Entre virtudes e defeitos, parece haver uma qualidade unânime nas novas clássicas de 2009: o percurso. Já se tinham elogiados o traçados de Santa Cruz e do Bombarral, e creio que o do Cartaxo, corrido no passado domingo, merece iguais louvores.
As Clássicas (entre estas «novas» e as «velhas») têm por base o seguinte conceito: privilegiar o percurso, dando-lhe a exigência do relevo, selectivo mas não... demasiado, e dos quilómetros, acrescentando mais algumas dezenas às voltas domingueiras tradicionais.
Esse mesmo conceito regerá as derradeiras Clássicas da temporada, em particular, as que também serão inéditas: no dia 2 de Agosto, a que se chamava Peniche (ida e volta a esta cidade, pelo mesmo trajecto) vai ser alterada por uma etapa mais «razoável», equilibrada (mas igualmente exigente) e certamente mais interessante. Brevemente anunciada, de resto, como a Clássica de Óbidos (dia 27 de Setembro), que também tinha trajecto de ida e regresso semelhante, e que dará lugar a etapa com percurso diferente e, naturalmente, outra designação. Esperemos que reúnam o agrado da maioria.
A Clássica do Cartaxo correspondeu a todos estes pressupostos. Teve significativo número de participantes, acima de tudo, alguns bastante motivados em consequência da sua boa forma. Houve regressos e «regressados». Eis a diferença: regressos após prolongada ausência, do Capitão, por exemplo; e «regressados» ao convívio com o grupo principal, do Zé-Tó e do seu pai, do João do Brinco, do Zé Morais, do Carlos do Barro e do Samuel – embora com escolhas diversas em relação à conclusão do percurso.
Pelo seu maior destaque, saliento as prestações do João do Brinco e do Zé-Tó. Ambos com desempenho que há muito não exibiam. O João a mostrar-se mais activo que o ZT, mas este mais duradouro e persistente. O primeiro, passando amiúde e com muito contributo pela frente do pelotão numa fase de grande intensidade; e o segundo, por ter sido dos poucos elementos que fizeram o percurso completo (no seu caso, que tinham essa intenção, uma vez que foi interrompido pelo rebentamento de um pneu na descida para Alverca).
Mas esta Clássica teve mais: desde logo, muito bom andamento – média final a rondar 32 km/h. Após um início repousado (como deve ser...), a partir de Vila Franca a velocidade de cruzeiro subiu dos 30 km/h e raramente voltou a baixar. Primeiro, acelerada pela perseguição a um grupo de fugitivos que se destacou no empedrado daquela cidade: Freitas, João do Brinco, Carlos do Barro, Capitão e Salvador. Os três primeiros foram alcançados no Carregado sem grande desgaste do pelotão; e os segundos, mais empenhados, prolongaram mesmo a sua aventura até à saída do Cartaxo. Foram, aí, apanhados pelo grande grupo, que partir de Vila Nova da Rainha rolou, pela minha iniciativa, a 35 km/h de média, progressivamente reduzindo a vantagem e anulando a fuga. Além disso, desencorajou a mais iniciativas. A junção deu-se no início da variante nova Cartaxo/Aveiras e quem acabou por fechar foi o André, num «forcing» de algumas centenas de metros, que foi das fases que mais me custaram ao longo da tirada.
O meu «trabalho» na condução da coluna não se esgotava. Agora com pelotão compacto, puxei até Alcoentre, sempre em andamento certo, custando-me preciosas energias. Na verdade, submeti-me ao esforço porque me senti bem, mesmo sabendo que pagaria a factura, mais tarde, quando entrasse a fase mais dura do percurso - a partir do Carregado. Tanto mais que a forma física está longe de ser a ideal.
Em Alcoentre, após uma breve paragem para reabastecimento, houve novas situações na tirada. Enquanto acontecia o reagrupamento, o Capitão, o Salvador e o Freitas adiantaram-se ligeiramente – e quando eu e o Carlos Coelho chegámos ao pelotão, já o trio rolava com algumas dezenas de metros de vantagem, beneficiando de grande parcimónia. A liderança tinha sido entregue ao André, logo adivinha-se o empenho...
Assim, quando, enfim, se retomou marcha condigna, já o Freitas tinha deixado para trás a sua fugaz companhia, passando no alto da Espinheira com toda a distância da subida de vantagem sobre o grupo principal. Lançou-se, então, numa escapada que não teve... fim!
No pelotão, rolou-se bem, a espaços, até muito bem, com trabalho partilhado entre vários elementos que o compunham: o Carlos Coelho, o Duarte, o João do Brinco, eu e o Capitão. Fez-se uma média de 36 km/h até ao Carregado – mas sem se vislumbrar o fugitivo, o que deu ideia do que estaria a andar!
No Carregado, o grupo perseguidor ficou desfalcado. Apenas cinco elementos – eu, o Carlos Coelho, o Gil, o André e o Zé-Tó - continuaram para Arruda; os restantes seguiram directo para Vila Franca, perdendo a fase do percurso em que a Clássica fazia jus a esse estatuto.
