segunda-feira, fevereiro 19, 2007

Clássica de Runa: a crónica

Venham muitos domingos como este! Pelotão com cerca de 20 unidades, mescla de «habitués», regressados e novatos.
Primeiros quilómetros, em direcção a Alverca, a ritmo bastante repousado, mesmo a calhar aos que, como eu, na véspera tinham feito a longa e desgastante tirada a Santarém.
Rolou-se moderadamente de Loures a Alenquer, durante 32 km em terreno plano, exceptuando o achaque que o Daniel, ao seu estilo, deu à chegada à rotunda de Vialonga, ao qual apenas respondeu o Salvador, mas sem grandes ideias de irem mais além.
Assim, o «patrão» Freitas meteu o andamento, sem nunca forçar, imune a significativo desgaste devido à quase ausência de vento. Velocidade de cruzeiro ligeiramente acima dos 30 km/h, pulso baixo e rotação elevada a permitir limpar muito ácido ainda acumulado do esforço de sábado.
A partir de Alenquer, o descanso acabou. O Durão terminou o seu trabalho com a consciência do dever cumprido, e então outros «galos» cantaram. Não sem que antes tivesse havido uma curiosa retracção generalizada à passagem pelo primeiro topo à saída de Alenquer, que, por momentos, fez o pelotão quase parar.
Esse foi o mote para que eu passasse para a frente, e não tivesse grande dificuldade em meter o ponteiro acima dos 35 km/h devido à fraca resistência ao avanço. Mas pelos vistos não era andamento para invalidar escaramuças, sempre com o Daniel e o Salvador incluídos. Todavia, o pelotão, agora liderado em parceria pelo Nuno Garcia, Carlos do Barro e por mim, nunca permitiu grandes veleidades, percebendo-se rapidamente que até Merceana não haveria permissão para aventureiros.
As movimentações continuaram até à Carvoeira, em terreno propício para audazes, entre estes destacaram-se alguns estreantes, a darem provas de bom nível (assim é que os queremos!), mas tiveram sempre resposta à altura dos «nossos». Mesmo com avanços e recuos, o pelotão chegou compacto a Runa.
No entanto, o primeiro pitéu do dia estava prestes a chegar: a dura rampa à saída desta localidade. As «pedras» posicionaram-se no tabuleiro, mas a minha ideia era fazer alguma força, aumentando gradualmente o ritmo. Assim foi, sem meter-me no «vermelho», embora no alto tenha ficado surpreendido com tão escassa companhia.
Deixou-se, depois, deslizar encosta abaixo e à entrada de Dois Portos já estava quase todo o grupo de novo reunido. Contudo, os que ainda faltavam entrar perderam essa esperança com novo aumento de velocidade até ao cruzamento da Feliteira – desta vez, o Freitas e o Johny Santos a ver como tinham ficado as tropas depois de Runa.
A partir da Feliteira, o Garcia tomou as rédeas e liderou o pelotão a excelente ritmo até Pêro Negro, atingindo-se Sapataria com 29 km/h de média nesse sector que não é propriamente fácil. A subida de Sapataria reservava mais um «escaldão». O Johny abriu as hostilidades, mas ficou-se pelas intenções (ainda!), depois houve mais algumas tentativas ténues e às tantas decidi voltar a experimentar as forças; primeiro numa mudança brusca de velocidade (a «bater» no 36 km/h) e depois de uma pausa, então mais progressivamente até ao alto. Bom para mim e óptima resposta de um bom número dos demais.
Mas não se pense que se descansou. Não demorei mais de 20 segundos até retomar a marcha em direcção a Póvoa da Galega, onde, na descida, o pelotão se fraccionou, em grande parte pela acção do Freitas, que, a caminho de Vale de S. Gião se viu na (boa) companhia do Salvador e do Carlos. Atrás, eu, o Nuno e o Johny; e em posição intermédia, o ZT e os dois estreantes. Perseguição a 35 por hora, com excelente colaboração do Johny e do ZT, entretanto absorvido, que permitiu fechar o espaço mesmo à entrada para a subida final, para o alto de Montachique.
Aí, o Carlos não teve com cerimónias e destacou-se paulatinamente, sem, porém, ganhar avanço confortável. O Freitas liderava o trio perseguidor, que me incluía e ao Johny. Foi então que este se lançou no encalço do Carlos e no início da rampa final alcançava-o, deixando-o definitivamente para trás. Cerca de 60/70 metros mais atrás, o Freitas reagiu finalmente e meteu a talêga, lançando a sua derradeira cartada. À chegada ao alto, o Johny viu o esforço e confiança recompensados; o Freitas, em excelente «forcing» deixou-me para trás nos metros finais, ainda ultrapassando o Carlos, a quem eu me juntei. Um final em beleza!

