Costa disse...

Parece que não haverá jantar de Natal. Pelo menos, não me apercebi de movimentações nesse sentido. Não sei se sabes, mas ainda há pouco tempo realizámos um jantar e talvez se justifique o desinteresse devido à muita proximidade entre os dois - principalmente num período em que é difícil conciliar agendas. Certamente não é por falta de vontade...

Anónimo disse...

Belíssima volta a de ontem!
Jornada de descompressão das duras voltas anteriores que veio na altura ideal...eu estava a precisar de 1 dia assim, e penso que não era só eu...
Saída muito calma para o Sobral e no único momento de acelaração, já no alto, eu tive a boa desculpa de fazer companhia ao meu Pai para não seguir, o que calhou mesmo bem!
No próximo momento do dia, a subida de Carmões, levei o coração acima das 180b.p.m. mas com "cabecinha", ou seja, em acelaração progressiva. Quando o 1º grupo (Ricardo, Miguel, Freitas, Carlos, João) forçou, segui mas sem ser a "queimar", fiquei só mas ainda antes do alto passei o João e cheguei ao Carlos tendo boas sensações em esforço...isto vai lá.
O regresso foi muito calmo, o meu Pai entrou em dificuldades devido a algumas semanas de paragem, descolámos 1 pouco antes de V.F.Xira e fomos bastante devagar até casa.
Calculo que todos tenham chegado bem...e rápido...porque na BP já não estava ninguém!

1ab e boas pedaladas,
ZT

Ricardo Costa disse...

Mil desculpas, ZT, não te ter mencionado na subida para Carmões, mas não reparei que vinhas detrás. Apenas vi o Carlos e o João. É que lá à frente a coisa não foi fácil e fazer de ciclista/jornalista não é fácil com o coração disparado. Sendo assim, também a subir estás cada vez mais melhor...
Abraço

Anónimo disse...

No seguimento do ponto 5 das "Notas de observador" do Ricardo quero propor o seguinte:
Nos fds de Natal/Fim Ano, que tal as voltas serem no Sábado de manhã. Eu próprio ainda não sei se dá mas no Domingo não dará de certeza, pelo que aqui fica a sugestão?

ZT

Anónimo disse...

Boa tarde amigos, eu sou aquele que vinha no fim na volta de Domingo, não viram eu sei, porque estavam bem mais na frente. Queria deixar aqui um bem-haja a todos vós pelo convívio ciclista que nos proporcionaram. Desejo também a todos e ás sua famílias umas BOAS FESTAS e boas pedaladas claro!!!!!!!!
BIKER

Ricardo Costa disse...

Desejo recíproco, Biker. E serão sempre muito bem-vindos entre nós!