domingo, abril 02, 2006

Sintra fantástica!

A abertura das Clássicas de Primavera, com uma sempre exigente passagem pela Serra de Sintra, foi provavelmente a melhor demonstração de que há memória de aproximação de «valores» entre os elementos mais empenhados e assíduos do grupo Pina Bike. Para alguns, este percurso tinha antecedentes traumatizantes. No início de Dezembro do ano passado, fizera estragos no cabedal de meio mundo, mas que, hoje, tiveram oportunidade de ajustar contas com os estigmas das subidas e alguns inevitáveis empenos. Inclusive os que menos se dão com as inclinações.
É verdade que houve diferenças. Obviamente nas subidas mais difíceis (S. Pedro de Sintra, Azóia e Várzea-Sintra) e também no selectivo final da tirada. Mas foram pouco significativas. E mais importante: ficou a ideia quase unânime que as sensações foram boas e superaram-se as expectativas individuais.
A subida Lourel/S. Pedro de Sintra abriu as hostilidades. O Miguel provou que está a caminho da melhor forma, a menos de mês e meio do início da temporada internacional, e deu o mote, principalmente na parte final da subida, imprimindo um ritmo muito forte. Foi a vez, este ano, em que fui mais intensamente solicitado em subida – mesmo que apenas 200/300 metros – o que é prova que o trepador louco imprevisível está de volta.
O Freitas, sempre resguardado, nunca perdeu terreno. De resto, no seu estilo peculiar, soube sempre levar a água ao seu moinho. Ali, na Azóia e na parte final. A excepção foi a subida da Várzea para Sintra - perguntem-lhe porquê?! Também ele está em grande forma, apontando baterias para o enorme desafio dos Lagos de Covadonga.
Do meu ponto de vista, o seu desempenho foi excelente, e a forma como aproveita a «boleia» nas fases em que teoricamente tem mais dificuldade não se pode censurar. E desta vez não precisou de quaisquer ataques. Resistiu estoicamente nas subidas e nas acelerações dos quilómetros finais e depois foi mais audaz na descida de Montemor, terminando isolado em Loures.
Depois de um treino suicida na sexta-feira, estou satisfeito com minha prestação. Ainda assim, acusei o cansaço, que me impediu de fazer mudanças de ritmo em alta intensidade, em subida, e manter andamentos muito fortes durante muito tempo. Hoje era impossível lançar um ataque de longe. Faltou-me força, essencialmente, quando mais precisava – no topo de Belas, em Caneças e em Montemor – e assim, à excepção da Várzea (e por pouco) nunca consegui distanciar o Freitas, como era meu objectivo. Mas teria sido necessário estar em pleno vigor (quiçá mais!) para o conseguir. Ou admitir essa impossibilidade em voltas com subidas tão curtas.
Aliás, devo reconhecer que a própria subida da Várzea foi bem elucidativa da capacidade do «nosso» Durão – já que foi a única vez que tomou a dianteira (vínhamos a recuperar desde o Cabo da Roca onde esperámos pelo último elemento e se aproveitou para urinar), assumindo as despesas – mais precisamente fê-lo a partir dessa altura. Depois, na Várzea, soube impor um andamento muito rijo desde o início, que me tirou ideias. Posso dizer mais precisamente que, quando ia na roda, tinha a sensação que o andamento não era assim tão forte – ou que já tinha ali passado noutro ritmo -, e que até se mastigava um pouco, mas que também que não conseguiria sair e fazer a diferença. Talvez sintomas da tal fadiga. No entanto, deixá-lo pregado nos últimos 400 metros serviu para fazê-lo beber um pouco do seu próprio veneno.
Outro elemento em grande forma é o Carlos. Fisicamente muito bem (% de gordura baixíssima), com excelentes aptidões de trepador, cedeu apenas em Montemor, quando a «coisa» se decidiu a três, depois do Daniel e do Fantasma não terem resistido às alterações de ritmo em Belas e Caneças. O Daniel teve a expressão que considero mais correcta para definir o rendimento do Carlos. «Ele não acredita nas suas potencialidades!». A questão é certamente mais complexa, mas, na minha opinião (à qual arrogo-me o direito de manter publicamente em segredo), não andará muito longe da verdade. E é provável que a confirmação possa chegar, em breve, quando ele menos esperar…
Enorme destaque também para o Daniel e para o Fantasma (ou será Falcão, pela forma destemida como desce), roladores por excelência, e que experimentaram muito boas sensações em terreno bastante acidentado. Restando esperar que outras figuras importantes, como o ZT e o L-Glutamina, apurem a sua forma, então teremos um pelotão ao nível mais elevado de sempre. Para a semana voltamos ao sobe-e-desce saloio, numa Clássica (da Carvoeira) que deverá ser tão ou mais espectacular que a de hoje.