Até já depois de Cadafais dei as últimas à frente do quinteto, e logo que o terreno empinou (e o Carlos Coelho acelerou...) ficaram evidentes as marcas de fadiga. O Carlos adiantou-se rapidamente, levando o André e o Gil na sua roda; eu fiquei para trás, na companhia do ZT.
Todavia, numa atitude de grande companheirismo, o Carlos «parou» e esperou por nós, os dois retardatários. Mesmo colocado à vontade para seguir no seu ritmo, insistiu em permanecer – quem sabe também em solidariedade com o meu trabalho anterior. Fez questão de me rebocar até Arruda, e daí até A-do-Barriga. Todos os outros seguiram o seu enorme exemplo.
Assim, a perseguição ficava altamente condicionada. E em definitivo ficou, quando o ZT rebentou um pneu em plena descida para Alverca, ficando apeado à espera de boleia... do pai.
Reduzidos a quatro, retomámos a marcha para enfrentar a última (e a maior) dificuldade da jornada: o Cabeço da Rosa. Subida muito lenta, para mim sofrida pelo cansaço que acumulava, embora com a atenuante de uma amena cavaqueira com o Carlos. Agradeço-lhe a ajuda e a simpatia.
No alto, estava o Salvador com as «últimas» do fugitivo. Segundo ele, o Freitas tinha passado há cerca de 8 minutos, em pedaleira grande. Não surpreende. Basta fazer as contas a cerca de 2 minutos que teria no Carregado – ou seja, não perdera nada ou quase nada desde a Espinheira (o que é excelente!) e acrescentar mais 3 ou 4 na paragem pelo furo do ZT. De 5/6 minutos até aos 8 referidos, são mais 2/3 ganhos entre o Carregado e o Cabeço da Rosa – o que nem sequer foram significativos, tendo em conta as grandes limitações impostas pelo meu andamento. Mas foi uma elevada performance do camarada Freitas, que atravessa, de facto, período de muito boa forma.
As Clássicas (entre estas «novas» e as «velhas») têm por base o seguinte conceito: privilegiar o percurso, dando-lhe a exigência do relevo, selectivo mas não... demasiado, e dos quilómetros, acrescentando mais algumas dezenas às voltas domingueiras tradicionais.
Esse mesmo conceito regerá as derradeiras Clássicas da temporada, em particular, as que também serão inéditas: no dia 2 de Agosto, a que se chamava Peniche (ida e volta a esta cidade, pelo mesmo trajecto) vai ser alterada por uma etapa mais «razoável», equilibrada (mas igualmente exigente) e certamente mais interessante. Brevemente anunciada, de resto, como a Clássica de Óbidos (dia 27 de Setembro), que também tinha trajecto de ida e regresso semelhante, e que dará lugar a etapa com percurso diferente e, naturalmente, outra designação. Esperemos que reúnam o agrado da maioria.
A Clássica do Cartaxo correspondeu a todos estes pressupostos. Teve significativo número de participantes, acima de tudo, alguns bastante motivados em consequência da sua boa forma. Houve regressos e «regressados». Eis a diferença: regressos após prolongada ausência, do Capitão, por exemplo; e «regressados» ao convívio com o grupo principal, do Zé-Tó e do seu pai, do João do Brinco, do Zé Morais, do Carlos do Barro e do Samuel – embora com escolhas diversas em relação à conclusão do percurso.
Pelo seu maior destaque, saliento as prestações do João do Brinco e do Zé-Tó. Ambos com desempenho que há muito não exibiam. O João a mostrar-se mais activo que o ZT, mas este mais duradouro e persistente. O primeiro, passando amiúde e com muito contributo pela frente do pelotão numa fase de grande intensidade; e o segundo, por ter sido dos poucos elementos que fizeram o percurso completo (no seu caso, que tinham essa intenção, uma vez que foi interrompido pelo rebentamento de um pneu na descida para Alverca).
Mas esta Clássica teve mais: desde logo, muito bom andamento – média final a rondar 32 km/h. Após um início repousado (como deve ser...), a partir de Vila Franca a velocidade de cruzeiro subiu dos 30 km/h e raramente voltou a baixar. Primeiro, acelerada pela perseguição a um grupo de fugitivos que se destacou no empedrado daquela cidade: Freitas, João do Brinco, Carlos do Barro, Capitão e Salvador. Os três primeiros foram alcançados no Carregado sem grande desgaste do pelotão; e os segundos, mais empenhados, prolongaram mesmo a sua aventura até à saída do Cartaxo. Foram, aí, apanhados pelo grande grupo, que partir de Vila Nova da Rainha rolou, pela minha iniciativa, a 35 km/h de média, progressivamente reduzindo a vantagem e anulando a fuga. Além disso, desencorajou a mais iniciativas. A junção deu-se no início da variante nova Cartaxo/Aveiras e quem acabou por fechar foi o André, num «forcing» de algumas centenas de metros, que foi das fases que mais me custaram ao longo da tirada.
