A volta da Abrigada cumpriu os objectivos que se poderia propor a último teste antes da Clássica da Serra da Estrela, no próximo sábado. Para muitos que tiveram nela a avaliação ao estado de forma ou o derradeiro apuro antes da jornada serrana, parece ter servido perfeitamente. Houve momentos de intensidade que permitiram aferir as respostas do físico às solicitações que, com certeza, serão muitas e bastante exigentes na alta montanha.
A primeira metade do percurso decorreu a ritmo vivo, ainda que moderado e sem grandes oscilações. Devemo-lo, principalmente, à acção do Freitas, cuja presença foi assídua na dianteira do pelotão. Em longa fase plana, rolou-se quase sempre em redor dos 35 km/h, não permitindo, assim, distância suficiente a que a dupla Capitão e João do Brinco, em fuga desde muito cedo (a seguir ao Tojal), pudesse durar. Pouco depois da Castanheira do Ribatejo seria anulada.
Agora, em pelotão compacto, fez-se a ligação a Alenquer, onde o topo da variante serviu, como é habitual, para ter acelerar o pulso. Entrava-se num sector em que a planície dava lugar a terreno mais acidentado, uma espécie de parte-pernas.
A partir da Ota passei para a frente do pelotão, em parceria com o Bruno (Carb Boom), partilhando a condução do grande grupo até à Labrugueira, a bom ritmo (32 km/h de média neste sector). Esta exposição ao desgaste permitiu-me aferir atéque ponto estaria recuperado da virose que me adoentou no início da semana. O veredicto foi dúbio: recuperado, sim, mas ainda debilitado.
Por isso, quando se deu a renovação à frente do pelotão, com a entrada ao serviço do Jorge e do Carlos Cunha na aproximação à subida da Atalaia, senti-me com os depósitos meio vazios. A prova foi que, logo à saída da Aldeia Galega, no início da longa ascensão para o Sobral, as movimentações entre os mais fortes (e até aí resguardados...) deixaram a descoberto a minha incapacidade para os seguir. Pois, a perda de alguns metros numa aceleração inicial revelou-se irrecuperável.
Foi o Jorge que deu o mote (o Contador de Alverca está em forma e «apontada» à serra!), mas o Bruno deu-lhe seguimento, fraccionando totalmente o pelotão que se transformou rapidamente em pequenos grupos com andamentos descompassados.
Na frente ficaram cerca de 6/7 elementos depois de se terem «perdido» alguns, vergados ao ritmo de respeito. Na perseguição, reuniu-se um trio em que me incluía, com o Renato Hernandez (saudado regresso!) e o Alex, e que cedo percebeu que a recolagem ao grupo da dianteira seria tarefa homérica, apesar do enorme esforço partilhado – que valeu bem a pena! Impressionou-me o Hernandez, que a cumprir uma fase de regresso às lides, ainda longe da capacidade que lhe reconhecemos, mostrou que a força e a fibra são-lhe inatas. Merece elogio também o Alex, pelo esforço que fez, sem desistir nunca, para se manter no duo, numa prova que é dos tais com espírito de sacrifício.
Depois do reagrupamento no Sobral, a subida para o Alqueidão teve os mesmos protagonistas e voltou a demonstrar a lei dos mais fortes. Entre estes, desta vez, houve diferenças. O Contador de Alverca deu novamente largas ao invejável momento de forma que atravessa e na fase final da subida meteu um passo sério que apenas o (nosso!) conterrâneo Carlos Cunha conseguiu acompanhar.
Por fim, a descida para Bucelas, como sempre convidativa a cavalgadas. Desta vez, começou a meio gás, mas acabou em grande estilo com sprint lançado para mano-a-mano entre o Freitas e o... surpreendente Cunha. Não se fez a média louca de há uma semana (50 km/h), mas não faltou velocidade e adrenalina. Sempre nos limites da segurança e do desportivismo.
Entrámos na semana final da contagem decrescente para a Clássica da Serra da Estrela, a realizar no próximo sábado, na Covilhã (8h00). Está tudo a postos e a máquina está em marcha... imparável.
À atenção de todos os que preparam a sua participação, resta privilegiar a recuperação através de um equilíbrio entre actividade e descanso, e que cada um se consciencialize do desafio enorme e engrandecedor que tem pela frente, e principalmente do seu elevado nível de exigência. Que ninguém duvide: esta primeira Clássica da Serra tem um traçado de eleição – que pouco ou nada fica a dever às grandes «marchas internacionais». Vamos, acima de tudo, desfrutar!
Todos os pormenores sobre o evento em: www.classicaserradaestrela.blogspot.com
4 comentários:
Caros amigos é com enorme tristeza que não vou poder acompanhar nessa etapa de elevada dureza .
So me resta saudar uma óptima subida a todos
Alex
Mais uma vez um relato extraordinário.
Termos como "Depósitos meios vazios (...)"; "(...)tarefa homérica(...)" digna de um verdadeiro redactor.
Esta volta da Abrigada digna de um passeio extraordinário com a devida movimentação do grupo “Protour”, ehhh com o devido reagrupamento, bonito.
Tenho imensa pena de dificilmente poder ir à Torre, aliás a juntar um passeio da CANYON em Castelo Branco (encontro nacional) dia 05 (domingo) e nem um nem outro tenho disponibilidade.
Preparação do evento Serra de Estrela muito bom, parabéns Ricardo pela metodologia adoptada, no entanto não esquecer ao reagruparem no Alto da Torre -- ver temperatura (isto é irão arrefecer???) – Se eu estivesse presente se calhar chegava 1 hora depois dos “Protour”,ehh; Nada de desmoralizar para os gruppetos penso que montanha é psicológica é colocar 27 e 25 e subir nas calmas, ponto.
Outras interrogações, deverão levar que vestuário? Sempre manga curta? Mesma para descer? Não faço a mínima ideia.
Face à impossibilidade de estar presente qual a volta na zona para o dia 05Set?
Boa volta e correcção na condução nada de velocidades excessivas a subir, ehh!
Pedro Fernandes (Carregado)
Caros amigos Pina Bikes mais uma vez, e pela segunda, irei ter o prazer de desfrutar em mais uma clássica na vossa companhia. Estarei na Serra da Estrela para na vossa companhia e também na do grupo em que me insiro (Duros do Pedal)contemplar aquelas belas paisagens, e também de usufruir de um belo empeno...
Ábraço a todos e até Sábado.
Pedro Bike.
Boa sorte para a Serra, é com mta pena que não poderei estar presente.
Luís Delgado
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