segunda-feira, maio 07, 2007

Alta intensidade - a repetir!

Quem diria que apenas uma semana depois de Fátima, de regresso às voltas domingueiras, num percurso pouco selectivo, se repetiriam as altas intensidades dos últimos quilómetros da muitíssimo bem disputada Super-Clássica do último fim-de-semana?! Contra todas as expectativas (pelo menos as minhas, que, pela madrugada, cumpri o aquecimento habitual, desta vez ligeiramente mais intenso para acumular o maior número de quilómetros possível: 30 km antes do arranque oficial, para um total de 145 km), a tirada, que tinha na subida para o Forte de Alqueidão e S. Domingos de Carmões os únicos «pontos quentes», ainda antes de arrancar já tinha cariz especial. À saída de Loures, a expressão do Freitas, que já sabia da participação de três reconhecidos Veteranos – Paulo Pais, Luís Runa e Rui Rodrigues – dava o mote: «Isto hoje vai ser um bocadinho... complicado!» E foi... Mas também foi bastante divertido e permitiu nova oportunidade, sempre enriquecedora, dos nossos se «misturarem» com o pessoal forte da competição, muito mais rodado. O resultado, creio, superou as perspectivas mais optimistas. Para todos!

Os momentos altos

A subida para o Sobral, tal como em dia normal, não poderia passar sem escaramuça. O Runa espicaçou uma e outra vez a toada moderada com que se pedalava à passagem por Arranho, levando o Rui Rodrigues a tomar definitivamente as rédeas do pelotão, imprimindo um andamento rijo que obrigou o pelotão (ou o que dele restava...) a cerrar fileiras na sua roda. Grande trabalho, contra o vento!
Assim durou até ao ligeiro «descanso» do cruzamento de A-dos-Arcos, mas chegara a hora de tomar o pulso ao grupo restrito (Rui, Paulo, Runa, Freitas, Jony e ainda o «nosso» Carlos). Saí de trás, em força, e no final da subida só o Freitas e o Jony não se deixaram surpreender. Todavia, creio que lhes faltou dar continuidade... até às casas. Talvez seja a força do hábito!
Reunido o grupo, no Sobral, descemos rapidamente para Dois Portos, e à entrada da estrada da Boligueira o Freitas, ligeiramente adiantado, tenta surpreender, mas o Rui Rodrigues tinha outras ideias e não lhe permitiu grande liberdade. Ideias bem claras, por sinal. Desde logo, imprimiu um ritmo altíssimo, a roçar os 40 km/h, obrigando mais uma vez o pelotão a esticar-se. Até ao início da subida de Carmões (1,7 km a 4,6% de inclinação média) não largou o comando, esclarecendo, logo aí, sobre o seu enorme potencial. O possante ciclista do Viveiros de S. Lourenço ainda fez os primeiros metros da subida, mas o seu fantástico trabalho terminou aí, tendo sido rendido pelo Paulo Pais, em grande estilo, a meter-me imediatamente no «red line». Mas por desconhecimento da subida (conforme afirmou no final), cometeu um erro de cálculo, transcendeu os limites e pagou a factura.
Nessa altura, o Freitas tomou a iniciativa e parecia não querer deixar cair o andamento. Porém, àquela velocidade a tarefa não era fácil e também ele perdeu chama. Olhei de relance para o Polar, que marcava 180. Com as pernas boas, ainda tinha uma reserva entre 8 a 10 pulsações a explorar, que, claro está, em esforço continuado, não poderá exceder 20-30 segundos, mas embora parecendo curta e pouco significativa pode fazer toda a diferença. Restava-me, então, aproveitar a embalagem, e numa aceleração muito semelhante à do Forte do Alqueidão, saí vigorosamente para os últimos 300/400 metros. Desta vez, a reacção dos outros foi mais tardia e só através do Luís Runa, que acabou por fechar o espaço. Para aquele momento de ciclismo, uma só palavra: extraordinário!
Daí para frente o terreno tornou-se muito menos acidentado e não se perspectivava que o ritmo abrandasse. De Merceana a Alenquer raramente se baixou os 40 km/h e na ligação Carregado-Vila Franca apenas uma diferença: acabou em sprint fortíssimo, em que o Jony, superiormente lançado pelo Freitas, demonstrou que as suas capacidades de velocista vão muito além do âmbito do grupo Pina Bike. Porém, não sem que eu – pouco dado a estes finais abrasadores – a partir de Castanheira tenha tentado rentabilizar ao máximo o meu modesto 50x12, ensaiando um par de acelerações à frente do pelotão, sem êxito. De resto, quanto ao sprint, deu apenas para constatar, à distância, que no limiar dos 60 km/h não há bonés que resistam na cabeça! Neste caso, na do Rui Rodrigues.