Notas de observador

Quero render a minha homenagem ao desempenho e enorme espírito de luta de alguns camaradas. Em primeiro lugar, e em especial, ao João «Johny» Santos, pela magnífica exibição em Runa, Sapataria e, acima de tudo, em Montachique. Espero sinceramente que retires os ensinamentos devidos.

Em segundo lugar, ao Carlos, que confirmou estar no caminho certo para alcançar os seus objectivos. Para ele, os quilómetros finais também terão sido uma proveitosa indicação.

Em terceiro lugar para o ZT. Que grande ponta final «papá»! (e não me refiro só a Montachique). Obrigado pela ajuda na perseguição até ao Vale de S. Gião e uma vénia à coragem de teres enfrentado de peito aberto a subida final, apesar do choque por desconheceres que era por aí o percurso. Espero que te tenhas apercebido como e principalmente quando chegaste lá acima. Se precisares de esclarecimento, não hesites!

Em contraponto, o Salvador «senhor 15.000 km» estaria no mesmo patamar do ZT, não tivesse ficado desmotivado também ao aperceber-se que a tirada terminava com a subida de Montachique, dando a volta ao cavalo. Logo ele, que na altura estava no trio da frente e mostrara-se sempre muito activo, ao seu estilo, durante toda a volta.

Para o Freitas e o Nuno Garcia, como incentivo ao esforço de preparação para os elevadíssimos compromissos da temporada, e pelo enorme nível como desportistas, fair-play incluído.

E uma última ressalva para o poderoso Fantasma, um dos massacrados de Santarém, que aparentemente não mostrou mazelas de «segundo dia» graves que o tivessem retraído, o que se só comprova que está a caminho da boa forma. Aliás, espero que tenha sido sério o seu ar zangado quando se cruzou connosco no Tojal, queixando-se de ter sido enganado por não ter subido Montachique, também ele por desconhecimento do percurso. A confirmar-se, fica o consolo de ter lutado durante toda a etapa com fantástica abnegação.

3 comentários:

Anónimo disse...

Boas pessoal.
Queria agradecer ao Ricardo pela a homenagem prestada no blog e ao nosso grande amigo Durão pela as dicas de treino.
Treinos esse que me tem corrido bem e por isso deve o acrescimo de forma obrigado.

Jony(Pirata).

Ricardo Costa disse...

Boa tarde, camaradas! Para que não restem dúvidas (que eu prórpio suscitei ao analisar erradamente o calendário), a volta de amanhã, terça-feira, é a seguinte:

Loures-Tojal-Bucelas-FOrte de Alqueidão-Sobral-Freiria-Merceana-Alenquer-Carregado-Cadafais-Arruda-A-do-Barriga-Alverca-Sacavém-Apelação-Loures

Oxalá o tempo ajude!

Anónimo disse...

Pois é, está-se a andar mt...e bem!!! Ainda bem!
Pela minha parte nem eu sei como é q foi possível a prestação na volta de Domingo...!!!
Os meus treinos (q actualmente são as voltas de Domingo), n permitem qq comparação c a maioria dos elementos do Grupo PinaBike mas ainda assim consigo (às vezes...)marcar presença em alguns pontos das tiradas...é de facto c surpresa q vivo estas "emoções"!!!
"Cádê" a crónica de 3ª???
Já há volta p Domingo?

1ab e boas pedaladas,
ZT