A volta do passado domingo, do Oeste, foi uma das mais intensas da temporada, com fases de elevada competitividade que levaram a ser batidos alguns recordes de subidas duradouros. De qualquer modo, a tirada teve dois figurinos distintos: o primeiro, até Torres, onde o pelotão se manteve fraccionado devido a saídas espaçadas de Loures (no caso, o Freitas); o segundo, porque não se deu o encontro habitual na Venda do Pinheiro quando as voltas passam na «picante» Freixeira, e por último; devido à integração tardia do grupo do Paulo Pais, em plena descida de Vila Franca do Rosário.
Resultado: o grande pelotão só se reuniu completamente após a subida de Catefica, praticamente a meio do percurso, e não sem que os elementos que partiram de Loures se esforçassem (em especial eu e o Jony) para que a junção não fosse ainda mais tardia... De qualquer modo, a partir dessa altura, e com muito e bom caminho a percorrer, reuniam-se mais de uma vintena de elementos a caminho da disputa previsível dos pontos quentes da Picanceira e de Vila Franca do Rosário.
No entanto, houve mexidas antes, logo à entrada de S. Pedro da Cadeira, onde desconhecido com «jersey» de campeão do mundo se destacou, levando na roda o sempre irrequieto André. O duo rolou algum tempo com cerca de 100 metros de vantagem sobre o pelotão comandado pelo Freitas, e sempre controlado por este, que acabou com a aventura no final da subida da Encarnação.
Daqui, rapidamente se entrou na Picanceira, onde as picardias não se fizeram esperar. Acelerações madrugadoras causaram, desde logo, a selecção do pelotão. E na parte mais íngreme da subida, entre as casas, só restava uma elite muito restrita na frente. No meu caso, a opção voluntária por entrar cautelosamente na subida, protegendo-me de eventuais golpes rudes nos músculos massacrados nas últimas semanas, fez-me perder alguns metros à entrada, que acabei por recuperar mais facilmente graças ao auxílio do Freitas.
Uma vez integrado no grupo da dianteira, logo que o momento foi propício (à falta de quem assumisse a liderança) meti o meu passo, causando a triagem definitiva. Comigo restavam o Paulo Pais, o André e o Filipe, este em estóica resistência. O primeiro rendeu-me muito bem quando abrandei o ritmo para «respirar», passando pela frente em pedaleira grande durante cerca de 1 km, em andamento certo e sem nunca o deixar... cair. Impecável! Após esta demonstração de boa cooperação do Paulo (que está em boa forma!), voltei ao comando, levando o quarteto até ao início da descida.
Aí, apenas e só, o André assumiu a dianteira, oferecendo-ma logo que a estrada voltou a empinar, em direcção à nova rotunda da Barreiralva, onde chegámos em tempo recorde – menos 15 segundos que o anterior melhor registo.
Depois das agruras, rolou-se em falso plano ascendente até à Murgueira, onde chegámos com ligeira vantagem sobre o duo Freitas/Jony, em grande recuperação após a primeira fase da subida. O Carlos do Barro e João (o mais corpulento do grupo do Paulo Pais) também não demoraram a chegar, embora quando o fizeram não deram pela nossa presença, enquanto descomprimia-mos em redor das casas, levando a que seguissem directos pelo Gradil abaixo pensando que não tivessemos parado. Coincidência azarada que os levou mais cedo à Malveira, sem a retemperadora paragem no café do costume, na Murgueira.
De goela refrescada, partiu-se em direcção ao Gradil e daí para a subida de Vila Franca do Rosário, onde se esperavam mais achaques. Nesta fase, as minhas sensações eram muito melhores que na abordagem à Picanceira, e com a ajuda do vento impus desde cedo o ritmo na frente do que restava do pelotão (a saída da Murgueira voltou a ser... à desgarrada). Mas desta vez o André apresentou-se ao serviço, forçando o passo até ao gancho em que a estrada aumenta de inclinação. Com isso, fez imediata selecção!
Voltei à frente, e dentro da vila o Chico atacou, forte e bem, ganhando alguns metros com rapidez. Na minha roda ficou o André, o Paulo Pais e por mais alguns instantes o «outro» João (que andou muito bem em Santarém) e o Filipe - desta vez, a não resistir ao andamento. O ligeiro fugitivo foi alcançado à entrada para a rampa de Vale da Guarda. Então, pouco mais adiante, o André lança um golpe certeiro, acelerando de trás e mantendo muito bem a pedalada até (e após...) a passagem pelo topo.
No seu encalço, apenas eu e o Paulo Pais, que em tudo colaborámos para anular a desvantagem (cerca de 100 metros) até à Malveira, mas em vão. Aqui, o recorde da subida, que já datava de 2006, também foi batido: 15 segundos – e seguramente em mais de 30 pelo André!
Na rotunda, aguardámos alguns «bons» minutos que chegasse toda a gente. E o meu regresso a Alverca voltou, como nas semanas transactas, a ser algo penoso, com as pernas a acusarem os maus-tratos da volta... e a sua acumulação nos últimos tempos. Valeu-me a companhia, sempre fiel, do Pina e do Jony – claramente mais viçosos, em parte, também, por se terem escusado a entrar nas cavalgadas finais!
O objectivo ao longo desta semana tem sido recuperar para a Super-Trepadores do próximo sábado (apresentada com mais pormenor num dos últimos comentários), cuja a partida está prevista para as 8h00, em Loures.
4 comentários:
Ricardo achas que o treino de subidas, como a volta de sábado pode ser prejudicial para a clássica de Évora ou não tem influencia?
Filipe
qual a volta do próximo domingo?
Caro, Filipe. A volta de sábado é realmente dura. Nao apenas pelo encadeamento de subidas, longas, e o consequente elevado desnível acumulado, mas também pela distancia (120 km), que vai levar a que o tempo de treino chegue, seguramente, entre 4h30 e 5h00 - mais para o segundo!
Por isso, é recomendável que os participantes já tenham sólida resistencia e, acima de tudo, desenvolvida capacidade para subir - e daí depende a influencia na recuperacao para Évora...
Pretendo com isto dizer que desaconselho, desde já, a quem nao apresente aqueles "requisitos" (para tal é fundamental fazer uma auto-avaliacao muito rigorosa ou aconselhar-se com alguém com mais experiencia) a arriscar um desgaste que pode ser brutal, do qual terá apenas uma semana para recuperar eficazmente.
Mais: está completamente fora de questao fazer sábado e depois a volta de domingo com o grupo! Ou uma ou outra... No máximo, se domingo for apenas de recuperacao - o que sabemos ser impossível!
Mas quem tem bases consolidadas e boa capacidade para gerir o esforco em subida, há mais do que tempo para recuperar convenientemente para Évora. Mais: pode ser treino decisivo para afinar uma grande performance.
A volta do próximo domingo é para Sintra (Alcabideche). E passa por Ponte de Lousa, Negrais, Pero Pinheiro, Lourel, Sintra, S. Pedro de Sintra, Autódromo, Alcabideche, Malveira da Serra, Cabo da Roca, Colares, Sintra e regresso a Loures por Belas, Canecas e Montemor...
Ricardo Costa
Desculpem a falta de acentuacao, pois estou em computador com teclado "estrangeiro"
Obrigado Ricardo pela resposta, estava a pensar iniciar a volta de sábado com vocês e chegando à 1ª subida seguir a meu ritmo,( não querendo de forma alguma condicionar a vossa volta) até ter forças e tendo em conta a hora. A minha dúvida era apenas se fazer treino de subida poderia ser prejudicial na véspera de uma etapa longa.
Filipe
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