segunda-feira, maio 29, 2006

Sobral da Abelheira: Escaldante!

No rescaldo de uma semana inteira no estaleiro, a níveis físicos rasteiríssimos, a volta deste domingo estava a mesmo a prometer uma valente tareia. O percurso acidentado e o pelotão em grande forma deixavam antever que não poderia contar com especial clemência. Além de a Clássica do Sobral da Abelheira ser um agitado carrossel, com algumas subidas bem duras, a fase de grande apuro físico dos «internacionais» apontando para as grandes provas do ano – mas não só, os «nacionais» mostraram que também estão «finos» – eram duas certezas de que o andamento seria forte. Restava-me, então, decidir se tentaria segui-lo nos momentos de maior ímpeto ou se deveria optar por uma toada mais moderada, e aconselhável. Optei pela primeira, mais para ver até que ponto chegaram os estragos da maleita. Conclusão rápida: fizeram e bem! Bastaram poucos quilómetros e os primeiros apertões para ver que a coisa estava mazinha. E o calor infernal que se fez sentir aumentou ainda mais a dificuldade do teste.
Logo à saída de Bucelas, na subida da Chamboeira, a coisa começou a aquecer. Ainda com os Lagos a fervilharem nas pernas, o Freitas, que está a capitalizar o seu momento de grande forma, teve a primeira das suas inúmeras iniciativas para acicatar os ânimos no pelotão. Não satisfeito, repetiu na subida do Milharado… e depois em Pêro Negro, só descansando a seguir ao cruzamento de S. Sebastião. Por pouco tempo…
A partir do Livramento, foi o Nuno que tomou as rédeas. E não olhou a meios. Meteu andamento em todos os topos e aos poucos desfez o grupo, ao ponto que, logo nas primeiras rampas da dura subida do Sobral da Abelheira (1,5 km a 9%), só restavam os «internacionais». Aqui sentiu-se bastante o calor. Faziam sufocantes 36 graus. Terrível! O andamento foi bom (6 minutos a 178 bpm) – embora inferior a uma passagem que fiz em treino em meados de Março (5.48 m a 182 bpm) e ficou a compensação de ter correspondido satisfatoriamente, tendo em conta as minhas condições.
Os últimos 600 metros ainda em subida, até à Barreiralva, já se fizeram em ritmo de recuperação, e depois até à neutralização na Murgueira, onde uma aguadeira septuagenária teve a amabilidade de nos matar a sede…
De novo na estrada, rumo a Mafra e à complicada subida da Carapinheira, felizmente feita a ritmo de passeio. Todavia, o Freitas tinha reservado a cartada final na ligação Alcaínça-Malveira: lançou-se na descida, mas teve resposta muito atenta do Nuno e do Fantasma. Para mim, então, tinha chegado a hora da decisão: tentar ir ou ficar… definitivamente. A resposta tinha de ser rápida! Obviamente, optei pela primeira. A descida velocíssima de Alcaínça fez desde logo a selecção: quem se contivesse dificilmente conseguiria reentrar.
Entretanto, o Nuno/Fantasma apanham o Freitas no pequeno topo à saída desta localidade e este olhou para trás para ver quem mais é que viria. E eu – ainda a cerca de 150 metros – pensei que teria de fechar rapidamente o espaço antes do trio começasse unir esforços. O Carlos, o único que seguia comigo na perseguição (penso que o restantes, entre eles o Miguel e o Steven, ficaram surpreendidos com as movimentações e perderam o «timing»), percebeu exactamente o mesmo. Por isso, forcei e a recolagem foi bem conseguida, mas o meu companheiro deixou-se… ficar. Ainda mal refeito do esforço, junto-me ao trio e ouço o Nuno dirigir algumas palavras para o Freitas (que me pareceu, qualquer coisa como: «vamos passar à vez»). Mau, mau! O Garcia tomou o comando e o Fantasma tirou imediatamente o bilhete. E eu passei imediatamente para a ponta do elástico – que esteve teve mesmo a partir-se junto ao cruzamento da Abrunheira (ainda com o Nuno à frente) e depois à chegada à Malveira (já com o Freitas a trabalhar, na rampa do cemitério). Foram 2,5 km muito intensos (sempre acima das 175 bpm com «pico» às 185 bpm), a uma média de 30,5 km/h em subida! Estes dois homens estão muito fortes, por isso, nestas condições, ter resistido até ao fim foi muito positivo para mim.
O pior foi o resto da viagem até Alverca, «desgraçado» e sob um calor tórrido. Fui com o peso dos sapatos nas rectas e do corpo nas descidas. E fiz o Cabeço da Rosa em contagem decrescente… Ah, depois de parar para abastecer em Bucelas, à chegada a Vila de Rei, até o Salvador me alcançou – ele que vinha ficado para trás algures… perto de Mafra!
Pode ter havido um facto positivo com esta paragem forçada: a regeneração muscular após um período de fadiga que culminou nos Lagos. O objectivo é recuperar a forma e apurá-la… até 10 de Julho.