P.S. A propósito, menção honrosa para a disponibilidade e elevado sentido de camaradagem do L-Glutamina (e depois do Salvador) em ajudarem o ZT, que se encontrava em notórias dificuldades na fase final. E também para o Luís, que tomou a iniciativa de, ainda em Colares, fazer o resto do percurso… no seu passo, «libertando» o pelotão. Também ele faz falta em grande forma. E já agora: o João e o Samuel, que a têm!

10 comentários:

Anónimo disse...

Olá a todos,
Bonita jornada a de ontem! Até deu para apreciar o Mar.
Menos bonito foi a traição que o meu corpo me fez...!!!
Pois é, ontem foi 1 "daqueles dias"! Penso que não será preocupante porque acho que tenho as respostas, se não for o caso...tenho mesmo de treinar mais...ahahah!
No Sábado deitei-me 1 pouco tarde para estar a 100% para a prática desportiva e havia acordado nessa manhã com 1 fortíssima dôr nas costas (sem explicação aparente...sem ser as habituais...ahahah). Tomei "Voltare'ns" e também "Metanor", comprimidos mt fortes e que penso condicionarem o desempenho em esforço!
Foi assim que tive as 1as "más" sensações logo a subir para Negrais (em que descaí logo aí +/- 100 metros), aquela não ía ser 1 manhã fácil mas tentei esquecer, motivar-me. As mesmas sensações voltaram após o empedrado em Sintra, na 1ª subida!
Houve 1 situação mt curiosa, qd passámos no Lourel já de regresso tive a noção de que devia seguir o caminho inverso e evitar as subidas finais pq a agonia estava para aparecer...bem dito, bem feito, segui com o Grupo e rapidamente começaram os sinais de caimbras!
Agradeço a companhia ao L-Glutamina e ao Salvador, ambos também justos de força, cada qual pelas suas razões, mas mesmo assim, cheguei em "bom estado de conservação", apenas nova sensação de caimbra em Montemor...
O pior de tudo é que havia programado ir correr imediatamente a seguir à bike e naquele estado tornou-se impossível...fica para a próxima.
Alguém sabe do Vidigueira?
Samuel/João, qual foi a vossa volta?
Fantasma, quem te viu e quem te vê, até a subir já segues os da frente. BRAVO!
Ricardo/Durão, aquele passo a subir para Sintra (na estrada dos carris)...é de outra galáxia...

1ab a todos e boas pedaladas,
ZT

Anónimo disse...

Companheiros
Efectivamente não me senti "muito" mal na volta de ontem!...Qualquer semelhança entre esta e a de finais de 2005 é pura coincidência!
Lembram-se? Eu também!...
Permitam-me aqui destacar, para além dos costumeiros Freitas e Ricardo, a espectacular tirada do Carlos e sobretudo do Daniel, bem como, reforçar o que já foi escrito, relativamente à excelente atitude do L-Glutamina (potente na 1ª subida para Sintra) em apoio ao meu substituto no "empeno" (ZT)!
Lembram-se?...Eu também!...
HEHEHE
Caro Miguel:
Registo a generosidade do teu comentário, mas só quem me viu a perder 100 em cerca de 200m(!!!)no topo de Belas, é que sabe como já vinha "justo" de forças...
Depois...foi cerrar os dentes, procurando não perder mais até ao alto de Montemor e tentar encostar o mais possível à frente na descida para Loures.
Ausência notada a do Pina...,a fazer um interregno para recuperação do treino específico em altitude com que se castigou pelo menos 3 vezes(!!!)durante a última semana!!!...
O homem anda POSSUÍDO...
AB a todos e até 4ª...

PS:
Caríssimos...Nuno Garcia/Casaínhos
Por onde andam V. Exas?...
A treinar nos Pirinéus?...
A fazer dieta de "carne" MUÇULMANA?...
A fingir que trabalham?...
Ou ainda...a expurgar a "acidez" da voltita a Évora?...
Digam qualquer coisita ou apareçam, pois assim dá ideia de que andam "fugidos" ou "com medo" do "castigo"!...
Vejam lá não se esqueçam de aliviar a carga e fazer períodos de recuperação...
HEHEHE
AB

Ricardo Costa disse...

Pois é, o meu empeno foi «à posteriori» da volta de Sintra, consequência de um estado de debilidade física - impedindo a recuperação das cargas dos treinos (aliás só provocou o acumular de fadiga) - que se arrastou desde meio da última semana.
Ontem, estava feito num caco. A acrescentar às dores de garganta que já me afectavam, juntou-se um mal-estar geral, com dores no corpo todo (principalmente nas pernas, rins e pescoço - porque seriam?!) e no final do dia chegou a febre.
Hoje acordei melhor, felizmente, mas a estreia da minha nova montada teve de ficar adiada para amanhã. Esperemos!

Anónimo disse...

terça-feira,4 de abril
equipa maravilha(louco imprevisivel,jackie durão)
deslocação(arrábida)
comentário(duas palavras)
muuuuiiiita doooooooor.
P.S -ao amigo ricardo desejo rápidas melhoras,precisamos do lider presente no domingo.
ABRÇ
DURÃO

Ricardo Costa disse...

