segunda-feira, janeiro 23, 2006

A Oeste do Paraíso

Antes de mais, gostaria de fazer uma menção especial ao principal ausente, entre outros igualmente notados, na volta de domingo. Por razões conhecidas de todos, o Miguel, a convalescer do estúpido acidente que o vai deixar «inoperacional» durante algum tempo. Continuação de rápidas melhoras.

A volta deste domingo foi, sem dúvida, a mais difícil dos últimos meses – se exceptuarmos a de Sintra, em Dezembro – pois é sabido que os traçados que percorrem a região Oeste são exigentes e invariavelmente causam grande «mossa» ao pelotão. Aquela que será a nova Clássica do Oeste não foi excepção, justificando plenamente o índice de dificuldade «Muito Elevada» com que estará classificada no Circuito.
De qualquer maneira, o grupo que saiu de Loures parecia suficientemente homogéneo para se colocar a salvo de diferenças acentuadas nos primeiros dois terços da etapa. No entanto, tal não veio a acontecer, mas não por uma razão que nada teve a ver com questões físicas: uma irreparável avaria na bicicleta do ZT.
Parece que os problemas mecânicos na sua novíssima montada começaram logo na subida para a Venda do Pinheiro. A forte percentage fez o grupo desagregar-se, como seria de esperar, mas alguns insuspeitos retardatários (entre eles o ZT, o Nando e o João) estranhamente demoraram demasiado a recuperar. A razão soube-se mais tarde, via telefone, já o grupo da frente tinha descido Vila Franca do Rosário. Foi a primeira de várias esperas, que acabaram por resultar na divisão definitiva do pelotão já depois de Ponte do Rol, a caminho de S. Pedro da Cadeira. Perdendo-se aí muito «sumo» da volta.
Tanto assim foi, que entre Torres e… a avaria final, o grupo rolou compacto (coisa rara!) a muito boa velocidade, com diversas acelerações, prenúncio de uma interessante segunda metade de tirada. Puro engano.
Após a última «paragem», antes de S. Pedro da Cadeira, o grupo separou-se em definitivo, e a partir daí, foi na frente que a história se desenrolou. Ficou um grupo de sete elementos: Nuno Garcia, Freitas, Luís (que habitualmente tem BTT, mas que ontem fez a estreia com uma «rodas finas»), Vidigueira, Daniel, Carlos e o «Benfica». Eu vinha em recuperação depois de um «pit stop» para necessidades fisiológicas e de ficado a «mastigado» um pouco aguardando por alguns elementos que (pensava eu) se aproximavam no grupo atrasado à saída de Coutada. O Nando ainda chegou à minha roda, mas quando acelerei, não sei bem por que razão deixou-se ficar, e foi quase a «tope» que subi para a Encarnação, juntando-me ao grupo da frente no início da subida para a Picanceira – a principal dificuldade do dia.
Quando os alcancei, passei directo! Tinha chegado o momento, pela primeira vez esta época, de sentir as primeiras… sensações numa subida mais a sério. Por isso, fui a fundo desde as primeiras rampas. Mas já estava à espera de resposta imediata e ela surgiu, de quem eu previa. Após as primeiras centenas de metros, senti alguém na minha roda – e um espelho num cruzamento ajudou-me a confirmar quem se travava: o Freitas, obviamente! Estive sempre ao máximo (para esta altura) e o registo da telemetria revela-o: 3,5 km a 4,1%, à média de 22,7 km/h e 182 bpm. O Freitas esteve muito bem, seguindo na roda.
A seguir, mais 4,8 km em falso plano ascendente (1%), até à Murgueira: 29,1 km/h, a 169 bpm, com direito a sprint final, perdido mas renhido! Os perseguidores chegaram 2 minutos depois, com o Luís à cabeça (mais tarde disse-me que estivera muito perto de nós, mas abdicara ao não conseguir fechar a distância), o Nuno, o Carlos e o Vidigueira. O Daniel, melhor rolador que trepador, cedeu naturalmente.
O quarteto passou sem parar rumo a Mafra, e eu decidiu segui-los (começava a estar em cima da hora), mas o Freitas não se apercebeu e… ficou. Pensei eu que definitivamente, pois quando estávamos a subir para Paz, não o vislumbrei ao longo de toda a descida da Murgueira – um atraso, no mínimo, de 3 minutos.
A rampa da via rápida à saída de Mafra fez, como é habitual, a diferença, numa altura em que os quilómetros já pesam. Na frente, eu, o Luís e o Carlos, mas na subida para a Malveira só restava eu e o Luís.
Mas a surpresa estava reservada para o final: entre a Malveira e a Venda, já em descompressão, eis que surge esbaforido… Quem, quem? O valente Freitas! Tinha recuperado desde a Murgueira. E nós não vínhamos devagar… Por isso, rendo-lhe homenagem: é o homem do momento!

Notas de observador:

1. Como pensava, o traçado selectivo desta volta tornará certamente a próxima Clássica do Oeste muitíssimo interessante, logo não se repitam avarias ou ocorram outros incidentes. Naturalmente, será muito difícil o pelotão chegar à Malveira… Sempre são 100 km e 4 contagens de montanha!

