domingo, outubro 23, 2005

Sempre a rolar...

Depois de uma semana sem tocar na bicicleta, de um princípio de gripe que deixou uma tosse de agoniar, não foi com muito entusiasmo que encarei a volta domingueira. Como o auge da forma já lá vai e mesmo tratando-se de um percurso plano – apesar de muitas vezes ser onde se fazem as tiradas mais duras – pela lezíria ribatejana receava que o rescaldo fosse ainda pior do que o da semana passada: um valente empeno!
No entanto, estive quase sempre bem protegido no meio do pelotão, e por isso as coisas correram melhor do que estava à espera. Aliás, estou cada vez mais convicto que quando opto por uma abordagem, digamos mais conservadora, as tiradas decorrem quase sempre sem grande agitação, quase ninguém «arrisca» suficientemente forte e assim o desgaste é bastante menor.
A provar a boa forma da maioria dos elementos do grupo, rolou-se a boa velocidade (o terreno ajudava) praticamente desde os primeiros quilómetros. Neste trabalho, destacaram-se o Freitas e o Miguel, dois homens com muitos quilómetros e uma temporada que já vai longa, mas sempre muito fortes e disponíveis. Depois, o Farinha, que esteve muito activo, a demonstrar crescendo de forma. Foi dele, a primeira escapada, na longa recta do Porto Alto, mas o Miguel, muito empertigado, não demorou a acabar com a aventura em solitário.
Absorvido o fugitivo, até Benavente o pelotão rolou mais suavemente, com vários elementos a passarem pela frente, entre eles o João e o Pedro… e o João Pedro. A calmaria durou até passarmos o troço da estrada municipal (na lezíria) em que o piso está em mau estado. Então, o inconformado Farinha voltou a acelerar um pouco e levou na roda o Zé-Tó. Todavia, a fuga foi breve. A resposta quase imediata do Freitas quebrou a ordem no pelotão, gorando mais uma vez as intenções dos fugitivos.
A partir de então, a corrida estava lançada e não se voltou a andar devagar. O Carlos começou a «tirar» a 40 km/h fez as despesas durante mais de 5 km, até muito perto do cruzamento da Estalagem do Gado Bravo.
Com a aproximação da ponte de Vila Franca, o único ponto em que relevo poderia fazer alguma selecção, as principais figuras procuraram posicionar-se à cabeça, onde agora era o João Pedro a impor o ritmo. Logo no início da rampa, o Carlos acelerou e abriu três ou quatro metros, mas o Miguel fechou muito bem o espaço e ainda forçou o ritmo, abrindo depois para o Freitas. Este ganhou ligeira vantagem, mas os perseguidores não desarmaram. Eu estava com algumas reservas e fechei o espaço, passando no topo à frente. Na minha roda, vinham o Freitas, o Carlos, o João e o Luís — que me chegou a passar no início da descida. Os restantes ficaram cortados. O quinteto chegou a Vila Franca ligeiramente destacado – mas… sem sprintar!
Em jeito de balanço, destaco a excelente forma em que se encontram o Carlos e o João – embora o primeiro não estivesse no seu terreno de eleição: a montanha. Creio que, actualmente, deverá ser dos mais fortes a subir. Resta aguardar por uma oportunidade para retirar as dúvidas!

2 comentários:

Ricardo Costa disse...

Estou totalmente solidário, Miguel. A verdade é que após uma longa época, quase sempre em alto nível, o abaixamento de forma é perfeitamente natural e aconselhável! De qualquer modo, como bem referiste, existe a possibilidade de aferir o nosso estado de forma nas voltas domingueiras (que actualmente são exigentes devido ao apuro de vários elementos), servindo, assim, de bom indicador verificar que ainda temos força suficiente para as cumprir sem grande dificuldade. Mas creio que fazer mais do que isso é... demasiado - e pouco recomendável nesta altura...
Embora estando na massa do nosso sangue, está na altura de deixar que os outros façam a «corrida». E vejo por aí tantos com força para gastar! Não concordas?

Anónimo disse...

Realmente, depois de ler este último "BALANÇO" de época, compreendo melhor a diferença (já pouco perceptível...) dos "profissionais" para os outros!
São só cerca de 8.000 a 10.000 Km de estrada a menos...!
Sugiro, se me permitem, e depois de ler o pré aviso de "retirada" dos elementos em melhores condições, que deixem de aparecer, pois daqui em diante vai ser sempre a "levar no corpinho"!!!...
Se pensam que com essa conversa do descanso, final de época, etc... evitam as "esfregas" domingueiras, estão enganados...
Um "profissional" tem sempre uma imagem a defender, e esta, neste caso, só se defende com SUOR!!!
Até domingo...
FANTASMA