Na próxima semana, a volta que está prevista é a seguinte: Loures-Pinheiro de Loures-Lousa-Venda do Pinheiro-Malveira-Vila Franca do Rosário-Enxara do Bispo-Pero Negro-Sapataria-Póvoa da Galega-Vale S. Gião-Casais da Serra-Tesoureira-Arranhó-Forte de Alqueidão-Sobral-Arruda-Cadafais-Carregado-Vila Franca-Alverca-Tojal-Loures (aprox. 110 km)

Além disso, devido ao aumento da temperatura, a concentração nas bombas passou para 8h15, para sair às 8h30.

12 comentários:

Anónimo disse...

Olá aos + de 8700 visitantes deste blog (Ricardo, por curiosidade, podias fazer 1 estatística anual p se perceber o interesse q este Grupo passou a despertar!).
Basta 1 leitura à tua crónica p perceber o "calor" da volta de Domingo e p os q andam lá atrás (como eu!) também dava p perceber q seguias com alguma falta de “disponibilidade física” e sob mt sacríficio, mas sem virar a cara à luta!
Verdade seja dita, o nível do Grupo n dá espaço p ausência de treinos senão...nem dá p seguir a roda...veja-se o meu Pai que ía no Grupo em Bucelas e de repente a acelaração em subida fê-lo perder minutos até ao cruzamento da P.Galega, assim como ao Morales que parece estar a treinar...
Destaco o bom momento do Nuno que durante algum tempo meteu o passo que distingue os Internacionais dos Nacionais.
Também me impressiona o Mestre Abel conseguir aguentar certos ritmos durante tanto tempo! Rijo!
O Farinha tb esteve mt bem, sp na frente como é hábito e costume (excepto onde todos deixaram de estar...!).
Para mim a volta n teve o mesmo significado de dureza pq além de ter ído ao encontro do Grupo no cruzamento p P.Galega (onde apareceu o Durão fugido e num passo q dificilmente alguém se chegava a ele!!!), no regresso fiquei em Alcainça e “roubei” alguns Kms!
Mas ainda estava p vir a “sobremesa”...
Mudança de equipamento e pouco depois estava novamente na estrada a caminho da Ericeira, desta vez a correr.
Para quem tem noções de tempo em corrida aqui fica o registo: após os 60 e poucos Kms de bike, fiz pouco + de 13Km em 1:15’(imaginem!!!).
Fui a todas as bombas de gasolina buscar água, molhar-me, a alguns cafés e até em frente a sistemas de rega de relva estive a arrefecer...além de comprar laranjas/bananas na berma da estrada...senão...n dava p chegar!
A sensação foi +/- igual à da subida de Sobral da Abelheira...só que durante + de 1 hora...enfim...doidices!

1ab e boas pedaladas,
ZT

Ricardo Costa disse...

De facto, o número de visitantes é elevado e cresce a uma média superior aos meus kms de bicicleta. Por isso, o que a meio do ano chegou a ser uma espécie de desafio, já deixou de ser. E ainda bem!
No entanto, infelizmente, actualmente a «procura» está muito acima da «oferta», pois alguns «habitués» nos comentários tornaram-se menos ou pura e simplesmente deixaram de os fazer. É pena, porque este espaço já teve muito mais animação e interesse, mesmo quando se usava e abusava das picardias.
A ti, ZT, e aos demais cuja presença regular tem ajudado a «alimentar» este blog, rendo sicera homenagem.

