sábado, maio 12, 2007

«Bico de obra» chamado Etapa do Tour 2007



Cá está, o perfil da Etapa do Tour 2007, no próximo dia 16 de Julho. Eis o que nos aguarda, no coração dos Pirenéus, são quase 200 km e 5 contagens de montanha:

Km 27 - Col de Port: 11,4 km à 5,3% (2º categoria)
Km 98 - Col de Portet d’Aspet: 5,7 km à 6,9% (2ª categoria)
Km 114 - Col de Menté: 7 km à 8,1% (1ª categoria)
Km 159 - Port de Balès: 19,2 km à 6,2% (categoria especial)
Km 184 - Col de Peyresourde: 9,7 km à 7,8% (1ª categoria)

Só estas cinco subidas contabilizam 4000 metros de ascendente acumulado; fora o resto da etapa.

O maior «bico de obra» é, sem dúvida, o inédito Port de Balés, que além de 19 km de subida a 6%, inclui respeitáveis 10 km a 8,5%. Em traços gerais, será fazer 10 km como os últimos 1,5 km de Montejunto, entre o quartel e o alto... já com 140 km nas pernas. Mas não é tudo: para terminar, restam 10 km a 7,8%. Perdão, antes de terminar, porque passando este verdadeiro tormento, é tudo a descer até à chegada. Simpático, não!

Quem tem dúvidas de que será a mais dura «Etapa do Tour» de sempre?! E ainda tenho memória de 1998, da minha epopeia de 200 km e 11 horas, nos Alpes, entre o Croix de Fer, Telegraphe, Galibier e Les Deux Alpes.

Por tudo isso, quer desde já saudar os companheiros que, tal como eu, participarão nesta aventura: «batidos» nestas andanças, o Miguel Marcelino e Nuno Garcia; além dos estreantes Freitas e Jony, cuja aplicação ao longo deste ano na preparação deste objectivo, tenho testemunhado com bastante apreço. Acreditem que a sensação de cruzar a meta recompensa o esforço e o sacrifício.

A propósito, recordo as palavras de um antigo camarada destas lides internacionais, Joaquim Afoito, de Alcanede, que, na Etapa do Tour de 2001, em plena descida do Tourmalet, onde a temperatura era negativa - o que dá para avaliar a sensação térmica de descer o Col a 60 km/h - acabou por não resistir à dor e pôs o pé no chão decidido a desistir. Naquela altura, faltavam cerca de 20 km para o final, dos quais 16 da famosa subida de Luz Ardiden. Então, num assomo de coragem, que já não acreditava ter, pensou: «oh Afoito, depois de não sei quantos mil km e mais de 300 horas de treino, agora que te falta uma mísera horinha para concretizares o teu sonho de ciclista e vais desistir?(sic)» Voltou a montar a bicicleta, enfrentou o frio gelado e passou mal na última subida (onde curiosamente a temperatura era amena, porque a alta montanha é imprevisível!) para, no final, receber o prémio mais saboroso: o abraço orgulhoso da família!

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