Classe!

Já agora, aproveito para fazer o reconhecimento cabal, à dimensão de humilde ciclómano, do desempenho do Rui Rodrigues, que, demonstrou – como se disso necessitasse! – o seu enorme potencial, que lhe permitiu consagrar-se a nível europeu. Todos os nossos três convivas deixaram bem vincadas que são atletas muito bem treinados (o Paulinho sabe como causar desgastes e é um camaradão; e o Runa é osso duro de roer), mas permitam-me destacar a exibição do Rui, a transbordar de classe. Impressionante a força como conduziu o pelotão para o Alqueidão e, acima de tudo, na ligação de Dois Portos à subida de Carmões. Poderoso, duradouro e 100% disponível: daquele tipo que eu mais aprecio! Uma referência para quem quer progredir.

Os nossos, em grande!

Mas os elogios são extensíveis e com inteira justiça, à prestação dos elementos do nosso grupo, nomeadamente os que tiveram (porque não coragem!) de cumprir o percurso na íntegra. Foram eles, o Fantasma (companheiro, talvez um dia quando perderes a aversão a tudo o que é mais inclinado que um topo inofensivo possas descobrir novos horizontes. Apreciável a tua fibra e espírito de combatividade. Pode parecer simples, mas ficou-me retina o despeito pelo sofrimento que se anunciava, quando te juntaste, sem hesitar, ao nosso grupo, que passava directo em Arranhó); o Polícia (a subir paulatinamente, poderá, em breve, vir a tornar-se caso sério) e o João (curto ou não de treino, a verdade é que foi até dar... e eu bem vi que foi muito!).
Além destes, o Steven, que deu mostras de subida de forma – e no dia seguinte a um treino de 120 km. Tive oportunidade de o felicitar pelo desempenho à frente do pelotão entre o Carregado e Vila Franca. Nem todos se podem dar a esse manifesto!
Aliás, o grupo restrito que se formou, à frente, à saída de Vila Franca e durou até Loures (Fantasma, João, Steven, Polícia, eu; e partir de Alverca também o Carlos e o Zé), no qual eu fui contribuinte praticamente passivo, teve um desempenho de grande nível.

Treino em Montejunto na sexta-feira

Para a semana há mais! Não sem antes uma dura (que se espera proveitosa) sexta-feira a deslizar pelas encostas de Montejunto, na companhia do Jony sprintoso. Já agora, registei o que ele disse logo após a subida de Carmões. Disse que tinha ficado com a sensação que não tinha dado tudo. Ora bem, caro amigo, isso, vindo de ti, não se diz, evita-se! Abração e vem com a força toda.

2 comentários:

Anónimo disse...

"... talvez um dia quando perderes a aversão a tudo o que é mais inclinado que um topo inofensivo possas descobrir novos horizontes..." - uma delícia este pormenor da tua redacção!!

Tudo conta, comparsa Fantasma, tudo conta...

Abraço

(ndr: será o Avenal um topo inofensivo?) :-)

"Pedalante Vassoura do Sobral"

Anónimo disse...

Pois...
Sinto, que com o passar dos anos e com a enorme margem de progressão que possuso, me tornarei no curto prazo num trepador nato!
Em Mafra conversamos...
AB