Em relação à volta de domingo, definiste bem algumas das suas condicionantes. Por exemplo, as correctas referências «ao passo [que o Nuno às tantas meteu] que distingue os Internacionais dos Nacionais».
E quanto descreveste o momento em que encontras o Durão isolado, «num passo q dificilmente alguém se chegava a ele!!!)». Muito bem analisado, principalmente para quem só naquela altura entrava, digamos, na prova.
Em relação a ti, e mais em geral aos «Nacionais», apraz-me registar a vossa boa forma - tu pareces-me mais magro, será verdade? O Steven e o Fantasma também estão muito bem, e o Carlos ao nível que já nos tem habituado - uns furos acima da média «nacional».
O vosso nível de resposta às exigências domingueiras é muito positivo e demonstra boa evolução, tanto mais, que, como já referi, esta é uma altura da época em que é desaconselhável tentar seguir «determinados» andamentos.

O meu treino matinal de hoje foi (obviamente) dorido e ligeiro (55 km). Esta semana vai ser exclusivamente de recuperação activa, está mesmo a ver-se...

Anónimo disse...

Aqui vai mais um comentário, para ajudar a “alimentar” o sítio!
Primeiro que tudo, parabéns a quem enfrentou as agruras de La Huesera, nos Lagos. Quando não estiverem tão “fraquinhos” e resolverem enfrentar “coisas” a sério, acompanho-vos numa ida ao Anglirú… Essa já dá alguma luta…

Estive, vai, não vai, para vos acompanhar no domingo! Quero dar a oportunidade de “vingança” que merecem as criaturas fantasmagóricas e outras de semelhante “fraqueza” (urânio incluído…)… Mas, o “monte”, gritou mais alto…
Talvez para a semana … enquanto a “coisa” for “fria”…

Anónimo disse...

Pois é, infelizmente alguns passaram p “mirones” mas com o aumento da temperatura penso q tb aqui as coisas vão aquecer!
Ricardo, sp perspicaz...sim, tou + leve. Agora c 71Kg. É isso q me está a ajudar em certos “choques domingueiros”. O Grupo tá mt forte e embora eu corra e nade, apenas tenho 1.700Km este ano e como tal...n há heróis, ou seja, sofro mt p lá andar. Estando 1 pouco + leve e com a embalagem de andar desde 1993 lá vou disfarçando e no Domingo só fiquei a cerca de 30m. do Carlos que para os Nacionais é sp a referência...“visto lá de trás”! Penso q até tinha condições p fazer melhor não fosse o andamento do Nuno q me fez entrar na subida ainda integrado mas a “170 e muitos”, aliado ao facto de n conhecer a dita, o q “atrapalhou” as contas dos batimentos e o rendimento n foi o + brilhante. Só faltou a presença de alguns dos habitués p aferir melhor a performance...

Pintainho, aparece...”aqui” e na “estrada”, como sabes és sp bem vindo.

Boas pedaladas,
ZT

Ricardo Costa disse...

Tudo bem Pintainho. A tua presença seria sempre interessante, acredita. Estava já a ver alguns desses «fraquinhos» que levas para o castigo dos montes a afiar as lâminas...
A sério, aparece! Há momentos das nossas voltas muito interessantes do ponto de vista do ciclismo. E o percurso do próximo domingo, embora distante de satisfazer as tuas características de trepador, parece ser bastante equilibrado. Tens de tudo...

Anónimo disse...

olá amizades,
aquilo no domingo foi um pouquinho mais animado do que estava programado, mas uma vez não são vezes eh,eh,eh,...
agora mais seriamente penso que o que estragou mais o pessoal foi a temperatura excessiva que se fazia sentir(alguns dão-se melhor com o calor).
acerca da volta do próximo domingo acho que está muito equilibrada,é como se costuma dizer, agrada a gregos e a troianos,mas é bom lembrar que desde o inicio até ao alto da freixeira o grupo deve adoptar um andamento especialmente moderado sob pena de se assim não acontecer acabar-se (a gasolina)antes do fim da volta.
vamos lá a ver se é desta que o nosso amigo da roda grossa aparece, pode até ser que se habitue e comece a ser um participante mais assiduo no nosso grupo. domingo lá estaremos MAIS CEDO NÃO SE ESQUEÇAM e de preferencia com menos calor.
UM ABRAÇO
DURÃO

Anónimo disse...

