sexta-feira, dezembro 09, 2005

Crónicas de Sintra

Manhã de sol, percurso fantástico no cenário da Serra de Sintra e pelotão numeroso: a jornada de ciclismo deste feriado teve todos os ingredientes para ser memorável. E foi! Mas com lembranças distintas – umas boas, outras assim-assim e outras nem por isso.
Já se sabe que quando maior é o grupo, menor é a sua homogeneidade, e potencialmente maiores as discrepâncias. E se, na volta do último domingo o terreno plano ainda disfarçou essas diferenças, a verdade é que num percurso selectivo como o de hoje não há como escondê-las. E pior ainda quando se produzem desgastes antes mesmo destes se imporem naturalmente pelas dificuldades do terreno.
Fazer o primeiro quarto de uma volta, selectiva como esta, como se fosse o último, não ajuda nada, principalmente para os que estão justinhos de forças. E são alguns. Uns porque estão muito em baixo de forma, outros porque não se dão bem com terrenos acidentados. E quando toca a subir bem, são muitos mais.
Subiu-se Guerreiros demasiado depressa, Sta. Eulália também e como se não bastasse, em Negrais desatou tudo numa correria desenfreada. A factura, estava mais que visto, seria alta. E foi!
Mas vamos à crónica: a subida de Lourel para S. Pedro de Sintra cavou as primeiras diferenças, curtas (ainda), provocadas por uma aceleração progressiva de um grupo constituído por 5/6 unidades, que passou a quarteto (Miguel, Hélder, Ricardo e Freitas) nos últimos 400 metros, e uma explosão minha perto do final (para regimes nunca alcançados!). Houve cortes no pelotão mas as diferenças foram escassas.
A recta do autódromo para Alcabideche fez-se quase sempre acima dos 50 km/h e até à Malveira houve sempre gente para trás (eu, o Miguel, o Hélder, o Salvador, nem sei quem mais…), lutando por reentrar, começando a sentir-se as primeiras consequências do desgaste precoce. E os pratos principais ainda estavam por servir. O primeiro, mesmo a sair: Malveira-Cabo da Roca. Três na frente: Ricardo, Hélder e Carlos. Ritmo moderado, mas com a dificuldade adicional de o vento soprar de frente. O Hélder cedeu e o Carlos resistiu… até à entrada em cena do Miguel, já perto do último quilómetro. Depois foi entre eu e ele. A situação não chegou a fazer chispa, mas deu para nos sentirmos, digamos, em boa companhia. E a última subida para o cruzamento do Cabo da Roca foi bem rasgadinha, com muito respeitinho mútuo. Terá sido a primeira vénia à nova temporada. Pena que ele, a partir daqui, não tivesse voltado a estar na frente.
Depois do reagrupamento parcial, desceu-se para Colares e chegou-se depressa ao início da subida da Várzea e depressa a escalámos. E mais ainda, quando passei a integrar um pequeno grupo (com algumas bicicletas de triatlo) que seguia há alguns quilómetros à nossa frente. Foi alto, sim senhor! (pulsações upa, upa!) Mais do que para o Cabo da Roca. Dos nossos, o Carlos foi o que mais perto ficou. Mas também o Zé-Tó, o Steven, o Pina, o Daniel e aquele elemento «poderoso» (penso que anónimo) que andou sempre na cabeça do pelotão, não perderam muito tempo. E foram estes que chegaram primeiro ao cruzamento para Algueirão, onde aguardámos pelos «possíveis».
Até Loures, o ritmo não abrandou, em género de prova de eliminação, ao estilo de uma Clássica da Taça do Mundo. Só resistiram os mais fortes, os restantes baquearam ao esforço da distância, das inclinações e das correrias madrugadoras. Eu, Daniel, Zé-Tó, Freitas e João em corrida de gatos e de rato. Eu fui o rato. Os primeiros gatos, o Daniel e o Zé-Tó; os segundos o Freitas e o João. Eu esgueirava-me nas subidas, eles caçavam-me nas descidas. Primeira vítima: João. Segunda: Freitas. Em Casal de Cambra, Daniel e Zé-Tó juntaram-se a mim, e o Freitas ainda entrou pouco antes da subida para Caneças - e de eu ter ido definitivamente embora. Em Loures, Zé-Tó e o Freitas chegaram juntos, o Daniel terá chegado pouco depois e logo, logo a seguir o Steven. Perdão, o L-Glutamina. Não muito tempo depois, também o Pina e o Salvador…