2. Como seria de esperar, o Nuno Garcia começa a recuperar o tempo perdido nas Arábias, com vista ao cumprimento dos seus objectivos na temporada. Embora com a preparação atrasada em relação aos restantes «internacionais», excluindo agora o Miguel, que está no «estaleiro», não demorará muito a chegar a um bom nível. Mas só mais tarde no ano se saberá que consequências terá o facto de ter iniciado a pré-época mais tarde… que os outros. E para estes, as de terem começado mais cedo…

3. Mas há quem esteja a treinar a fundo nesta altura da temporada. Por exemplo, o Nando, que no sábado tinha feito uma incursão higiénica a Montejunto! Na volta esteve quase sempre discreto, talvez um pouco «queimado» do esforço da véspera. Depois de Torres, ainda chegou a meter o passo do pelotão, mas ficou sempre para trás nas avarias do ZT. Estou ansioso para vê-lo em acção!
4.O desafortunado ZT que tem andado arredado das lides. Desta vez, foram problemas mecânicos. Mas certamente irá surgir em pleno em Fevereiro, nas rápidas Clássicas de Inverno.

5. Outros que estiveram em muito bom plano: o Carlos, o Vidigueira e o Luís (ex-BTT). São elementos destes que ajudam a formar o núcleo duro de um grupo de grande nível. A sua abnegação é um exemplo para os demais.

6. Finalmente, por falar-se em abnegação, não poderia faltar o Freitas. Muito se tem dito sobre a sua subida de forma nos últimos meses e as provas disso sucedem-se. O que começa agora a colocar-se é saber até onde vai os seus limites… ou os limites a que «poderá» ou a sua disponibilidade o «deixará» chegar. Porque força de vontade, o homem tem para dar e vender. Neste momento, é o meu barómetro. E em Março logo se vê…

5 comentários:

Anónimo disse...

Poi é, a Clássica do Oeste revelou-se 1 traçado muito interessante mas infelizmente não pude explorar sensações como gostaria devido à já referida avaria, que afinal e segundo o "Relojoeiro-Pina" não era nada de "especial"(o certo é que a corrente não parava de saltar).
Assim, para mim, com todas as paragens e limitações acabou por se revelar 1 volta sem expressão ao nível do esforço físico porque naturalmente acabei por me desinteressar da mesma, até pude fazer 1 corrida de 1hora ontem para desentorpecimento. Chequei a lembrar-me do Miguel(as melhoras Amigo), que deve estar cheio de vontade de andar e eu em andamento sem voltade de pedalar porque mal fazia 1 topo a corrente saltava, ou dava em falso, enfim...
Obrigado pelo companhia "forçada" do Abel que fez o favor de ir colocando a máquina a andar e ao João/Nando que por opção também ficaram para trás, ainda para mais porque fiquei em Alcainça já que não valia de nada tentar levar a bike até Loures naquelas condições.
Para a semana há mais.
Já agora Ricardo, para onde???

Anónimo disse...

já me têm chamado coisas piores, vamos lá a ver se a pressão barométrica não sobe demais e (rebenta) com a escala antes do tempo previsto.por mim vou tentar "abrandar" um pouco de forma a não saturar as perninhas porque tenho intensão de forçar novamente daqui a um mês e pouco.
cinco meses seguidos a um nível muito alto iriam provocar inevitavelmente uma deslocação inglória aos lagos.
quanto á volta correu-me muito bem porque logo desde a saída tive uma sensação de (leveza)nas pernas que se prolongou durante toda a volta e apesar de todos os azares e paragens por motivos de força maior voltei a sentir-me bem quando na picanceira resolvi responder ao ricardo que atacou como se não houvesse amanhã.depois veio a parte pior quando na murgueira houve uma distração que me deixou "abandonado " á minha sorte,encetando então uma dificil recuperação, que durou até depois das trouxas, talvez demasiado dificil.(utilizei mais força que devia para esta altura do campeonato),por vezes deixa-mo-nos levar pelas "boas" sensações do momento e depois pagamos essas leviandades com juros extremamente elevados.espero que não venha a ser o caso,mas mudando de assunto também eu estou curioso para saber da volta do próximo domingo, o helder diz que aparece se não estiver a chover para dar o devido correctivo ao pessoal que recentemente o deixou em más condições na volta de sintra.
um abraço a todos
JACKIE FREITAS DURÃO

Anónimo disse...

Morales,
Já há calendário provisório na FTP.
Ontem + 55' de intervalados(corrida).
Tás a treinar? Aparece Domingo.

1ab,
ZT

Ricardo Costa disse...

Já abriram as inscrições para a Clássica dos Lagos de Covadonga 2006, para onde estão apontadas primeiro as baterias na presente temporada.
Além da subida final, dos Lagos, em que a grandiosidade da paisagem compete com dureza, a distância total é acessível (111 km) e a atmosfera que se vive em torno da prova é de grande entusiasmo.
Para fazer a inscrição e saber mais informações, basta aceder ao site www.cctnavastur.com

P.S. No próximo domingo não poderei participar na volta, mas parece que até calhou bem... porque se prevê um temporal dos diabos.

E não esquecer que no fim-de-semana seguinte terá lugar a primeira Clássica do Circuito Pina Bike: a Clássica da Valada.

Anónimo disse...

ZT,

Tenho feito alguns treinos, mas acho que estou com uma pubalgia, vou fazer uma eco para a semana. depois informo dos resultados.
Miguel vejo que estás a melhorar a olhos vistos, mas ainda não vi ninguém te perguntar por algo muito "importante" como é que ficou a máquina?.

Um abraço a todos
Morales