Ola pessoal, ja la vão alguns domingo que estou privado da vossa companhia, mas acho que e desta é que vou, ate porque ouvi dizer que um tal de galo pequeno vai começar a andar de bicicleta na conpanhia dos duros.
E como não tenho treinado talvez assim tenha companhia do tal galinacio.(Desde que não me pegue qualquer epidemia)


Daniel

" Na ausencia do Homem do Talho"

Anónimo disse...

Essas amostras de ave ... PIAM PIAM PIAM ... PIAM PIAM PIAM ... mas n os vejo a "BICAR" nada!...

Quanto à volta de domingo...gostei principalmente do momento em que em plena subida no Livramento, quando me preparava para arrasar a concorrência com um ataque avassalador, eis que ... me saltou a corrente!
Foi a vossa sorte...

Domingo lá estarei à espera desse "PARDALITO" que na certa vai ficar a piar fininho...

HEHEHE

AB

Ricardo Costa disse...

Atenção pessoal!

Ligeiríssima correcção na distância da volta do próximo domingo. Assim, são cerca de 120 km e não 110 km como tinha referido na apresentação do percurso. Nada de relevante, como se vê...
Todavia, as recomendações do Durão em relação ao andamento inicial são totalmente correctas (cumpri-las é que são elas!!). As maiores dificuldades estão concentradas precisamente na primeira metade do percurso (60/65 km), até ao Forte do Alqueidão (Sobral).
Por isso, antes, todas as reservas serão poucas. Aliás, tenho mesmo alguma curiosidade em ver o que passará no cruzamento da Tesoureira, ponto em que poderá ser grande a «tentação» atalhar para Bucelas. Ou numa perspectiva menos «mariquinhas», o mesmo se poderá passar no Forte do Alqueidão... ou na Arruda.
Depois sim, quem tiver forças pode meter o comboio a andar a todo o vapor...

Estou a brincar, pois pelo «andar da carruagem» eu próprio serei um dos candidatos a encurtar caminho para casa.

Ricardo Costa disse...

Atenção pessoal!

Ligeiríssima correcção na distância da volta do próximo domingo. Assim, são cerca de 120 km e não 110 km como tinha referido na apresentação do percurso. Nada de relevante, como se vê...
Todavia, as recomendações do Durão em relação ao andamento inicial são totalmente correctas (cumpri-las é que são elas!!). As maiores dificuldades estão concentradas precisamente na primeira metade do percurso (60/65 km), até ao Forte do Alqueidão (Sobral).
Por isso, antes, todas as reservas serão poucas. Aliás, tenho mesmo alguma curiosidade em ver o que passará no cruzamento da Tesoureira, ponto em que poderá ser grande a «tentação» atalhar para Bucelas. Ou numa perspectiva menos «mariquinhas», o mesmo se poderá passar no Forte do Alqueidão... ou na Arruda.
Depois sim, quem tiver forças pode meter o comboio a andar a todo o vapor...

Estou a brincar, pois pelo «andar da carruagem» eu próprio serei um dos candidatos a encurtar caminho para casa.

Ricardo Costa disse...

Ligeríssima alteração na distância da volta do próximo domingo. Assim, serão cerca de 120 km em vez dos 110 que tinha anunciado. A estimativa foi feita por baixo. Mas a diferença é pouco relevante, como se vê...

De qualquer modo, as recomendações do Durão em relação à moderação do andamento nos quilómetros iniciais são correctas. As maiores dificuldades estão na primeira metade do percurso (60/65 km), até ao Forte do Alqueidão (Sobral) e quaisquer exageros cometidos até lá podem pagar-se caros na segunda fase da etapa; esta sim, bastante menos acidentada, ou mesmo plana, mas ainda longa...
De resto, se o «calor» apertar no sobe e desce inicial, fico com curiosidade à espera para ver o que poderá acontecer no cruzamento da Tesoureira para Arranhó, onde a tentação de atalhar para Bucelas/Loures poderá ser grande para os que já aí vierem mais pendurados. Ou então, para os que não quiserem ser tão mariquinhas, a ideia poderá voltar a impor-se alguns quilómetros mais acima, no Alto do Alqueidão ou então em Arruda... A ver.

Brinco, pois pelo andar da carruagem eu próprio poderei ser um dos candidatos a ir para o duche mais cedo...

Ricardo Costa disse...

Epá, desculpem lá os comentários repetidos. Tratou-se de um erro, e não de alguma suposta tentativa desesperada de aumentar o afluxo médio semanal