Notas de observador:
1. A malta anda entusiasmada, bem treinada, mas atentem às dificuldades do percurso (distância/desnível), senão não há mão para os empenos. Volto a frisar que os ritmos iniciais foram demasiado altos para o contexto da volta (responsabilidade de quem encabeçava o pelotão). Estes excessos têm várias consequências: acentuam as dificuldades dos menos bem preparados e cavam um fosso ainda maior para os mais fortes, mais tarde, quando será o próprio terreno a impô-las. Resultado: uns ficam muito para trás e outros muito para a frente. Não tenha ilusões: o que por vezes se faz, tanto em etapas planas como nas «montanhosas», está apenas ao alcance de desportistas já muito bem treinados. Velocidades de cruzeiro acima dos 40 km/h mesmo na planura da lezíria são muito altas, meus amigos. Subir Guerreiros e S. Eulália em regime anaeróbio e meter o pelotão a esticar ainda em Negrais, quando ainda faltavam 90 km na Serra de Sintra é uma loucura desmedida num grupo heterogéneo. Por isso, se me permitem a liberdade, aconselho sinceramente a que se protejam o mais possível, que se escondam, que guardem forças para quando elas são realmente precisas. Porque nunca são demais, acreditem! Mais cedo ou mais tarde, vão precisar delas. E mais perto do final se ainda as tiverem, então gastem-nas como quiserem…

2. A dupla que se disse vítima de conspiração no último domingo, Zé-Tó/L-Glutamina, (tão bem que eles ficam de amarelo canarinho!) vingou-se «à séria» da dupla de fugitivos da lezíria Pina/Fantasma. E não só porque a primeira mostrou estar em grande forma e a caminho de níveis ainda mais elevados, mas porque a segunda cedo ficou privada do contributo efectivo de um dos elementos, o Fantasma, que tirou logo o bilhete na subida para o Cabo da Roca e não mais se viu, deixando desamparado o seu companheiro de equipa, que, mesmo sozinho perante o duo rival, deu muito boa conta de si. E mais não era obrigado. Fantasma, melhores dias virão!

3. Principais destaques da jornada: o Carlos, em alto nível na subida para o Cabo da Roca e na Várzea; o Zé-Tó confirmou o crescendo de forma também a subir; e o Daniel resistiu entre os primeiros quase até final.

4. Convite: amanhã (sábado), às 8h30, no Café Golo (Tojal), para um treininho higiénico Bucelas-Sobral-Feliteira-Pêro Negro-Sapataria-Póvoa da Galega-Vale S. Gião-Bucelas. Inscrições neste blog. P.S.: 5 minutos de tolerância.

11 comentários:

Anónimo disse...

Bom dia pessoal.

Não sabem a inveja que tenho de vocês quando regularmente vejo as crónicas do Ricardo e os vossos comentários ás voltas domingueiras e dos feriados, mas infelizmente a minha “entidade patronal” e no caso de ontem a minha “sóoooogra” pois tive de ajudar numa mudança, não têm permitido a minha presença nestes “despiques” tão viciantes que fazem com que uns e outros “secretamente” se treinem para se poderem afirmar, contudo espero estar mais desafogado para Janeiro, onde vou regressar e força, L-Glutamina e Fantasma, preparem-se pois o protagonismo vai deixar de ser vosso Morales vai regressar em grande, já agora ZT estou a pensar fazer alguns duatlos nesta época nomeadamente Grandola; Azambuja, e Cadaval, depois diz qualquer coisa para ver se desafiamos alguns duros a irem connosco.
Bom resta-me desejar-vos caso não nos veja-mos até lá um bom Natal e umas boas entradas. Não se esqueçam em Janeiro contem comigo.