Esta tarde, conforme combinado no último domingo, eu e o Fantasma trocámos os registos do Polar respeitantes à Clássica de Sintra 2. Material altamente confidencial, pois! No fundo, o que poderia ser apenas uma prova das diferenças entre os chamados «nacionais» - sendo ele um dos que estão em melhor forma -e os «internacionais», acabou também por revelar-se importante matéria para análise - que aliás já tive oportunidade de transmitir ao próprio via e-mail. Inclusive é uma base de estudo interessante e até de esclarecimento sobre alguns aspectos que ditam as diferenças no terreno. A continuar...

Anónimo disse...

Eles andam aí!
Treinos secretos na Arrábida!
Tanta dor e a certeza de que só os duros é que penetram!

Anónimo disse...

Casainhos said…
Caro Fantasma, em resposta ao teu comentário e mais precisamente a parte que me toca quero aqui dizer-te que estou nesta altura a procurar fazer um “trabalho” de base que deveria ter sido feito em Dez.05, mas que por diversas razões entre elas a falta de “apetite”, vamos ver se consigo dar continuidade a esse “trabalho”… só para não fazer a figura triste figura que fiz na voltita de Évora.
Caríssimos companheiros de “route”, quero aqui deixar a todos um grande abraço e boas pedaladas.

Anónimo disse...

fazer estas coisas a "corrida", assim deixo agora o meu comentário corrigido.
Caro Fantasma, em resposta ao teu comentário e mais precisamente a parte que me toca quero aqui dizer-te que estou nesta altura a procurar fazer um “trabalhito” de base que deveria ter sido feito em Dez.05, mas que por diversas razões entre elas a falta de “apetite”, não o foi! Só agora estou a ver se tenho “coragem” para o fazer… isto só para que da próxima vez não faça a “triste figura de Montemor-o-Novo” aquando da voltita de Évora.
Caríssimos companheiros de “route”, quero aqui deixar a todos um grande abraço e boas pedaladas.

Ricardo Costa disse...

Vocês acreditam na benção do baptismo? Se sim, a minha nova bike fez o crisma logo na primeira saída. E ainda teve direito à divina provação da ventania. Eu é que dispensava tanta fé...

Fico satisfeito por saber que o Casaínhos está a aplicar-se no treino. Mas discordo quando substima a sua prestação na volta de Évora, embora compreenda perfeitamente que quisesse (e pode!) ter estado muito melhor... em Montemor-o-Novo. Por isso, que tal apontar para Fátima?

A propósito da Super-Clássica de Fátima, aprazada para dia 23, ela faz parte importante do meu programa de preparação para os Lagos de Covadonga, depois para a Etapa do Tour - o grande objectivo da temporada.
Mais tarde, pouco antes dos Lagos (dia 20 Maio), a Clássica de Montejunto (dia 6) servirá de derradeiro ensaio à prova asturiana. Depois, irei estar 100% concentrado no Alpe D'Huez.

Ricardo Costa disse...

Caro Fantasma.

Não sei o que se passará para o e-mail'continuar a não chegar. Por isso, ainda não podemos trocar opiniões sobre os gráficos de Sintra. De qualquer modo, numa primeira análise, há diversos dados importantes a reter e que poderemos esclarecer melhor depois. Mas facilmente se verifica que as diferenças maiores se devem principalmente aos seguintes factores. 1º À diferença, em média, de 10/15 pulsações nas subidas, desde que sejam efectuadas acima das 155/160 bpm. 2º Diferença de capacidade de recuperação, que tem muito a ver com a acumulação de tempo em esforço máximo ou sub-máximo (ou seja, quanto mais tempo lá em cima, menos em baixo depois). Isso passou a ser notório após a subida de S. Pedro de Sintra, em que estiveste desde Loures quase sempre a 180. Muito alto, muito tempo.
3º Diferença de performance em esforço máximo (sub) em subida (embora o teu gráfico não forneça a velocidade), em que, como se pode ver, os regimes são quase idênticos ou inclusive o meu chega a ser superior em esforços terminais e curtos, como em S. Pedro de Sintra e na Várzea/Sintra (190 bpm) - o que também revela a minha maior capacidade em subida, embora não se podendo descurar tambem a diferença de idade.
3º A acrescentar ainda a substancial diferença de regimes entre o cabo da Roca e o início da subida para Sintra, que teve a ver com a forma desenfreada como atacaste a descida e o falso plano ascendente (foste quase sempre acima das 170, enquanto eu fui bastante baixo na descida e oscilei entre 140 e 155 na roda do Freitas entre Colares e o início da subida para Sintra. Depois, passei para 170 e nos últimos 300 metros para 190). O mesmo aconteceu na descida de Montemor para Loures, em que me cortei... e tu em voo picado.
De qualquer modo: a diferença de 14 pulsações em média no total da volta é, por si só, esclarecedora.

Um abraço e domingo lá estaremos... para mais aferições!

P.S. Já agora, alguém conhece os 23% do muro de Montelavar? Perguntem-me...