O meu «trabalho» na condução da coluna não se esgotava. Agora com pelotão compacto, puxei até Alcoentre, sempre em andamento certo, custando-me preciosas energias. Na verdade, submeti-me ao esforço porque me senti bem, mesmo sabendo que pagaria a factura, mais tarde, quando entrasse a fase mais dura do percurso - a partir do Carregado. Tanto mais que a forma física está longe de ser a ideal.
Em Alcoentre, após uma breve paragem para reabastecimento, houve novas situações na tirada. Enquanto acontecia o reagrupamento, o Capitão, o Salvador e o Freitas adiantaram-se ligeiramente – e quando eu e o Carlos Coelho chegámos ao pelotão, já o trio rolava com algumas dezenas de metros de vantagem, beneficiando de grande parcimónia. A liderança tinha sido entregue ao André, logo adivinha-se o empenho...
Assim, quando, enfim, se retomou marcha condigna, já o Freitas tinha deixado para trás a sua fugaz companhia, passando no alto da Espinheira com toda a distância da subida de vantagem sobre o grupo principal. Lançou-se, então, numa escapada que não teve... fim!
No pelotão, rolou-se bem, a espaços, até muito bem, com trabalho partilhado entre vários elementos que o compunham: o Carlos Coelho, o Duarte, o João do Brinco, eu e o Capitão. Fez-se uma média de 36 km/h até ao Carregado – mas sem se vislumbrar o fugitivo, o que deu ideia do que estaria a andar!
No Carregado, o grupo perseguidor ficou desfalcado. Apenas cinco elementos – eu, o Carlos Coelho, o Gil, o André e o Zé-Tó - continuaram para Arruda; os restantes seguiram directo para Vila Franca, perdendo a fase do percurso em que a Clássica fazia jus a esse estatuto.
Até já depois de Cadafais dei as últimas à frente do quinteto, e logo que o terreno empinou (e o Carlos Coelho acelerou...) ficaram evidentes as marcas de fadiga. O Carlos adiantou-se rapidamente, levando o André e o Gil na sua roda; eu fiquei para trás, na companhia do ZT.
Todavia, numa atitude de grande companheirismo, o Carlos «parou» e esperou por nós, os dois retardatários. Mesmo colocado à vontade para seguir no seu ritmo, insistiu em permanecer – quem sabe também em solidariedade com o meu trabalho anterior. Fez questão de me rebocar até Arruda, e daí até A-do-Barriga. Todos os outros seguiram o seu enorme exemplo.
Assim, a perseguição ficava altamente condicionada. E em definitivo ficou, quando o ZT rebentou um pneu em plena descida para Alverca, ficando apeado à espera de boleia... do pai.
Reduzidos a quatro, retomámos a marcha para enfrentar a última (e a maior) dificuldade da jornada: o Cabeço da Rosa. Subida muito lenta, para mim sofrida pelo cansaço que acumulava, embora com a atenuante de uma amena cavaqueira com o Carlos. Agradeço-lhe a ajuda e a simpatia.
No alto, estava o Salvador com as «últimas» do fugitivo. Segundo ele, o Freitas tinha passado há cerca de 8 minutos, em pedaleira grande. Não surpreende. Basta fazer as contas a cerca de 2 minutos que teria no Carregado – ou seja, não perdera nada ou quase nada desde a Espinheira (o que é excelente!) e acrescentar mais 3 ou 4 na paragem pelo furo do ZT. De 5/6 minutos até aos 8 referidos, são mais 2/3 ganhos entre o Carregado e o Cabeço da Rosa – o que nem sequer foram significativos, tendo em conta as grandes limitações impostas pelo meu andamento. Mas foi uma elevada performance do camarada Freitas, que atravessa, de facto, período de muito boa forma.
No próximo domingo, é a volta de Enxara do Bispo. Considero-a igualmente interessante. Falarei dela nos próximos dias. Por agora fica o percurso: Loures-Guerreiros-Lousa-Venda do Pinheiro-Malveira-Vila Franca do Rosário-Tourinha-Enxara do Bispo-Enxara dos Cavaleiros-Pêro Negro-Sapataria-Póvoa da Galega-Vila de Canas-Tesoureira-Arranhó-Forte de Alqueidão-Sobral-
Arruda-A-do-Barriga-Alverca-Vialonga-Tojal-Loures.
Distância: aprox. 105 km.
Nota: infelizmente por motivos que dispensam justificações, a partir de agora não serão permitidos comentários com publicação directa neste blog. Quem pretender fazê-los (além de todo o tipo de informações, dúvidas, etc.), basta clicar no ícone do envelope, nos finais das crónicas e enviá-los para o meu e-mail (ricardo.jxcosta@gmail.com). Também poderá enviar-me directamente, mail para mail. Só após validação poderão ser publicados, caso o autor (devidamente identificado) assim o desejar.