Um abraço

Morales

Anónimo disse...

Bom dia Bravos do Pelotão.
Jornada fantástica a de ontem!
Antes de mais quero dirigir-me ao Z. Morales dizendo-te que tem sido notada a tua ausência e que esperamos para breve o teu regresso. Claro que podes sempre aparecer pelo menos no Blog.
Está combinadíssima a participação nos Duatlos. Vamos ver se mais alguém alinha!
Em relação à volta de ontem e visto que a mesma já está dissecada (e bem) pelo Ricardo, só quero sublinhar o facto do ritmo me parecer demasiado e como se não bastasse, o mesmo acontece logo no início o que convenhamos é cedo demais.
Ricardo, não dá para ir Sábado porque tenho de poupar forças para Domingo...ahahah...
Por falar nisso, para onde é a volta no Domingo?

1ab,
ZT

Anónimo disse...

Boas Companheiros!
Decididamente, estas voltas de sobe e desce, SÃO O CABO DOS TRABALHOS!...
Concordo contigo Ricardo quando dizes que os andamentos são demasiados fortes...mas se eles (às vezes eu) vão, temos que (pelo menos tentar) ir com eles!...
Claro que as facturas depois se pagam!!!
Quando vos tínhamos à vista (100m) à saída de Sintra, depois da paragem nas bombas e de virarmos para a Carregueira (eu, Miguel, Hélder, Samuel, Luís e Carlos), eis que o Hélder é atacado por cãibras, ao ponto de ter que parar (cerca de 3 a 4 min).
Aí, definitivamente, percebi que já seria difícil ir buscar-vos...
Ainda pedi ajuda (piquei) ao Miguel e ao Carlos para tentarmos (para não ter que aturar esses "fraquinhos" de amarelo...), mas o atraso já era demasiado e as forças já faltavam a todos menos ao Miguel (que grande MÁQUINA)!
A subida para Montemor foi um CASTIGO, seguida de descida para Loures a alta velocidade (como sempre...), na tentativa de diminuir o atraso!...
Grande volta, a provar que é necessário (pelo menos para mim) trabalhar mais o endurance e a rotação nas subidas.
Uma palavra de destaque para uma MÁQUINA chamada MIGUEL e outra chamada FREITAS, pelo estupendo espírito de SACRIFÍCIO E DE CAMARADAGEM, demonstrados na permanente ajuda aos mais atrasados, invertendo por diversas vezes a marcha no intuito de os ir buscar (o Salvador que o diga)!
Não tenho dúvidas que sem a paragem das cãimbras (Hélder) e se o "rapaz" Miguel seguisse na frente, "BARBEARIA" sem dificuldades alguns dos "PARDALITOS" que andam a falar/piar "GROSSO"!!!...
HEHEHE!
VETERANOS AO PODER!!!
AB a todos e ... Domingo hà mais!!!...

Ricardo Costa disse...

Primeiro que tudo, ressalvo a intervenção do Morales. Esperamos por ti em Janeiro e, entretanto, podes ir aquecendo aqui no blog.
Depois, o Fantasma, que foi esclarecedor no seu comentário e tocou num ponto fulcral: «Se eles vão... temos de ir com eles». Toda a razão. Mas também por isso, recomendam-se velocidades de cruzeiro ligeiramente mais baixas aos que lideram o pelotão, principalmente nos primeiros quilómetros e acima de tudo s forem a subir. Depois é óbvio, dificilmente se consegue controlar toda a gente. «É ir para não ficar».
E claro é sempre de saudar o espírito de camaradagem e de interajuda.

Anónimo disse...

Como é malta á jantar de Natal ou não?
Decidam-se lá

Ricardo Costa disse...

A proposta para domingo é a seguinte:
Loures-Bucelas-Forte de Alqueidão-Sobral-Dois Portos (direita antes da passagem de nível p/ Merceana)-Bulegueira-Carmões (esq. p/ Merceana)-Merceana-Aldeia Gavinha-Porto de Luz-Alenquer-Carregado-Vila Franca-Alverca-Vialonga-Tojal-Loures
Distância: 93 km
Descrição: Trata-se de uma ligeira alteração à conhecida volta Sobral-Merceana-Alenquer.
Tudo igual até ao Sobral, seguindo-se então para a esquerda em direcção a Dois Portos (descida). Pouco antes da passagem de nível (Dois Portos) e do início da subida para a Ribaldeira volta-se à direita para a Merceana (29 km). Seguem-se 5 km em falso plano ascendente por uma estrada rural, até ao início da subida para Carmões (1,8 km a 4,6%), semelhante à de Sintra (centro)-S. Pedro de Sintra (que subimos na última quinta-feira), ou o Cabeço da Rosa do lado de Bucelas. Após isto, entra-se em Carmões e volta-se à esquerda para tomar a N115 em direcção à Merceana (descida por onde se faz esta volta habitualmente). A partir daqui, segue-se a N9 para Alenquer, em direcção à N10 (Carregado, Vila Franca, etc.)

Anónimo disse...

A rizada fatal...
Para que a verdade seja reposta, sinto-me na obrigação de informar que o grupo que protagonizou a última fuga do dia (Ricardo, Freitas, Zé Tó, Daniel e João), apenas se distanciou do grupo perseguidor (Pina, Steven, Nando e o Sr. da Cannondale vermelha), por mera distracção destes últimos, pois o momento da fuga coincidiu com o telefonema do Samuel ao Pina dizendo-lhe que o Hélder estava KO, o que naturalmente causou uma reacção mista de espanto/preocupação, e também UMA GRANDE RIZADA, mas que acabou por viabilizar a fuga que se veio a revelar vencedora.

Nota de roda pé: Passei hoje de carro na Malveira da Serra e pareceu-me ver um Fantasma deitado à beira da estrada com a língua entalada nos raios. Espero que tenha sido só uma miragem.

O Gato

Anónimo disse...

Por mais risadas que a notícia das câimbras tivesse justificado, devem ter sido bem prolongadas. Não, Gato?
Quanto ao Fantasma, tem boa desculpa para o seu monumental empeno. Pelos vistos andou a fazer séries com o nosso incansável "carro vassoura", que teve um trabalhão danado nesta volta. Parece que bateram o recorde da descida de Montemor. E por isso chegaram os dois com 12 MINUTOS de atraso às bombas.

Gato 2

Ricardo Costa disse...

Hoje cruzei-me como o Nando na estrada. Aproveitava o sol radioso do final de manhã para se pôr novamente em forma. Se for para continuar, por aquilo que conheço deste velho senhor, em breve voltaremos a ter de o... «aguentar»!

Anónimo disse...

Parece que ainda o estou a ver na passada 5ª feira, quando ficava para trás nas subidas, a pensar como terá sido possível ficar tão em baixo de forma que até fraquinhos como eu o deixam ficar para trás.

Com a fome de bicicleta que o homem está, daqui a pouco tempo fará certamente desgraça no nosso pelotão.

Nando: Nessa altura, tem pena de nós, OK!

L-Glutamina - Over and Out

Anónimo disse...

Painel, desconheço parte da volta que está proposta e como o meu Pai também vai tenho 1 muito boa justificação para andar + calmo, o problema é que dado o desconhecimento do percurso temo poder vir a ficar "apeado" com ele!!!
Pelo que vejo, os que passaram pior na última volta estão atentos e sairam para se treinar, casos do Nando e do Luís que vi hoje pela manhã!

Boas pedaladas,
ZT